APPITAD - Associação de Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro
Designação da parceria
Novas práticas em olivais de sequeiro: estratégias de mitigação e adaptação às alterações climáticas
Iniciativa a desenvolver
Desenvolvimento, disseminação e adoção de técnicas e tecnologias inovadoras que permitam contribuir para a mitigação das alterações climáticas e a adaptação do olival de sequeiro a novas condições climáticas.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
O setor agrário contribui significativamente para a emissão de gases com efeito de estufa (GEE) e, assim, para mudanças importantes no sistema climático à escala global, com consequências profundas do ponto de vista ambiental e socioeconómico. Em grande parte do sul da Europa, com aptidão para a olivicultura, é esperado o aumento da temperatura média, a diminuição da precipitação, particularmente durante o período Primavera-Verão, e o aumento da intensidade de radiação (visível e ultravioleta) e da ocorrência de fenómenos extremos (ondas de calor e seca, etc.), conduzindo a um cenário futuro de maior evaporação e diminuição da disponibilidade de água no solo. Por outro lado, a agricultura é um dos setores económicos mais afetados pelas alterações climáticas. A cultura da oliveira será uma das mais atingidas em Portugal, desde logo porque uma parte significativa do olival português é cultivado em regime de sequeiro, atingindo cerca de 95% na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Perturbações sérias na fisiologia das árvores, redução da produtividade, agravamento do fenómeno de alternância da produção e alterações da severidade da ocorrência de pragas e doenças e da qualidade da produção (azeitona e azeite) são alguns dos efeitos negativos esperados, com repercussões problemáticas nos domínios da sustentabilidade da produção, abandono da atividade económica, desertificação e agravamento de vários problemas ambientais. Pelo exposto, é crucial para a olivicultura de sequeiro a implementação de novas práticas agronómicas nos domínios da gestão do solo (coberturas vegetais, reciclagem de “rama de poda”, aproveitamento de subprodutos dos lagares, micorrização) e das árvores (poda, aplicação de protetores foliares), de modo a adaptar os olivais de sequeiro a condições mais adversas e a mitigar as alterações climáticas, pela redução de GEE e pelo aumento do sequestro do carbono.
Objetivos visados
A iniciativa pretende, até 2021, através da introdução de práticas inovadoras de dupla abordagem, atingir os seguintes objetivos principais: 1. Mitigação das alterações climáticas a) Pela redução das emissões de GEE; b) Pelo aumento do sequestro de carbono. 2. Adaptação do olival de sequeiro a novas condições climáticas, através de novas práticas: a) Gestão do solo: 1. Mobilização nula; 2. Introdução de coberturas com leguminosas de ciclo curto e ressementeira natural; 3. Reciclagem de “rama de poda”, como mulch/material nutritivo; 4. Aplicação de subprodutos dos lagares no solo, após compostagem. b) Novas práticas de fertilização (ao solo ou por via foliar); c) Introdução da inoculação com fungos micorrízicos; d) Adoção de poda ligeira; e) Utilização de genótipos mais tolerantes a condições ambientais adversas; f) Aplicação de protetores foliares com modo de ação físico e bioquímico;
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Com esta iniciativa espera-se atingir resultados positivos nos domínios agronómico, ambiental e socioeconómico. Em particular, através de: - Publicação de um “Manual de Boas Práticas” de medidas de mitigação e adaptação às alterações climáticas; - Recomendações de práticas de gestão inovadoras através de publicações técnicas, realização de seminários, jornadas e conferências e comunicações WEB; - Aumento da formação de pós-graduados em contexto aplicado; - Aumento de publicações científicas em revistas de elevado fator de impacto.
Os potenciais beneficiários são, em primeiro nível, os produtores parceiros do projeto, mas é expectável que a grande maioria dos olivicultores da região alvo desta ação possam beneficiar com estas técnicas. Mais tarde, através da disseminação dos resultados pela Rede Rural Nacional e com a publicação do “Manual de Boas Práticas” esperamos que os beneficiários possam ser todos os olivicultores nacionais. Com técnicas culturais mais adequadas reduzem-se custos de produção e há aumentos da produção e da rentabilidade económica, contribuindo para a fixação de pessoas em meio rural e para a criação de empregos, aspetos de elevado valor social, tendo em conta que estas atividades se desenvolvem em regiões de baixa densidade demográfica. A sociedade em geral também beneficia com estas práticas por outras razões, desde logo pela garantia de produtos (azeitona e azeite) de elevada qualidade, pelos menores impactes ambientais nos sistemas solo-água-atmosfera, pela maior biodiversidade e pela redução das emissões de GEE, o que pode contribuir para minimizar os efeitos das alterações climáticas sobre as populações. Por outro lado, a imagem positiva em termos ambientais deve ser usada como instrumento de marketing em mercados internacionais exigentes, bem como para efeitos de promoção turística das regiões do Douro/Trás-os-Montes/Norte, conjugando as vertentes de enoturismo e olivoturismo.
Interlocutor
APPITAD - Associação de Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro