IntenSusVITI - Intensificação sustentável da vitivinicultura através da poda mecânica
Iniciativa a desenvolver
Mecanização integral da poda da vinha. Implementação e adaptação da tecnologia às condições nacionais, otimizando-a de uma forma multidisciplinar (fertilização, protecção fitossanitária, carga à poda…), com recurso à viticultura de precisão.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
Em Portugal, nos últimos anos, tem-se observado um decréscimo da sustentabilidade da cultura da vinha, nomeadamente na produção de vinhos de gama média. Este facto tem sido, fundamentalmente, devido a dois fatores: baixa produtividade (ca. 4 t/ha/ano) e escassez e aumento significativo dos custos de mão-de-obra (a poda contribuirá com 30-35% dos custos totais da cultura). Desta forma, é fundamental que os vinhos nacionais de gama média ganhem competitividade nos mercados internacionais, pois concorrem com vinhos de países onde o recurso a sistemas culturais mais inovadores lhes permite obter produtividades mais elevadas, com menores custos, mantendo a qualidade do produto final. A mecanização integral da operação de poda na vinha é uma tecnologia que permite reduzir significativamente os custos da mão-de-obra e aumentar a produtividade, sem reduzir a perenidade da videira e mantendo a qualidade do vinho. No entanto, o sucesso da implementação de sistemas de poda mecânica está dependente da otimização multidisciplinar de todo o processo produtivo, sendo de destacar os aspetos relacionados com a intensidade da poda, a fertilidade dos solos (que permita suportar os acréscimos de produção) e os sistemas de proteção fitossanitária contra pragas cuja intensidade de ataque pode ser potenciada nas vinhas com poda mecânica (e.g. cochonilhas). A otimização do sistema cultural será mais eficiente e eficaz (económica e ambientalmente) com o recurso a ferramentas de viticultura de precisão. Assim, através da cartografia do vigor pelo NDVI será possível: - ajustar a intensidade da poda mecanizada (maior ou menor altura das laminas de corte) em função do vigor; - ajustar as quantidades de fertilizantes a aplicar localmente; - aumentar a eficiência dos métodos de amostragem para estimativa do risco e tomada de decisão, em proteção integrada da vinha, como também fazer aplicações diferenciadas de pesticidas, em função da distribuição espacial dos problemas fitossanitários.
Objetivos visados
Pretende-se, com esta iniciativa, contribuir para a intensificação sustentável da vitivinicultura em Portugal, através de inovação tecnológica, centrada na mecanização da poda das vinhas para vinho, que permita o aumento da produtividade e a redução dos custos de produção, com manutenção da qualidade. Para o efeito, desenvolver-se-ão numa abordagem multidisciplinar ações de demonstração/experimentação sobre mecanização da poda de vinhas para vinho, tendo em vista otimizar a produção de uva e a qualidade do vinho obtido, com recurso à viticultura de precisão, com os seguintes objetivos: – aumentar a produtividade das vinhas e reduzir os custos de mão-de-obra, através da mecanização integral da operação de poda; – aumentar a fertilidade dos solos de vinhas sujeitas a poda mecânica através da utilização de fertilizantes orgânicos “não convencionais”; – definir métodos de estimativa do risco expeditos para as pragas que podem ser potenciadas no contexto da poda mecânica. Otimizar os meios de proteção ambientalmente sustentáveis contra essas pragas (e.g., proteção biotécnica, biológica); – optimizar o sistema cultural, recorrendo à viticultura de precisão, nomeadamente no que toca à distribuição espacial da carga à poda e dos fertilizantes orgânicos em função do vigor e dos tratamentos fitossanitários em função do nível de infestação da cultura; – maximizar a qualidade do vinho obtido a partir das vinhas sujeitas à mecanização integral da poda. No entanto, é necessário adaptar o novo sistema cultural à realidade vitivinícola de cada região, pelo que, no âmbito da iniciativa, instalar-se-ão 5 campos de demonstração (nas diferentes regiões vitivinícolas envolvidas) onde se desenvolverão as ações de demonstração e experimentação necessárias para a otimização da tecnologia (ver descrição no ponto seguinte).
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Resultados a atingir: Implementar cinco campos de demonstração e divulgação do sistema de produção assente na poda integralmente mecanizada de vinhas, otimizada com técnicas de viticultura de precisão. Obter métodos mais eficientes de deteção de pragas (e.g., cochonilhas) e estimativa do risco, de suporte à tomada de decisão em proteção integrada, num contexto de poda mecanizada, em vinhas de grande dimensão, com recurso a análise de imagens. Implementar a utilização de meios biotécnicos (aplicação de senecioato de lavandulil) e biológicos (Anagyrus sp. próx. pseudococci) no combate a essas pragas. Estabelecer recomendações de fertilização, utilizando fertilizantes orgânicos “não convencionais“ em contexto de poda mecanizada, que permitam aumentar os teores de matéria orgânica dos solo, garantir um adequado estado nutricional das plantas, otimizar a produção das vinhas e manter a qualidade dos vinhos obtidos. Elaborar de um Manual Técnico detalhado sobre a tecnologia.
Assim, a implementação dos resultados desta iniciativa permitirão: - aumentar a produtividade das vinhas e reduzir os custos de produção, mantendo a qualidade das uvas produzidas, incrementando a competitividade do sector vitivinícola; - possibilitar a vitivinicultura em regiões onde a escassez de mão-de-obra especializada é cada vez mais é uma realidade; - aumentar a fertilidade e a estabilidade dos solos, com redução da erosão hídrica e aumento da biodiversidade dentro do ecossistema solo-vinha; - fomentar um destino alternativo a dar aos resíduos urbanos compostados e às lamas de ETAR, alternativo à deposição em aterros sanitários. - desenvolver de métodos expeditos de estimativa do risco de cochonilhas e meios de luta ambientalmente sustentáveis; - fomentar a integração de tecnologias de viticultura de precisão nas diversas operações dos sistemas culturais atuais.
Os beneficiários dos resultados desta iniciativa serão os viticultores das regiões em que a orografia do terreno, a dimensão da propriedade e a sua vocação mais exportadora (os que sentem mais diretamente a pressão da concorrência internacional) poderão implementar a tecnologia da poda integralmente mecanizada nas suas vinhas. Destacar-se-ão, sobretudo, os viticultores das regiões do Tejo, Lisboa, Península de Setúbal, Alentejo e Beiras. No entanto, numa primeira fase os beneficiários dos resultados a atingir com a iniciativa serão os parceiros envolvidos: Sociedade Agro-Alimentar da Mascata, Quinta do Gradil, Quinta da Aroeira; os 300 associados da AVIPE e os 250 sócios da Adega Cooperativa de Almeirim.
