Desenvolvimento de uma ferramenta de previsão das disponibilidades, afluências e necessidades ao nível da bacia hidrográfica.
Parceiros
Prioridade Temática
Aumento da eficiência dos recursos na produção agrícola e florestal
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
As necessidades de água para a agricultura continuam a crescer à escala mundial, como consequência do crescimento populacional e da consequente industrialização do sector, correspondendo, a nível nacional, a 80% dos consumos de água. Em situações de escassez, a gestão da água tem de considerar a concorrência da agricultura com as necessidades das populações, dos ecossistemas e de outras atividades. Acresce ainda que, num cenário de alterações climáticas, existe muita incerteza quanto às reais disponibilidades futuras deste recurso. Para as associações de regantes, entidades que detêm mais de 60 anos de experiência na gestão de aproveitamentos hidroagrícolas, a utilização eficiente e sustentável do recurso água constitui uma preocupação central, pelo que se torna fundamental o conhecimento rigoroso das disponibilidades hídricas para a gestão sustentável do recurso. Esta deve ser feita à escala da bacia hidrográfica pois é a esta escala que mais se faz sentir o efeito evolutivo das pressões existentes, como consequência das alterações da estrutura social e das práticas agrícolas. Esta gestão tem de ser feita também tendo em conta a sua procura, o armazenamento real e potencial nas albufeiras, a existência e capacidade dos aquíferos, a qualidade da água e os processos físicos que influenciam diretamente a dinâmica da água à escala da bacia, como a precipitação e a evapotranspiração das culturas. Em termos de gestão dos reservatórios, a gestão atual caracteriza-se por não integração dos sistemas de gestão de água e pela fraca resolução espacial e temporal da informação utilizada, pelo que se propõe desenvolver uma ferramenta de apoio à gestão de água armazenada nas albufeiras para fins de regadio. Será assim aumentado o conhecimento e a capacidade de previsão dos gestores de água e, ao mesmo tempo, a otimização da relação custo/benefício relacionada com a monitorização dos recursos hídricos.
Objetivos visados
Com esta iniciativa, pretende-se desenvolver uma ferramenta operacional inovadora capaz de auxiliar a gestão dos aproveitamentos hidroagrícolas em função das necessidades de rega. Pretende-se uma ferramenta que otimize os tempos de descarga das barragens de modo a reduzir os níveis mínimos/máximos nos rios a jusante e garantir a disponibilidade de água para assegurar os usos, em particular a rega. Sendo uma ferramenta facilmente replicável, espera-se dotar os gestores de aproveitamentos hidroagrícolas de uma ferramenta para a melhoria da eficiência no uso da água, que permita prever, de forma rigorosa, operacional e em tempo real, os volumes armazenados e, assim, determinar as descargas o mais adequadas para se manter uma gestão sustentável deste recurso. Simultaneamente, vai permitir avaliar a qualidade de água nas albufeiras, assim como conseguir prever áreas afetadas por secas e cheias.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
A ARBVS será a principal beneficiária da ferramenta de interface a desenvolver com esta iniciativa. Sendo depois possível a implementação desta metodologia às restantes associações de regantes que têm a seu cargo a gestão de aproveitamentos hidroagrícolas no País. A ferramenta desenvolvida será também utilizada pela FENAREG para monitorização do estado das albufeiras, tendo acesso às necessidades e disponibilidades para cada campanha. Os agricultores e utilizadores dos sistemas dos aproveitamentos hidroagrícolas serão beneficiários indiretos, uma vez que a ferramenta desenvolvida terá implicações não só ao nível da melhoria do serviço de abastecimento da água para rega, como da gestão de cheias que afetam os terrenos agrícolas. Dar resposta às necessidades hídricas de uma agricultura que deve intensificar-se para satisfazer as necessidades alimentares crescentes, não é o único desafio. Os efeitos diferenciados que estes aproveitamentos permitem, extravasam claramente o âmbito estrito da atividade agrícola, nomeadamente em termos dos impactos a nível de preservação e melhoria do ambiente, das acessibilidades e ao nível das condições de vida das populações rurais, assentando cada vez mais num contexto de fins múltiplos. É exemplo, a Associação de Beneficiários do Roxo, que gere os caudais da albufeira do Roxo em função das necessidades de rega no perímetro com o mesmo nome, bem como dos consumos das populações em Beja. Também a Associação de Beneficiários do Mira, que gere a albufeira de Santa Clara em função das necessidades de rega do perímetro do Mira e dos consumos crescentes das localidades situadas no Sudoeste Alentejano. Adicionalmente, também a Empresa de Desenvolvimento e Infraestruturas de Alqueva (EDIA) terá interesse numa ferramenta deste tipo, dada a natureza do empreendimento de fins múltiplos que gere, incluindo a rega, a produção de energia, o turismo, o fornecimento de água potável, entre outros.