NEP – high Nitrogen Efficient crop Production for better water management
Iniciativa a desenvolver
Rumo a uma maior eficiência de uso de azoto na vinha e no tomate, através da otimização da gestão da água e dos fatores de produção, com vista à mitigação das perdas de azoto e consequente proteção do ambiente e saúde pública
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
O azoto (N) é um elemento indispensável à vida. Existe em 78% da atmosfera como gás inerte N2 não reativo e em compostos reativos (Nr) que podem ser absorvidos pelas plantas. O N é um fator limitante da produção agrícola se não estiver disponível no solo em quantidade suficiente. Desde 1913 a produção industrial de adubos minerais azotados permitiu alimentar a população mundial mas tem causado mudanças sem precedentes no ciclo do N devido à baixa eficiência do seu uso e à acumulação de Nr no ambiente. O aumento da transformação, operada pelo Homem, do azoto atmosférico não-reativo (N2) em todos os outros compostos N reativos que se convertem uns nos outros num fenómeno em cascata, na atmosfera e na biosfera, ameaça a qualidade do ar, da água e do solo e produz mudanças na biodiversidade, ecossistemas, e no balanço dos gases de efeito estufa (GEE). Existem cinco desafios societais relacionados com a questão ambiental emergente do N: 1) qualidade da água, 2) qualidade do ar, 3) emissão de GEE, 4) ecossistemas e biodiversidade e v) qualidade do solo (conceito WAGES) que urge resolver. O excesso de Nr no ambiente ultrapassou em todos eles os valores limite para a saúde humana e os ecossistemas. As atividades agrícolas e pecuárias são das maiores responsáveis pelos efeitos danosos como emissão de amoníaco para o ar e consequentes chuvas ácidas, acidificação dos solos, perda de biodiversidade e declínio da qualidade da água, por ex. no excesso de nitratos (Z vulneráveis). A necessidade de consciencialização levou à criação do conceito Pegada do Azoto, com vista a medir o impacto de cada atividade no enriquecimento do ambiente com Nr, com particular importância em Portugal a qualidade da água. A produção agrícola de Baixa Pegada do Azoto apresenta-se, então, como uma forte aposta na resolução do problema de excesso de azoto no ambiente que ameaça tanto a saúde pública como os ecossistemas, e oferece a oportunidade de criação de produtos de valor distintivo para o mercado
Objetivos visados
Esta proposta visa condicionar comportamentos dos operadores agrícolas por forma a mitigar as perdas de azoto (N) para os ecossistemas. Esta ação pretende-se que seja adotada passivamente pela produção agrícola, pela via do reconhecimento do mercado e consequente acréscimo nos valores de vendas. Pretende-se ainda evitar os choques promovidos na gestão reativa num cenário de penalizações ao "emissor-pagador". A ferramenta principal e prevista como resultado do projeto é a criação de um selo de distinção de produto que tenha sido produzido com preocupações, balizadas e definidas, de mitigar as emissões de azoto no seu processo produtivo. Os produtos a certificar são o vinho e o tomate processado. Pretende promover-se alterações na produção primária da uva e do tomate usando sistemas de baixa pegada de N, para que os produtos resultantes da cadeia de produção sejam certificáveis como de baixa pegada. Os parceiros FEA e Lusovini têm produção própria de vinho; o Vale da Adega e a Benagro (empresa e cooperativa) têm contrato de exclusividade à indústria de tomate. Uma delas é pioneira na produção de tomate-indústria biológico em Portugal A partir dos resultados do projeto pretende-se: a) Divulgar amplamente e agregar valor no mercado, aos produtos diferenciados com o selo Baixa Pegada do Azoto. b) Criar standards internacionais para permitir que qualquer entidade possa apresentar candidatura à distinção do seu produto como Low Nitrogen Footprint. c) Criar efeito demonstrador na organização de práticas agrícolas visando a correta utilização do N, num compromisso entre produtividade e sustentabilidade dos aquíferos e dos sistemas envolventes. d) Promover efeito mobilizador a outros setores agrícolas, por sinergia com o conseguido nos dois setores agora envolvidos (vinha e tomate-indústria) e) Conseguir diminuições efetivas nas migrações de N para a água, solo e atmosfera f) Mitigar o impacto ambiental das prática agrícolas, melhorando a qualidade da água, do solo e da atmosfera
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
A presente proposta foca as decisões operacionais no que respeita à gestão de adição de azoto (N) aos sistemas de produção de Tomate-Industria e de Uva para Vinho. Assim, tendo por base estes dois setores, no final do projeto ambiciona-se:
a) Identificar as operações críticas que promovem emissões de N, balizando os níveis máximos e os procedimentos para melhor gerir essas operações. b) Criar as condições para a obtenção um selo de distinção de produto com a referência Produzido com Baixa Pegada do Azoto. c) Sistematizar numa publicação de ampla divulgação, os conceitos e racionalidade do definido na alínea a) d) Inferir sobre as relações entre os compromissos de qualidade da água, solo e atmosfera e o ótimo económico da produção. e) Quantificação da diminuição do impacto ambiental (práticas tradicionais versus práticas para o selo), pelo facto de os operacionais agrícolas adotarem alterações nos seus comportamentos. f) Apoiar a diferenciação de produto e consequentes ganhos financeiros nos respetivos mercados. g) Promover o uso mais eficiente da água nas operações de fertirrega. As atividades programadas e respetivos resultados contam com a colaboração de entidades de referência no tecido produtivo dos seus setores. Dessa forma espera-se um efeito demonstrador e replicador, em todos os operadores destes dois setores. Eles serão os "tomadores pioneiros" dos resultados e também, das eficiências aportadas ao nível de impacto ambiental e de redução das respetivas contas de cultura. A médio prazo, a iniciativa construída poderá ser transposta para outras culturas, criando uma dinâmica de mitigação na má gestão na utilização de azoto no setor agrícola. O grande beneficiado final espera-se que seja o Homem enquanto guardião e utilizador dos ecossistemas, não só no contexto nacional, mas também internacional, através da difusão de standards tecnológicos e operacionais que permitam a replicação e reconhecimento do modelo proposto.