IPC/ESAC - Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior Agrária de Coimbra
Designação da parceria
Grupo Operacional para a gestão da água no Vale do Lis
Iniciativa a desenvolver
Temática da hidráulica agrícola e ambiental visando-se a melhoria da gestão da água no Aproveitamento Hidroagrícola do Vale do Lis para aumento de competitividade agrícola e qualidade ambiental, através de ações de monitorização e experimentação
Parceiros
Prioridade Temática
Aumento da eficiência dos recursos na produção agrícola e florestal
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
O Aproveitamento Hidroagrícola do Vale de Lis (AHVL) tem uma grande importância agrícola e socioeconómica na Agricultura Portuguesa. O desenvolvimento agrícola será estimulado pela intervenção prevista de obras de modernização a curto prazo que visam transformar parcialmente as redes de distribuição de água; a efetivação deste desenvolvimento requer uma melhor gestão da água por imperativos de maior exigência na racionalização de uso de recursos naturais, económicos e ambientais. Esta iniciativa constitui uma oportunidade para dotar a ARBVL de conhecimento e instrumentos da planificação e gestão, através de ações de monitorização, experimentação e demonstração. A melhoria da planificação e gestão da água é um requisito indispensável para a modernização consistente e sustentável do aproveitamento, pois o aumento de competitividade agrícola requer uma intervenção integrada e harmonizada nos diferentes níveis do AHVL. São reconhecidos problemas da gestão da água no AHVL, com implicações negativas para a agricultura, ambiente e economia regional. Os principais problemas das redes coletivas de rega e drenagem, e das redes terciárias, ao nível da parcela, são os seguintes: 1) Escassez e qualidade deficiente da água na origem, em período estival; 2) Situações de risco de inundação e de drenagem deficiente; 3) Não haver informação contínua sobre a qualidade da água de rega e drenagem, para mitigar problemas de salubridade, qualidade dos produtos e ambiental; 4) Não haver informação quantitativa sobre o comportamento hidráulico e o desempenho da rede de distribuição de água e de drenagem, por inexistência de sistema de monitorização, para apoio à operação da rede de modo eficiente no transporte e distribuição; 5) Inexistência de informação agrometeorológica local para apoio ao planeamento e condução da rega; 6) Inexistência de instrumentos e modelos para planear a distribuição da água na campanha de rega, que permitam o aviso de regas e a operação da rede mais eficiente; 7) Inexistência de instrumentos para mapeamento da distribuição das culturas e do seu desenvolvimento fisiológico em tempo oportuno para uso na gestão; 8) Não haver instituída a prática da extensão rural, como ações de experimentação e demonstração de campo, conducentes à aplicação pelos agricultores das técnicas de maneio de água mais racionais.
Objetivos visados
Os objetivos a alcançar com esta iniciativa referem-se ao AHVL e são os seguintes: 1) Melhoria do uso e produtividade da água na produção agrícola – resultado a decorrer da conjugação das várias ações de monitorização e avaliação de campo: melhor diagnóstico dos problemas de abastecimento de água e da drenagem, melhor qualidade das práticas operativas de gestão destas redes e redução de desperdícios de água e energia. 2) Redução dos custos energéticos nas estações elevatórias – em resultado da melhoria de eficiência energética, em consequência da monitorização hidráulica das redes de rega e drenagem e das auditorias energéticas a efetuar. 3) Diminuição dos riscos sanitários e ambientais devido a problemas de qualidade da água – como resultado do melhor conhecimento do problema (fontes de contaminação e análises paramétricas da água) decorrente da monitorização de qualidade da água de rega e drenagem, permitindo tomar medidas ao nível do abastecimento de água, dos métodos de rega, da segurança sanitária dos agricultores e do maneio dos produtos a comercializar. 4) Melhoria do planeamento e gestão da rede hidráulica coletiva – em resultado da monitorização das redes e da aplicação das tecnologias de deteção remota no mapeamento da procura, distribuição e uso da água, permitindo uma melhor equidade na distribuição da água, com gestão mais criteriosa nos períodos de escassez e com a redução de desperdícios. 5) Melhoria das condições de rega e drenagem na parcela – em resultado das melhorias na gestão da rede coletiva e do maior apoio técnico da ARBVL ao maneio da água na parcela, como o aviso de regas e a avaliação da rega para otimizar a eficácia do funcionamento dos sistemas, incluindo a modernização dos sistemas de rega de superfície e a melhor utilização dos equipamentos de rega pressurizada.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Os produtos a obter pela iniciativa consistem em indicadores desempenho de vários descritores (ajustados à realidade local, orientados para a gestão da água e inovadores no AHVL) e em planos de gestão da água relativos à sua procura e distribuição.
Os resultados da iniciativa serão as seguintes: 1) Indicadores de desempenho das redes coletivas de abastecimento e drenagem – estes indicadores permitem uma avaliação simplificada do modo de funcionamento destas redes; 2) Indicadores de eficiência energética das EE – a melhoria da eficiência energética e a consequente poupança económica só poderá ser efetuada a partir da medição de consumos e eficiências; 3) Indicadores da qualidade da água de rega e drenagem – esta informação permitirá uma avaliação do estado da água no aproveitamento, de risco sanitário e de conservação do solo; a relação com a qualidade sanitária das colheitas, em especial nas culturas hortícolas, torna estes resultados de crucial importância na concretização da reconversão cultural no sentido da expansão de culturas de maior valor de mercado; 4) Informação agrometeorológica – informação medida em EMA a instalar pela iniciativa e devidamente validada; esta informação é aplicada diretamente na avaliação da precipitação efetiva e no cálculo da procura de água e no desenvolvimento das culturas, podendo complementarmente ser aplicada noutras finalidades agronómicas; 5) Mapeamento das culturas e das condições de uso da água – esta informação constitui um resultado integrado de vários dados, com grande valia na avaliação da gestão do aproveitamento; para além da distribuição cultural, serão também representadas situações de défice hídrico ou de encharcamento do solo, o que sinaliza problemas de produtividade ao longo da campanha de rega; 6) Indicadores de desempenho da rega e drenagem na parcela – estes indicadores resultam da avaliação da rega e drenagem ao nível da parcela; permitem sinalizar os bons e maus resultados e a sua correlação com o tipo de tecnologia, o modo operativo e os condicionalismos da rede coletiva; 7) Indicadores económicos – estes indicadores são de crucial importância para a gestão do AHVL pela ARBVL e à gestão empresarial dos agricultores individualmente. 8) Planos operacionais de procura e distribuição de água – estes planos apresentam os dados de procura de água em cada campanha de rega e o modo operativo da rede para a correspondente distribuição de água; estes planos são integradores de diversa informação, designadamente do desempenho das redes coletivas, da qualidade da água e do mapeamento das culturas, das condições de uso da água e económica; corresponde ao produto fulcral da iniciativa.
Os potenciais destinatários das atividades do projeto são os seguintes: 1) ARBVL, como associação responsável pela gestão do aproveitamento, a quem cabe para além da manutenção e conservação de infraestruturas e gestão da rede, o apoio direto aos agricultores na transmissão de conhecimento técnico e na resolução de problemas. 2) Agricultores do Vale do Lis, como empresas privadas geradoras de rendimento económico, cuja atividade será potenciada com o melhor uso da água e do solo do AHVL, e a consequente reconversão de tecnologias e sistemas culturais. Há também benefícios através da melhoria da imagem dos agricultores enquanto gestores dos recursos ambientais. 3) Os consumidores, já que serão beneficiados, por exemplo, em termos de higiene e segurança alimentar e acrescida qualidade dos produtos. 4) Empresas de fatores de produção agrícolas e empresas de transformação e comercialização de produtos da região, que beneficiarão com a melhoria económica e o aumento de produtividade dos agricultores do Vale do Lis.
Esta iniciativa será um bom exemplo da conjugação de esforços e no estabelecimento de sinergias entre agricultores, associação de regantes e entidades de investigação e experimentação, em torno de um objetivo comum do desenvolvimento da agricultura e da economia nacional.