UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Designação da parceria
ICas_Bísaro – Protocolos de Imunocastração para porcos Bísaros
Iniciativa a desenvolver
Desenvolvimento de protocolos de immuno-castração para aplicação em porcos Bísaros pré- e pós-púberes: reflexos no rendimento carcaça e qualidade da carne
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da integração nos mercados
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
O Porco Bísaro é uma raça autóctone cuja carne é usada também para a produção de fumeiro tradicional, ambos com menções protegidas. Produzidos em regime semi-intensivo, os animais são criados para serem comercializados como leitões ou porcos de engorda; existem ainda nas explorações animais reprodutores. Nesta raça, o abate é mais tardio em comparação com o que realizado nos sistemas industriais de produção intensiva, frequentemente depois da puberdade, trazendo alguns aspectos negativos ao sistema de produção: 1. O aumento da interação social entre animais nos grupos acarreta lutas, interfere com o ritmo alimentar e o rendimento produtivo do grupo, que é mais heterogéneo; 2. A ciclicidade regular das fêmeas, a manifestação de cio e as alterações comportamentais que o acompanham interferem com o ritmo alimentar das porcas, e portanto com o sua eficiência produtiva; 3. Favorece a incidência de carnes com “cheiro sexual”, por acumulação de androsterona e escatol na gordura. O que levou a que alguns produtores tomem a iniciativa de administrar progestagénios exógenos como supressores de cio, o que coloca um risco acrescido de resíduos na carcaça, e configura risco involuntário para a saúde pública, caso os prazos de segurança não sejam devidamente cumpridos. Respondendo a algumas solicitações que têm sido apresentadas à ANCSUB, a criação de um grupo operacional focado na identificação de métodos não cirúrgicos de supressão da atividade reprodutiva eficazes, transversais ao segmento masculino e feminino, permitiria desenhar os protocolos mais adequados a cada situação e segmento da população (ie, jovens/adultos, machos/fêmeas), a serem testados in loco em explorações piloto, garantindo que não haja alteração da qualidade físico-química e sensorial da carcaça e produtos derivados. Daqui resultando a melhoria a eficiência do sistema produtivo desta raça autóctone e em simultâneo definir condições para a modernização da produção e a qualificação dos produtores.
Objetivos visados
O grupo propõe-se desenvolver protocolos de tratamento adaptados aos diferentes ciclos produtivos, para supressão médica da atividade reprodutiva em machos e fêmeas de raça Bísara, tanto para aplicação em animais pré-púberes como em animais maturos. A otimização destes protocolos às condições específicas de maneio desta raça autóctone como foi solicitado pelos produtores através da ANCSUB permitirá: 1. Cumprir as diretrizes europeias relativas à prática de castração cirúrgica em porcos; 2. Criar um portfolio de protocolos desenhados para um ciclo produtivo em específico, e em função da idade ou peso pretendido ao abate; 3. Suprimir a atividade reprodutiva da fêmea reprodutora antes do abate; 4. Avaliar o impacto desta técnica de maneio na eficiência produtiva e na qualidade do produto final (carne de porco Bísaro); 5. Modernizar e inovar o maneio reprodutivo das explorações de porco Bísaro; 6. Determinar de que modo esta prática contribui para a normalização das carnes Bísara e em consequência dos produtos transformados; 7. Contribuir para a valorização e sustentabilidade da produção de carne de Bísaro e produtos dela derivados.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Através deste grupo operacional serão desenvolvidos protocolos de imuno-castração destinados a ser aplicados em porcos de raça Bísara, que consideram as condições reais de exploração, os objetivos da produção e a fisiologia da raça. Desta forma se contribuirá para a introdução de novas práticas de maneio que suportam a sustentabilidade da produção e podem favorecer a normalização das características do produto – carne e produtos cárneos de raça Bísaro.
A implementação de unidades pilotos em explorações de porco Bísaro para demonstração da eficiência da técnica, que integram a inovação e modernização do maneio reprodutivo, servirão de exemplo na região, podendo permitir a transposição destas práticas a outras áreas que enfrentem problemas similares. Pela comparação dos resultados entre animais tratados e não tratados relativamente aos potenciais benefícios na eficiência produtiva (diferença entre grupos no peso ao abate, deposição de gordura e rendimento de carcaça) e na qualidade físico-química e sensorial final da carne, ficarão evidentes as vantagens na utilização desta técnica no maneio das explorações, que poderão ser demonstradas através de ações de divulgação promovidas pela ANCSUB e CORANE junto dos seus associados. Em última análise serão todos os produtores de porco Bísaro os potenciais beneficiários diretos desta proposta. A edição de manuais e guias técnicos práticos, que facilitarão a divulgação das boas práticas nesta área, e a produção de material promocional sobre as vantagens da utilização dos protocolos definidos para a raça. Estes servirão para alargar o grupo de potenciais utilizadores do conhecimento e práticas geradas no âmbito deste programa a outros interessados, em particular produtores de outras raças autóctones, nacionais ou internacionais. Os potenciais beneficiários diretos localizam-se pois maioritariamente na região do Alto Trás-os-Montes, não impedindo que os resultados obtidos pelo grupo operacional não venham a ser transpostos para outras regiões ou noutras raças com preocupações semelhantes.
O grupo operacional integra uma comissão científica e uma comissão técnica, ambas presididas pelo gestor do projeto, ao qual se junta um número variável de investigadores do CECAV-UTAD, bolseiros e técnicos. O seu número será o suficiente para responder às solicitações e/ou serviços que este grupo operacional possa prestar. O grupo operacional interage com as duas comissões acima mencionadas com vista à partilha de conhecimento, para colaboração e prestação de serviços de diversa índole. A comissão científica, transdisciplinar, disponibiliza o conhecimento e interage com o grupo operacional e a comissão técnica na implementação e acompanhamento das medidas propostas e analisa os resultados obtidos determinando a necessidade de introdução de pequenos ajustes no desenho dos esquemas de tratamento. A comissão técnica implementará no campo as atividades propostas, contribuirá para a monitorização das explorações piloto, para a elaboração dos manuais técnicos e para dinamizar as ações de divulgação. Será também chamada à produção de informação técnica para os utilizadores finais e para a sociedade no geral, e à elaboração de propostas e trabalhos paralelos, incluindo o desenho e estruturação de ações de formação e qualificação dos produtores, de acordo com a sua qualificação. Para isto contarão com o assessoria da Comissão Científica. A interação entre as duas comissões e a direção do grupo operacional é permanente.
