Premium++: Mais produtividade e Mais qualidade para a sustentabilidade da vitivinicultura portuguesa
Iniciativa a desenvolver
Aumento da capacidade produtiva da vinha e simultaneamente da qualidade da uva com recurso a metodologias de observação avançadas (viticultura de precisão) e processamento em tempo útil dos dados obtidos e consequente gestão da rega, da copa e da produção.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
O setor do vinho é um dos mais dinâmicos da agricultura nacional, representando cerca de 18% da produção do ramo agrícola nacional (646 milhões de euros). O azeite representa 2%. É o 5º maior produtor da UE e o 11º maior produtor mundial, representando 2,3% da produção total. Em 2014, Portugal, produziu cerca de 6.195.000 hl de vinho com uma área de produção de 218.677 hectares (28 hl/ha). A França, é o maior produtor representando cerca de 17% de toda a produção mundial. É igualmente um setor com elevada capacidade exportadora, que exporta mais de 70% do valor da sua produção, representando cerca de 15% das exportações do setor agroalimentar e mais de 1,5% das exportações nacionais. O bom desempenho do setor nos últimos anos deve-se em larga medida à aposta da qualidade que evoluiu de forma assinalável ao longo das últimas décadas, fruto da aposta em castas nacionais, em tecnologias de produção modernas, em equipamentos de transformação adequados, mas sobretudo em know-how vitícola e vinícola. Essa evolução está bem patente no crescimento do preço médio de exportação que tem evoluído favoravelmente nos últimos anos (2003 – 1,60 €/l vs 2014 – 2,55 €/l). A produção de vinho de qualidade sempre beneficiou do conhecimento e inovação do lado da produção. Esta realidade, esconde, no entanto, um grave problema do setor que é a sua baixa produtividade e consequente ineficiência de uso de fatores de produção, quando comparada com os principais países produtores de vinho. Entre os 11 principais de vinho mundial, Portugal apresenta a mais baixa produtividade de todos. Entre os anos 2000 e 2011 a produtividade média do setor rondou os 28 hl/ha (+/- 4 t/ha), neste período e para os países Europeus, os valores são significativamente superiores: Espanha 38 hl/ha (+/- 5,3 t/ha), Itália 68 hl/ha (+/- 9,5 t/ha), França 54 hl/ha (+/- 7,6 t/ha). Já nos países, designados por “Novo Mundo”, as produtividades disparam: USA 113 hl/ha (+/- 15 t/ha), Austrália 73 hl/ha (+/- 10 t/ha) e a China 97 hl/ha (+/- 14 t/ha). A produtividade é um parâmetro fundamental para a vitivinicultura e sua sustentabilidade, contudo existe a crença generalizada que uma baixa produtividade conduz a vinhos de melhor qualidade. Contudo, nem sempre é o caso. Em Portugal por exemplo, assume-me que uma produtividade de 4/6 toneladas por hectare é sinal de uma boa produção. A região vitivinícola do Tejo regista uma produtividade média de 31 hl/ha (IVV. 2013), que sendo sensivelmente superior à média nacional fica muito aquém dos seus principais concorrentes. Este é um tema muito complexo que mistura conceitos igualmente difíceis de avaliar, como a qualidade, com práticas culturais francamente enraizadas na nossa cultura. Segundo o The Oxford Companion to Wine (Oxford Press University, 2015), uma das questões económicas mais importantes para a viticultura moderna, é saber se o alto vigor da vinha associado a uma alta produtividade, é capaz de produzir vinhos de elevada qualidade, utilizando técnicas de gestão da canópia adequada.
Objetivos visados
Objetivo geral: Maximizar a capacidade produtiva da vinha sem prejuízo da qualidade através da implementação de estratégias que integrem o binómio qualidade/produtividade, gestão da canópia (relação folha/fruto) e rega deficitária.
Objetivos específicos: Monitorizar a relação fruto/folha durante todo o ciclo vegetativo da cultura. Desenvolvimento e utilização de ferramentas expeditas que permitam avaliar a expressão vegetativa e vigor da videira. Identificar novos ótimos (relação folha/fruto) e datas de colheita. Desenvolver novos métodos de gestão da canópia Conhecer a capacidade produtiva da vinha tendo em conta a qualidade Estabelecer um protocolo de análise sensorial do que permita uma avaliação quantitativa da qualidade do mosto/vinho. Desenvolver novas estratégias de rega que minimizem a evaporação e maximizem a produção e a qualidade da uva. Desenvolver um sistema de gestão integrada da produção de vinha num regime de alta produtividade.
Outro objetivo do projeto e, que decorre da implementação do plano de ação, é a demonstração, divulgação e disseminação do conhecimento gerado no âmbito deste grupo operacional ao setor vitivinícola nacional.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
A vinha é uma das culturas permanentes com maior expressão económica em Portugal, ocupando uma área que ronda os 218.677 hectares (2014), representado cerca de 6.400 vitivinicultores. Este projeto, com potencial para ser alargado a todo país, foca-se, contudo, na região vitivinícola do Tejo, por se considerar que a influência do local e do clima, pode condicionar a interpretação e utilização dos resultados. Assim sendo, o universo que define os potenciais beneficiários diretos deste projeto, corresponde a 826 Vitivinicultores (12,8% do total). Além destes agricultores, as OP’s, tal como as associações e cooperativas do setor, poderão igualmente beneficiar com este trabalho, que será amplamente disseminado no setor. Os resultados diretos a atingir com este trabalho serão novas estratégias de condução da vinha, indo ao encontro do binómio qualidade/produtividade, gestão da canópia e rega. O principal produto desta iniciativa consistirá na elaboração e publicação do Manual de boas práticas para uma viticultura de alta produtividade com qualidade. Este manual integrará as principais conclusões do estudo, nomeadamente, os novos métodos de que envolvem a gestão da canópia, as estratégias de rega e o sistema de gestão integrada. Além disso, é a expectativa deste grupo que o manual possa revelar a capacidade produtiva da vinha tendo em conta a qualidade e não somente, a produtividade.
Produtos: - Novos equilíbrios entre rácios folha/fruta, dimensões da sebe e produtividades em função do perfil e da casta - Otimização do processo de determinação da data de colheita - Manual de boas práticas para uma viticultura de alta produtividade com qualidade - Campos de demonstração em permanência
Resultados mais importantes: - Aumento da capacidade produtiva da vinha em simultâneo com um aumento ou manutenção da sua qualidade. - Utilização otimizada de todo os recursos utilizados, sejam os fatores de produção como a água, o solo, e a mão-de-obra, por via de uma gestão integrada num regime de alta produtividade. - Aumento substancial da eficácia da utilização dos produtos fitofarmacêuticos e dos adubos, por via de aumentos de produtividade, e assim, reduzir o impato da atividade do ponto de vista das emissões de gases de efeito estufa - Domínio do “know how” das tecnologias de Agricultura de Precisão aplicadas à vinha, com fortes bases para alargamento a outras culturas.