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parceiro responsável pela parceriaLiving Seeds Sementes Vivas, SA
Designação da parceriaConVIGNA – Consociação de milho com feijão-frade como uma técnica sustentável de adaptação da produção deste cereal às alterações climáticas em Portugal
Iniciativa a desenvolverCriação de metodologia baseada numa técnica inovadora em Portugal, sustentada na consociação de Zea mays L. (milho) com Vigna unguiculata (L.) Walp (feijão-frade), por forma a promover a adaptação desta consociação, utilizada para consumo humano e animal, às alterações climáticas a nível nacional.
Parceiros
Prioridade TemáticaMelhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS IContinente
Identificação do problema ou oportunidadeSegundo a Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas (ENAAC), as alterações climáticas são uma das maiores ameaças ambientais, sociais e económicas que o planeta e a humanidade enfrentam.
Uma vez que as projeções científicas afirmam que a região mediterrânica será fortemente afetada por alterações do clima, preveem-se efeitos nefastos, principalmente ao nível do crescimento vegetativo das culturas, afetando assim a agricultura portuguesa.
As culturas apresentam limites climáticos que afetam o seu crescimento, desenvolvimento e produtividade. No caso da produtividade, existem valores de temperatura associados a fases fenológicas específicas que condicionam a formação de órgãos reprodutores (i.e. grãos e frutos), afetando a produção. Deste modo, prevê-se que as alterações climáticas tenham um impacto significativo na atividade agrícola, sendo que os principais efeitos ocorrerão ao nível da fenologia e da eficiência fotossintética das culturas.
As alterações climáticas apresentam potenciais impactos na agricultura, nomeadamente: i) aumento da taxa fotossintética; ii) diminuição da duração do ciclo das culturas; iii) aumento do período de ausência de geadas; iv) diminuição do número de horas de frio; v) aumento da incidência de pragas e doenças; vi) aumento do stress hídrico; vii) aumento da erosão do solo; viii) aumento da suscetibilidade a eventos extremos; ix) aumento da necessidade de drenagem artificial; x) alterações nos serviços dos ecossistemas (i.e. sequestro de carbono, biodiversidade e fluxos ambientais) necessários para manter a produtividade nas áreas agrícolas atuais.
Na cultura em estudo (o milho), o período de crescimento e desenvolvimento é limitado pelos recursos hídricos, temperatura e radiação solar. A cultura do milho necessita que os índices dos fatores climáticos (temperatura, precipitação e fotoperíodo) atinjam níveis considerados ótimos, para atingirem as produtividades máximas.
Relativamente ao parâmetro temperatura na planta, esta é praticamente a mesma do ambiente envolvente. Como consequência deste fator, flutuações térmicas periódicas influenciam os processos metabólicos que ocorrem no interior da planta. A quebra de rendimento da cultura sob temperaturas elevadas deve-se ao curto período de tempo de enchimento dos grãos, como consequência da redução do ciclo da planta.
O milho é também uma cultura exigente em relação à disponibilidade de água no solo. A ocorrência de deficit hídrico nesta cultura pode provocar danos significativos em todos os seus estados fenológicos, promovendo uma redução da taxa fotossintética e uma consequente redução do rendimento da cultura.
O fotoperíodo é outro componente climático que afeta de forma significativa a produtividade desta cultura. Um aumento deste parâmetro provoca um aumento da duração da fase vegetativa com consequente incremento do número de folhas que emergem durante a diferenciação do pendão e do número total de folhas produzidas pela planta. Paralelamente, a radiação solar é um dos parâmetros mais importantes para a cultura do milho, uma vez que uma inibição do processo fotossintético impede a planta de expressar o seu máximo potencial produtivo. Uma redução de 30% a 40% deste parâmetro, por períodos longos, atrasa a maturação dos grãos proporcionando uma quebra na produtividade da cultura.
Em suma, os efeitos nefastos decorrentes das alterações climáticas irão afetar de forma significativa e irreversível a cultura do milho em Portugal Continental, quer a nível de produtividade quer a nível de rendimento da mesma.
Objetivos visados O objetivo principal deste GO consiste em criar uma metodologia baseada em técnicas agrícolas nunca antes estudadas em Portugal para algumas espécies tradicionais portuguesas, nomeadamente, o recurso à consociação do milho com feijão-frade, por forma a promover uma melhor adaptação da produção de milho para consumo humano e animal, às alterações climáticas a nível nacional. Paralelamente, pretende-se promover o uso de práticas culturais e agrícolas sustentáveis, integradas em produção biológica (MPB), por forma a gerar diversos benefícios de eficiência ambiental e utilização sustentável de recursos naturais, como resultado do recurso a esta técnica. Esta metodologia é baseada na consociação das “two sisters” (feijão e milho).
Objetivos específicos:
1. Identificação das variedades de milho e feijão-frade que melhor se poderão vir a consociar (decisão de ciclos próximos), para que, em conjunto com práticas culturais e agrícolas, permitam atingir o objetivo;
2. Avaliação da melhor época de sementeira das duas culturas, do milho com o feijão-frade, para se planear toda a parte agrícola e perceber os limites dos sistemas desse cultivo, em conjunto com os potenciais efeitos adversos provenientes das alterações climáticas;
3. Seleção dos genótipos e cultivares, das culturas em estudo, que estão melhor adaptadas ao clima e ao tipo de solo da exploração;
4. Otimização das distâncias de plantação entre as culturas;
5. Otimização da melhor época do ano para a sementeira, monda e colheita, da consociação das duas culturas;
6. Implementação de estudos de campo, através de ensaios distintos, a nível de práticas culturais, por forma a testar consociações entre diferentes variedades de milho e feijão-frade.
7. Monitorização rigorosa dos principais indicadores identificados, ao longo do desenvolvimento vegetativo das culturas;
8. Desenvolvimento de um sistema de consórcio em pequena escala com os pequenos agricultores por forma a testar a técnica desenvolvida;
9. Desenvolvimento de um sistema de consórcio em larga escala, estendida aos principais produtores de milho nacional, com o apoio das organizações de produtores, cooperativas e associações do setor desta cultura, de modo a testar a técnica desenvolvida.
Outro objetivo do projeto e, que decorre da implementação do plano de ação, é a demonstração, divulgação e disseminação do conhecimento gerado no âmbito deste grupo operacional.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiáriosO milho é a cultura arvense com maior expressão em Portugal (146.719 hectares), podendo ser encontrada de Norte a Sul do país. De referir, que em 2015 existiam 74.500 produtores de milho em Portugal (Continental e Açores). O que significa que soluções ambientalmente responsáveis devem ser adotadas para minimizar os impactos negativos que se avizinham.
O estudo de novas técnicas de adaptação de milho às alterações climáticas em Portugal, através da consociação com a espécie tradicional portuguesa – feijão-frade - permitirá criar uma metodologia para auxiliar os produtores nacionais, as organizações de produtores, as cooperativas e as associações do setor desta cultura.
Paralelamente, esta metodologia, no âmbito desta iniciativa, será apenas aplicada ao milho consociado com o feijão-frade, o que significa que numa fase posterior, poderá ser testada esta mesma metodologia com outras espécies tradicionais, por forma a conseguir-se aumentar o leque de culturas tradicionais adaptadas às alterações climáticas e às novas exigências e objetivos da agricultura moderna e sustentável (i.e. maior produtividade, maior eficiência de nutrientes, resistência e tolerância à seca, robustez, resiliência, maior resistência a pragas e doenças).
Pretende-se elaborar um manual de boas práticas, para ser distribuído nos diversos eventos e ações propostas no âmbito da divulgação do projeto, composto pelos seguintes conteúdos: i) principais espécies tradicionais portuguesas; ii) a problemática das alterações climáticas e como estas afetam a produção agrícola; iii) a técnica de consociação entre espécies vegetais; iv) como esta técnica poderá promover a adaptação das espécies tradicionais às alterações climáticas; v) quais as espécies vegetais que melhor se consociam às espécies tradicionais para promoverem a adaptação às alterações climáticas; vi) como o tipo de agricultura utilizado, bem como, as práticas culturais podem influenciar a adaptação de uma cultura às alterações climáticas; vii) quais as espécies mais tolerantes às alterações climáticas. O objetivo deste manual consiste em divulgar todo o novo conhecimento, de forma ampla e transparente.
Quer o manual de boas práticas elaborado no âmbito deste projeto, quer a metodologia para a replicação desta técnica de consociação serão disponibilizados de forma gratuita, em papel ou versão WEB, de forma ampla e transparente a todos os produtores nacionais, organizações de produtores, cooperativas e associações do setor do milho, por forma a auxiliá-los e a promover soluções ambientalmente responsáveis para este setor. Paralelamente, pretende-se criar também uma rede de especialistas que poderão ajudá-los nesta problemática.
Esta iniciativa torna-se, assim, importante e inovadora, não só no território nacional, mas também num contexto da União Europeia, onde a progressiva perda de biodiversidade e herança genética coloca em risco o capital natural a preservar e, por conseguinte, a segurança alimentar dos povos. No lado da oportunidade, este projeto surge num contexto favorável de procura externa por produtos de valor acrescentado em equilíbrio com os princípios de desenvolvimento sustentável.
InterlocutorPaulo Martinho
MoradaCentro Empresarial de Idanha-a-Nova. Zona Industrial
LocalidadeIdanha-a-Nova
Código postal6060 - 182
Telefone963331469
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