INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.
Designação da parceria
FitoOleaSan
Iniciativa a desenvolver
Estratégia para o controlo de doenças emergentes (Gafa, Olho de pavão, Tuberculose) nos novos olivais intensivos e de alta densidade instalados em Portugal com cultivares portuguesas (Galega, Cobrançosa, Cordovil de Serpa, Azeiteira) e estrangeiras (Arbequina, Picual, Arbosana) nas regiões do Alentejo (Alto e Baixo) e do Ribatejo
Parceiros
Prioridade Temática
Aumento da eficiência dos recursos na produção agrícola e florestal
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
Portugal na última década duplicou a sua produção em azeite sobretudo devido aos investimentos em olival na região do Alentejo. Apesar de uma quase estabilidade na área de olival, o sector tem passado por uma forte reestruturação. O abandono de olivais tradicionais que deixaram de ser competitivos tem sido compensado pelo aparecimento de novas plantações adaptadas às condições de mercado. Os novos olivais, intensivos e superintensivos têm sido instalados maioritariamente em zonas de aptidão para a agricultura, nomeadamente em terrenos enquadrados nos novos empreendimentos hidroagrícolas. Nas novas áreas olivícolas recorreu-se a uma maior intensificação cultural (maior número de oliveiras por hectare, quase sempre regadas e com maior utilização de fertilizantes). Verificou-se uma maior mecanização das operações culturais e a plantação de cultivares mais adaptadas aos novos sistemas de condução. Assistiu-se também à duplicação da exportação de azeite e atingindo-se o patamar da autossuficiência. Nestas áreas olivícolas têm-se registado o aumento da incidência de doenças que as estratégias fitossanitárias tradicionais não têm capacidade de controlar. A influência atlântica em numerosos olivais tem favorecido essa incidência que provoca o debilitamento e, ocasionalmente, a morte das oliveiras com a consequente perda de produção e a diminuição da qualidade do azeite. Esta ameaça pode ser corrigida pela implementação de estratégias de controlo integrado ambientalmente sustentáveis e economicamente viáveis. Nesta perspetiva, é importante desenhar e realizar ensaios para identificar e valorizar de um modo prático, a importância dos diferentes fatores bióticos e abióticos que intervêm no desenvolvimento dessas doenças emergentes no olival em Portugal.
Objetivos visados
"O objetivo geral desta iniciativa é a melhoria das condições fitossanitárias de explorações olivícolas intensivas e de alta densidade localizadas no Alto Alentejo, no Baixo Alentejo e Ribatejo e olival experimental de alta densidade do INIAV (Elvas) mediante a implementação de uma estratégia integrada para o controlo das principais doenças do olival. Estabeleceram-se os seguintes objetivos instrumentais:
1- Monitorizar em olivais selecionados e durante cinco anos a incidência das doenças gafa, olho de pavão e tuberculose. 2- Monitorizar, no mesmo período, as condições climáticas dos olivais acompanhados. 3- Estabelecer as interações entre a incidência registada e a informação climática. 4- Caracterizar os agentes patogénicos isolados a nível morfológico / molecular e patogenicidade, contribuindo para identificar os biótipos nas amostras de tecidos infetados recolhidas nos olivais acompanhados. 5- Caracterizar as populações microbianas da filosfera (endo e epifíticas), associadas ao estabelecimento da infeção (gafa, olho de pavão e tuberculose). 6- Aprofundar o conhecimento dos fatores facilitadores da tuberculose (as condições ambientais, a presença de feridas, a resistência varietal) com plantas em ambiente controlado (3º e 4º anos). 7- Avaliar o efeito da aplicação de substâncias ativas a isolados dos agentes patogénicos recolhidos nos olivais acompanhados (2º, 3º e 4º anos). 8- Avaliar a resistência / suscetibilidade de cultivares portugueses para a gafa e o olho de pavão em ambiente controlado e inoculação artificial (2º, 3º e 4º anos). 9- Desenvolvimento e validação de novos procedimentos elaborados a partir dos agentes patogénicos e a sua aplicação em ambiente controlado e em campo (2º, 3º e 4º anos). 10- Implementar, avaliar e validar a eficácia de produtos fitossanitários e metodologias expeditas a serem utilizadas pelos olivicultores no controlo das principais doenças, e na melhoria do desempenho agronómico dos olivais. (2º ao 5º anos). "
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
"Os trabalhos incluidos nesta iniciativa têm como objetivo obter um conhecimento prático do desenvolvimento epidémico das doenças mais importantes no olival em determinados condicionalismos edafo-climáticos de Portugal e no estabelecimento de medidas que permitam aumentar a eficácia do seu controlo e a eficiência das estratégias de gestão integrada.
Nas ações associadas com a doença da gafa pretende-se esclarecer os mecanismos de defesa à doença em áreas com diferentes perfis agroclimáticos e as estratégias de controlo químico/biológico, ambientalmente e economicamente mais sustentáveis. Por sua vez, a elucidação da virulência de diferentes isolados de Colletotrichum spp. e a extensão da destruição que causam nos ácidos gordos dos frutos são objetivos complementares que irão fornecer informações para o olivicultor em relação à escolha das áreas de plantação, seleção de cultivares, gestão integrada da cultura e para os momentos mais eficientes de aplicação dos fungicidas.
As ações propostas para a doença do olho de pavão e tuberculose foram concebidos para aumentar a informação acerca do conhecimento epidemiológico, a fim de conceber uma estratégia de gestão abrangente que minimize a crescente incidência destas doenças. Por outro lado, conhecer a variabilidade na resposta de diferentes cultivares de oliveira a estas doenças irá permitir selecionar cultivares, de acordo com as condições edafoclimáticas da exploração agrícola. Além disso, serão desenvolvidas e testadas novas substâncias ativas mais eficazes que facilitem o controlo destas doenças, sem o risco de desenvolvimento de resistências pelos agentes patogénicos causais. Estes objetivos irão permitir diminuir as perdas causadas até agora por estas doenças no olival em Portugal, que nos últimos anos vem ganhando maior importância devido à introdução de novos sistemas de condução.
Graças à elucidação dos aspetos críticos para o desenvolvimento das três doenças, propõe-se estratégias de atuação unificadas que abrangem o conhecimento resultante das linhas de ação propostas. Assim, a tomada de decisões nas regiões olivícolas portuguesas pelos olivicultores e técnicos de olivicultura resultará mais fácil e adaptada às condições específicas de cada exploração, assumindo uma diminuição nos custos e um impacto ambiental reduzido. A informação obtida será utilizada na elaboração de roteiros ou manuais técnicos. "