Desenvolvimento de plataforma de monitorização da vitalidade do montado de sobro disponibilizando informação em tempo útil para uma intervenção preventiva, incorporando vertentes de apoio à operacionalização da gestão florestal.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
No montado de sobro em Portugal, ao longo das últimas 3 décadas, constatou-se um fenómeno de perda de vigor e consequente declínio. Se por um lado uma multiplicidade de fatores bióticos e abióticos foram identificados como potenciais responsáveis ou intervenientes no desequilíbrio do ecossistema, por outro lado, a ação do Homem na componente de gestão dos povoamentos tem também um papel determinante para ajudar a inverter a situação. A estratégia nacional para adaptação às alterações climáticas refere um agravamento do stress ambiental levando a um aumento do declínio do montado. Verifica-se a inexistência até à data de mecanismos de monitorização da vitalidade do montado em tempo útil, tendo esta fragilidade sido identificada pelo menos desde 2007 (Edmundo, S. – Perda de vigor dos montados de sobro e azinho) sem que tenham ocorrido avanços significativos nesta problemática. A presente iniciativa pretende dar um contributo para a identificação e diagnóstico de situações de stress no sobreiro recorrendo para o efeito a tecnologias de deteção remota próxima e espacial para monitorizar o estado de vitalidade da árvore com integração em sistemas de informação e posterior disponibilização numa aplicação web e móvel. A oportunidade surge da nova política de acesso aberto a imagens de satélite por parte da agência espacial europeia e da maturidade e reduzido custo de operação dos sistemas aéreos não tripulados (VANT) que complementam e potenciam o uso de dados espetrais para melhoria nos processos de gestão agro-florestal. Integrando a tecnologia e o conhecimento, poderá ser possível ao produtor florestal dispor de informação rigorosa e fiável numa base mensal que permitirá monitorizar o montado, aferindo de forma mais atempada o seu desenvolvimento no que diz respeito, por exemplo, à perda de vitalidade e à identificação de situações de stress, possibilitando recomendações de gestão específicas e uma intervenção mais eficaz que possa contribuir para inverter essa tendência.
Objetivos visados
Os principais objetivos a atingir são garantir a monitorização periódica do estado vegetativo do montado através de deteção remota e disponibilizar ao produtor florestal através de uma plataforma on-line, a informação necessária para operacionalizar a gestão. Como objetivos específicos são de enunciar: a) o desenvolvimento de plataforma web para alojamento e disponibilização da informação processada; b) a identificação de zonas de perda de vitalidade para o estabelecimento de recomendações de gestão à escala da propriedade, de forma a tentar inverter a tendência atuando de forma preventiva; c) a inventariação anual de árvores mortas e produção de cartografia de apoio ao requerimento de corte/ arranque de sobreiros que é normalmente feito no último trimestre de cada ano; d) a monitorização da evolução do índice foliar do sobreiro e a sua relação com o início do período de descortiçamento; e) a manutenção de um registo histórico georreferenciado da mortalidade do sobreiro; f) a manutenção à escala regional de um registo histórico georreferenciado da vitalidade do montado; g) a promoção de uma gestão adaptativa que reforce a resiliência do montado; h) a divulgação dos principais resultados do projeto aos agentes do sector. Este projeto responde aos objetivos propostos na Agenda Portuguesa de Investigação e Inovação no Sobreiro e na Cortiça na vertente do plano nacional de melhoria da produtividade, na linha estruturante dos sistemas de produção em stress, com o diagnóstico dessas situações e a monitorização ecofisiológica do sobreiro. Com vista à sua efetiva utilização pelos produtores florestais, será criada uma plataforma gerida pela UNAC e as OPF que possibilite ao produtor florestal aceder a uma aplicação web de uma forma muito simples e intuitiva.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Beneficiários: Produtores Suberícolas, Organizações de Produtores Florestais, Organismos da Administração Pública, técnicos e empresas do sector florestal. Através da aplicação da metodologia apresentada pretende-se desenvolver uma plataforma integradora ao nível da UNAC onde se congregam os diferentes tipos de imagem e onde serão realizados os cálculos dos índices de vegetação que permitirão monitorizar o montado. A possibilidade de acessos diferenciados na plataforma central permitirá que as OPF e os produtores florestais tenham acesso à informação correspondente e possam inclusive complementar com outros dados. O fluxo que irá ser desenvolvido poderá ser replicado em outras organizações que tenham necessidade de monitorizar as áreas agro-florestais, sendo possível de direcionar para outras espécies a metodologia testada, através do ajustamento do registo temporal necessário bem como das recomendações de gestão. O facto do produtor florestal ter acesso aos seus dados na plataforma torna-o mais próximo de todo o processo, mantendo-o como o elo final para o qual tudo será direcionado. Para cimentar ainda mais este envolvimento os associados receberão por mail e sms periodicamente um link para a plataforma onde poderão a um nível macro analisar e comparar os seus resultados com a área de geográfica de referência. Aproveitando a tecnologia usada para desenvolver os serviços descritos, irá ser implementada uma aplicação para telemóvel –“app mobile”- que irá permitir ao associado fazer a análise ao nível da sua exploração. Estas plataformas irão ser disponibilizadas para apoio à gestão e monitorização do montado em situações de stress e os potenciais beneficiários serão os produtores florestais da área de influência da APFC. Em resumo, listam-se os principais resultados a obter:
• Plataforma web de monitorização da vitalidade do montado; • Aplicação mobile para acesso e visualização dos dados obtidos; • Mapas de vigor e informação descritiva (tabelas e gráficos) ao nível da exploração florestal; • Recomendações de gestão adaptativa para recuperação da vitalidade; • Cartografia periódica da mortalidade ao nível da exploração; • Simplificação de procedimentos obrigatórios, como é o caso do levantamento do número de sobreiros para abate; • Determinação da influência da evolução do índice foliar no sobreiro na possibilidade de descortiçamento à escala da exploração; • Registo histórico georreferenciado da mortalidade do sobreiro; • Registo histórico georreferenciado da vitalidade do montado.