Implementação e desenvolvimento de modelos sustentáveis e inovadores de gestão cinegética no Nordeste Algarvio (Alcoutim, Castro Marim e Tavira) com o intuito de reverter o declínio das populações cinegéticas autóctones de coelho-bravo e lebre.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
Finalizada a tarefa do ordenamento cinegético no Algarve, importa agora aferir e desenvolver modelos de gestão cinegética, com o objectivo de determinar uma gestão sustentável dos recursos cinegéticos e de contribuir para uma melhoria significativa na gestão de terrenos cinegéticos ordenados, assentes no fomento sustentável de espécies. No quadro que abaixo se apresenta podemos aferir a forte presença da actividade cinegética nos concelhos em causa, encontrando-se praticamente ordenados se contabilizarmos a área litoral, parques naturais e aglomerados urbanos.
Concelho Área do concelho (ha) Área ordenada (ha) ZC Associativa (N.º) Área (ha) ZC Turística (N.º) Área (ha) ZC Municípal (N.º) Área (ha) % de Área Ordenada Alcoutim 57.657 48.569 28 25.528 16 22.586 1 455 84% Castro Marim 29.983 21.527 16 18.385 2 889 4 2.253 72% Tavira 61.105 48.534 40 44.972 3 1.734 4 1.828 79%
Nos últimos anos tem-se assistido por um lado, a práticas de gestão cinegética insustentáveis e à aplicação de um conjunto de medidas de fomento desajustadas, nomeadamente a instalação de campos de alimentação em áreas diminutas, em pequeno número e reduzida diversidade de espécies vegetais utilizadas, baixa densidade/ausência de comedouros, bebedouros e moroços, desmatações executadas privilegiando o acto venatório em detrimento da compartimentação de habitats e por outro, a um decréscimo muito acentuado nos efectivos das populações das espécies de caça menor, algumas delas como é o caso do coelho bravo, são pretensamente conhecidas as causas, designadamente as resultantes da Mixomatose e da Doença Hemorrágica Vírica. A diminuição de espécies cinegéticas levou a uma redução drástica no número de jornadas cinegéticas disponibilizadas e praticadas nas zonas de caça Associativas e Turísticas, reflectindo-se este decréscimo em toda a cadeia indirectamente associada à caça, nomeadamente, restauração, alojamento, comercio tradicional, turismo, etc. Tendo outrora o Nordeste Algarvio (Alcoutim e Castro Marim e parte do concelho de Tavira), sido uma área de excelência para a prática da actividade venatória, urge recuperar as densidades populacionais de coelho bravo e lebre e reverter esta situação, de modo a revitalizar um território de baixa densidade populacional, fazer com os caçadores voltem a percorram estes territórios com mais frequência ao longo do período venatório destas espécies (Setembro a Dezembro), estimulando assim a economia local que existe em torno desta actividade. Estabelecer e aferir modelos sustentáveis de gestão cinegética com métodos inovadores que permitam aumentar os efectivos das populações cinegéticas e transmiti-los ás entidades gestoras de zonas de caça, irá permitir efectuar um maior número de jornadas de caça disponíveis, potenciando o desenvolvimento económico dos actores locais desta região em risco de desertificação ambiental e humana.
Objetivos visados
A iniciativa tem com principal objectivo a implementação de um conjunto de medidas de fomento cinegético e práticas sustentadas, bem como de novos conhecimentos, que não só vão ao encontro das necessidades do sector da caça, mas que tanbém se apresentam necessárias e essências à dinamização e valorização do mundo rural, à conservação da biodiversidade e ao profissionalismo da gestão e exploração cinegética.
Pretendem-se alcançar com a iniciativa apresentada os seguintes objectivos:
- Desenvolver medidas de gestão de habitats para o coelho bravo e lebre, através de introdução de acções de fomento e monitorização, aplicando diversas técnicas apropriadas e sistematizadas, de modo a contribuir para o aumento destes efectivos cinegéticos e da fauna silvestre em geral; - Dotar as entidades gestoras de zonas de caça de conhecimentos para uma correcta gestão dos espaços agro-florestais; - Contribuir para a continuidade e consolidação do regime cinegético ordenado; - Diversificar as fontes de rendimentos dos agricultores e proprietários rurais; - Contribuir para o regresso dos caçadores e de novos caçadores às zonas rurais de baixa densidade; - Aumentar os recursos alimentares disponíveis para mamíferos e aves de rapina com estatuto de conversação/protecção; - Contribuir para uma melhoria na gestão de zonas de caça e do meio ambiente; - Diminuir a utilização de espécies cinegéticas criadas em cativeiro, minimizando assim a possibilidade de transmissão de doenças às populações autóctones; - Elaborar uma ferramenta informativa de apoio ao publico alvo, instituições públicas e/ou privadas, associações e público em geral, com informação variada sobre gestão de recursos cinegéticos, protecção de habitats, conservação da biodiversidade e desenvolvimento rural.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Como resultados pretende-se a obtenção de um conjunto práticas de gestão e fomento cinegético eficazes para a recuperação das espécies cinegéticas, novos conhecimentos no âmbito da actividade cinegética, designadamente no que concerne à gestão de populações, particularmente de coelho bravo e lebre e sua relação e compatibilidade com a conservação da natureza, com o mundo rural e com os impactos negativos sobre os habitats.
Pretende-se ainda contribuir para o desenvolvimento sócio-económico, para a conservação e valorização do património natural, sobretudo em regiões desfavorecidas, para a inovação e competitividade do sector cinegético e contíguos, para a minimização de impactos negativos sobre a biodiversidade, para a valorização e protecção dos espaços agro-florestais e para o bem estar das comunidades rurais.
Os potenciais beneficiários serão os agentes de diversa natureza com intervenção no sector da caça, os clubes e associações de caçadores e empresas de turismo cinegético detentoras de concessões de zonas de caça, o turismo cinegético e nas mais variadas vertentes, agricultores, proprietários rurais, a comunidade científica, as autarquias locais, os serviços de administração e gestão da fauna e toda a sociedade em geral.
Interlocutor
Federação de Caçadores do Algarve - Vitor Palmilha