Estudo da qualidade da carne de bovinos da raça Cachena
Iniciativa a desenvolver
Melhoria da qualidade da carne de bovinos da raça Cachena com base em factores tecnológicos e genéticos
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da integração nos mercados
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
Na União Europeia, os apoios à produção de bovinos de carne em regime extensivo têm por base o número de animais por hectare. Perante estas circunstâncias, alguns agricultores portugueses que exploram propriedades em regiões com solos e pastagens pobres, têm produzido animais de raças rústicas. Assim, os agricultores procuram aumentar o número de animais por unidade de área e, consequentemente, o rendimento por hectare. Os bovinos da raça Cachena são de pequeno porte (com altura ao garrote que não chega a ultrapassar os 1,15 m) e são dotados de elevada rusticidade. Por estas razões alguns produtores de bovinos iniciaram a exploração desta raça em propriedades tanto do Alto como do Baixo Alentejo. Actualmente esta raça é parte integrante do património genético de Portugal. Existe um agrupamento de produtores de bovinos da raça Cachena que no Alentejo (concelho de Barrancos) tem um efectivo de 800 fêmeas (13% do efectivo inscrito no Livro Genealógico da raça) e 30 toiros (13% dos toiros inscritos no Livro Genealógico da raça), separados em 4 vacadas. Os produtos comercializados por este agrupamento são carcaças de novilhos abatidos entre os 16 e os 18 meses de idade, com peso vivo próximo de 120 kg. Foi identificado que a carne procedente destes animais apresenta uma grande heterogeneidade na sua tenrura. Algumas vezes a dureza da carne inviabiliza a sua comercialização. Este estudo pretende, através de alterações tecnológicas no maneio pré-abate, manuseamento postmortem e de um estudo genético, contribuir para a redução das variações na tenrura da carne daqueles animais que impedem ou dificultam a sua comercialização. Através da introdução de uma nova etapa no processo de obtenção de carne (maturação da carne) procurar-se-á melhorar a sua qualidade sensorial, a vida útil e a segurança alimentar. A eliminação do problema da dureza da carne, o aumento da sua qualidade e da segurança, contribuirão para o aumento do rendimento dos agricultores e para a valorização da raça, que faz parte do património genético de Portugal. O Grupo Operacional (GO) que procurará dar resposta ao problema identificado é composto por: Associação de Criadores da Raça Cachena (ACRC); Biogado, Agrupamento de Produtores da Raça Cachena (B); Integralgado, Barrancos, possuidora de laboratório de qualidade da carne (I); Universidade de Évora (UÉ).
Objetivos visados
Tendo como base de estudo 4 vacadas de bovinos da raça Cachena existentes no Baixo Alentejo, pretende-se: (1) desenvolver metodologias de fácil aplicação que contribuam para que a variação detectada na tenrura da carne seja reduzida, (2) que os padrões de tenrura que vierem a ser alcançados com o estudo proposto se mantenham estáveis ao longo do tempo, (3) produzir carnes frescas da raça Cachena com uma vida útil de 10 dias, (4) produzir carnes frescas da raça Cachena embaladas sob vácuo durante um período de 45 dias, (5) produzir carne de bovino da raça Cachena maturada durante 7 dias, (6) recorrendo à genética molecular, procurar identificar toiros e vacas responsáveis pela dureza da carne, (7) gerar informação para aumentar o conhecimento sobre a raça e os seus produtos, (8) contribuir para a valorização da raça, (9) contribuir para a continuação da existência da raça Cachena. Os objectivos enumerados pretendem dar resposta a uma situação concreta vivida por um Agrupamento de Produtores da raça Cachena que desenvolve a sua actividade em Barrancos, no Baixo Alentejo. Por os animais serem produzidos no Alentejo a carne não pode ser comercializada com a designação “Cachena da Peneda DOP”. No entanto os resultados obtidos serão postos ao serviço da Associação de Criadores da Raça Cachena, que faz parte desta parceria, e que os utilizará para melhorar a diversidade, a qualidade e a segurança das carnes DOP, procedentes dos animais criados nas regiões contempladas no caderno de especificações daquelas carnes.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
No final do estudo deverão estar definidas as condições para evitar a ocorrência de carnes duras em animais da raça bovina Cachena. Esta informação será também utilizada para a redacção de um código de boas práticas com vista à redução da incidência de carnes duras. Estará também definido o modo de produzir carne fresca de Cachena, embalada sob vácuo, passível de ser comercializada durante 45 dias e carne maturada da mesma raça. Deverá ainda haver informação que nos permita o esclarecimento sobre a influência do genótipo dos reprodutores na tenrura da carne. Os resultados obtidos constituirão ferramentas que auxiliarão os produtores desta raça a valorizarem mais os seus produtos, permitindo-lhes o acesso a novos mercados, como o comércio retalhista direccionado para consumidores que procuram carnes de raças autóctones com características diferenciadoras, assim como o mercado da restauração, que luta constantemente por oferecer produtos novos e de qualidade. De forma directa beneficiarão também todos os interessados na preservação de uma raça autóctone portuguesa, na medida em que se torna mais fácil manter uma raça se houver interesse comercial nos produtos que nela têm origem.
