Promoção e otimização do sistema de produção de leite açoriano, baseado em pastagens com leguminosas e de alto valor nutritivo, melhorando a qualidade do leite, a eficiência e rentabilidade dos produtores, e a sustentabilidade das explorações
Parceiros
Prioridade Temática
Aumento da eficiência dos recursos na produção agrícola e florestal
Domínios
NUTS I
Região Autónoma dos Açores
Identificação do problema ou oportunidade
A realização deste projeto assume uma grande importância regional, nomeadamente por não existir no mercado de leite em Portugal um produto que esteja associado a propriedades nutritivas de excelência, em que o animal é produzido num sistema de pastoreio em extensivo. O objeto final deste projeto é promover e otimizar o sistema de produção de leite açoriano, baseado nas pastagens biodiversas com leguminosas, melhorando a qualidade do leite, a eficiência e rentabilidade dos produtores, e a sustentabilidade das explorações. Pretende-se assim diferenciar, e valorizar, a produção de leite e de laticínios dos Açores. O consumo de leite dos Açores está associado à qualidade do produto, pois o sistema de alimentação para produção de leite é baseado na pastagem, que, segundo dados do INE (2009), ocupa 88% da superfície agrícola útil da região. Os valores de produção nos Açores, em 2014, atingiram as 1.309.200 toneladas de leite, correspondente a quase metade da produção nacional, com 49,3% (Eurostat). O autoaprovisionamento de leite corresponde a cerca de 108,1% das necessidades, manteiga (144,4%) e natas (135,7%). No entanto, nos iogurtes (50,6%) e no queijo (75,5%) apresenta uma dependência externa (GPP, 2013). Em números absolutos, as importações correspondem a 136.692 toneladas de iogurte e 40.733 toneladas de queijo. Este projeto pretende contribuir diretamente para o aumento do consumo de leite de origem nacional, em especial dos produtos lácteos (queijo), diminuindo a percentagem na importação deste produto, e valorizando a qualidade dos mesmos. O objetivo deste grupo operacional é desenvolver um sistema de produção de leite baseado na disponibilidade e na qualidade da pastagem e forragem, obtendo um produto final de elevada qualidade. Neste estudo será considerado o desenvolvimento de um novo processo de alimentação para as vacas leiteiras, com a introdução de pastagens permanentes biodiversas ricas em leguminosas, que permitirão melhorar os parâmetros qualitativos do leite produzido. Para tal, serão considerados três pilares de estudo para o grupo operacional. O primeiro pilar incidirá na caracterização de um grupo representativo de explorações leiteiras. O segundo pilar incidirá na introdução de leguminosas nas pastagens em explorações leiteiras. O terceiro pilar focar-se-á na introdução de culturas resistentes ao stress hídrico em altitude, de maior valor nutritivo que as pastagens existentes. Esta iniciativa não se sobrepõe à iniciativa “VERDE-Açores”, da Noviçor, pois essa iniciativa visa o potencial nutricional forrageiro de uma única espécie, e esta iniciativa incide não só sobre a instalação de pastagens biodiversas ricas em leguminosas, como na sua influência direta na qualidade nutricional do leite.
Objetivos visados
A composição nutricional do leite depende de vários fatores intrínsecos e extrínsecos ao animal, entre os quais se podem destacar pela sua influência o genótipo e o modo de produção (incluindo a alimentação). Para a obtenção de leite e produtos lácteos com composição estandardizada, a partir da produção de leite de diferentes proveniências, deverá ser conhecida a caracterização das explorações leiteiras, para se poder comparar as diferenças nos sistemas de produção adoptados com os resultados finais da qualidade e produtividade do leite. Tendo em conta este enquadramento, os objetivos específicos deste projeto são: 1. Conhecer os solos, a produção e composição florística das pastagens, e as suas variações ao longo do ciclo produtivo, em zonas baixas, médias e altas (1º Pilar); 2. Conhecer a evolução dos diferentes parâmetros de produtividade e qualidade da pastagem ao longo do ciclo produtivo (MS, PB, PDIN, PDIE, ADF, NDF, Lenhina, Cinzas, UFL, Ca, P, Energia e Digestibilidade) (1º Pilar); 3. Determinar a composição qualitativa do leite (MG, MP, Ureia, Caseína, CLA, Omega 3, Omega 6 e Rácio ómega 6/ómega 3) ao longo do ciclo produtivo (1º Pilar); 4. Introduzir novas pastagens ricas em leguminosas nas zonas baixas e médias (2º Pilar); 5. Determinar o impacto de diferentes tipos de pastagens ensaiadas na produção e composição qualitativa do leite (MG, MP, Ureia, Caseína, CLA, Omega 3, Omega 6 e Rácio ómega 6/ómega 3) ao longo do ciclo produtivo (2º Pilar) 6. Instalar e analisar culturas resistentes ao stress hídrico (zonas baixas) (3º Pilar) 7. Instalar e analisar culturas de maior valor nutritivo (zonas altas) em alternativa às pastagens existentes (ricas em erva mole) em explorações agroflorestais (3º Pilar)
Outro objetivo do projeto, que decorre da implementação do plano de ação, é a demonstração, divulgação e disseminação do conhecimento gerado no âmbito deste grupo operacional, com a criação de sistemas de apoio ao produtor.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
No imediato, este grupo operacional contribui para a análise de uma variável de grande importância na qualidade final do leite: a alimentação. No curto prazo, estas ações permitem a conceção, divulgação e incorporação de novas pastagens na Região Autónoma dos Açores. Estas ações permitem, igualmente, a divulgação das melhores consociações de pastagens, não só para os agricultores com explorações leiteiras, mas também para os restantes produtores agropecuários. Estas ações permitirão a incorporação do sistema de produção associado a este novo processo de alimentação em vários produtores, com um aumento da área de instalação sustentável, à medida das capacidades e necessidades dos produtores. Estas ações permitirão a promoção do consumo de leite de qualidade superior, permitindo a valorização da produção regional pelas grandes empresas de retalho. No médio prazo pretende-se estabelecer a metodologia de instalação das pastagens, mediante a localização das explorações agropecuárias, e apostar em ensaios semelhantes noutras regiões do território nacional. Pretende-se também que exista mais oferta para os produtos lácteos derivados da produção (como, por exemplo, o queijo), aumentando a oferta da produção nacional e elevando o nível de qualidade, fidelizando o consumidor. Com este projeto, e especialmente com os ensaios realizados em campo, será possível demonstrar aos produtores agropecuários, em especial na ilha de São Miguel, que a produção de vacas num sistema extensivo perfeitamente sustentável será uma mais-valia económica, bem como uma promoção regional de uma produção com muita tradição nessa região, assegurando igualmente um equilíbrio ambiental. Para o universo de destinatários potenciais, foi considerado o número de produtores agropecuários de bovinos de leite existentes na Região Autónoma dos Açores. Estes produtores detinham, em 2011, cerca de 37,6% de um efetivo total de 242.000 animais (Fonte: GPP), onde, desde logo, se verifica a importância de um projeto deste âmbito.
