ADER-SOUSA – Associação de Desenvolvimento Rural das Terras do Sousa
Designação da parceria
Melão Casca de Carvalho – Polpa+
Iniciativa a desenvolver
Novos produtos com base em melão Casca de Carvalho, incremento da percentagem de frutos com potencial comercial em fresco, melhoria da produção e aproveitamento do potencial para processamento e aumento do rendimento dos agentes.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da integração nos mercados
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
O melão “Casca de Carvalho” é produzido na região do Entre Douro e Minho (EDM) e tem o seu consumo fortemente associado a esta região e, mais concretamente, a áreas geográficas conotadas com as variedades Robusto, Fino e Ponderado, nomeadamente: - “robusto cultivado em Barcelos”; - “fino cultivado em Soutelo (Vila Verde)”; -“ponderado cultivado no Vale do Sousa”. Com variabilidade inter-anual, a área de produção pode atingir 58 ha, com produtividade entre 20 e 30 t/ha. Apesar das caraterísticas do reticulado da casca e a cor da polpa serem distintas nos 3 ecótipos, o melão “Casca de Carvalho” do EDM apresenta caraterísticas organoléticas ímpares, que o distinguem da maioria dos melões dos circuitos comerciais convencionais. A polpa tende a ser vitrescente, tendencialmente aquosa, fortemente aromática e apimentada. O preço deste melão ronda 5 a 6 euros por quilograma. Alguns dos problemas estão associados à depreciação muito rápida deste melão após a colheita, à existência de uma percentagem muito significativa de frutos que não apresentam as caraterísticas típicas da variedade (apesar de variável entre anos e produtores, pode atingir cerca de 70 a 80% de frutos não conformes), à especulação de vendedores ambulantes “à beira da estrada”, ao engano dos consumidores e à aparente desorganização entre produtores, os principais agentes desta pequena fileira. A componente aromática, o teor de água, a diferente composição relativamente a melão comercial convencional como Pele de Sapo e Branco do Ribatejo, fazem do Casca de Carvalho um tipo de melão com elevado potencial de estudo e de crescimento na produção, na comercialização e na utilização industrial, melhorando a eficiência e a coordenação entre produtores, agentes comerciais, consumidores e entidades do sistema científico. Aspetos associados à fitopatologia como fusariose, merecem ser analisados, tanto em rotação de culturas como em estufa. De facto, o estudo de potenciais aplicações nas indústrias alimentar (sumos, néctares, refrigerantes, iogurtes, doces, compotas, pastelaria) e não alimentar (cosmética, dermatologia) deve ser alavancado, bem como a criação de condições mais eficientes de incremento do volume de produção com qualidade comercial em fresco.
Objetivos visados
Proporcionar conhecimento técnico e científico aos operadores para incrementar a percentagem de frutos frescos com caraterísticas comerciais e diversificar a utilização com processamento. Melhorar o conhecimento sobre comportamento da planta e do fruto e respostas a diferentes práticas culturais, com acompanhamento sistemático dos produtores e técnicos, de ensaios que maximizem os frutos com as caraterísticas varietais e minimizem os frutos de refugo ou que não apresentem aspeto vítreo e apimentado. Fidelizar os clientes pelo incremento da qualidade intrínseca do produto fresco e pela diversificação da oferta de processados. Relacionar a atividade metabólica do melão com os estados fenológicos e as datas de maturação e colheita, bem como das diferentes práticas culturais. Criar indicadores físicos, físico-químicos e químicos que permitam a segregação do fruto aquando da colheita, aumentando o rendimento do produtor e a escolha de aptidão. Testar e produzir novos produtos, à base de melão Casca de Carvalho, utilizando cerca de 75 a 80% de melões que, atualmente, são desperdiçados ou incorretamente comercializados na berma das estradas. Compotas, tartes, liofilizados e cosmética figuram entre potenciais usos (da polpa e da casca). Contribuir para a proteção de origem geográfica e salvaguardar os ecótipos, sensibilizando os produtores para a concentração da oferta, para fins comerciais de produto fresco e para processamento. Incorporar empresas alimentares e não alimentares na atual cadeia direta do melão Casca de Carvalho. Estabelecer pontes entre produtores, investigadores, técnicos e a indústria alimentar para melhorar a articulação e fomento de uma gestão mais eficiente na fileira. Proporcionar novas formas de rendimento aos produtores, aumentar a produtividade comercial, a capacidade empresarial e a oportunidade de investimento a jovens agricultores, bem como a complementaridade de rendimento e alternativa a culturas associadas ao sub-setor leiteiro.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Melhoria do potencial produtivo do Melão Casca de Carvalho. Aumento da percentagem de frutos com valor comercial para o mercado de frescos. Aproveitamento de frutos sem valor comercial. Produção de novos produtos na fileira do melão. Aumento do rendimento dos produtores. Diversificação da oferta ao consumidor. Aproveitamento de uma janela de oportunidade para colocação de produto em mercados distintos dos regionais ou locais ou apenas de alguns restaurantes. Incremento da qualidade da produção primária do melão Casca de Carvalho, alicerçada em boas práticas e em conhecimento técnico e científico, e com repetibilidade inter-anual. Aumento da preservação da qualidade em pós-colheita e implementação de metodologias de processamento e identificação de substâncias com interesse não alimentar. Introdução de novas técnicas e tecnologias na fileira. Valorização da produção e acréscimo de valor através de novos produtos. Valorização do potencial intrínseco desta variedade produzida no noroeste de Portugal. Utilização de nichos de mercado e novas oportunidades de mercado. Satisfação do consumidor. Minimização da dependência exclusiva do mercado de frescos, não processados, com a rentabilização da produção sobrante ou não comercializável. Valorização de uma cultura com tradição no Entre Douro e Minho e que requer apoio e intervenção. São beneficiários todos os agentes da fileira, com especial destaque para os produtores e para os consumidores, que veem a qualidade salvaguardada e a oportunidade de desfrutar de novos produtos com os aromas e sabores caraterísticos do melão Casca de Carvalho. Os produtores melhoram a sua capacidade de intervenção nos meloais, na tomada de decisão sobre práticas culturais e caraterísticas mínimas para diferentes utilizações finais. Constitui ainda vantagem para os produtores a possibilidade de comercializar/utilizar frutos de refugo e ter um destino que lhes confere mais-valia, permitindo a sua utilização em vez de eliminação como resíduo ou lixo. Para comerciantes, distribuidores e retalhistas acresce a vantagem de dispor de produtos de qualidade superior, durante maior período de tempo, além da diversificação da forma de apresentação, acrescida da possibilidade de aumento do tempo de prateleira do fruto fresco. Aos consumidores surgem novas formas de apresentação, além de melhor conhecimento das caraterísticas qualitativas deste fruto, com valorização do produto “sui generis”. As empresas de transformação têm novos mercados em aberto para produtos alternativos e complementares, com caraterísticas particulares. Para o sistema científico, a DRAPN e as Associações representa o contributo para melhorar a balança alimentar portuguesa, tendo por base a melhoria global da qualidade na fileira e pelo impulso a novos produtos, sempre sob o impulso inovador dos produtores.