UTAD - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Designação da parceria
Grupo Operacional para a valorização da produção da Cereja de Resende e posicionamento da sub-fileira nos mercados
Iniciativa a desenvolver
O plano de ação a desenvolver visa criar condições para melhorar a capacidade competitiva da produção de Cereja de Resende, a sua adaptação, certificação e integração no mercado.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da integração nos mercados
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
A produção de cereja na região do Tâmega, particularmente no concelho de Resende (responsável por aproximadamente 30% da produção de cereja da Região Norte de Portugal), possui um forte impacto na economia local. Tendo em conta a estratégia para a sub-fileira da Cereja de Resende - qualidade, integração, orientação para mercados específicos e multifuncionalidade, estabelecem-se os seguintes problemas/oportunidades que se propõe trabalhar no presente Grupo Operacional dirigido à qualificação da produção de Cereja de Resende: i. Modernização da produção, melhorando a oferta de cereja, quer em qualidade quer em quantidade; ii. Organização das estruturas de produção e comercialização de cereja, apoiando iniciativas que promovam uma gestão profissional das mesmas, associando-as a economias de escala e a mercados específicos. Trata-se de uma cultura com enormes potencialidades na região, que deverá transformar Resende, no curto prazo, num dos principais polos de referência na produção destes frutos frescos do país. O valor futuro da sub-fileira da Cereja em Resende deverá evoluir em função do aumento de área, da produtividade e do crescente peso do circuito comercial especializado, com melhor remuneração da produção. Nesse sentido a prioridade prende-se com a profissionalização da fileira desde o produtor, que deve encarar a sua exploração agrícola numa perspetiva empresarial e económica. Assim, com o propósito de implementar um programa de ação que contribua de forma decisiva para integrar a Cereja de Resende no mercado, pretende-se abordar e trabalhar os seguintes aspetos: i. Ativar modelos de produção modernos com investimento em cultivares e porta enxertos que induzam maior valorização comercial; ii. Selecionar variedades precoces e tardias para alargar as épocas de comercialização; iii. Aplicar técnicas de produção sob coberto para minimizar o impacto das chuvas nas variedades mais precoces; iv. Implementar operações de harmonização e uniformização da produção em linha com as exigências dos mercados externos; v. Incrementar o nível de segurança alimentar através da certificação do produto e dos pomares pelas normas GLOBALGAP, PRODI e MPB.
Objetivos visados
O GO para a Produção de Cereja de Resende, tem como estratégia a promoção da competitividade e inovação da sub-fileira de modo a assegurar a sustentabilidade da produção e a potenciar a capacidade de antecipação temporal da oferta. A expansão e a exploração rentável desta cultura implicam a transferência de conhecimento decorrente de estudos da UTAD, a dois níveis, no domínio das combinações cultivar/porta-enxerto e no domínio das características físico-químicas dos frutos. Para isso, traçaram-se dois objetivos operacionais. 1) Estudar a ecofisiologia da cerejeira em 2 pomares com as combinações cultivar/porta-enxerto mais promissoras, para a avaliação do comportamento fisiológico e produtivo das variedades de cerejeira em parcelas experimentais no campo; 2) Estudar o efeito da cultivar, do estado de maturação e do ano na qualidade sensorial e nutricional da cereja, através de análises físico-químicas (principalmente de compostos fenólicos). Consideramos ser útil o esclarecimento do papel dos reguladores de crescimento na qualidade da cereja. Apesar de existirem no mercado vários produtos, entre auxinas, giberelinas e citocininas, com potencial no aumento do calibre do fruto, pouco ou nada se conhece na região sobre as doses e momentos de aplicação, bem como o efeito destes produtos na qualidade do fruto (cor, firmeza e concentração de açúcares) e na floração do ano seguinte. De um modo geral com a implementação do plano de ação deste GO pretende-se transferir e implementar técnicas modernas de produção, nomeadamente na plantação de novos pomares e na reconversão dos pomares existentes, utilizando tecnologias de produção adaptadas ao mercado (porta-enxertos, compassos, sistemas de condução, variedades) e adaptando as técnicas culturais ao nível da poda, fertilização e rega, reguladores de crescimento, estruturas de proteção, sendo esse um passo crucial para a garantia de qualidade, eficiência logística e aumento da valorização comercial, respondendo claramente às exigências dos mercados internos e de exportação.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Com esta iniciativa espera-se aumentar a qualidade da cereja produzida na região de Resende, ao mesmo tempo que se reestrutura a fileira, introduzindo práticas culturais, material vegetal e abordagens de mercado atuais. A utilização de metodologias de produção modernas, juntamente com a seleção de cultivares e porta enxertos mais adaptados às condições edafoclimáticas, bem como testar algumas estratégias de mitigação das alterações climáticas que se avizinham, irá permitir um aumento de produção, aliada a um acréscimo de qualidade dos frutos. O projeto beneficia quer os produtores, que irão ver os seus rendimentos de produção aumentar, quer os consumidores, que terão à sua disposição frutos de melhor qualidade. A identificação de cultivares precoces e tardias permitirá aumentar o ciclo produtivo e comercial, reduzindo a sazonalidade de vendas da cereja. Como resultado concreto desta experimentação pretende-se elaborar um manual técnico com a descrição das melhores práticas culturais para ser divulgado aos produtores e, juntamente com a autarquia, definir a rota da cereja na região. A atenção pela uniformidade da produção, aliada à concentração de produção, e juntamente com a articulação alcançada entre todos os membros da fileira, permitirá gerir de forma mais rigorosa e economicamente mais interessante, a entrada em mercados externos, quer os habituais, quer para novas oportunidades. Para além disso, todos os dados obtidos serão disponibilizados a toda a fileira da cereja. Incluem-se os associados das associações e cooperativas de produtores associados a este projeto, bem como todo o universo nacional de produtores de cereja. Acresce aos beneficiários a comunidade científica nacional e internacional, que irá ter disponíveis dados multidisciplinares relativos ao comportamento desta cultura, e em última análise, os consumidores, que terão disponíveis produtos com uma maior qualidade e segurança alimentar. Deste modo, a solução para um melhor funcionamento da fileira assenta não só na organização e concentração da produção como também na aposta na certificação de um produto tão valorizado pelo consumidor como é a cereja de Resende, com os devidos benefícios e impacto no desenvolvimento económico e turístico do território.
Interlocutor
Alberto Moreira Baptista
Morada
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - Quinta de Prados Pavilhão 2 Apartado 1013