SUBER-Stripstress – Descortiçamento do sobreiro: demonstração dos efeitos de stress e gestão para a sua mitigação
Iniciativa a desenvolver
Demonstração dos efeitos do descortiçamento no curto e no longo prazo, ao nível da árvore e do ecossistema: apoio às decisões de gestão dos montados com base no conhecimento gerado.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
O sobreiro ocupa em Portugal Continental 23% da área florestal. A cortiça é o principal produto do montado e com o maior valor acrescentado para a indústria. No conjunto da fileira florestal, o sector da cortiça contribui com cerca de 3% para o PIB nacional. No longo prazo, a sustentabilidade do ecossistema montado de sobro está dependente da preservação da capacidade produtiva dos sobreiros, da valorização da cortiça e da capacidade de fornecimento de matéria-prima para a indústria corticeira. No entanto, a perda de vitalidade dos sobreiros e a mortalidade precoce observada nas últimas décadas têm contribuído para a diminuição da quantidade e depreciação da qualidade da cortiça, pondo em risco a sustentabilidade económica destes ecossistemas. As alterações climáticas são um fator de agravamento devido ao efeito adverso das temperaturas elevadas, défices hídricos e maior suscetibilidade a agentes bióticos.
A extracção da cortiça é feita entre o fim da primavera e o meio do verão. Neste período a secura atmosférica é elevada e, devido à redução da precipitação, a disponibilidade de água no solo diminui. Deste modo, o descortiçamento pode representar um stress adicional para a árvore devido às perdas imediatas de água e carbono, com impacto na distribuição de fotoassimilados e balanço hídrico. Para que esta prática de gestão possa ser adequada e contribuir de forma positiva para a sustentabilidade ecológica dos montados é fundamental conhecer o seu impacto na fisiologia das árvores e na sua longevidade. De facto, e apesar da importância da cortiça para a fileira florestal, desconhecem-se ainda os efeitos do descortiçamento para a árvore e para o ecossistema e o tempo de recuperação dos balanços de água e carbono.
O conhecimento gerado terá que ser transferido de forma eficiente para os utilizadores finais que atuam sobre o montado. Só deste modo se conseguirão assegurar boas práticas de gestão e contribuir para a sua preservação.
Objetivos visados
Com o presente Grupo Operacional (GO) pretende-se dar resposta às preocupações e prioridades definidas na Agenda Portuguesa de Investigação e Inovação no Sobreiro e na Cortiça, particularmente no Plano Nacional de Melhoria da Produtividade.
Constitui objetivo geral deste GO disponibilizar conhecimento e sensibilizar os agentes que intervêm no montado, sobre os efeitos do descortiçamento no curto e no longo prazo, ao nível da árvore e do ecossistema. Os trabalhos de demonstração, aplicação e desenvolvimento a realizar no âmbito do Plano de Ação têm como objetivos específicos:
(i) Demonstrar que as práticas de gestão tradicionalmente utilizadas podem ser profundamente melhoradas com o conhecimento dos efeitos do descortiçamento na fisiologia da árvore, nomeadamente, nos balanços de água e carbono, padrões fenológicos e crescimento radial da cortiça e do lenho;
(ii) Demonstrar que, num contexto de alteração climática, é necessário planear o descortiçamento de acordo com as condições do ano hidrológico e as condições ecológicas do montado. Sensibilizar os agentes florestais para a relação entre as características edafo-climáticas e os níveis de stress provocados pelo descortiçamento;
(iii) Disponibilizar um valioso conhecimento experimental sobre o tempo necessário para as árvores e o ecossistema restabelecerem o balanço hídrico e de carbono após o descortiçamento, contribuindo para melhorar as práticas de gestão e apoiar as decisões com base em predições fiáveis das respostas do ecossistema aos riscos abióticos;
(iv) Realizar ações de divulgação dirigidas para os agentes da fileira de forma a alertar os técnicos florestais, os proprietários florestais, individualmente e através das suas associações, para a importância do planeamento das operações de descortiçamento de acordo com os riscos envolvidos para a sustentabilidade do montado e das florestas de sobreiro.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
O principal resultado a atingir com este GO é a disponibilização de conhecimento sólido sobre os impactos do descortiçamento na vitalidade das árvores e do montado. Pretende-se, também, alertar os técnicos florestais, os proprietários florestais individualmente e através das suas associações, para a importância do planeamento das operações de descortiçamento de acordo com os riscos envolvidos para a sustentabilidade do montado e das florestas de sobreiro. De uma forma geral, espera-se sensibilizar os agentes envolvidos na gestão do montado para os riscos de stresses combinados num contexto de alteração climática.
Resultados esperados:
1) Demonstrar e divulgar quais os efeitos de descortiçamento ao nível da árvore e os níveis de stress provocados em diferentes condições edafo-climáticas. O conhecimento dos efeitos do descortiçamento enquanto impacto fisiológico sobreposto aos adicionais efeitos abióticos, permitirá adequar as atuais práticas silvícolas visando uma minimização dos stresses induzidos, contribuindo para a sustentabilidade do montado no longo prazo;
2) Identificar as épocas de descortiçamento mais adequadas de acordo com as condições climáticas verificadas no ano corrente, tendo em conta as regiões potencialmente mais suscetíveis devido à conjugação de stresses desta operação com os edáficos e climáticos. Este conhecimento permitirá aos gestores/intervenientes florestais tomar decisões fundamentadas e atempadas de gestão das épocas de descortiçamento, constituição de equipas de campo, promovendo a sustentabilidade dos seus montados.
3) Aprofundar o conhecimento relativo à monitorização da vitalidade dos montados de sobreiro recorrendo a ferramentas de inventário inovadoras como é a deteção remota. Melhorar a utilização da técnica de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT) na monitorização dos estados de desenvolvimento e vitalidade do montado, validando os resultados obtidos com dados recolhidos no terreno, nomeadamente na definição de parâmetros relacionados com défice hídrico das árvores e graus de suscetibilidade.
4) No contexto de alteração climática, melhorar as atuais metodologias das práticas de descortiçamento, acomodando o conhecimento empírico e o conhecimento científico e experimental da resposta fisiológica dos sobreiros ao descortiçamento.
Beneficiários:
Agentes da fileira florestal do sobreiro e da cortiça: proprietários florestais, setor industrial, instituições de I&D, público em geral beneficiando de informação para melhor preservação das condições de sustentabilidade do montado.