GO-Móvel - Abate e processamento de aves produzidas em pequena escala.
Iniciativa a desenvolver
Concepção e desenvolvimento de uma unidade móvel de abate de aves para utilização por pequenos produtores, através da adaptação do conceito já existente em outros locais do mundo incluindo a Comunidade Europeia, à realidade e legislação nacional.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da integração nos mercados
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
A actual procura de produtos de maior qualidade, como os resultantes de modos de produção tradicionais, cada vez mais associados ao modo de produção biológico, tem vindo a resultar numa maior procura de carne de aves de capoeira criando uma oportunidade para a instalação de novos agricultores nesta área. De momento, a procura neste sector supera largamente a oferta, devido principalmente à grande dificuldade dos pequenos produtores em ultrapassarem uma das etapas cruciais na produção animal: o acesso a estabelecimentos de abate de aves licenciados. Este problema torna-se ainda mais relevante em áreas rurais como o Alentejo com uma baixa demografia e elevada extensão de território. A produção avícola nacional, nos dias de hoje, está altamente relacionada com a indústria intensiva e grandes empresas às quais estão geralmente associadas estruturas de abate privadas adequadas às suas dimensões de produção (integração vertical). Os pequenos produtores que pretendam fornecer o seu produto directamente a consumidores locais, restauração ou lojas locais vêm-se limitados na disponibilidade de estabelecimentos de processamento que lhes permitam o acesso, a um custo justo, com um reduzido número de animais. A redução do número de matadouros locais/municipais a nível nacional, embora associado a uma melhoria das condições de bem-estar animal e de condições higieno-sanitárias de grande relevância, levou a um aumento, especialmente em áreas rurais, da dificuldade de sobrevivência dos produtores pecuários de pequena escala. A legislação vigente permite actualmente aos pequenos produtores o abate na exploração, se forem criadas as condições necessárias estabelecidas em Portaria (Portaria nº699/2008 de 29 de Julho). No entanto, os custos associados ao cumprimento de todas as exigências nesse sentido tornam incomportável para a maioria dos produtores, a criação de locais de abate individuais na própria exploração.
Objetivos visados
O grande objetivo desta iniciativa é criar todas as condições necessárias para que o abate de aves domésticas na pequena avicultura deixe de constituir a principal limitação à produção. Este projeto visa assim disponibilizar uma estrutura móvel de abate de aves licenciada de forma a possibilitar aos pequenos produtores avícolas do Alentejo o abate dos seus animais respeitando todas as normas de bem-estar animal, de segurança alimentar, de processamento de resíduos e de toda a legislação vigente associada. Desta forma, pretende-se que o matadouro móvel adicione valor aos produtos cárneos, possibilitando uma redução de custos no acabamento do produto aos pequenos produtores e associações que necessitam do serviço de abate, diminuindo simultaneamente os abates caseiros não fiscalizados. Objetivos específicos: 1. Disponibilização de um local de abate a ser utilizado pelos pequenos produtores locais seguindo os protocolos legais de bem-estar animal, de inspeção sanitária e saúde humana e de gestão de resíduos; 2. Eliminar o transporte de animais desde o local de produção ao local de abate reduzindo o stress e aumentando o bem-estar animal, aliado às questões ambientais e à redução de custos; 3. Adaptar o conceito de abate móvel à realidade da legislação nacional; 4. Permitir o abate de animais de diferentes tipos de produção, permitindo aos produtores de modo de produção biológico manter a cerificação do produto durante o processo de abate; 5. Dinamizar o sector da pequena avicultura; 6. Unir os pequenos produtores avícolas no sentido da criação de um agrupamento de produtores; 7. Contribuição para a minimização do processo de despovoamento rural do Alentejo promovendo a criação de novas oportunidades de trabalho e o desenvolvimento socioeconómico da região
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
O principal resultado será a resolução de um problema transversal a todos os pequenos produtores avícolas: o abate da sua produção de aves em estabelecimento legalizado e a organização do mercado que estimulará ainda a produção local neste sector. Com este projeto serão beneficiados tanto os pequenos produtores, como o comércio local, a restauração e o consumidor final. Este projeto terá um impacto económico e social importante na região, tanto pela criação de postos de trabalho diretos associados ao funcionamento da estrutura móvel de abate, como indiretos pelo previsível aumento do número de pequenos produtores avícolas. O modelo desenvolvido a partir desta iniciativa será ainda exemplo a poder ser replicado para outras regiões do nosso território onde este problema também é uma limitação. Tipologia dos resultados: • Disponibilização do serviço de abate de aves a todos os pequenos produtores da região Alentejo, dos diferentes modos de produção (convencional, integrada e biológica). Beneficiários: pequenos produtores de aves da região do Alentejo, mercado regional pelo surgimento de novos produtos de elevada qualidade que, desta forma, ficam disponíveis no mercado; • Obtenção de produtos cárneos de aves embalados e rotulados e sujeitos a inspecção sanitária, com a possibilidade de entrarem no mercado de retalho, restauração e directamente ao consumidor final. Beneficiários: pequenos produtores ao conseguirem entrar no mercado, e consumidores pela possibilidade de obterem carne de aves sujeita a controlo sanitário e de diversos tipos de produção (convencional, integrada e biológica); • Disponibilização de postos de trabalho na região do Alentejo. Beneficiários: região do Alentejo, pelo aumento da empregabilidade no sector; população da região do Alentejo, pela possibilidade de novos postos de trabalho; • Novas oportunidades para o surgimento de novos pequenos produtores avícolas na região do Alentejo. Beneficiários: população da região do Alentejo, jovens agricultores, região do Alentejo pela dinamização do sector agrícola; • Sendo Portugal um importante reservatório de recursos genéticos, e estando oficialmente reconhecidas 47 raças autóctones (15 raças da espécie bovina, 15 raças de ovinos, 6 raças de caprinos, 3 raças de suínos, 4 raças de equídeos e 4 raças de galináceos), e dado que as raças autóctones são geralmente exploradas em pequena escala e em regime extensivo e, cada vez mais, em regime biológico, prevê-se a possibilidade do aumento do número de criadores das 4 raças autóctones da galinhas em Portugal, com uma aumento do número de animais adultos inscritos nos respectivos Livros Genealógicos e, consequentemente, uma recuperação dos efectivos destas raças que actualmente se encontram em vias de extinção. Beneficiários: raças autóctones pela sua recuperação em número de animais; criadores de aves pelo recurso a estas raças que são mais rústicas e adaptadas ao nosso clima e resultam em produtos (carne e ovos) de maior qualidade; consumidor final pela possibilidade de adquirir carne de aves de elevada qualidade, de origem em raças autóctones e, em alguns casos, de produção biológica; • Desenvolvimento de manual de procedimentos a disponibilizar aos utilizadores da unidade móvel com todas as condições e requisitos necessários para a sua utilização pelos produtores. Este manual será disponibilizado através da RRN e será mais uma forma de divulgação da unidade móvel de abate.