INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.
Designação da parceria
Criação de zonas de aproveitamento multifuncional dos recursos micológicos endógenos
Iniciativa a desenvolver
Implementação de medidas de gestão micosilvícola que rentabilizem os recursos micológicos endógenos e criação de novas áreas produtivas de cogumelos silvestres, por inoculação direta ou plantação de arbustos inoculados em viveiro.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
"Nos espaços florestais encontramos várias espécies de cogumelos silvestres com elevado interesse económico mas que são difíceis de “domesticar” ou produzir, devido ao seu modo de vida. Duas das espécies emblemáticas do Alentejo, Amanita ponderosa (silarca) e Choiromyces gangliformis (túbera), ocorrem naturalmente em zonas de azinhal com coberto arbustivo dominado por cistáceas (Cistus ladanifer, C. crispus e C. monspeliensis) misturadas com medronheiro (Arbutus unedo), murta e urze. Sendo espécies micorrízicas (que vivem em associação simbiótica com árvores e arbustos) são especialmente sensíveis ao modo de gestão do espaço florestal e também ao modo/intensidade da sua colheita. A destruição das raízes das árvores e arbustos onde se liga o micélio dos fungos pode ter um impacto dramático na produtividade. Com o objetivo de obter regras aplicáveis para o aproveitamento sustentável deste recurso micológico endógeno, aumentando a produtividade destas espécies, pretende-se testar duas abordagens diferentes. Em zonas que já são produtoras destas espécies: testar a eficácia da implementação de medidas de gestão micosilvícola (por exemplo, criação de zonas de reserva ou redução da mobilização do solo) e avaliar a aplicabilidade de irrigação para compensar períodos anormais de seca. Em zonas que não são produtoras destas espécies: testar a viabilidade da criação de novas áreas produtivas por inoculação direta da vegetação preexistente e/ou plantação de arbustos previamente inoculados em viveiro."
Objetivos visados
"O objetivo fundamental desta iniciativa é a validação de regras de gestão micosilvícolas que sejam aplicáveis em zonas de montado e que conduzam a um aumento da produtividade das espécies Amanita ponderosa e Choiromyces gangliformis, garantindo ao mesmo tempo a sua sustentabilidade. Serão implementados ensaios comparativos que permitam esclarecer as seguintes questões: 1 – É possível aumentar a produtividade através da adequação das medidas de gestão do espaço agro-florestal e da aplicação de boas práticas de colheita? 2 - É possível aumentar a produtividade através da irrigação? 3 - É possível criar novas áreas produtivas através da inoculação direta da vegetação pré-existente com esporos das espécies de fungos que pretendemos introduzir? 4 - É possível criar novas áreas produtivas através da plantação de arbustos previamente inoculados em viveiro, que servirão como forma de introdução do inóculo no local pretendido? No final dos ensaios comparativos pretendemos dispor de regras de gestão e métodos de inoculação validados que sejam de fácil acessibilidade para os produtores/proprietários. Assim, a transmissão desse conhecimento, através da elaboração de um Manual de Boas Práticas, é também um dos objetivos a atingir."
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
"Todas as atividades propostas contribuem para a elaboração de regras micosilvícolas a recomendar na gestão de espaços produtivos de Amanita ponderosa e Choiromyces gangliformis. No final desta iniciativa será produzido um “Manual de Boas Práticas Para a Produção de Silarcas e Túberas” que compilará toda a informação obtida ao longo dos ensaios comparativos, apresentando num formato simples as regras práticas para aumentar a produtividade das duas espécies visadas (silarca e túberas) nos espaços agroflorestais. Serão ainda descritos os métodos de inoculação artificial que possam ser implementados pelos proprietários e população local. A transmissão deste conhecimento beneficiará tanto os proprietários como os apanhadores e população local. A sua divulgação será ainda efetuada através de ações de demonstração “in-situ”, ações de divulgação de boas práticas de colheita e de gestão agroflorestal. Os proprietários serão diretamente envolvidos em todo o processo pois podem ter um papel decisivo na preservação dos recursos micológicos, através da identificação e proteção dos locais mais produtivos das suas propriedades. Durante estas ações serão distribuídos folhetos e brochuras exemplificativas. Toda a informação será disponibilizada gratuitamente através da plataforma da Rede Rural Nacional com o apoio da Inovisa."