GO +ARROZ: Sustentabilidade do agro-ecossistema arrozal nacional
Iniciativa a desenvolver
+ARROZ: Aplicação de novas técnicas de controlo de infestantes do arroz, através do desenvolvimento e avaliação de estratégias de gestão da resistência adquirida aos herbicidas, contribuindo para a sustentabilidade do agro-ecossistema arrozal.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
A cultura do arroz ocupa hoje mais de 29.000 ha no continente, realizada por aproximadamente 1.600 orizicultores. Na Europa (EU28) a área está limitada aos países mediterrânicos. Em 2013, Portugal representava cerca de 7% da área total de arroz (EU28), e era o quarto país produtor a seguir à Itália, Espanha e Grécia. A importância económica da cultura ronda os 50 milhões de euros, com uma produção suficiente para garantir 60% das necessidades dos consumidores portugueses, que anualmente consome cerca de 15Kg. O consumo per capita nacional é o mais elevado da UE. Apenas o arroz pode ser cultivado em locais onde outras culturas não são possíveis, tais como sapais, zonas alagadas, baixas e solos muito salinos, sendo fundamental para a gestão integrada destes ecossistemas particularmente sensíveis. A monocultura e a utilização sistemática de herbicidas com os mesmos modos de ação ao longo dos anos, está a causar grandes dificuldades aos orizicultores no controlo das infestantes. As infestantes têm sido o principal fator biótico responsável pela perda de rendimento da cultura provocando quebras de produção médias de 34 %. Os herbicidas constituem o método de controlo mais eficaz, mas a sua sustentabilidade está comprometida a prazo, pela falta de herbicidas eficazes e pela crescente importância da resistência adquirida a herbicidas. A regulamentação, cada vez mais rígida na avaliação dos pesticidas e a crescente preocupação da opinião pública sobre os efeitos secundários na saúde humana e no ambiente e a ausência de herbicidas com novos modos de ação, explica a redução na diversidade de novas substâncias ativas. De facto há mais de 10 anos que não entram no mercado novos modos de ação. Esta situação aumenta o risco de resistência provocando situações, cada vez mais frequentes em que os métodos químicos já não são, por si só, suficientes para controlar as infestantes. Neste contexto é muito difícil ter produtos fitofarmacêuticos disponíveis para o controlo.
Objetivos visados
Objetivo geral: Encontrar soluções adequadas a diferentes geografias, estruturais e sustentáveis na cultura do arroz, orientadas para a resolução do problema do controlo de infestantes, nomeadamente das espécies de Echinochloa spp.
Objetivos específicos:
1. Prospeção de resistência aos principais herbicidas aplicados na cultura do arroz, em infestantes problemáticas, designadamente as milhãs (Echinochloa spp.) através da confirmação da resistência a herbicidas inibidores da ALS, avaliação de padrões de resistência cruzada (herbicidas inibidores da ALS e da ACCase ) e dos mecanismos de resistência, ao nível da planta inteira e a nível celular e biomolecular.
2. Identificação das espécies de Echinochloa presentes no complexo específico de cada região orizícola, através de técnicas biomoleculares, que permitam a criação de métodos de diagnóstico rápidos e fiáveis, complementares à clássica caracterização morfológica e fenológica.
3. Biologia da germinação das espécies de Echinochloa.
4. Desenvolver novas estratégias de controlo de Echinochloa spp. nas principais regiões orizícolas: vale do Mondego, Vale do Tejo e Sorraia, Vale do Sado, através do desenvolvimento e avaliação de estratégias de gestão da resistência adquirida aos herbicidas, contribuindo para a sustentabilidade do agro-ecossistema arrozal, do ponto de vista económico, social e ambiental.
Outro objetivo do projeto e, que decorre da implementação do plano de ação, é a demonstração, divulgação e disseminação do conhecimento gerado no âmbito deste grupo operacional.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Qualquer produtor de arroz e em Portugal existem cerca 1.600 orizicultores é um potencial beneficiário dos resultados do projeto. Além da produção, o movimento associativo do setor é outro potencial beneficiário do projeto e um dos agentes mais relevantes na implementação das estratégias de controlo de infestantes. Os resultados propostos estão diretamente relacionados com os objetivos da iniciativa:
1 – O mapeamento da resistência herbicidas da cultura do arroz permitirá conhecer situações de maior e menor risco de resistência, identificar os fatores que favorecem ou reduzem a resistência e procurar, numa abordagem sistemática , soluções que permitam indicar aos agricultores os herbicidas com modos de ação alternativos que sejam eficazes e que possam integrar os programa regional de combate às infestantes.
2 – A identificação das espécies de Echinochloa e a sua distribuição nas principais regiões produtoras de arroz permitirá otimizar a seleção das substâncias ativas herbicidas mais eficazes para cada espécie, que integrarão cada programa regional de combate às infestantes.
3 – Conhecer a biologia e ecologia das espécies de Echinochloa permitirá recomendar o momento de intervenção mais adequado, não só para os herbicidas selecionados, mas também para os outros métodos que integrarão cada programa regional de combate às infestantes.
4 - O desenvolvimento de novas estratégias de controlo de Echinochloa spp. nas principais regiões orizícolas, será baseado na avaliação da eficácia de diferentes métodos de luta (cultural, mecânica e química), integrados entre si, sobre as diferentes espécies e populações de Echinochloa. Esta abordagem integrada contribui para a sustentabilidade do agroecossistema arrozal, do ponto de vista económico, social e ambiental.
5 - Manual de infestantes da cultura do arroz. Pretende-se dotar o orizicultor de uma ferramenta que ofereça uma leitura rápida do perfil de infestantes da parcela, garantindo a maximização do binómio espécie x herbicida. 6 - Manual de gestão integrada das infestantes na cultura do arroz. A disseminação e adoção pelos agricultores das estratégias desenvolvidas no “Manual de gestão integrada das infestantes na cultura do arroz” permitirá utilizar soluções integradas, adaptadas à realidade do orizicultor (região, tipo de solo, disponibilidade de água, culturas da zona, principais infestantes, presença de resistências, etc.), disponibilizando-lhe o conhecimento adequado para que possa tomar a decisão correta no momento de estabelecer o seu plano de controlo de infestantes em arroz.