CNCFS- Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos
Designação da parceria
EGIS: Estratégias para uma gestão integrada do solo e da água em espécies produtoras de frutos secos
Iniciativa a desenvolver
Promover o incremento da matéria orgânica do solo e a eficiência de uso da água através da gestão de cobertos vegetais semeados e estratégias de rega deficitária em pomares de frutos secos, adequando as técnicas às características do pomar.
Parceiros
Prioridade Temática
Melhoria da gestão dos sistemas agroflorestrais
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
O castanheiro e a amendoeira são as principais espécies de frutos secos cultivadas em Portugal. O castanheiro predomina nas terras altas do norte e centro de Portugal e a amendoeira está distribuída desde o Algarve à terra quente transmontana. A nogueira e a aveleira têm menor importância atual mas apresentam potencial para serem tidas em conta nas estratégias de desenvolvimento da fruticultura nacional. A generalidade dos solos onde se encontram instalados os pomares de frutos secos apresenta reduzida fertilidade natural, nomeadamente baixos teores em matéria orgânica. A baixa fertilidade natural dos solos tem sido agravada por práticas de gestão incorretas como mobilizações em excesso. As mobilizações aceleram a mineralização da matéria orgânica, reduzem a atividade biológica dos solos e favorecem a erosão. É necessário adotar alternativas sustentáveis de gestão do solo, nomeadamente pela introdução de cobertos vegetais, que permitam melhorar a sua fertilidade. A gestão do solo deve ser combinada com estratégias adequadas de fertilização mineral e orgânica. A fertilização determina o estado nutricional das árvores e influencia a biodiversidade do solo, com consequências diretas na produtividade e na resistência a pragas, doenças e condições ambientais desfavoráveis. Em climas mediterrânicos a precipitação constitui-se como a principal limitação à produtividade primária, sendo a rega um fator determinante na viabilidade económica das culturas. Contudo, a água para rega é escassa na generalidade do território nacional, devendo ser usada com critério. Através de estratégias de gestão de rega deficitária e rega parcial da zona radicular é possível maximizar a eficiência de uso da água mantendo a produtividade em níveis aceitáveis com menores dotações. Através da gestão racional do solo, da água e do uso de fertilizantes é possível contribuir para a melhoria da eficiência energética dos sistemas de produção com benefícios económicos e ambientais.
Objetivos visados
Avaliar o efeito de diferentes cobertos vegetais naturais e semeados (sobretudo leguminosas anuais de ciclo curto) nas culturas do castanheiro e amendoeira, com vista a selecionar o tipo de coberto melhor adaptado a cada cultura. Avaliar diferentes estratégias de fertilização ao solo (mineral e orgânica) e por via foliar em castanheiro, amendoeira, nogueira e aveleira, com vista a conhecer a resposta destas espécies aos principais nutrientes e no caso particular do castanheiro à correção do pH do solo. Avaliar estratégias de rega deficitária em amendoeira, nogueira e aveleira de forma a maximizar a eficiência de uso da água, ajustando as dotações às condições ecológicas de cada região, mantendo a produtividade e a qualidade dos frutos em níveis elevados. Em todos os ensaios são utilizados metodologias de avaliação da fertilidade do solo, de monitorização do estado nutricional e desempenho fotossintético das árvores. Será também avaliada a produtividade e qualidade dos frutos. O objetivo último de todos os campos experimentais é estabelecer as melhores práticas culturais para cada contexto agro-ecológico.
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
Os resultados que se espera obter permitirão estabelecer uma técnica cultural coerente que assegure produtividade e sustentabilidade a estes setores de produção. Será possível identificar os melhores cobertos vegetais para cada uma das situações agroecológicas estudas. Será possível delinear estratégias de fertilização das culturas baseadas em aplicação de fertilizantes orgânicos e minerais ao solo e foliares, que auxiliem os laboratórios nas recomendações de fertilização e orientem os produtores nas suas estratégias anuais de fertilização. Será possível estabelecer dotações e outras estratégias de rega adaptadas às condições edafo-climáticas locais, que permitam economizar água mantendo em nível elevado a produtividade e a qualidade dos frutos. Em outras culturas, como o olival, foi demonstrado pela equipa científica deste projeto que alterando o sistema de gestão do solo e/ou racionalizando o uso de fertilizantes se podiam obter incrementos de produção superiores a 30%. Com o uso racional da água, os resultados podem ainda ser mais espetaculares. Para além dos aspetos positivos de produtividade a curto prazo, estas técnicas terão consequências positivas na fertilidade do solo, o que melhora as perspetivas para o aumento de sustentabilidade destes setores. Tendo em conta que com os cobertos vegetais se controla o processo de erosão do solo e que se racionaliza o uso de fertilizantes, serão também conseguidos benefícios, através da redução do impacte ambiental da atividade agrícola nos ecossistemas. As recomendações sobre os melhores cobertos vegetais, estratégias de fertilização e gestão da rega chegam ao setor produtivo de forma prática, uma vez que será possível visitar os campos experimentais. A equipa organizará jornadas e publicará artigos técnicos e um manual que irão emanar a informação obtida nesta ação para o setor produtivo. Os beneficiários potenciais são, em primeiro nível, os produtores. Com técnicas culturais corretas podem reduzir-se custos de produção, evitando a aplicação de fertilizantes e o uso de água em excesso. Por outro lado, esperam-se benefícios decorrentes do aumento de produção no curto prazo e ainda a criação de condições que aumentem a sustentabilidade dos modos de produção. No caso do castanheiro pode atingir-se um objetivo suplementar, se for possível reduzir a mortalidade das árvores devido à doença da tinta, pela redução das mobilizações. Estão envolvidas na iniciativa 6 cooperativas e 4 associações de produtores (representando mais de 500 produtores), que asseguram a divulgação direta da informação aos seus associados. Os benefícios para a sociedade situam-se sobretudo a nível social e ambiental. Melhores produções e produções mais estáveis melhoram as condições de vida dos produtores, contribuindo para a fixação de pessoas em meio rural, aspeto de elevado valor social, tendo em conta que estas atividades se desenvolvem em regiões de baixa densidade demográfica. A sociedade em geral também beneficia, sempre que a agricultura cause menor impacte ambiental. O controlo da erosão reduz a eutrofização dos cursos de água e o assoreamento dos leitos dos rios e das albufeiras. O uso de fertilizantes de forma racional tem também papel decisivo na redução da contaminação das águas, sobretudo devido à lixiviação de nitratos, e da atmosfera, devido à redução de emissões gasosas poluentes.
Interlocutor
Albino António Bento
Morada
Edifício do Brigantia EcoPark, Avenida Cidade de León, N.º 506