CNCFS- Centro Nacional de Competências dos Frutos Secos
Designação da parceria
BioPest - Estratégias integradas de luta contra pragas-chave em espécies de frutos secos
Iniciativa a desenvolver
Pretende-se acompanhar as pragas-chave, avaliar os prejuízos, aplicar meios de luta biológica e biotécnica, promover a biodiversidade funcional, permitindo desta forma melhorar a qualidade dos frutos, a produtividade e sustentabilidade das culturas.
Parceiros
Prioridade Temática
Aumento da eficiência dos recursos na produção agrícola e florestal
Domínios
NUTS I
Continente
Identificação do problema ou oportunidade
O castanheiro, a amendoeira e a nogueira têm, no seu conjunto, uma enorme importância económica, social, cultural e ambiental em Portugal, constituindo-se como elementos caraterizadores da paisagem. A produção de frutos secos é, em algumas regiões do país, a principal fonte de rendimento das populações rurais, assegurando, para além de um valor económico e social muito relevantes, outras componentes fundamentais tais como a multifuncionalidade, a manutenção de sistemas ecologicamente adaptados, a economia e o emprego. No entanto, é notória a baixa produtividade dos nossos pomares com a utilização, frequente, de práticas culturais indesejáveis nomeadamente no controlo dos inimigos das culturas. Estas espécies estão sujeitas ao ataque de várias pragas como o bichado-da-castanha, Cydia splendana (Hübner) e o gorgulho, Curculio elephas (Gyllenhal) no castanheiro, a monosteira, Monosteira unicostata (Mulsant & Rey) e o cabeça-de-prego, Capnodis tenebrionis (L) na amendoeira e o bichado, Cydia pomonella (L.) na nogueira, que causam enormes prejuízos ao nível da produção e, consequentemente, quebras significativas de rendimento aos agricultores e agro-indústria. Estes problemas podem ser muito agravados devido à presença da vespa-das-galhas–do-castanheiro, Dryocosmus kuriphilus Yasumatsu. Este inseto tem causando prejuízos elevados em diferentes países, com reduções de 50 a 80% da produção de castanha, o que põe em causa a sustentabilidade e rentabilidade do castanheiro (EFSA, 2010). Por outro lado, os conhecimentos sobre a bioecologia das pragas-chave, os fatores de nocividade, o impacto na produção e qualidade dos produtos e os meios de luta adequados, são diminutos e quase inexistentes ao nível dos produtores. Acresce o facto, de para alguns destes inimigos não existirem meios de luta química ou medidas preventivas capazes de travar a sua progressão, sendo necessária a utilização de técnicas inovadoras de luta com recurso à utilização de meios biotécnicos e biológicos.
Objetivos visados
Pretende-se desenvolver um conjunto de estudos e estratégias de proteção para minorar/resolver os problemas fitossanitários do castanheiro, amendoeira e nogueira, através da aplicação de meios de luta biológica e biotécnica, nomeadamente: i) implementar um sistema de prospeção da vespa-das-galhas-do-castanheiro, D. kuriphilus e uma correta avaliação do risco. O conhecimento detalhado da dispersão da praga permitirá a avaliação e o planeamento dos meios de luta a aplicar; ii) estudar a bioecologia das pragas-chave. a) Estudar o ciclo biológico de D. kuriphilus, C. splendana, C. elephas, C. tenebrionis, A. lineatella e C. pomonella; b) Conhecer a fauna auxiliar e sua importância na limitação natural das pragas-chave; c) Implementar medidas de valorização da fauna auxiliar. iii) combater as pragas-chave com meios de luta biológica: a) Torymus sinensis Kamijo, contra vespa-das-galhas-do-castanheiro, D. kuriphilus, em soutos em grande escala; b) Beauveria bassiana (Bals.) Vuill contra o bichado-da-castanha, C. splendana e o gorgulho C. elephas, à escala laboratorial e posteriormente, testar a sua eficácia no campo; c) nematodes entomopatogénicos dos géneros Steinernema e Heterorhabditis contra o cabeça de prego, C. tenebrionis, à escala laboratorial e posteriormente, testar a sua eficácia no campo. iv) combater as pragas-chave com meios de luta biotécnica. a) confusão sexual contra o bichado-da-castanha, C. splendana; b) confusão sexual contra o bichado, C. pomonella. v) produzir e distribuir T. sinensis. a) criar condições que permitam otimizar o processo de recolha e obtenção e de T. sinensis, em Portugal; b) otimização do processo de colheita de T. sinensis, preparação das largadas (separação, alimentação e acasalamento) e distribuição, de forma a disponibilizar parasitóides adaptados às condições climáticas regionais; vi) transferir conhecimento e tecnologia entre o público-alvo (agricultores, associações, cooperativas, etc.).
Tipologia de resultados a atingir e potenciais beneficiários
A informação obtida permitirá atingir um grau de conhecimento sobre a bioecologia das pragas-chave do castanheiro, amendoeira e nogueira, sobre os períodos de risco, a avaliação da necessidade de adoção de medidas diretas de luta e a oportunidade das intervenções, bem como dos meios diretos de luta a adoptar (biológicos e biotécnicos), que permitam minimizar os prejuízos para os agricultores e agro-indústria e, ao mesmo tempo, fomentar a biodiversidade associada ao sistema agrícola e contribuir para a sustentabilidade das culturas. Em concreto, pretende-se: - aumentar a produtividade e a qualidade da produção (castanha, amêndoa e noz); - obter informação de suporte ao desenvolvimento/atualização das normas de produção integrada da amendoeira, nogueira e castanheiro; - implementar medidas de valorização da fauna auxiliar; - disponibilizar novos meios de luta biológicos e informação sobre as condições de utilização para os produtores e técnicos; - implementar novos meios de luta biotécnicos e disponibilizar informação sobre as condições de utilização para os produtores e técnicos; - elaborar folhetos técnicos de divulgação dos meios de luta biológicos e biotécnicos; - elaborar um manual de “Boas Práticas Agrícolas”;
Os beneficiários principais e utilizadores dos conhecimentos a adquirir (produtores, associações de produtores, cooperativas, empresas, etc.), ao envolverem-se em todos as tarefas previstas, acompanharem os trabalhos desenvolvidos nos campos experimentais/ demonstração, contribuem para o desenvolvimento da “Iniciativa” e garantem a adoção destas novas tecnologias a longo prazo. A operação descrita integra atividades desenvolvidas pelos diferentes parceiros e em diferentes contextos (exploração, campos experimentais, laboratórios, associações, empresas, etc.). O envolvimento dos parceiros e seus associados, nas diferentes atividades, a instalação de campos de experimentação e de demonstração e a realização de ações de divulgação junto do público-alvo são decisivos na incorporação dos resultados pelos beneficiários principais. Beneficia ainda: - a sociedade em geral através da implementação de práticas culturais orientadas para uma utilização mais sustentável dos recursos, salvaguardando a manutenção da biodiversidade, da paisagem e do ambiente de uma maneira geral; - a comunidade científica nacional e internacional ao divulgar dados multidisciplinares de culturas de importância global.
Interlocutor
Albino António Bento
Morada
Edifício do Brigantia EcoPark, Avenida Cidade de León, N.º 506