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Adaptação às alterações climáticas no setor agropecuário (ID: 1 )
Coordenador: INIAV - Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I.P.
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-12 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Alentejo NUTS III: Alentejo Central
Identificação do problema ou oportunidade
Os sistemas de agricultura em Portugal são muito diversos (culturas arbóreas e arbustivas de adaptação a climas temperados com necessidade de frio no Inverno: culturas horticolas e horto-industriais de elevado valor acrescentado; culturas arvenses de Primavera/Verão exclusivamente em situação de regadio e culturas arvenses de Outono/Inverno; sistemas agro-silvopastoris com grande destaque para montados e soutos e outros onde as pastagens têm vindo a ocupar vastas áreas de superfície agrícola utilizada) e muito vulneráveis às mudanças climáticas. O setor das culturas arvenses desenvolve-se num contexto dificil com margens reduzidas para os produtores e com um ambiente de mudança, consequência das alterações climáticas, sendo fundamental tornar a sua produção mais eficiente do ponto de vista técnico e económico. Como pontos de partida favoráveis para a prossecução das linhas de acção a propor, salienta-e a existência de Programas de Melhoramento Genético das diversas culturas, nomeadamente cereais praganosos e arroz, leguminosas para grão que detém variabilidade genética para a fenologia possibilitando a seleção de variedades portuguesas portadoras de características de escape aos stresses térmico e hídrico que se têm agravado no contexto da irregularidade climáticas típica de ambiente mediterrânico. No âmbito das culturas arbóreas e arbustivas o olival moderno em Portugal caracteriza-se por envolver um número reduzido de variedades e risco de perda de diversidade genética. A concentração de poucas variedades aumenta drásticamente a vulnerabilidade genética face aos riscos climáticos, sanitários e outros. O reconhecimento do grande potencial de diferenciação dos azeites provenientes de variedades tradicionais aumentou a sua procura. No entanto, a oferta de lotes de azeites monovarietais dessas variedades é escassa, identificando-se aqui uma importante oportunidade de incremento de valorização de áreas de olival a modernizar com variedades autóctones e autênticas. Na Coleção Portuguesa de Referência de Oliveira (CPRCO), localizada em Elvas sob responsabilidade do INIAV, existem cerca de 120 variedades, das quais 62 integram a Lista Nacional de Variedades Fruteiras (CNVF). Perante a oportunidade de lotes de azeite proveniente de variedades autóctones, e pela disponibilidade de variabilidade genética existente na CPRCO, o sector viveirista não dispõe, no entanto, dessas variedades certificadas o que constitui um grave problema para a afirmação e valorização das variedades portuguesas a nivel nacional e internacional. Torna-se por isso, premente implementar o sistema de certificação fitossanitária de material de propagação vegetativa das variedades de oliveira inscritas o CNVF. No contexto dos sistemas de agricultura mediterrânicos a produção animal assume igualmente uma importância decisiva para a sustentabilidade desses sistemas e dos próprios territórios. No âmbito desta proposta assume-se que os recursos genéticos animais (RGAn) mantidos in vivo ou conservados ex situ (crioconservado) representam um exemplo de multifuncionalidade na atividade agrícola e são a base da inovação do setor agropecuário moderno, da qual dependem os criadores, para obter raças melhoradas e populações que proporcionam, à sociedade em geral, produtos de qualidade e seguros.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Perante os constrangimentos enunciados pretende-se desenvolver e implementar estratégias de adaptação do setor agropecuário às alterações climáticas, baseadas na conservação, melhoramento e valorização dos recursos genéticos e na adoção de práticas agroecólogicas e outros regimes sustentáveis, ajustadas a uma transição para os modelos de sustentabilidade dos recursos naturais (água, solo e biodiversidade), de modo a: • Dinamizar a genética nacional operacionalizada na criação e introdução, nos sistemas agrícolas, de variedades portuguesas mais adaptadas e consequentemente mais produtivas, contribuindo para o aumento da produção nacional, necessidade identificada na Estratégia para a Promoção da Produção de Cereais (ENPPC) – Resolução do Conselho de Ministros nº 101/2018 de 26 de Junho, que aponta para que seja possível evoluir de um grau de aprovisionamento em cereais de 23% para 38%, correspondendo 80% ao arroz, 50% ao milho e 20% aos cereais praganosos, assim como aumentar as áreas e produção de leguminosas-grão; Implementar nos programas de melhoramento genético estratégias baseadas numa abordagem integrada de avaliação de variabilidade genética conservada em coleções de germoplasma, a qual inclui ferramentas inovadoras de precisão (genotipagem e fenotipagem de alto débito) para definir o ideotipo de planta melhor adaptado e mais eficiente a produzir, face aos riscos climáticos atuais e futuros da região mediterrânica da Europa; Criar nova variabilidade genética e implementar esquemas de seleção baseados em ferramentas convencionais e moleculares de melhoramento genético; promover as leguminosas como fontes de proteína vegetal e desenvolvimento de novos produtos alimentares; Valorizar variedades autóctones de oliveira, aprofundar o conhecimento da sua eficiência produtiva através da instalação de uma rede de ensaios em regiões com aptidão olivícola; Disponibilizar ao setor viveirista, para estes difundirem aos olivicultores, material vegetal autêntico e com certificação fitossanitária das principais variedades de oliveira autóctones; Executar uma estrátégia para a produção que integre várias práticas agronómicas inovadoras que incluem a Agricultura de Conservação (AC), a agroecologia e outros regimes sustentáveis; Dinamizar e manter a biodiversidade dos recursos genéticos animais portugueses, preservando caracteristicas vantajosas que influenciam a adaptabilidade a ambientes extremos resultantes das alterações climáticas, a produtividade ou a resistência a doenças.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Instalação e condução de campos de ensaio em diferentes locais para desenvolvimento dos trabalhos de investigação: 1) Instalação de progenitores para a criação de diversidade genética; 2) Seleção de linhas segregantes; 3) Instalação de ensaios para avaliação agronómica e do valor industrial; 4) Inscrição de variedades portuguesas CNV ajustadas às condições agroeconómicas do sistema de produção de Portugal. Avaliação morfofisiológica do germoplasma com técnicas de fenotipagem de alto débito para caracterizar o comportamento em campo face ao stress hídrico e térmico (INIAV, DRAPs, ITQB, Cotarroz, ANPOC, CNCACSA - Representado nesta parceria pela ANPROMIS, IPBeja, IPPortalegre/ESAElvas, COTR, ISA, Universidade Nova de Lisboa-FCT); Utilização de técnicas de genotipagem para identificação de marcadores moleculares para apoio ao melhoramento e seleção de genótipos com valor genómico superior (INIAV, ITQB, InnovPlantProtect); Abordagem de genética de associação e seleção genómica para testar modelos de previsão relacionados com as estratégias de adaptação das variedades (INIAV, ITQB); Divulgação e promoção das leguminosas-grão junto a todos os atores envolvidos na cadeia de valor (INIAV, ANPOC, AADP); Realização de ensaios de gestão sustentável das infestantes e práticas de irrigação inovadoras na cultura do arroz (INIAV, COTARROZ, Alino Sociedade de Agricultura, Lda., Pinto Costa Sociedade Agricultura de Grupo, Lda.); Instalação de ensaios piloto integrando práticas de agricultura de conservação para 1) avaliação agronómica e adaptaçãp com base na conservação e na eficiência do uso da água em diferentes condições de gestão, climátias e diferentes agroecossistemas; 2)avaliação ambiental com base nos impactos na fertilidade do solo e no risco de erosão do solo; 3) rotações culturais (INIAV, APOSOLO, UÉvora, IPPortalegre); A partir do conjunto de materiais de oliveira caracterizados na Coleção Portuguesa de Referência da Oliveira (CPRCO), instalada na Olivicultura -Herdade do Reguengo, INIAV, IP Elvas selecionam-se as variedades a estabelecer na rede de , nomeadamente em Mirandela, Serpa e Tavira. Nessa seleção de materais incluem-se um conjunto de variedades comuns e um grupo de cultivares de cada região; Caracteristicas a avaliar: fenologia da floração e da maturação; vigor vegetativo; produtividade e eficiência produtiva; acumulação da gordura; otimização das práticas culturais do olival: poda; rega deficitária; tratamentos fitossanitários e fertilização; A certificação fitossanitária de material autêmtico inicia-se com o estabelecimento de um campo de material pré-base em abrigo sanitário localizado no INIAV - Olivicultura. A rama produzida por estas plantas será disponibilizada ao sector viveirista para estabelecer os seus campos de pés-mãe e poderem assim produzir oliveiras certificadas (INIAV, DRAPNorte, DRAPAlentejo); Pretendemos dinamizar e atualizar o Banco Português de Germoplasma Animal (BPGA), estrutura única e indispensável à conservação das raças autóctones nomeadamente: 1) Organizar e promover a manutenção de germoplasma, adquirindo novos softwares, equipamentos e sistema de identificação e gestão do azoto líquido mais eficientes; 2) Promover a identificação do material genético das raças autóctones já existentes nos polos do BPGA e no País, criar novos polos e aumentar o número de equipas; 3) Promover a ligação aos produtores, técnicos e cidadãos, disponibilizando informação do número de doses e animais presentes no BPGA, assim como das raças, entre outras; 4) Desenvolver novas ferramentas de aferição da qualidade do Germoplasma; 5) Internacionalizar o BPGA (INIAV, DGAV, UTAD, RURALBit, Lda.)
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