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AdaptforGrazing - Adaptar a gestão da vegetação para melhorar a resiliência dos agro-sistemas às alterações climáticas utilizando pastoreio extensivo de raças autóctones e aproveitamento agrícola. (ID: 102 )
Coordenador: FCUL - Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-12 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Norte NUTS III: Alto Tâmega
Identificação do problema ou oportunidade
Os cenários gerais de evolução climática para Portugal até ao final do séc. XXI apontam para condições progressivamente mais desfavoráveis para a agricultura e florestas, decorrentes da redução da precipitação e aumento da temperatura, do agravamento da frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos e do aumento da suscetibilidade à desertificação. A disponibilidade de água, a fertilidade do solo e a prevenção da erosão, a gestão de risco face aos eventos extremos e à maior variabilidade climática, o acréscimo de condições favoráveis a organismos prejudiciais às culturas e às plantas e a alteração dos sistemas fitossanitário e de sanidade animal, bem como a disponibilidade de património genético animal e vegetal adaptado às novas condições climáticas constituem os principais fatores críticos para a adaptação da agricultura às ACs. O aumento do risco meteorológico de incêndio e das condições favoráveis a agentes bióticos nocivos, bem como a diminuição da produtividade potencial e da capacidade de sequestro de carbono são aspetos críticos para a adaptação do sector florestal. A atuação necessária para responder a esses desafios implica o envolvimento alargado de todos os agentes sectoriais segundo a respetiva natureza e responsabilidades como produtores agrícolas e florestais e suas organizações, comunidade científica, polos de inovação, centros de competências e organizações não governamentais de proteção da natureza e do património cultural. É assim essencial, propor, desenvolver, testar e implementar com base científica sólida medidas de adaptação, a médio e longo prazo, que permitam a redução do risco na agricultura às ACs. As áreas pastoreadas extensivamente sob coberto de quercíneas e as pastagens espontâneas ou melhoradas têm um papel relevante na proteção das florestas e conservação da biodiversidade em Portugal. Estas ocupações constituem mosaicos com baixa carga combustível que se podem encontrar em todo o país formando uma matriz fundamental para a classificação destes territórios como “High Nature Value Farmaland” onde importantes serviços de ecossistemas de regulação, assim como espécies com interesse de conservação são mantidas aumentando a resiliência do sistema às perturbações. De facto, estes ecossistemas agrícolas e florestais produzem múltiplos serviços ambientais indispensáveis ao equilíbrio ambiental e qualidade de vida, designadamente ao nível da preservação da biodiversidade, proteção do solo, regularização do ciclo hidrológico e sequestro de carbono. No entanto, a ACs são uma ameaça à manutenção destes agro-sistemas nomeadamente através do aumento do risco de incêndio e do risco de secas. O futuro da viabilidade destes territórios, passa pela capacidade de conseguirmos manter e fomentar os mosaicos agro-silvo-pastoris tradicionais, e assegurar a eficaz gestão pastoril extensiva sustentável e resiliente. Este aspeto é particularmente relevante na envolvente de aglomerados urbanos onde a acumulação da biomassa poderá constituir um elevado risco de incêndio junto das populações. Este projeto propõe-se a adaptar a gestão da vegetação para melhorar a resiliência dos agro-sistemas às alterações climáticas, recorrendo ao pastoreio extensivo de raças autóctones e ao aproveitamento agrícola, através da promoção de múltiplos bens e serviços dos ecossistemas e da redução da sua vulnerabilidade, em pastagens espontâneas e melhoradas, em pastagens sob quercíneas e em redor de aglomerados urbanos.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
A agricultura e a floresta, atividades fortemente dependentes das condições climáticas, têm vindo a ser gravemente afetadas pelas alterações do clima. Com efeito, o conjunto das áreas suscetíveis à desertificação aumentou de 36% para 58%. Os cenários gerais de evolução climática para Portugal até ao final do séc. XXI apontam para condições progressivamente mais desfavoráveis para a agricultura e florestas. Fica evidente a necessidade incontornável de atuação para proceder à adaptação da agricultura e das florestas às novas condições climáticas, não só para a sua proteção em relação aos impactes negativos, mas também para beneficiar de eventuais efeitos positivos que possam ocorrer. Adaptar a gestão da vegetação para melhorar a resiliência dos agro-sistemas às alterações climáticas, recorrendo ao pastoreio extensivo de raças autóctones e ao aproveitamento agrícola, através da promoção de múltiplos bens e serviços dos ecossistemas e da redução da sua vulnerabilidade, em pastagens espontâneas e melhoradas, em pastagens sob quercíneas e em redor de aglomerados urbanos, é o objetivo desta candidatura. São objetivos específicos desta proposta proceder: i) ao desenvolvimentos de mapas nacionais de vulnerabilidade, presente e futura, para pastagens espontâneas e melhoradas, pastagens em bosques de quercíneas e junto a aglomerados populacionais, ii) à identificação e seleção de medidas de adaptação adequadas à vulnerabilidade previamente identificada e às condições socio-ecológicas de cada região climática, iii) à monitorização do efeito das medidas de adaptação às ACs em múltiplos serviços de ecossistemas (regulação, provisionamento e culturais) assim como os compromissos entre eles, iv) ao desenvolvimento de modelos estatísticos de gestão da vegetação, ao longo de um gradiente climático espacial que permita hierarquizar a adequação das medidas de adaptação assim como a sua intensidade no contexto de ACs, v) à capacitação dos territórios e proceder à comunicação e transferência do conhecimento. Esta proposta envolve 12 parceiros técnicos e diversas PMEs. A Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, com especialistas em adaptação às ACs, desertificação e avaliação de serviços de ecossistemas, a Universidade de Évora com especialistas em ordenamento do território, e gestão da governança, o Instituto Politécnico de Castelo Branco e o de Beja com especialistas em pastagens, produção animal e conservação do solo. O consórcio envolve ainda a Confederação dos Agricultores de Portugal e a Confederação Nacional da Agricultura, assim como 3 ONGAS que têm vindo a apoiar os agricultores em diversos projetos de compatibilização das atividades agrícolas com a preservação da natureza ou do património cultural, a Liga para a proteção da Natureza a Sociedade Portuguesa das Aves e a Associação de Defesa do Património de Mértola. São ainda parceiros a Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo e o Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (Polo de inovação de Elvas) que asseguram atualmente a presidência do CNCACSA - Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Sector Agroflorestal, declarando assim que este Centro de Competências integra este projeto na qualidade de Entidade Parceira. Para concretizar este projeto contamos com dezenas de PMEs espalhadas por todas as NUT II do país incluindo NUTIII de áreas desfavorecidas.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
WP 1 (FCUL) – A coordenação do
projeto atuará na interface entre o financiador e os parceiros: i) assegurando a
execução das WPs pelos parceiros, ii) recolhendo, revendo e verificando a
consistência dos relatórios, iii) fazendo a administração da contribuição
financeira, e iv) organizando e moderando as reuniões de projeto.
WP 2 (FCUL, UE) – Desenvolvimento de
mapas de vulnerabilidade, presente e futura em pastagens sob quercíneas,
pastagens espontâneas e melhoradas, e em redor de aglomerados populacionais. A
avaliação da vulnerabilidade às alterações climáticas (ACs) vai contar com o
cálculo da exposição ao risco, da sensibilidade e da capacidade adaptativa dos
sistemas produtivos. Esta WP contará com o conhecimento e informação dos
especialistas em sistemas produtivos do INIAV, do IPCB, e do IPB.
WP 3 (FCUL, CAP, PMEs) – Levantamento e caracterização de locais onde
já se implementaram medidas de adaptação nas pastagens sob quercíneas e
pastagens espontâneas e melhoradas. Seleção das medidas de adaptação mais
adequadas a implementar, manter ou reformular, para cada vulnerabilidade, e às
condições socio-ecológicas de cada região.
WP 3.1 (IPCB, IPB, INIAV) - Adequação dos métodos de instalação e
manutenção de pastagens para as vulnerabilidades identificadas e para cada tipo
de clima.
WP 3.2 (IPCB, IPB, INIAV, LPN) - Gestão do encabeçamento de precisão,
no espaço e no tempo, por tipologia de herbívoros ao longo de um gradiente
climático.
WP 3.3 (SPEA, ADPM) - Métodos de gestão da vegetação para proteção dos
pontos de água.
WP 3.4 (FCUL, LPN) - Regeneração natural de quercíneas e otimização da
sua densidade ao longo de um gradiente climático.
WP 4 (UE, CNA, PMEs) - Levantamento e caracterização de locais onde já
se implementaram medidas de adaptação em redor de aglomerados populacionais de
baixa densidade. Seleção das medidas de adaptação mais adequadas a implementar,
manter ou reformular, para cada vulnerabilidade, e às condições
socio-ecológicas de cada região.
WP 4.1 (UE) - Gestão da vegetação para recuperação, manutenção ou
controlo da biomassa através da gestão do pastoreio extensivo de raças
autóctones ou das atividades agrícolas.
WP 4.2 (ADPM) - Modelos de sustentabilidade de cadeias de valor
associadas aos produtos obtidos em resultado da gestão da vegetação.
WP 5 (FCUL, SPEA, LPN, IPCB, IPB, UE, ADPM) - Desenvolvimento,
validação e monitorização de indicadores dos múltiplos serviços dos
ecossistemas (regulação, provisionamento e culturais) e os compromissos entre
eles (trade-offs), para as medidas de adaptação mais relevantes.
WP 6 (FCUL, UE) - Obtenção de modelos estatísticos robustos para as
medidas de adaptação às ACs mais relevantes, relacionando as medidas com os
serviços dos ecossistemas ao longo de gradientes climáticos (obtidos no
espaço), que pretendem representar o processo de alterações climáticas no
tempo. Desta forma poderemos extrapolar resultados para outras regiões do país
com características semelhantes no presente e no futuro. Será ainda possível hierarquizar
as medidas de adaptação mais eficazes em cada região, e ainda saber qual a
intensidade em que cada medida deve ser implementada.
WP 7 (CAP, Anpromis, CNA) - Comunicação e transferência do
conhecimento, através da disseminação de resultados junto dos grupos-alvo
selecionados, integração em grupos de discussão com relevância a nível nacional
e/ou regional e participação em sessões de transmissão de conhecimento entre
pares.
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