Esta proposta visa implementar pilotos agroflorestais
em Idanha-a-Nova, Arruda-dos-Vinhos e Alcoutim, testando e demonstrando o
desempenho de combinações de culturas tradicionais/convencionais e de
endemismos botânicos alimentícios identificados no território com vista a
promoção melhoria na adaptação climática dos territórios através de novas
praticas de produção alimentar.
Ao associar diferentes estratos e selecionando e
melhorando as plantas alimentícias não convencionais (PANC) que evidenciem
melhor adaptação a condições edafoclimáticas extremas, maior produtividade e
melhor palatibilidade será possível valorizar gastronomicamente estes recursos
e ampliar a agro biodiversidade. A oferta de bens alimentares nutricionalmente
adequados com base no conhecimento alimentar tradicional de Portugal bem como a
segurança alimentar e nutricional, configuram práticas economicamente viáveis
em novas fileiras no contexto da transição agroecológica para o objetivo Europa
2030 e ampliará a capacidade de adaptação das gentes e dos territórios às
alterações climáticas em curso.
Assim, propomo-nos desenvolver, por estação
considerada (Idanha-a-Nova, Arruda-dos-Vinhos e Alcoutim), as
seguintes objetivos (O.):
O.Ø. Diagnóstico territorial: caracterização dos
agro-sistemas incluindo diferentes tipologias de produtores, modelação técnico
–económica dos sistemas de produção e análise comparada do potencial de
inovação para dinamização de novas cadeias produtivas;
O.1.Endemismos botânicos e culturas
alimentares utilizadas e (ainda) não utilizados no território: identificação das
culturas tradicionais e das PANC, seleção e melhoramento de endemismos
alimentícios, envolvendo a sua:
(i) identificação e distribuição no território
(ii) a colheita e conservação de propágulos
(iii) a cultura in situ das espécies
identificadas e a respetiva
(iv) seleção em função da sua adaptabilidade,
produtividade e palatibilidade, seguida do seu
(v) melhoramento por várias técnicas.
O.2. Viveiro: instalação de viveiro
territorial experimental, compreendendo:
(i) instalação de abrigos;
(ii) instalação de bancadas e
(iii) sistemas de produção
(iv) preparação de talhões
(v) propagação seminal e vegetativa dos propágulos
recolhidos no campo, e
(vi) produção de plantas melhoradas.
O.3. Laboratório vivo: instalação de talhões
piloto, compreendendo:
(i) delineamento e gestão do programa experimental
(ii) preparação de talhões
(iii) plantações
(iv) maneio cultural e
(v) a avaliação de resultados.
O.4. Campos de demonstração: instalação de campo de
demonstração envolvendo:
(i) preparação de talhões
(ii) plantações
(iv) maneio cultural e,
(v) avaliação de resultados.
O.5. Parametrização: monitorização de
parâmetros agronómicos em permanência, compreendendo a instalação de:
(i) rede de sensorização,
(ii) recolha,
(iii) tratamento e
(iv) análise de dados.
Numa abordagem multicamadas, de forma a abranger e
integrar todas as escalas espaciais e assim combinar diferentes informações
desde um nível mais global (deteção remota, e.g.,satélites), passando pela
paisagem (deteção remota, e.g., drones) e parcelas (deteção remota, e.g.,
LIDAR), e detalhar a nível individual (IOT,e.g.,medições diretas e locais),
acima e abaixo do solo
O.6. Criação de mercado: criação de marca,
associada a estudos sobre as propriedades nutricionais e valorização
gastronómica; dos endemismos considerados, bem como a integração em cadeia
logística para a sua comercialização e análise económica da viabilidade de
novas fileiras tendo em conta os resultados da analise comparada de sistemas
agrários
O.7. Ampliação de escala e Disseminação: instalação de Academia
Rural, visando:
(i) disseminação de boas práticas
(ii) promoção de novas instalações B.Earth, site
specific, nos territórios considerados e noutros a considerar, envolvendo
(iii) ações de divulgação
(iv) ações de capacitação
(v) apoio técnico. Neste processo, vai ser dada relevância à necessidade
de recuperar e mobilizar a superfície agrícola não utilizada (SANU≈ 92000ha
[Recenseamento Agrícola 2019]).