Bolsa de Iniciativas PRR

 

B.Earth – Módulos Biodiversos Territorialmente Ajustados (ID: 111 )
Coordenador: Food4Sustainability - Associação para Inovação no Alimento Sustentável
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-12 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beira Baixa
 
Identificação do problema ou oportunidade

O solo é um recurso capital na adaptação às alterações climáticas. No entanto, as práticas agrícolas convencionais adotadas, com a intensificação produção (rotações mínimas ou nulas, intensificação do uso de agroquímicos,etc) têm afetado negativamente as suas características, levando a uma maior suscetibilidade às alterações climáticas.

Cerca de 25% dos solos na EU encontram-se em risco de desertificação alto ou muito alto e 60-70% dos solos na UE são hoje considerados "não saudáveis". Essa vulnerabilidade acresce pela perda de agrobiodiversidade. “Hoje, 75% dos alimentos do mundo são gerados a partir de apenas 12 plantas e cinco espécies animais” (FAO, 1999). Estes desequilíbrios surgem em resposta à pressão para alimentar o crescimento da população humana e aumentar o rendimento dos produtores. As perdas de rendimento, originadas pela necessidade de aumentar a aplicação de agroquímicos e, com ela, o aumento dos custos com os fatores de produção requeridos para contrabalançar as perdas de produtividade verificadas, levam ao crescente abandono da atividade agrícola. A par, assistimos ainda ao envelhecimento da população rural e ao abandono da superfície agrícola útil não utilizada (SANU= 92 kHa, a que se juntam 966 kHa de mato e florestas sem cultura sob-coberto;RGA em 1999).

Nessas SANU prolifera um conjunto de espécies endémicas, espontâneas, muito adaptadas e resilientes. Algumas constituem o conjunto dos recursos alimentares endémicos, as plantas alimentícias não convencionais (PANC), classe de produtos alimentares com um mercado global em crescimento acentuado face á urbanização e novas preferências alimentares dos consumidores. Das “250.000 a 300.000 espécies de plantas comestíveis conhecidas, apenas 150 a 200 são usadas para alimentação humana” (FAO, 1999). As PANC, altamente adaptadas às presentes condições edafoclimáticas, são potencialmente resilientes face às alterações climáticas. Sofreram processos adaptativos ao longo de milénios e podem contribuir para o reequilíbrio da interdependência entre os sistemas naturais e as práticas agrícolas, aumentando a agrodiversidade, ajudando na gestão de recursos naturais (recuperar a vitalidade dos solos e o armazenamento de água), a produtividade dos campos (ampliar a capacidade de resposta alimentar), a qualidade nutricional dos alimentos e o rendimento dos agricultores e, com estas, a saúde e a segurança alimentar e nutricional da população nos seus territórios.

A agroflorestal, modelo agrícola que associa a produção de alimentos e a preservação das florestas traz vantagens para os dois ecossistemas. Os recursos naturais são conservados e permitem contribuir para cultivo de diversos produtos  e simultaneamente melhorar a qualidade do solo.

Ao promover a utilização das SANU em Portugal para cultivo integrado de Agrofloresta e PANC, este projeto propõe a implementação e instalação generalizada de mosaicos de Agrofloresta em terrenos abandonados, com combinações de estratos arbóreos, arbustivos, herbáceos e rasteiros, de culturas tradicionais e PANC (a serem cultivadas nas entrelinhas em substituição e complemento das culturas tradicionais). Este modelo de cultivo poderá trazer consigo vários benefícios, tais como:

(i)               maior resiliência contra as alterações climáticas,

(ii)              melhor gestão de recursos naturais,

(iii)             proteção integrada entre espécies

(iv)             aumento da biodiversidade

(v)              fonte de rendimento adicional para o agricultor,

Com a instalação de uma Academia Rural, será possível disseminar boas práticas e promover novas instalações noutros territórios, envolvendo ações de divulgação, capacitação e apoio técnico.

Deste modo, a adaptação e revitalização de ecossistemas terrestres, com o uso sustentável do solo, pode ajudar a atenuar as alterações climáticas e promover novas formas de desenvolvimento territorial, em particular no meio rural, estabelecendo novos vínculos rurais-urbanos que contribuam para a luta contra a desertificação.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Esta proposta visa implementar pilotos agroflorestais em Idanha-a-Nova, Arruda-dos-Vinhos e Alcoutim, testando e demonstrando o desempenho de combinações de culturas tradicionais/convencionais e de endemismos botânicos alimentícios identificados no território com vista a promoção melhoria na adaptação climática dos territórios através de novas praticas de produção alimentar.

Ao associar diferentes estratos e selecionando e melhorando as plantas alimentícias não convencionais (PANC) que evidenciem melhor adaptação a condições edafoclimáticas extremas, maior produtividade e melhor palatibilidade será possível valorizar gastronomicamente estes recursos e ampliar a agro biodiversidade. A oferta de bens alimentares nutricionalmente adequados com base no conhecimento alimentar tradicional de Portugal bem como a segurança alimentar e nutricional, configuram práticas economicamente viáveis em novas fileiras no contexto da transição agroecológica para o objetivo Europa 2030 e ampliará a capacidade de adaptação das gentes e dos territórios às alterações climáticas em curso.

Assim, propomo-nos desenvolver, por estação considerada (Idanha-a-Nova, Arruda-dos-Vinhos e Alcoutim), as seguintes objetivos (O.):

O.Ø. Diagnóstico territorial: caracterização dos agro-sistemas incluindo diferentes tipologias de produtores, modelação técnico –económica dos sistemas de produção e análise comparada do potencial de inovação para dinamização de novas cadeias produtivas;

O.1.Endemismos botânicos e culturas alimentares utilizadas e (ainda) não utilizados no território: identificação das culturas tradicionais e das PANC, seleção e melhoramento de endemismos alimentícios, envolvendo a sua:

(i) identificação e distribuição no território

(ii) a colheita e conservação de propágulos

(iii) a cultura in situ das espécies identificadas e a respetiva

(iv) seleção em função da sua adaptabilidade, produtividade e palatibilidade, seguida do seu

(v) melhoramento por várias técnicas.

O.2. Viveiro: instalação de viveiro territorial experimental, compreendendo:

(i) instalação de abrigos;

(ii) instalação de bancadas e

(iii) sistemas de produção

(iv) preparação de talhões

(v) propagação seminal e vegetativa dos propágulos recolhidos no campo, e

(vi) produção de plantas melhoradas.

O.3. Laboratório vivo: instalação de talhões piloto, compreendendo:

(i) delineamento e gestão do programa experimental

(ii) preparação de talhões

(iii) plantações

(iv) maneio cultural e

(v) a avaliação de resultados.

O.4. Campos de demonstração: instalação de campo de demonstração envolvendo:

(i) preparação de talhões

(ii) plantações

(iv) maneio cultural e,

(v) avaliação de resultados.

O.5. Parametrização: monitorização de parâmetros agronómicos em permanência, compreendendo a instalação de:

(i) rede de sensorização,

(ii) recolha,

(iii) tratamento e

(iv) análise de dados.

Numa abordagem multicamadas, de forma a abranger e integrar todas as escalas espaciais e assim combinar diferentes informações desde um nível mais global (deteção remota, e.g.,satélites), passando pela paisagem (deteção remota, e.g., drones) e parcelas (deteção remota, e.g., LIDAR), e detalhar a nível individual (IOT,e.g.,medições diretas e locais), acima e abaixo do solo

O.6. Criação de mercado: criação de marca, associada a estudos sobre as propriedades  nutricionais e valorização gastronómica; dos endemismos considerados, bem como a integração em cadeia logística para a sua comercialização e análise económica da viabilidade de novas fileiras tendo em conta os resultados da analise comparada de sistemas agrários

O.7. Ampliação de escala e Disseminação: instalação de Academia Rural, visando:

(i) disseminação de boas práticas

(ii) promoção de novas instalações B.Earth, site specific, nos territórios considerados e noutros a considerar, envolvendo

(iii) ações de divulgação

(iv) ações de capacitação

(v) apoio técnico. Neste processo, vai ser dada relevância à necessidade de recuperar e mobilizar a superfície agrícola não utilizada (SANU≈ 92000ha [Recenseamento Agrícola 2019]).


 


 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Dada a antecipação do prazo, aguarda-se a confirmação de outras entidades envolvidas na proposta B. Earth.  A esta data, a parceria agrega 2 PME no setor, 1 instituição de I&D, 1 Confederação, 2 Associações, 1 Centro de Competências e 2 Municípios.

No que concerne às áreas de trabalho e responsabilidade de cada parceiro e, conforme já detalhada na descrição da iniciativa. As atividades são distribuídas por Objetivos de realização (O.), na relação abaixo indicada:

I&D

Estas instituições validam o desenvolvimento experimental e promovem o carater inovador deste projeto.

 

»Food4Sustainability Colab:  Coordenação; Diagnóstico territorial, Endemismos botânicos e culturas alimentares utilizadas e (ainda) não utilizados no território; viveiro; laboratório vivo; Demonstrador; Parametrização; Criação de mercado; Disseminação ( O.Ø; O.1; O.2; O.3; O.4; O.5; O.6; O.7)

»CIBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos: Diagnóstico territorial, Endemismos botânicos e culturas alimentares utilizadas e (ainda) não utilizados no território; laboratório vivo; Demonstrador; Parametrização; Criação de mercado; Disseminação (O.Ø; O.1; O.3; O.4; O.5; O.6; O.7) (ainda não inscrito na rede)

PME

As PME aqui listadas têm como principal tarefa contribuir quer para a endogeneização do melhoramento dos endemismos assim como o desenvolvimento de plataformas de observação e monitorização 4.0

»Sementes Vivas, Living Seeds, S.A: Endemismos botânicos e culturas alimentares utilizadas e (ainda) não utilizados no território; viveiro; laboratório vivo; Demonstrador; Criação de mercado (O.1; O.2; O.3; O.4; O.6)

»Teromovigo - Earth Innovation, Lda: Parametrização; Criação de mercado; Disseminação (O.5; O.6; O.7)

 

Associações setoriais

As associações parceiras têm como missão a difusão e articulação com o tecido produtivo, através de todos os seus associados facilitando a disseminação dos resultados e boas praticas identificadas no projeto

 

»Confederação nacional da Agricultura (CNA): Criação de mercado; Disseminação (O.6; O.7)

»Associação para a cooperação e o desenvolvimento (ACTUAR): Diagnostico territorial, Criação de mercado; Disseminação (O.Ø;O.6; O.7)

»Associação de Jovens Agricultores (AJAP): Criação de mercado; Disseminação (O.6; O.7)

 

Centro de Competências

O centro de competências presente no projeto, tendo em conta a sua missão permitirá desenvolver analises detalhadas da problemática da desertificação associada às alterações climáticas assim como apoiar disseminação dos resultados e boas praticas identificadas no projeto

 

»CCDesert - CENTRO DE COMPETÊNCIAS NA LUTA CONTRA A DESERTIFICAÇÃO| Municipio de Alcoutim: Diagnóstico territorial; Criação de mercado; Disseminação ((O.Ø;O.6; O.7)

 

Municípios

Os municípios envolvidos permitirão o acesso a terra e infraestruturas, apoio no desenvolvimento do diagnostico dada a proximidade aos territórios, incorporação nos SIGs municipais dos dados resultantes do presente projeto bem como a disseminação dos resultados e boas praticas identificadas no projeto

 

»CM Idanha-a-Nova: Diagnóstico territorial; Viveiro; Laboratório vivo, Demonstrador; Criação de mercado; Disseminação (O.Ø; O.2; O.3; O.4; O.6; O.7)

»CM Arruda-dos-Vinhos: Diagnóstico territorial; Viveiro; Laboratório vivo, Demonstrador; Criação de mercado; Disseminação (O.Ø; O.2; O.3; O.4; O.6; O.7)

»CM Alcoutim: Diagnóstico territorial; Viveiro; Laboratório vivo, Demonstrador; Criação de mercado; Disseminação (O.Ø; O.2; O.3; O.4; O.6; O.7)

 
Interlocutor: Henrique António de Albuquerque Pires dos Santos   Email interlocutor: henrique.santos@food4sustainability.org   Email entidade: mail@food4sustainability.org