Bolsa de Iniciativas PRR

 

ResiliBerry - Melhoria da competitividade e resiliência da cultura do morango em Portugal, num contexto de alterações climáticas, numa abordagem focada na variabilidade genética da planta (ID: 114 )
Coordenador: Frutas Classe - Comércio De Frutas, S.A.
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-13 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
 
Identificação do problema ou oportunidade

OS PROBLEMAS

Na última década, a cultura do morango em Portugal tem sofrido um decréscimo em termos de área plantada e de volume de produção, em contraciclo com o resto do mundo, onde a cultura regista aumentos significativos muito por causa dos programas de melhoramento e da disponibilidade de variedades mais adaptadas. As variedades de morango disponíveis no mercado, com origem nos programas de melhoramento dos Estados Unidos da América e dos países do norte da Europa, não apresentam o melhor comportamento agronómico em Portugal, refletindo-se em produtividades baixas, grande suscetibilidade a doenças e qualidade inferior. O problema é ainda agravado pelas alterações climáticas, sendo que as altas temperaturas mostraram reduzir a produção e o tamanho do fruto em Espanha e noutros países. No nosso país não é conhecido qualquer programa de melhoramento da cultura do morango.

A diminuição da quantidade de água disponível e a degradação da fertilidade dos solos devido aos efeitos das alterações climáticas, são também um fator limitante para a cultura do morango.

O conhecimento técnico atual não é suficiente para que a cultura seja economicamente rentável face às referidas dificuldades.

 

AS OPORTUNIDADES

O consumo de morango no nosso país registou um aumento na última década, resultando num grau de aprovisionamento de 43,5% em 2019. O grau de abastecimento do mercado interno em 2019 foi apenas de 19,7% (GPP, maio 2021). As exportações dos pequenos frutos lideram as exportações hortofrutícolas nacionais, tendo as vendas ao exterior praticamente triplicado desde 2015 e crescido 5,5% em valor em 2020 em relação ao ano anterior, chegando a 247 M€.

 

Portugal tem tradição na cultura do morango e tem regiões com excelentes condições para a cultura do morango durante praticamente todo o ano, mesmo em solos marginais, com menor teor de matéria orgânica e com bons resultados em sistemas sem solo.

O morango é um fruto distinto, o que permite a diversificação no consumo de frutas da Dieta Mediterrânica. Por ser apreciado pela maioria da população e por faixas etárias como crianças e idosos pela facilidade do consumo, estar incluído nos hábitos alimentares dos portugueses e de ser reconhecido pelas suas propriedades antioxidantes, ter baixo teor de calorias e especificamente em açucares, tornando-o interessante para diabéticos, e composição rica em minerais essenciais, faz com que o aumento de produção desta cultura contribua para a melhoria o nosso sistema alimentar.

 

O PROJETO

Pretende-se inovar na produção de morango em Portugal, com um enfoque na planta, particularmente na variabilidade genética do morango, englobando importantes pilares da produção: o solo, a água e as pragas e doenças. Será um contributo para um sistema alimentar justo, saudável e amigo do ambiente, alinhado com a estratégia Farm to Fork da União Europeia.

As áreas de trabalho a desenvolver visam dotar o sistema de produção de:

- capacidade de resposta aos desafios futuros da escassez de água, aquecimento global e organismos emergentes;

- adaptação às condições climáticas de Portugal e mais especificamente às regiões com potencial produtivo, como por exemplo a Região Oeste permitindo um maior compromisso com o ambiente pelo uso sustentável de recursos naturais (água, fertilizantes, solo);

-  redução do uso de produtos fitofarmacêuticos e fertilizantes em linha com as metas do Pacto Ecológico Europeu, não colocando em causa a produtividade da cultura e a sustentabilidade económica do produtor;

-  resposta aos atuais e exigentes requisitos de mercado em termos de qualidade do produto e segurança alimentar e aos novos padrões de consumo da sociedade, designadamente a procura por alimentos naturais e funcionais.

Os resultados obtidos, comunicados junto de produtores e potenciais produtores, permitirão promover a produção deste produto, aumentando a capacidade produtiva da região e do pais e, por conseguinte, a sua competitividade.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

 LA 4.4 ADAPTAÇÃO DE VARIEDADES ÀS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS; LA 4.5 RECURSOS GENÉTICOS

1.   Caracterização da variabilidade genética de diferentes genótipos de morangueiros com vista à seleção de variedades melhor adaptadas às alterações climáticas, nomeadamente em termos de produtividade e resistência a doenças.

O morangueiro possui grande variabilidade genética que se reflete numa grande variabilidade das caraterísticas de interesse agronómico, permitindo a seleção e recombinação dessa variabilidade genética, através de hibridação, de forma a desenvolver cultivares melhor adaptadas. Para selecionar os progenitores com características de maior interesse, é necessário um trabalho de caracterização molecular e fenotípica de genótipos, que nos propomos a fazer nesta atividade.

A. Revisão bibliográfica e escolha de variedades para estabelecer um programa de melhoramento de morango em Portugal.

B. Instalação de campos de ensaio em diferentes locais de produção, com o objetivo de caracterização agronómica dos genótipos de morango.

C. Caracterização da diversidade molecular dos diferentes genótipos de morango em ensaio, com uso de marcadores moleculares.

 

LA 4.4 DESENVOLVER E ADAPTAR TÉCNICAS QUE REDUZAM A VULNERABILIDADE E EXPOSIÇÃO A RISCOS BIÓTICOS

2.      Redução da exposição da cultura do morango a pragas emergentes: estudo do ciclo de vida, estimativa de risco e medidas de mitigação de Lygus spp., uma praga emergente na cultura do morango em Portugal.

Os estragos provocados por esta nova praga, representam já um nível de prejuízo muito avultado, quer pelo número de tratamentos químicos necessário, como pelos estragos provocados nos frutos, que não são comercializáveis. Esta praga encontra-se referenciada noutros países produtores de morango, onde são estudadas várias técnicas não químicas para o seu controlo.

A. Identificação das espécies do género Lygus presente em Portugal.

B. Estudo e definição do ciclo de vida das espécies identificadas.

C. Avaliar métodos de estimativa do risco, determinar o Nível Económico de Ataque e desenvolver experimentalmente metodologias de controlo da praga.

 

LA 4.1 CONSERVAÇÃO E FERTILIDADE DO SOLO

3. Controlo de fungos fitopatogénicos do solo e melhoria da fertilidade e da atividade biológica do solo através de métodos não químicos (biofumigação; solarização, biofungicidas e introdução de microrganismos benéficos) contribuindo para a redução do uso de PFF e fertilizantes e para a mitigação da degradação dos solos.

A cultura é afetada por fungos do solo e a desinfeção do solo por métodos químicos não é uma solução sustentável, contribuindo para um empobrecimento e degradação do solo. Atualmente existe no mercado uma oferta crescente de produtos para o efeito, que carecem de ser experimentados na cultura.

A.      A. Avaliar eficácia dos métodos não químicos na diminuição da incidência de fungos fitopatogénicos do solo, no aumento de disponibilidade de nutrientes para a planta e ainda no aumento da resistência das plantas.

B.      B. Caracterizar o microbioma do solo associado à cultura, em função dos tratamentos realizados.

 

LA 4.3 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

4. Gestão eficiente da água com recurso a medição das necessidades da cultura e disponibilidade de água no solo.

Como medida de adaptação à diminuição da precipitação média anual e aumento da temperatura, causadas pelas alterações climáticas, é necessário conhecer as necessidades hídricas das variedades em estudo e fazer uma gestão eficiente da água da rega com recurso à medição de água do solo.

A.      A. Determinação das necessidades hídricas de variedades de morango, com recurso a monitorização climática nos túneis (mini estacões meteorológicos para determinação da evapotranspiração).

B.      B. Medição da água do solo através de sondas de humidade, com o objetivo de caracterizar o perfil de utilização de água de cada variedade.

C.      C. Avaliação da resposta das variedades de morango a dotações de rega determinadas.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

INNOVPLANTPROTECT (InPP): é um Laboratório Colaborativo criado para desenvolver soluções inovadoras de base biológica para proteger as culturas de pragas e doenças e prestar serviços de diagnóstico e monitorização, contribuindo assim para a sustentabilidade dos sistemas agrícolas.

Responsabilidade no Projeto:

1.      1. Caracterização da diversidade molecular dos genótipos de morango selecionados.

2.      2. Caracterização do ciclo de vida e da incidência de Lygus spp. no morangueiro.

3.      3. Caracterização da dinâmica do microbioma do solo (incluindo organismos fitopatogénicos) na cultura do morangueiro em função dos tratamentos efetuados.

 

ADISA – Associação para o Desenvolvimento do Instituto Superior de Agronomia: tem como objetivos o estudo e desenvolvimento de iniciativas que contribuam para a ligação entre investigação, desenvolvimento tecnológico e prestação de serviços à sociedade.

Responsabilidade no Projeto:

1.     1. Caracterização genética das variedades de morango selecionado.

2.      2. Análise do microbioma do solo na cultura do morangueiro em função dos tratamentos efetuados.

 

COTHN – CENTRO DE COMPETENCIAS (COTHN-CC): visa promover o desenvolvimento da fileira hortofrutícola nacional, especialmente através da investigação aplicada, melhoria do nível de conhecimentos mo sector, aprofundamento da cooperação e da parceira nas áreas da tecnologia e da organização.

 Responsabilidade no Projeto:

1. Apoio na instalação e condução do ensaio da LA 4.3 Gestão de recursos hídricos.

2. Apoio na definição de protocolos para os ensaios a instalar.

3. Apoio na análise de resultados.

4. Apoio na organização/dinamização das ações de divulgação.

5. Interligação entre os parceiros e entidades do sector.

 

FNOP - FEDERAÇÃO NACIONAL DAS ORGANIZAÇÕES DE PRODUTORES:

Associação de caracter socioprofissional, tem como principal objetivo a defesa e representação dos interesses das Organizações de Produtores (OP) de frutas e hortícolas suas associadas.
Responsabilidade no Projeto

1.Divulgação do projeto e de resultados.

 

Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária, I. P. (INIAV): é o Laboratório de Estado, da área de competências da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, que desenvolve atividades de investigação nas áreas agronómica e veterinária.

Responsabilidade no Projeto

1.      1. Apoio na revisão bibliográfica para seleção das variedades a incluir no estudo.

2.      2. Apoio na caracterização agronómica das variedades de morango em diferentes sistemas de produção.

3.      3. Apoio na definição de protocolos para os ensaios a instalar.

4.      4. Apoio na análise de resultados.

 

AGROMATRIZ, LDA.; ANTÓNIO NUNES & FILHOS LDA.; MARAVILHAS SOLTAS, LDA.; SAMUEL ANTÓNIO CONSTANTINO

Produtores de morango

Responsabilidade no Projeto:

1.      Facultar o local onde se irão desenvolver os ensaios de campo, designadamente os meios físicos e materiais necessários à sua execução.

 

FRUTAS CLASSE: Organização de Produtores reconhecida para morango. Dedica-se à

comercialização, importação e exportação de produtos frutícolas, hortícolas, frutos secos, comércio por grosso e por retalho, valorização das mesmas adquiridas aos seus acionistas e nos mercados nacional e internacional, através da concentração, embalagem, transformação e sua comercialização. Tem nos seus estatutos a componente de investigação e desenvolvimento experimental no campo das ciências físicas e naturais, em especial no âmbito agrícola, químico e agroalimentar.

Responsabilidade no Projeto: Entidade coordenadora da parceria

1.      Responsável pela Inscrição da iniciativa na Bolsa de Iniciativas e pela candidatura.

2.      Responsável pelo desenvolvimento e execução do Plano de Atividades.

3.      Responsável pela instalação dos ensaios de campo, aplicação de protocolos, monitorização e avaliação de resultados.

 
Interlocutor: Sónia Isabel de Jesus Isaque   Email interlocutor: soniaisaque@frutasclasse.pt   Email entidade: info@frutasclasse.pt