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PlantAdap – Produção de plantas micorrizadas mais resilientes às alterações climáticas (ID: 118 )
Coordenador: Certifruteiras.com Unipessoal Lda
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-13 Duração da iniciativa: 2021-11-09
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Coimbra
Identificação do problema ou oportunidade
A
crise ambiental global é um dos principais problemas que a sociedade atual
enfrenta. Devido às alterações climáticas observa-se em Portugal uma maior
frequência de incêndios florestais de grande intensidade e gravidade. As
monoculturas de eucalipto e pinheiro (biomassa mais inflamáveis comparado a
plantas autóctones) são cada vez mais comuns e mais extensas. Além disso, a
desertificação das zonas rurais e os declives elevados, em algumas zonas do
país, dificultam o acesso á mecanização, levam a uma menor limpeza da floresta,
acentuando o risco de incêndio. Uma das formas de diminuir o risco de incêndio
ou a sua intensidade e consequente propagação é a criação de mosaicos com espécies
folhosas autóctones com menor grau de combustibilidade, como o caso do sobreiro,
medronheiro, carvalho, castanheiro, ou azereiro , em função das condições edafo-climáticas
do local. Estas espécies podem ser utilizadas também nas faixas de gestão de
combustível para proteção de localidades e de faixas de interrupção de
combustível promovendo a descontinuidade de biomassa mais inflamável. Também como consequência das alterações
climáticas são cada vez mais frequentes e longos os episódios de seca que
contrastam com chuvas intensas em períodos curtos de tempo, bem como a
recorrente incidência de incêndios florestais, levam um aumento da erosão dos
solos. O que leva a menor produtividade e vigor da planta, provocada por: i)
diminuição da fotossíntese; ii) carência nutricional (raízes mais pequenas ou
menos minerais solúveis nos solos); iii) maior incidência de pragas e doenças devido
à sua falta de vigor, entre outros. O solo é parte essencial dos ecossistemas
florestais, no entanto é muitas vezes um fator secundário quando se trata da
produção florestal. O solo está fortemente ligado aos recursos hídricos e uma
correta gestão do solo é também uma gestão mais eficaz da água, um recurso cada
vez mais escasso, principalmente a sul do país em épocas longas de verão. É
então cada vez mais importante reverter antigos hábitos, nomeadamente através
do desenvolvimento de metodologias mais sustentáveis, tais como o a utilização
do microbioma do solo para uma produção mais eficaz e sustentável. Atualmente no contexto agrícola é frequente a
aplicação de biofertilizantes (em viveiro e em campo), compostos por fungos e
bactérias presentes no solo e que são benéficas para as plantas, permitindo um
uso mais eficaz de recursos como a água e a diminuição da necessidade de fertilizantes
químicos. No entanto, o uso de microrganismos do solo ainda não é aplicado num
contexto florestal, exceto no caso das micorrizas para produção de cogumelos
(como é exemplo o trabalho já executado pelos parceiros do projeto).
A presente iniciativa tem então como
principais objetivos: i) otimizar o processo produtivo de plantas selecionadas
micorrizadas adaptadas às alterações climáticas, através da aplicação de
microrganismos com origem em solo florestal aliado a outros compostos aplicados
em viveiro; ii) desenvolver processos silvícolas para uma produção florestal
sustentável, que mitigue a erosão dos solos e incêndios florestais. Assim
pretende-se com a presente iniciativa explorar o potencial do microbioma de
solos de áreas de produção de plantas nativas, como o medronheiro e o
castanheiro, para posterior aplicação nos processos de produção em viveiro de
plantas, de alvéolo e de raiz nua, de forma a produzir plantas mais resistentes
e adaptadas às alterações climáticas.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
A Iniciativa PlantAdap visa alcançar novas estratégias de adaptação
de espécies vegetais autóctones às alterações climáticas, através do
desenvolvimento de processos produtivos, em viveiro e em campo, mais
sustentáveis que permitam a produção de plantas promovendo-lhes maior
resiliência. A valorização e adaptação dos recursos florestais nativos, será de
futuro uma peça fundamental nas estratégias de mitigação das alterações
climáticas. Torna-se necessário desenvolver novas soluções que permitam não só
a eficácia da produção, como a sua sustentabilidade. A produção de plantas micorrizadas com fungos
comestíveis tem vindo a ter maior expressão nos últimos anos, não só pelo valor
acrescentado associado à produção de cogumelos, mas também pela importância dos
fungos simbióticos na fitossanidade da planta. As empresas GreenClon (GC) e
Certifruteiras.com (CF), juntamente com a Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC/IPC)
têm ao longo dos últimos anos desenvolvido trabalho neste âmbito, tendo já sido
estabelecidos protocolos de produção de plantas micorrizadas. No entanto, há
ainda necessidade de otimização no processo produtivo, nomeadamente no tempo de
produção e na resiliência /adptação destas plantas (em viveiro e na sua instalação
em campo). Nesta iniciativa, pretende-se, melhorar o
processo produtivo das plantas micorrizadas, nomeadamente no tempo de produção
e nutrição/fitossanidade da planta, através da aplicação de biofertilizantes
microbianos (com origem florestal) e outros compostos biológicos. Com isto
pretende-se conseguir produzir plantas mais resilientes e resistentes às perturbações
consequentes das alterações climáticas que consigam melhores taxas de
sobrevivência e persistênciado fungo em campo. Para a garantia da sobrevivência
em campo, pretende-se também com esta iniciativa proceder ao acompanhamento do
estabelecimento de plantas em campo aplicando diferentes técnicas silvícolas.
Isto tem como principal objetivo desenvolver metodologias de silvicultura e
criação de processos de qualidade e certificação das plantas produzidas, e
ainda que permitam criar estratégias sustentáveis que possam ser futuramente
aplicadas pelos produtores florestais.
Para
tal os parceiros propõem-se a otimizar o processo produtivo de plantas
micorrizadas já implementado em viveiro para as espécies de Medronheiro e
Castanheiro através da introdução de novas metodologias como a aplicação de
biofertilizantes microbianos associado a ácidos húmicos, Vitaminas, enzimas e
micronutrientes. O desenvolvimento deste novo processo produtivo tem como
intuito a melhoria da fitossanidade das plantas micorrizadas, durante a fase de
aclimatização (fase de adaptação ao exterior) em viveiro (obtendo plantas mais
resilientes com maior taxa de sobrevivência em campo). Pretende-se também tornar
este processo mais sustentável através da redução de fertilizantes químicos e
de irrigação.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
A entidade líder da iniciativa, CF tem como
atividade principal a produção e engorda de plantas fruteiras. A CF, foi
entidade proponente em duas medidas co-financiadas pelo programa PRODER na
medida 4.1, sendo as linhas de ação direcionadas para: - Desenvolvimento de
processos e tecnologias para a produção de porta-enxertos de castanheiro
resistentes à doença da tinta, micorrizados e enxertados com variedades
nacionais para a produção de castanha, certificados com marcadores moleculares;
e Inovação na cadeia de produção de castanha: competitividade e
sustentabilidade. Em ambos os projetos estiveram envolvidas outras entidades
como a ESAC, Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV) e
entidades empresariais como a GC. O método de produção de plantas da CF é em
raiz nua, enquanto o método de produção realizada pela GC é através da técnica
de micropropagação, nomeadamente, medronheiro e castanheiro. Nesta iniciativa pretende-se estudar os
métodos aplicados em diferentes formas de produção e engorda de plantas. Assim
a CF e a GC, ficarão responsáveis pela produção de plantas de medronheiro
(selecionados para a produção de fruto e resistência a condições adversas) e de
castanheiro (com resistência a doenças), que serão sujeitas ao processo de micorrização
com fungos comestíveis. A ESAC tem uma vasta experiência no
desenvolvimento e melhoramento de processos de produção, e tem vindo a
desenvolver projetos no âmbito da produção de plantas micorrizadas e sua
implementação em campo, tendo já alguns resultados dos ensaios instalados.
Assim, a ESAC, nesta iniciativa, ficará responsável pela seleção e
estabelecimento de da qualidade do inóculo, dará também apoio
ao processo de estabelecimento das plantas em campo. Após a obtenção de plantas selecionadas
micorrizadas, a CF e a GC irão em conjunto implementar ensaios de campo com o
acompanhamento da ESAC, verificando a adaptação destas plantas com a aplicação
de práticas silvícolas mais sustentáveis. Ao longo dos vários processos a GC
irá efetuar recolha de amostras para análise pelos parceiros, nomeadamente a
FCUL e ESAC/IPC. Quanto ao parceiro FCUL, participará no
projeto o grupo do Plant-Soil Ecology do cE3c que tem vindo a desenvolver
investigação no âmbito interações no nível do solo que regulam os processos do
ecossistema e vinculam a estrutura e a função em ecossistemas naturais ou
artificiais. Tendo em vista a produção de plantas mais resistentes e adaptadas
às alterações climáticas, este conhecimento será fundamental para compreender
vários aspetos da interação planta-solo nomeadamente: estratégias de exploração
dos recursos do solo; fisiologia da nutrição e produtividade das plantas; azoto
mediado biologicamente; e as dinâmicas do fósforo e do carbono. No âmbito da
iniciativa este parceiro irá identificar em campo e posteriormente selecionar os
microrganismos a aplicar em viveiro, e em parceria com a GC e CF avaliar a
nutrição e produtividade das plantas. Centro de Competências dos Recursos
Silvestres (CCRES) e a Associação de Desenvolvimento de Produtores de Mértola
(ADMP) além do acompanhamento na instalação dos ensaios e monitorização das
taxas de sobrevivência irão promover ações de capacitação e sensibilização a
nível nacional dos resultados obtidos.
A
Direção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC) irá definir e acompanhar
a adaptabilidade e sobrevivência das plantas aos locais de destino, bem como
promover ações de divulgação.
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