O êxodo rural associado ao envelhecimento da população tem contribuído para a ruptura dos tradicionais sistemas agro-silvo-pastoris. O histórico equilíbrio entre o homem e a natureza garantido por um modelo ancestral de agricultura e gestão da paisagem entrou em declínio durante a segunda metade do séc. XX, tendo-se precipitado durante as primeiras décadas do sec. XXI. A frágil realidade social e económica associada aos efeitos das alterações climáticas têm potenciado o abandono e provocado perda de valor económico e social desses territórios, cuja evidência negativa é refletida pelos grandes incêndios florestais.

Urge reinventar modelos de gestão e usufruição do espaço rural, garantindo os objetivos de estabilização e desejada inversão das tendências demográficas, a criação de valor, a preservação ambiental, a redução dos riscos e a devida adaptação aos previsíveis cenários de alterações climáticas.

A opção pecuária, num âmbito alargado, desde sempre desempenhou um importante papel nos tradicionais modelos socioeconómicos do espaço rural. A pecuária gera valor acrescentado, contribuindo para a fertilidade do solo, gestão da vegetação, manutenção da biodiversidade e garantia de retorno no investimento realizado. Atualmente assiste-se à redução dos efetivos pecuários em regime extensivo e semi-extensivo, sendo diversas as razões, incluíndo opções da PAC, que podem ser revertidas. A redução também teve como razão a desvalorização da profissão de pastor. As políticas atuais reconhecem os constrangimentos, tentando através das Zonas de Intervenção Florestal (ZIF), as Áreas Integradas de Gestão da Paisagem e os diversos programas de financiamento PDR, Fundo Ambiental ou o PRR, dar o apoio tido por necessário para a reversão.

Por exemplo, o aumento do risco de incêndio foi associado a transformações da paisagem que facilitam a propagação de incêndios florestais. Com o desaparecimento progressivo de pastagens nos bairros periurbanos, a acumulação de combustível, junto com as mudanças climáticas e o aumento da pressão humana, causa incêndios florestais mais graves que afetam economias e ecossistemas.

Neste sentido, com o presente projeto pretende-se abordar a produção de conhecimento e desenvolvimento de soluções nas seguintes temáticas:

• Gestão de territórios "deprimidos"
• Gestão do risco de incêndio
• Promoção da biodiversidade
• Preservação do património construído e imaterial relevante 
• Combate à desertificação
• Desenvolvimento tecnológico
• Serviços de ecossistema
• Valorização de produtos endógenos
• Transformação e gestão da paisagem
• Valorização profissional
• Técnicas de pastoreio inovadoras
• Uso e promoção de raças autóctones
• Soluções sustentáveis e de baixo carbono.

 Com esta solução consegue-se atuar e criar valor em 3 áreas essenciais:

• Gestão florestal e territorial comunitária
• Potenciar a adaptação às alterações climáticas
• Gestão do conhecimento / Pesquisa avançada.

A presente iniciativa visa o estudo exaustivo das dinâmicas rurais numa região do Interior caracterizada por um declínio rural, mas onde o declínio não atingiu o ponto de ruptura que é conhecido em algumas regiões do país. Tratando-se de um território onde foi implementado, com sucesso, a gestão dos espaços florestais em ZIF e onde se ensaia a reconversão e gestão da paisagem em AIGP´s geridas por uma associação de produtores agrícolas e florestais, com franca adesão dos proprietários.

Consequência do estudo multidisciplinar a desenvolver será o desenho de modelos inovadores de pastoreio que utilizando soluções tecnológicas permitam, á escala da paisagem e com adesão dos proprietários e gestores, aumentar o efetivo pecuário de raças autóctones, valorizar a profissão de pastor, garantir a gestão eficaz da vegetação herbácea e arbustiva, promover a biodiversidade, respeitar e salvaguardar o património rural construído e no conjunto dos objetivos tornar o território mais resiliente e adaptado á realidade das alterações climáticas.

• Estabelecimento de parcerias com proprietários e outros agentes locais;
• Desenvolvimento de soluções tecnológicas de pastoreio:
  1.  Mapeamento de áreas estratégicas de pastoreio com gestão da vegetação, integrando a Defesa da Floresta Contra Incêndios, na prossecução de um “pastoreio sapador”;
  2. Colocação de dispositivo que garanta alteração da rota dos animais em caso desvio do limite da parcela;
  3. Monitorização do pastoreio á distância com recurso aos sinais de gps e auxílio de câmaras vídeo;
  4. Alertas e produção de sinais em caso de detenção de predadores de topo.

• Implementação de soluções de mobilidade - “Transumância moderna”;
• Promoção da valorização da composição florística em áreas estratégicas, através da implementação de pastagens melhoradas, garantindo melhor alimento e fixação de carbono e azoto.
• Articulação com os planos municipais de defesa da floresta contra incêndios e outros planos de proteção das ZIF e AIGP.
• Mobilização de equipa territorial multidisciplinar.

Os serviços de pastoreio inteligente utilizarão o sistema de posicionamento global (GPS) para criar uma fronteira geográfica virtual em torno de uma área particular. O software associado irá então responder quando um ativo etiquetado (como um animal) entrar ou sair da área. 

O pastoreio inteligente permitindo manter os terrenos limpos e mover o gado de uma pastagem para outra no momento certo, também permite que os animais fertilizem a terra e arejem o solo com seus movimentos.

Como mais valias adicionais:

• Aumento da biodiversidade
• Níveis melhorados de matéria orgânica do solo e saúde geral do solo
• Terra restaurada e sistemas de água
• Resiliência alimentar
• Melhor saúde animal
• Pegadas de carbono reduzidas
• Redução do risco de incêndio florestal.

Este projeto conta com uma parceria de 6 entidades, a saber:

• Beneficiário Final: Floponor, Florestas e Obras Públicas do Norte, SA
• Empresa PME: Bioestilhas – Biomassa e Estilhas LDA
• Associação: APATA - Associação de Produtores Agrícolas Tradicionais e Ambientais
• Instituto: Instituto Politécnico de Bragança
• Instituto: Instituto de Telecomunicações
• Centro Competências: Entidade gestora do Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Setor Agroflorestal (CNCACSA) - ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e Biodiversidade.

Cada uma destas entidades tem um papel bem definido face às necessidades do projeto e às diversas competências de cada um, a saber:

• FLOPONOR – Integração da solução de pastoreio inteligente na gestão florestal
• BIOESTILHAS – Identificação de parcelas e disponibilização de informação de dados do terreno para definir os perfis de pastoreio e gestão
• APATA – Parcelários, perfis de terrenos e definição de metodologias de valorização da solução
• Instituto Politécnico de Bragança – pastoreio / gestão do espaço rural
• Instituto de Telecomunicações – soluções tecnológicas / sensorização / monitorização
• ICNF (CNCACSA) - Integração dos dados de gestão florestal, incêndios rurais, espécies protegidas e zonas de intervenção florestal.