Bolsa de Iniciativas PRR

 

Ov-iNov - Valorização de ovinos autóctones (ID: 121 )
Coordenador: ANCORME - Associação Nacional de Criadores de Ovinos de RaçaMerina
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-13 Duração da iniciativa: 2025-11-09
NUTS II: Alentejo NUTS III: Alentejo Central
 
Identificação do problema ou oportunidade
Nos últimos 25 anos verificou-se em Portugal uma enorme redução ( »50%) do efetivo ovino. Constata-se uma situação alarmante de perda de competitividade do sector ovino e consequente abandono da atividade e dos territórios, uma perda de biodiversidade nas raças de ovinos autóctones, com impacto negativo nos ecossistemas agrícolas e declínio da produção nacional de produtos exclusivos, como o queijo, a carne e na própria lã (produto há muito esquecido mas com crescente apreço do consumidor, pelas fibras naturais consideradas mais saudáveis e hipoalergénicas).
Os ovinos, em geral, e as raças autóctones, em particular, têm potencial de valorização económica, através dos seus serviços ambientais e dos produtos locais únicos de reconhecida qualidade, progressivamente mais procurados pelo consumidor.
A espécie ovina é pouco exigente, apresenta grande rusticidade e capacidade de aproveitar recursos herbáceos e de água escassos. Os ovinos contribuem para manter o equilíbrio ambiental e combater a desertificação crescente das zonas rurais do interior. É fundamental promover este equilíbrio, tendo em conta que Portugal continental tem cerca de 40 % de superfície agrícola útil maioritariamente constituída sistemas agrosilvopastoris e terrenos incultos, cada vez mais abandonados e sujeitos a incêndios. Os recursos genéticos autóctones têm ainda um papel único como reserva genética para as novas gerações, essencial para eventuais situações de calamidade imprevisíveis, como verificamos em recentes catástrofes, em que as raças exóticas podem não ter capacidade de adaptação.
É fundamental promover a valorização destes recursos genéticos nacionais, inovando as ações de conservação e melhoramento em curso, proporcionando condições para o aumento do rendimento dos produtores, tornando a atividade agrícola mais atrativa e competitiva e, em simultâneo, promover alimentos mais sustentáveis e seguros.
A melhor forma de valorizar e potenciar este património genético passa pelo investimento nas suas características genéticas com impacto direto nos caracteres produtivos e reprodutivos mais relevantes e proporcionar melhores condições de criação dos animais. O sucesso deste processo passa por métodos inovados de controlo da produção, de registo das genealogias, sempre muito complicado nos ovinos, e na identificação de polimorfismos em genes associados a características de interesse.
Pretende-se implementar novas formas de abordar os estudos de genética de populações e de associação genética e modernas metodologias de controlo reprodutivo, através de técnicas genómicas de nova geração (chips de SNPs de alta densidade). Esta proposta irá dar resposta às necessidades do sector, mantendo os animais perfeitamente adaptados e com capacidade de resposta a novas situações, mais produtivos e junto das populações em regiões mais desfavorecidas, garantindo assim a sustentabilidade dos sistemas. Pretende-se criar condições para a fixação de camadas mais jovens em regiões do interior, mediantes programas de desenvolvimento sustentados em produtos regionais que contribuam
para alimentação mais saudável e sustentável.
 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Criar novas ferramentas que permitam combater o abandono das ovinicultura, em geral, e das raças autóctones, em particular, e a desertificação do interior, aumentando a sua produtividade (2% por ano), mas mantendo a rusticidade e promovendo a adaptação às alterações climáticas e a gestão dos recursos naturais (água, solos, ecossistemas), com novas soluções a nível genético e reprodutivo:

- A nível genético a solução passa pela inovação dos métodos de análise mediante utilização de SNPs. As tecnologias de nova geração desenvolveram chips de alta densidade de marcadores de um só nucleótido (SNPs) que estão a substituir gradualmente os tradicionais microssatélites em grande número de aplicações genéticas. A genotipagem massiva de SNPs abre uma infinidade de possibilidades, permitindo identificar milhares de polimorfismos que possibilitam não só a identificação de indivíduos e progenitores como polimorfismos em genes funcionais associados a características produtivas/reprodutivas/lanares ou resistência a doenças como o Scrapie, possibilitando a implementação da avaliação genómica das raças. Estão também a ser implementados painéis de SNP para atribuição de paternidades em várias raças de ovinos internacionalmente. A inovação das metodologias genéticas subjacentes a este tipo de análises (associação com genes funcionais, genética de populações, paternidades, rastreabilidade Genética, Scrapie), através da transição de STRs para SNPs, permitirá melhorar muito a sua eficácia para aplicação em programas de melhoramento e de conservação e na produção de ovinos em geral.

A nível das técnicas reprodutivas as novas soluções passam por:

- Testar, implementar e validar novos meios de diluição (sémen refrigerado e criopreservado) e estabelecer um “selo de qualidade” do sémen, mediante a análise de múltiplas características reprodutivas e genéticas, incluindo metodologias baseadas em análise informática automática (CASA) e produção de embriões; Ensaiar novos protocolos de controlo da atividade reprodutiva, por métodos hormonais e não hormonais; Analisar parâmetros testiculares por ecografia doppler e termografia; controlar a atividade reprodutiva nos efetivos por ultrassonografia e registo adequados. Promover a transição digital nas atividades produtivas; Usar novos métodos baseados em citometria de fluxo, e novos fluorocromos, para aferir de forma precisa, o efeito de novas abordagens (tempos de congelação, nutrientes, protocolos de inseminação e sincronização, entre outros) na qualidade dos ejaculados; Testar novos indicadores e marcadores da qualidade espermática que possam ser incluídos em testes rápidos de “uso em campo”.

- Divulgar as boas práticas e o conhecimento aos produtores, técnicos, estudantes e à comunidade.
 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

INIAV, ANCORME, CClã e Ruralbit:
Acão 1-Amostragem nas raças merino Branco e Preto (cerca de 600 animais por raça), extração de ADN e genotipagem mediante chip de alta densidade (50K).
Acão 2- Análise estatística dos dados, caracterização genómica das raças, seleção dos SNPs de interesse e associação com as respetivas características fenotípicas disponíveis na ANCORME, designadamente, produtivas, reprodutivas e relacionadas com a lã. Constituição de um núcleo de animais para avaliação genómica futura.
 Acão 3- Implementação de um painel para análise de paternidades e resistência ao Scrapie, com possibilidade de alargamento a outros genes funcionais, avaliação da sua eficácia e implementação de métodos estatísticos para recuperação de dados de microssatélites pré-existentes.
Acão 4 - No centro de recolha de sémen de pequenos ruminantes serão avaliadas as características morfofuncionais dos ejaculados bem como de outros parâmetros dos gâmetas e da sua capacidade fertilizante e os fatores que afetam a sua qualidade (CASA, Citometria de fluxo, expressão genética, produção de embriões e inseminação artificial).
Acão 5 - Serão desenvolvidos e avaliados novos protocolos de conservação de sémen para melhorar a duração da sua conservação (sémen refrigerado) e a qualidade dos ejaculados criopreservados.

INIAV, ANCORME e PMEs:
Acão 6- Nas explorações pecuárias parceiras de projeto serão avaliados em condições de rebanho, novos protocolos de sincronização do estro (hormonais e bioestimulação), exames andrológicos dos machos, ultrassonografia (avaliação testicular), diagnósticos de gestação e inseminação artificial com animais de alto valor genético com o objetivo de melhorar a eficiência reprodutiva e económica dos efetivos.

Todos os parceiros:
Acão 7
Divulgação e transferência de conhecimento para o sector
 
Interlocutor: Pedro Tiago Perloiro   Email interlocutor: tperloiro@ancorme.com   Email entidade: ancorme@ancorme.com