Bolsa de Iniciativas PRR

 

LABLEP - Environmental Profits from Forgotten Seeds (ID: 122 )
Coordenador: CCTI - Centro de Competências para o Tomate Industria - Associação para a Investigação, Desenvolvimento e Inovação no Setor
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-13 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Alentejo NUTS III: Lezíria do Tejo
 
Identificação do problema ou oportunidade

A gestão eficiente dos recursos solo e água, dentro de um ecossistema agrícola capaz de fornecer múltiplos bens e serviços, levou-nos a procurar na botânica agrícola esquecida, uma planta capaz de ser o candidato ideal.

Não podemos assegurar com certeza de que estamos perante essa planta, mas a continuação do estudo de todo o potencial até agora descoberto na Lablab purpureus, leva-nos a acreditar no esforço de promover este grupo de trabalho.

Os resultados do GO STEnCIL mostraram-se promissores, a ponto de induzirem à criação de um spin-off industrial – NUTRIBEAN. Esta empresa, por sua vez, realizou investimentos na procura de mercado para a farinha de feijão Lablab (panificável), no desenvolvimento de operações em fábrica que anulem quaisquer antinutricionais existentes nas leguminosas e reforçando a colaboração com vários grupos académicos de nutrição humana. Até agora, todas as linhas de trabalho, não mostraram qualquer insucesso, permitindo continuar a acreditar no valor nutricional de algumas variedades de feijão Lablab.

Por seu lado, a NUTRIBEAN integra um projeto internacional - projeto EUREKA E!13462 – que visa explorar com empresas espanholas a valia forrageira da Lablab.

Até ao momento diferentes variedades de Lablab mostraram: grande tolerância a situações de seca extrema, capacidade de captação de azoto atmosférico, capacidade para a sua utilização como adubo verde com elevada incorporação de matéria orgânica no solo, edibilidade das suas folhas em fresco, apetência enquanto forrageira, farinha de feijão panificável com elevado valor nutricional, fonte de proteína vegetal de qualidade bastante para suprir a procura de matéria prima para produtos de nicho de mercados em crescimento.

Com tantas qualidades, procuramos neste projeto identificar os seus pontos fracos para, com propriedade científica e tecnologia esclarecida, podermos contornar e aperfeiçoar os impactos potenciais positivos e cumulativos e a capacidade desta resposta botânica para a sustentabilidade económica e dos ecossistemas agrícolas. 

As soluções apontadas contam com a interação dos sistemas já existentes. Não se quer mudar de um sistema rígido para outro igual, mas sim interagir, promovendo a alternância cultural ou a consociação com os modelos existentes. Estamos certos que a diversificação de culturas, incluindo uma planta contribuinte para o aumento da fertilidade e disponibilidade de água (diminuindo, com a cobertura do solo o efeito de evapotranspiração durante os períodos muito quentes), poderá permitir projetar ecossistemas agrícolas, mais resilientes aos efeitos das alterações climáticas.

Do ponto de vista metodológico, após a instalação dos campos de ensaio serão avaliadas e testadas um conjunto de boas praticas agronómicas e de maneio de todo o sistema (validando as variedades com melhor adaptação para os fins em causa).. O acompanhamento técnico das diferentes respostas do ecossistema permitirá registos para ajudar na definição de algoritmos que permitam a extrapolação para outros campos com os mesmos fins, dentro das mesmas condicionantes edafoclimáticas.

A correta modelação para a resiliência de cada sistema proposto será um dos desafios a conquistar, a qual só a médio/longo prazo será comprovada. Assim, o ponto de partida estará na maximização dos fins económicos e serviços ecológicos, levando à identificação das variedades a introduzir para cada caso.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Porque é que a diversidade genética dentro das espécies agrícolas é importante para uma agricultura sustentável?

O estudo e a preservação da diversidade de culturas, mostra-se essencial para o bem-estar futuro da população. Sabemos que as culturas básicas do futuro terão de recorrer à diversidade natural para resistir às exigências ambientais que lhes são impostas pelas alterações climáticas. Atualmente a humanidade depende apenas de um punhado de culturas, mas estas surgiram de uma diversidade espantosa de plantas que a natureza, os agricultores e os cientistas isolaram ao longo de milhares de anos.

Por outro lado, a história da nossa alimentação ajuda-nos a apontar para as melhores respostas do nosso bioma, a séculos de adaptação alimentar, estando excluídas muitas das espécies que atualmente predominam na nossa dieta.

No contexto anterior, a iniciativa em apreço propõe-se estudar um conjunto de variedades de feijão Lablab, uma das espécies alimentares com maior variabilidade genética e provavelmente uma das plantas mais antigas a ser domesticada (Vidigal et al. 2018), validando aquelas que oferecem melhor resposta para as condições orográficas, pedológicas e climáticas para diferentes regiões de Portugal. Os estudos contarão ainda com a abordagem de consociação ou rotação da Lablab com as culturas tradicionalmente realizadas.

Esta metodologia visará permitir uma transição esclarecida, apoiada em novo conhecimento científico, dos sistemas de cultura com maior pressão ambiental, normalmente associados a sistemas de monocultura, para sistemas mais resilientes, suportados pela utilização de uma leguminosa, com muito baixas necessidades de rega e multifuncional nos seus potenciais aproveitamentos económicos.

O estudo do feijão Lablab iniciou-se no Grupo Operacional STEnCIL (PDR2020-101-031465), no qual se verificou uma grande variação de respostas a estímulos ambientais, a partir do genótipo das variedades experimentadas. Desta forma percebe-se o potencial da espécie, que pelo facto de estar pouco estudada, poderá permitir encontrar linhas varietais com as melhores respostas para os campos em estudo.

Desta forma, prevê-se uma metodologia em que se encontra a melhor resposta fenotípica, ao nível das qualidades intrínsecas de cada variedade, como forma de responder às características abióticas dos campos de ensaio.

A escolha da Lablab como centro de todo o trabalho do projeto deve-se ao facto de existir no mercado apetência para utilização da farinha deste feijão para várias formulações alimentares. Adicionalmente, nas análises nutricionais realizadas no Instituto Ricardo Jorge, no âmbito do projeto STEnCIL, verificou-se um alto valor nutricional associado a este feijão. Além do valor para a nutrição humana, algumas espécies de Lablab apresentam grande valor como forrageiras (especial foco do projeto EUREKA em desenvolvimento com parceiros espanhóis) e como adubo verde.

 Desta forma aposta-se numa resposta agronómica resiliente, com grande potencial ambiental, nutricional e económico.

Neste ponto, é de salientar que algumas variedades de feijão Lablab já fizeram parte da nossa dieta em períodos anteriores ao sucesso das “novas culturas dos descobrimentos”. O Lablab foi entretanto, esquecido, devido à sua baixa produtividade face às tecnologias existentes na altura e, possivelmente, devido às condições climáticas da Pequena Idade do Gelo. Não estamos, portanto, a falar da introdução de uma espécie de origem tropical, aliás a planta apresenta dois centros de origem (um africano e outro asiático), mas sim da recuperação de uma espécie esquecida da nossa agricultura, a qual se pode encontrar ainda nos dias de hoje, em alguns jardins e hortas do Ribatejo.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

CARATERES, sem espaços)

Os parceiros da iniciativa contribuirão com a realização das seguintes atividades:

Centro de Competências para o Tomate Indústria (CCTI)

- Gestão do Projeto (Líder);

- Promoção de ações para divulgação da iniciativa.

- Acompanhamento dos ensaios previstos para os ecossistemas do Tomate-Industria.

- Apoio na instalação dos campos de ensaio/demonstração;

- Apoio na manutenção dos campos de ensaio/demonstração;

- Pesquisa bibliográfica e identificação de variedades

-Apoio na transferência de tecnologia para a produção.

INIAV (Polo de Inovação de Elvas)

- Identificação de variedades com melhor resposta para cada situação de ensaio;

- Delineamento experimental dos ensaios;

- Apoio na instalação dos campos de ensaio/demonstração;

- Apoio na manutenção dos campos de ensaio/demonstração;

- Recolha de dados e monotorização dos ensaios;

- Participação nas ações para divulgação da iniciativa.

FNOP (Federação)

- Participação nas ações para divulgação da iniciativa.

- Apoio em continuidade à disseminação das atividades

NUTRIBEAN (PME)

- Delineamento experimental dos ensaios;

- Instalação de campos de ensaio

- Aprovisionamento de sementes para os ensaios de todo o consórcio

- Monotorização e tratamento de dados.

- Operações pós-colheita para fins múltiplos de valorização da Lablab

- Promoção de ações para divulgação da iniciativa.

RAIZES DO PRADO (PME)

- Instalação de campos de ensaio

- Validação de ecossistemas agrícolas de pastagens e forragens

- Avaliação da resiliência dos novos ecossistemas agrícolas

SOCIEDADE AGRÍCOLA QUEBRAMILHO Lda (PME)

- Instalação de campos de ensaio

- Modelação de cenários a partir dos dados recolhidos.

- Avaliação da viabilidade económica da nova unidade do negócio

- Avaliação da resiliência dos novos ecossistemas agrícolas

CASA AGRÍCOLA CAMPOS DO BICA Lda (PME)

- Instalação de campos de ensaio

- Modelação de cenários a partir dos dados recolhidos.

- Avaliação da viabilidade económica da nova unidade do negócio

- Avaliação da resiliência dos novos ecossistemas agrícolas

 
Interlocutor: João Santos Silva   Email interlocutor: jsilva@ccti.pt   Email entidade: jsilva@ccti.pt