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Redução das emissões de gases de efeito de estufa em ruminantes, por via alimentar (ID: 124 )
Coordenador: Reagro-Importação e Exportação, SA
Iniciativa emblemática: 3. Mitigação das alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-15 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Área Metropolitana de Lisboa NUTS III: Área Metropolitana de Lisboa
Identificação do problema ou oportunidade
As
emissões totais da pecuária mundial são de 7,1 Gigatoneladas de CO2-equiv por
ano, representando 14,5% de todas as emissões antropogénicas de Gases de Efeito
de Estufa (GEE). Dentro deste valor da pecuária mundial, cerca de 65% provêm
dos ruminantes, (Fonte: FAO), em que os bovinos de carne aportam 41% (2.9 Gt) e
as vacas leiteiras são responsáveis por 20% (1.4 Gt).
Os GEE
emitidos pelos ruminantes apresentam-se maioritariamente sob a forma de Metano
(CH4, 44%) e seguidamente, em partes iguais, pelo Oxido Nitroso (N2O,
29%) e pelo Dióxido de Carbono (CO2, 27%).
A
responsabilidade de emissão de Metano (CH4) encontra-se em diversas atividades
a montante e a jusante da própria exploração pecuária, como sejam o fabrico de
aditivos e de alimentos, o cultivo de algumas culturas e a gestão das purinas,
mas é no processo de fermentação entérica que poderemos ter uma ação de maior
impacto, uma vez que o peso relativo na emissão global da pecuária é de 39.1%.
Este valor será de 46.5%
e 42,6% quando avaliamos respetivamente a cadeia da produção de leite e a
cadeia da produção de carne de bovino.
Sendo o
processo fisiológico de fermentação anaeróbia ao nível do rúmen dos ruminantes,
onde se produz naturalmente o metano (CH4), a intervenção a este nível será
fundamental para o cumprimento das metas estabelecidas pelo Tratado de Paris e
atualizadas na Cimeira de Glasgow.
O grande desafio atual é o de que as possíveis
intervenções ao nível da mitigação do metano não comprometam os resultados
produtivos, de saúde e de bem-estar animal associados e que seja
suficientemente impactante frente à necessidade global de aumento de produção
de géneros alimentícios de origem animal para uma população mundial que se
estima que seja de 9.7 biliões em 2050, ou seja, com um crescimento de 1.9
biliões de habitantes
As
oportunidades de redução de gases de efeito de estufa existem em todas as
espécies animais e em todas as regiões do Mundo (FAO) sendo que parte do
potencial poderá ser conseguido através de uma melhor alimentação, utilizando
dietas mais eficientes, de melhor qualidade que irão gerar menores produções de
metano (CH4), tanto durante a digestão, como durante o processo de decomposição
do estrume, melhores práticas de maneio e saúde animal.
O presente projeto baseia-se numa intervenção
alimentar para controlo da fermentação entérica, não através de aditivos, mas
de uma combinação de matérias-primas selecionadas e agregadas num produto
(alimento complementar), cuja incorporação no alimento final confere ao regime
alimentar características que irão modificar o ambiente ruminal e desta forma,
indiretamente, diminuir a produção de metano.
Consideramos
que esta opção de intervenção alimentar nos ruminantes, sendo de aplicação
simples, não onerosa, poderá proporcionar os seguintes benefícios:
- Sem
efeitos colaterais negativos na eficiência e rentabilidade da produção, assim
como no Bem-estar animal;
- Uma
ação de promoção da saúde animal a par com o objetivo global de diminuição de
utilização de antibióticos;
- Dar origem a produtos alimentares (leite e
carne) com perfis nutricionais mais saudáveis (menor percentagem de gorduras
saturadas e maior percentagem de gorduras polinsaturadas);
- Promoção
da economia circular através da reintrodução da cultura do Linho Oleaginoso em
Portugal, como fonte vegetal rica em Ácidos Gordos Polinsaturados, de acordo
com as linhas orientadoras referentes à biodiversidade e rotação de culturas;
- Sendo
o Metano um poluente de ciclo de vida curto, teremos uma oportunidade de influenciar
os resultados dos indicadores ambientes num período de tempo ainda visível e
percetível durante a presente geração.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
A Reagro vem por
este meio propor a realização de um projeto de
I&D+I – Mitigação das alterações climáticas, na temática Alimentação
animal: apoiar a investigação, desenvolvimento e aplicação de aditivos e
regimes alimentares dos ruminantes que contribuam para a redução das emissões
de metano, com recurso a utilização de alimentos complementares ricos em
gorduras polinsaturadas.
A estratégia proposta
para a diminuição da produção de Metano Entérico baseia-se numa atuação
alimentar, através da modificação do ambiente do rúmen.
Através de uma base de comparação de dietas
alimentares com a inclusão de diferentes níveis de incorporação do alimento
complementar (R/Max Lin 70), em ruminantes, bovinos de leite e bovinos
de engorda feedlot’s e a avaliação comparativa do seu efeito ao nível de
diferentes indicadores de produtividade, de saúde e bem-estar animal e
ambiental.
Este alimento
complementar, sendo composto maioritariamente por matérias-primas derivadas de
cereais e grãos de oleaginosas especialmente selecionadas pela sua riqueza em
nutrientes funcionais, irão conferir à dieta final, um perfil rico em gordura equilibrada,
com potencial ação sobre os indicadores enumerados e especial incidência na
diminuição da emissão dos GEE, principalmente sobre o metano (CH4), cuja
emissão é decorrente da fermentação microbiana do rúmen, o pré-estômago dos
ruminantes.
Concomitantemente,
através da utilização deste alimento complementar, os géneros alimentícios de
origem animal obtidos, carne e leite, através do perfil dos ácidos gordos, poderão
igualmente contribuir para o cumprimento
das metas associadas a outros Objetivo de Desenvolvimento Sustentável como a
OD3 – Saúde de qualidade.
Os ensaios são
sucintamente descritos em seguida:
1) Ensaio em engorda de bovinos, com
3 dietas, controlo e 2 tratamentos, em que os alimentos de tratamento terão na
sua composição o alimento complementar, em doses distintas, para medição dos
seguintes indicadores:
- Indicadores Produtivos: GMD –
Ganho médio diário, IC – Índice de conversão e o perfil nutricional da carne;
- Digestibilidade de Nutrientes,
nomeadamente digestibilidade da Proteína;
- Indicadores de Saúde- Mortalidade,
Morbilidade, Indicadores de saúde intestinal (a definir os parâmetros a avaliar
- Integridade do epitélio intestinal / disbioses intestinais), Indicadores
hemáticos (Glucose, Ureia, Triglicéridos, Colesterol e outros indicadores hepáticos);
- Indicadores
Ambientais: Avaliação do impacto ao nível da emissão de GEE, especialmente de
Metano.
2) Ensaio em vacas leiteiras, com
três dietas, controlo e 2 tratamentos, em que os alimentos de tratamento terão
na sua composição o alimento complementar em doses distintas, para medição dos
seguintes indicadores:
- Indicadores Produtivos: GMD – IC –
Índice de conversão, Nível de Produção de Leite e perfil nutricional do leite;
- Digestibilidade de Nutrientes,
nomeadamente digestibilidade da Proteína;
- Indicadores de Saúde- Mortalidade,
Morbilidade, Indicadores de saúde intestinal (a definir os parâmetros a avaliar
- Integridade do epitélio intestinal / disbioses intestinais), Saúde Mamária
(Mamites, Contagem Células Somáticas), Indicadores hemáticos (Glucose, Ureia,
Triglicéridos, Colesterol e outros indicadores hepáticos);
- Indicadores Ambientais – Avaliação
do impacte ao nível da emissão de GEE, especialmente de Metano.
A duração dos
ensaios será de 60 dias nos bovinos de engorda e 56
dias nas vacas leiteiras, sendo este período após as primeiras 4 semanas de
lactação.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Reagro - A Reagro,
SA como líder do consórcio do Projeto de
I&D+I – Mitigação das alterações climáticas, na temática Alimentação animal: apoiar a investigação, desenvolvimento
e aplicação de aditivos e regimes alimentares dos ruminantes que contribuam
para a redução das emissões de metano, propõem-se a desenvolver soluções
alimentares com recurso ao alimento complementar R/MAX Lin 70, rico em gorduras
polinsaturadas essencialmente oriundas da fonte vegetal, Grão de Linho,
devidamente tratado.
É sua
responsabilidade a criação de dietas alimentares equilibradas de forma a
retirar o máximo do potencial genético dos animais, contribuindo também para o
seu bem-estar animal e paralelamente atuar na mitigação da emissão de metano
entérico.
A
Reagro, SA compromete-se também a coordenar todo o trabalho com os diferentes
parceiros do consórcio, assim como partilhar o conhecimento entre todos os
intervenientes. A transmissão de ideias e de conhecimento é fundamental para o
desenvolvimento do projeto.
Cerpro
– Organização de Produtores de cereais - Neste
Consórcio a contribuição da Cerpro será
a avaliação da reintrodução da cultura do grão de linho oleaginoso, como forma
de promoção da biodiversidade das culturas agrícolas, recorrendo a produtores
nacionais e contribuído para a diminuição da dependência proteica do exterior.
Anpoc –
Associação nacional de produtores de proteaginosas, oleaginosas e cereais - Neste
Consórcio a contribuição da Anpoc será
como centro de competências
validando a pegada de carbono do Grão de Linho Oleaginoso comparativamente com
outras culturas. A sua experiência em proteaginosas e oleaginosas é de extrema
importância para este projeto.
UTAD -
Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro - A
contribuição da UTAD será como a instituição do ensino superior que executará
os ensaios em bovinos de engorda e vacas leiteiras, com a medição de parâmetros
produtivos, de saúde e a medição da emissão de GEE, especialmente Metano. IACA - Divulgação dos
Resultados do Projeto
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