Bolsa de Iniciativas PRR

 

CLIMATE_PROTECT – Adaptação Tecnológica para redução do impacto das alterações climáticas (ID: 125 )
Coordenador: APMA - Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-14 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
 
Identificação do problema ou oportunidade

A entidade coordenadora é uma associação de âmbito nacional, que representa um número significativo de empresas do sector da maçã, que não tem atividade económica como produtor frutícola, e que inclui no seu objeto a realização de acções de informação, formação e divulgação, bem como de investigação e experimentação nas áreas da fruticultura, desenvolvimento rural ou similares.

O granizo e o escaldão solar na fruta constituem um importante problema económico na maioria das regiões produtoras do país, com perdas crescentes e que podem representar »100% da produção dos pomares. Em algumas regiões do país a ocorrência de granizo é cada vez mais frequente e com maior intensidade, provocando a destruição total ou parcial da produção e, em alguns casos, a destruição das plantas com efeitos na regularidade da produção e potencial produtivo das culturas. Também o escaldão solar vem a contribuir para prejuízos crescentes na fruticultura nacional e, em especial, na região da IGP “Maçã de Alcobaça”, onde os golpes de sol se vêm a intensificar, provocando perdas diretas e indiretas graves, traduzidas em reduções de produção e pior classificação e valorização. Os seguros agrícolas apresentam um peso crescente e elevado nos custos anuais da exploração, excluem algumas coberturas, suprimem os prejuízos apenas de forma parcial, não resolvem o problema da uniformidade interanual da qualidade e quantidade da oferta, refletidos em graves implicações na manutenção de contratos comerciais ou acesso a mercados de maior valor acrescentado. Certos que em resultado das alterações climáticas estes fenómenos são cada vez mais frequentes e intensos, a manutenção da qualidade das maçãs deverá ser assegurada por coberturas com redes ou malhas biodegradáveis, trajeto seguido pelas principais e mais competitivas regiões produtoras do mundo (ex. Bolzano com área de pomares cobertos >85%). Por outro lado, existe uma grande necessidade de se estudar a eficácia destas estratégias para redução destes riscos e, simultaneamente contribuir para um melhor desempenho fisiológico dos pomares, aumentando a qualidade dos frutos e reduzindo a aplicação de substâncias químicas de síntese. Neste aspeto, as redes fotosseletivas, transmitindo diferentes espectros de radiação, poderão representar um fator tecnológico de competitividade, dado que a coloração das mesmas afeta as características mais representativas do fruto e da planta (ex. coloração, grau brix, compostos fenólicos, diferenciação floral ou vigor da planta). A cor das redes tem sido selecionada no mercado mundial por interesses comerciais das empresas produtoras, sendo que o atraso na expansão desta tecnologia em Portugal (recentemente alvo de linhas de financiamento público aceleradoras da sua implementação), pode agora ser benéfico, assim o seu crescimento seja feito com mais conhecimento, especialmente na área da interação da cor da rede com a fisiologia das plantas. O desempenho fisiológico das plantas tem também de ser potenciado, minimizando o efeito do vento (que restringe fortemente o potencial de assimilação de CO2) ou das elevadas temperaturas sobre o solo (que condicionam o crescimento das raízes e a microbiologia do solo), bem como encontrar alternativas para combater a tendência de redução do número de horas de frio invernal, fundamental para a manutenção da produção em Portugal. A adaptação da produção a todos estes riscos permitirá maior proteção ao rendimento dos produtores agrícolas e a expansão das regiões de produção a zonas de baixa densidade, com maior exposição a estas aleatoriedades climáticas, sendo que, implementada com conhecimento e ciência sobre a atividade agrícola, beneficiará também a qualidade dos frutos, a redução de frutos sem valor comercial, o potencial produtivo dos solos, a gestão do risco, a disponibilidade de água para a agricultura, a resiliência das espécies e habitats aos efeitos das AC e permitirá a implementação de referenciais de produção com menor presença de químicos de síntese e maior segurança alimentar.
 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

O uso de redes anti-granizo assume-se como o meio de proteção mais eficaz e usado nas regiões mais competitivas do mundo, fazendo parte da tecnologia de produção implementada. Contudo, sem que a cor da mesma seja tida em conta na performance do pomar e na qualidade dos frutos, que se sabe poderem influenciar de forma diferenciada cada espécie e cultivar. Este fator não tem sido considerado, estando os produtores na dependência das soluções (cores) propostas pelos fornecedores, quase sempre iguais e com objetivos comerciais. As redes fotosseletivas são uma nova proposta no mercado mundial, com diferentes efeitos na intensidade e na qualidade da luz intercetada (espectro de radiação) e, por isso, no crescimento das plantas, produtividade e qualidade dos frutos (ex. cor, sabor, conservação). Pretende-se que este projeto apoie e impulsione o crescimento sustentado desta solução no país, respondendo às necessidades particulares de cada cultivar, em complemento à redução do impacto do granizo (»100%) e do escaldão solar (>95%), este último responsável por danos crescentes e intensos nos países mediterrâneos, que vêm sofrendo mais os efeitos das AC. Pretende-se maximizar o triplo efeito das redes fotosseletivas, nomeadamente, impacto fisiológico, redução da exposição ao granizo e escaldão solar, percebendo quais as cores com maior influência na sua redução e a necessidade de solicitar alterações nas propriedades dos materiais para maior filtragem da radiação ultravioleta, quais as mais impactantes na coloração dos frutos, na qualidade e produção das diferentes cultivares, dado que cada cultivar beneficiará de forma diferenciada com a cor da rede instalada. Assim, pretende-se definir qual a cor de rede mais apropriada a macieiras com frutos de cor vermelha (Galas, Fuji), verde (Granny Smith) ou amarela (Golden) e quantificar o efeito da cobertura em outras cultivares de interesse comercial, bem como a que beneficiará mais a qualidade (teor de sólidos solúveis, acidez total, firmeza, capacidade antioxidante, teor em vitamina C, etc), orientando os produtores nacionais a crescerem de forma sustentável e a reduzirem o impacto das substâncias químicas de síntese. Será avaliado o efeito na redução do impacto do escaldão solar e granizo, em diferentes regiões, quantificando-os e a análise económica evidenciará o período de retorno do investimento. Analisar-se-ão também os efeitos da tecnologia na redução da carga de fitofarmacêuticos, os efeitos na biodiversidade, na eficiência do uso da radiação solar, eficiência do uso da água, fluorescência da clorofila, transpiração, comportamento e nível de stress da planta em condições de temperatura limitantes, procurando níveis de conforto fisiológico que garantam um crescimento mais sustentável e equilibrado com o ecossistema do pomar. A transmissão e composição da radiação serão avaliadas nas diferentes propostas, bem como os efeitos em parâmetros agronómicos relevantes como a fenologia, intensidade de floração, nível de alternância, vingamento, crescimento do tronco, crescimento vegetativo, crescimento dos frutos, data de colheita e produção. O impacto das alterações climáticas exige medidas urgentes, especialmente nos países do sul da Europa, procurando-se também a adaptação desta tecnologia para produção num contexto de redução das horas de frio invernal, fundamentais para a quebra de dormência, sendo esta proposta decisiva para a competitividade e capacidade de resposta da fruticultura nacional.

O modelo de governação assenta numa lógica de produção de conhecimento e disseminação imediata na fileira, participando as organizações de produtores como catalisadoras da tecnologia e a associação representativa da fileira da maçã, que constituiu um grupo técnico-científico que integra representantes de todas as organizações associadas que, ainda que não sejam parceiros diretos, participarão em todas as ações e endogeneizarão o conhecimento nas suas estruturas, permitindo um crescimento do setor alinhado, concertado e estruturado.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

O consórcio que desenvolverá esta solução foi constituído tendo por base a experiência específica dos parceiros, em matéria de cobertura de pomares e a multiplicidade dos seus efeitos, as necessidades identificadas e a capacidade de endogeneização rápida dos resultados do projeto, que se pretendem influenciar de forma marcante os setores agrícola e agroindustrial, pelos benefícios criados na produção das principais fileiras a montante e pelos ganhos de qualidade, redução de desperdícios, aumento do período de conservação, comercialização e adequação ao mercado a jusante, especialmente dos parceiros da agroindústria e transformação.

 APMA – Coordenação técnica e administrativa da parceria, gestão do conhecimento, participação na implementação do plano de atividades de IDE, acelerador da instalação da tecnologia, coordenação do grupo técnico-científico da APMA.   

INIAV IP – Líder científico e desenvolvimento experimental no pólo de inovação (Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade/INIAV IP), IDE em piloto no pólo de inovação – Piloto 1 – e parcelas experimentais dos parceiros, coordenação técnico-cientifica.  

COTHN – Participação nas atividades de IDE, responsável pela área da biodiversidade e impacto biológico, atividades de promoção, disseminação, elaboração e manutenção de site.   

CAMPOTEC IN – Participação nas atividades de IDE, manutenção do campo experimental – Piloto 2 – e participação nas atividades de IDE

FRUBAÇA – Participação nas atividades de IDE, manutenção do campo experimental – Piloto 3 – e participação nas atividades de IDE

COOPERFRUTAS – Participação nas atividades de IDE, manutenção do campo experimental – Piloto 4 – e participação nas atividades de IDE

CAMPOTEC PRODI – Manutenção do campo experimental – Piloto 5 – Participação nas atividades de IDE

FRUTUS – Participação nas atividades de IDE, manutenção do campo experimental – Piloto 6 – e participação nas atividades de IDE

OMELRO – Participação nas atividades de IDE, manutenção do campo experimental – Piloto 7 – e participação nas atividades de IDE

FRUTALVOR – Participação nas atividades de IDE, manutenção do campo experimental – Piloto 8 – e participação nas atividades de IDE

As áreas de trabalho serão divididas nos seguintes Working Packages:

WP 1 – Instalação de unidades experimentais e tecnologia

WP2 – Desenvolvimento de atividades experimentais de avaliação do impacto da cobertura da cultura na redução da exposição ao granizo e escaldão solar em diferentes condições edafoclimáticas

WP3 – Desenvolvimento de atividades de IDE para avaliação dos benefícios do uso de redes fotosseletivas na redução do impacto às AC e no controlo fisiológico da macieira

WP4 – Avaliação económica, integração tecnológica sustentável, estratégia e planeamento

WP5 – Estratégia de endogeneização de conhecimento, disseminação e comunicação

WP6 – Gestão de projeto
 
Interlocutor: João Crisóstomo   Email interlocutor: apma.tecnicos@gmail.com   Email entidade: maca.alcobaca@gmail.com