Bolsa de Iniciativas PRR

 

RegAAC - Sistema de Apoio à Decisão para um Regadio melhor Adaptado às Alterações Climáticas (ID: 126 )
Coordenador: ISA - Instituto Superior de Agronomia
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-14 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Alentejo NUTS III: Alentejo Central
 
Identificação do problema ou oportunidade

Portugal Continental é vulnerável à seca e à desertificação, enfrentando desafios face às alterações climáticas. Durante o Verão, o efeito de altas temperaturas e reduzida precipitação levam ao elevado consumo de água pelas culturas e, consequentemente, obrigam a que os agricultores recorram a regas frequentes para colmatar as necessidades de água das suas culturas. Os últimos anos exerceram uma maior pressão climática, com eventos de seca recorrentes e, como resultado, uma escassez de água cada vez mais evidente. Tais fatores exigem um uso mais eficiente da água, tendo os agricultores que ajustar as suas práticas agrícolas para conviver com um clima em mudança e com eventos climáticos extremos.

O ponto de partida terá que passar pela avaliação dos impactos das alterações climáticas (AC) nos sistemas de produção (SP) e nos aproveitamentos hidroagrícolas (AHs) em que eles se inserem. Assim, para a otimização do regadio, torna-se imperativo saber como as práticas agrícolas se devem adaptar às diferentes condições climáticas. 

A melhoria na eficiência da água-energia é uma prioridade do Programa Nacional de Regadios, envolvendo a captação, transporte, distribuição de água no caso dos AH e a sua utilização no caso dos regantes. A evolução para um padrão de utilização mais eficiente da água no regadio tem sido feita, em parte, através da criação de sistemas em pressão nos quais o consumo de energia se torna cada vez mais notório. Durante as últimas décadas tem-se assistido a uma redução para cerca de metade no uso de água em regadio, mas acompanhado de um aumento exponencial do consumo de energia, tanto ao nível micro (SP) como meso (AH).

Assim, o objetivo principal do RegAAC é desenvolver e demonstrar o potencial de um sistema de apoio à decisão abrangente, inovador e de fácil utilização, para apoiar os regantes, os aproveitamentos hidroagrícolas e os decisores públicos na melhoria da sustentabilidade dos recursos naturais, económica, infraestrutural e social para fazer face a cenários de alterações climáticas. Um sistema que avalie a eficiência do regadio, devidamente enquadrado num contexto de alterações climáticas, é a chave para à tomada de decisão sobre medidas a médio e longo prazo que aumentem a resiliência do sector. O reforço da resiliência, através de medidas de gestão eficiente de água, energia e da ocupação cultural, reabilitação das infraestruturas, otimização da capacidade de armazenamento, reforço tecnológico e de competências é crucial em países como Portugal que se encaminham para uma grave escassez de recursos.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

O RegAAC pretende desenvolver e implementar um sistema de apoio à decisão (SAD) para avaliação da sustentabilidade a três níveis de decisão no regadio – micro (regante, sistema de produção), meso (entidade gestora, aproveitamento hidroagrícola) e macro (decisor público, regadio) – no contexto atual e num de ACs. Beneficiando dos trabalhos desenvolvidos nos projetos AGIR (PDR2020-101-031866) e HubIS (PRIMA/0006/2019), e alargando a sua abrangência regional, este SAD constitui um importante passo em frente para o setor, contribuindo para a tomada de decisão de regantes, assim como de decisores públicos. A previsão da evolução da eficiência do uso da água e energia dos sistemas de produção e dos aproveitamentos hidroagrícolas, suportado por cenários de ACs bem fundamentados, permitirá um diagnóstico e uma tomada de decisão com menor incerteza. O RegAAC visa dar continuidade do processo de avaliação da eficiência e indicadores de melhorias no regadio para além da sua conclusão. Pretende-se apresentar uma proposta de modelo de governança no setor que garanta a utilização corporativa do SAD para definição, implementação e monitorização de medidas de adaptação às ACs em SP, AH e de políticas públicas que visem a sustentabilidade do regadio em Portugal. Para tal, será criada uma plataforma multi-ator no regadio, visando o envolvimento, a formação de outros SP e AH, e a sensibilização de outros agentes ligados ao regadio (e.g., consultores).


Para atingir o objetivo geral do RegAAC propõe-se a seguinte metodologia:

1. Caracterizar os  AHs e seus SPs,  incidindo em dois níveis:

●Ao nível dos AH será caracterizada a situação de referência, identificando a informação disponível e as lacunas existentes (e.g., desconhecimento sobre volumes de água captados), as fronteiras do sistema e as áreas beneficiadas.

Ao nível do SP, será criada uma base de dados espacial e temporal contendo informação da ocupação cultural, sistemas de rega, práticas culturais, dados climáticos e solo.

2. Implementar um sistema de monitorização para o clima presente, permitindo a cenarização climática para as bacias e AHs selecionados, permitindo a avaliação a disponibilidade de recursos hídricos em clima presente e futuro. Desenvolvimento e implementação de modelos de risco para esses cenários tendo em consideração a ocorrência simultânea ou consecutiva de eventos extremos, bem como os seus impactos no sector.

3. Estimar as necessidades de rega para cada SP, dando especial atenção às culturas mais representativas dos AHs, nos climas presente e futuro. Em contexto de ACs, serão criados cenários culturais alternativos, que maximizem o uso eficiente dos recursos água e energia, quer seja pela adoção de culturas mais bem adaptadas ao novo clima, variedades menos consumidoras de água, ou estratégias de rega deficitária.

4. Desenvolver um SAD para apoio à gestão dos SP, AHs e para decisores públicos no sentido de orientar, definir e monitorizar medidas de adaptação para maior resiliência do regadio nacional às ACs. Um SAD integrador permitirá avaliar a eficiência global do regadio na situação de referência e a sua evolução futura atendendo a cenários alternativos desenvolvidos em 2 e 3. A sua aplicação permitirá identificar os principais problemas e possíveis medidas de melhoria da sustentabilidade ambiental e económica, promovendo a otimização da distribuição e consumo de água em função da variabilidade temporal e espacial das necessidades de rega das parcelas.

5. Criação de uma plataforma multi-ator para promover o envolvimento das partes interessadas (e.g., agricultores, investigadores, gestores, decisores, consultores) na criação de uma proposta de modelo de governança que viabilize a utilização do SAD à decisão definido em 4. para definição, implementação e monitorização de medidas de adaptação às ACs nos SP, AH e de políticas pública no setor.

6. Capacitar as entidades gestoras dos AH e os regantes sobre o SAD e sua aplicação para diagnóstico, planeamento e monitorização de medidas de adaptação a AC no regadio.

7. Promover ações de demostração, disseminação e divulgação do RegAAC.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

1. Coordenação do projeto: ISA

2. Caracterização os aproveitamentos hidroagrícolas e seus os sistemas de produção: ISA; FENAREG e Associações de regantes (AR’s) parceiras (a designar); LNEC; COTR; INIAV; PME’s (a designar)

3. Avaliação da disponibilidade de recursos hídricos em clima presente e futuro, recorrendo a cenários climáticos em diferentes contextos de projeções de emissões de gases de estufa e modelação de risco: ISA; FCUL; IPMA

4. Estimativa das necessidades de rega para cada sistema de produção, em cada AH, nos climas presente e futuro: ISA; PME’s (a designar)

5. Desenvolvimento, implementação e avaliação do sistema de apoio à decisão: ISA; FENAREG e AR’s parceiras (a designar); LNEC; COTR; CNCACSA; INIAV;  IPMA, FCUL; PME’s (a designar)

5. Criação de uma plataforma multi-ator para promover o envolvimento das partes interessadas na co-criação de uma proposta de modelo de governança e co-promover a adoção de práticas mais eficientes do uso dos recursos: ISA; FENAREG; LNEC; COTR; CNCACSA; FCUL; INIAV

6. Capacitação das entidades gestoras dos AH e os regantes sobre o sistema de apoio à decisão e sua aplicação: ISA, FENAREG, LNEC, COTR

7. Promover ações de demonstração, disseminação e divulgação do RegAAC: : ISA; FENAREG, AR’s parceiras (a designar); LNEC; COTR; CNCACSA; INIAV;  IPMA, FCUL; PME’s (a designar)

A ANPROMIS - Associação Nacional dos Produtores de Milho e Sorgo e o INIAV – Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária asseguram atualmente a presidência do CNCACSA - Centro Nacional de Competências para as Alterações Climáticas do Sector Agroflorestal, declarando assim que este Centro de Competências integra este projeto na qualidade de Entidade Parceira.


O RegAAC será desenvolvido nas NUT Média Tejo, Beira Baixa, Alentejo Litoral, Alentejo Central, Baixo Alentejo, Lezíria do Tejo e Algarve 

 
Interlocutor: Gonçalo Rodrigues   Email interlocutor: gcrodrigues@isa.ulisboa.pt   Email entidade: gp@isa.ulisboa.pt