Bolsa de Iniciativas PRR

 

GA-SOLO - Grupo de Ação para alternativas à gestão do solo em resposta às Alterações Climáticas (ID: 137 )
Coordenador: Universidade de Évora
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-15 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Alentejo NUTS III:  
 
Identificação do problema ou oportunidade

No clima mediterrânico, em termos gerais, a agricultura é fortemente constrangida pelas condições edáficas, com os solos a apresentar baixos níveis de matéria orgânica, baixa capacidade de troca catiónica, reduzida profundidade e, consequentemente, baixa capacidade de retenção de água. Em Portugal, 70% dos solos apresentam níveis de matéria orgânica inferior a 1% o que explica a baixa produtividade dos solos, principalmente quando explorados em regime de sequeiro. Estes constrangimentos edáficos tornam a exploração agrícola especialmente vulnerável face às alterações climáticas, nomeadamente aos eventos extremos de precipitação e ao excesso de calor.

Assim, as estratégias de adaptação da agricultura às alterações climáticas devem tirar proveito da capacidade do solo servir de tampão e meio atenuador para a cada vez maior variação da precipitação e temperaturas. Neste sentido, o maneio ou a gestão do solo desempenham um papel importante pois deles depende a capacidade de resposta do solo a estas variações. São frequentes os eventos severos de erosão hídrica do solo, agravados fortemente pelas baixas taxas de infiltração em solos com estrutura deficiente e expostos sem proteção à energia cinética da precipitação. Para além de provocar o transporte de sedimentos, a água de escoamento superficial deixa de servir de abastecimento da capacidade utilizável do solo e dos aquíferos subterrâneos. Baixos teores de matéria orgânica agravam ainda a capacidade de retenção de água no solo. Assim, o maneio sustentável do solo, não apenas para fins de adaptação, deve favorecer a manutenção ou melhoria da estrutura do solo, garantir a sua proteção física através da sua cobertura permanente com vegetação ou os seus resíduos, e contribuir para o incremento dos níveis de matéria orgânica através da maior adição possível de biomassa através de culturas de cobertura, retenção de resíduos das culturas ou adição de fontes orgânicas exógenas, sem as incorporar no solo a fim de evitar a sua mineralização imediata.

Apesar do enorme volume de informação inovadora de caracter técnico-científico disponível em termos de gestão de solo e boas práticas com vista à sua conservação, fertilidade e resiliência às alterações climáticas, este encontra-se disperso por diferentes fontes, muitas vezes escudadas em silos de conhecimento e dificilmente acessíveis aos diferentes atores do sector. Por outro lado, existe um conhecimento empírico inovador, com provas dadas no terreno, mas carecendo de uma validação científica que, muitas vezes, se restringe a um raio de disseminação local e que beneficiaria de uma amplificação regional e mesmo nacional e um conhecimento científico que, restringindo-se à investigação fundamental carece de uma projeção em termos de aplicabilidade. Por outro lado, ainda, as políticas relativas ao solo a nível nacional têm normalmente seguido um princípio reativo face a pressões externas resultando muitas vezes numa inadequação à especificidade da realidade nacional. É essencial articular e reunir os diferentes atores do sistema sobre um ponto fulcral: o solo e a sua gestão como um garante de sustentabilidade para o futuro.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

A iniciativa GA-SOLO pretende fomentar a adoção de práticas Agroflorestais inovadoras que promovam a melhoria do potencial produtivo e hídrico dos solos, revertam processos de erosão e aumentem a sua resiliência aos efeitos das alterações climáticas através do teste, validação e valoração socioeconómica e ambiental de tecnologias e metodologias inovadoras de gestão do solo, criação de fluxos de conhecimento entre os diversos atores do sistema e implementação de um processo de Inovação Social que promova a mudança de paradigmas estabelecidos.

A iniciativa assenta em três pilares interligados:

Pilar I – Conhecimento: resumo do conhecimento técnico-científico bem como empírico com provas dadas no terreno, disponível a nível nacional e internacional relativamente à qualidade e fertilidade do solo e sua gestão; desenvolvimento de uma plataforma web com funcionalidades mobile capaz de disponibilizar informação útil para redefinição de práticas e de políticas de conservação de solos, incluindo, mas não se resumindo a, políticas e linhas de apoio à implementação de medidas de gestão que promovam a sua qualidade, melhores indicadores de qualidade de solos, simulações económicas do benefício de implementação dessas medidas bem como a disponibilização de um fórum de discussão entre os principais atores do sistema;

Pilar II – Inovação de processos, metodologias e tecnologias: teste, validação e valoração socioeconómica e ambiental de tecnologias e metodologias inovadoras de gestão do solo que promovam a: resiliência dos sistemas produtivos a eventos extremos meteorológicos (falta e excesso de água, temperaturas); a gestão eficiente do uso da água (e.g., redução de perdas por evaporação); a capacidade de incremento do teor de matéria orgânica do solo com vista ao aumento da produtividade com consequente redução de insumos e ganhos para o produtor e menor dependência de cadeias de fornecimento externas suscetíveis a colapsos sistémicos como o que se verificou com a pandemia Covid; o fomento da biodiversidade (acima e abaixo da superfície) incluindo análise de simbioses mutualistas com micróbios do solo (micorrizas, rizóbio e bactérias promotoras de crescimento) de modo a aferir como os diferentes métodos de gestão de solo inovadores se podem ajustar de modo a que a atividade do microbioma do solo possa ser potenciada e a sua biodiversidade favorecida com avaliação de benefícios em termos de sustentabilidade dos agroecossistemas; o desenvolvimento de metodologias de análise de solo expeditas e com melhor relação custo/benefício quer em termos económicos quer em termos de tempo de análise. Testar e validar metodologias de deteção remota que permitam avaliar em quase tempo real a evolução da qualidade e fertilidade do solo e a resiliência das culturas a eventos extremos; Definição de uma metodologia comum baseada num conjunto de indicadores físico-químicos e biológicos que permitam uma avaliação sistemática da vulnerabilidade dos solos em diferentes regiões climáticas nacionais.

Pilar III – Inovação Social: definição de um roteiro de projeção social do conhecimento para o sector agroflorestal com base na identificação dos fatores objetivos e subjetivos que determinam direta ou indiretamente a adoção de novas práticas de conservação do solo; implementação de ações de capacitação direcionadas a produtores do sector; definição de políticas de gestão do solo adequadas ao contexto nacional e às necessidades do sector Agroflorestal; definição de um sistema de monitorização sistemática da eficácia das práticas implementadas.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Coordenação e Gestão de projeto: Universidade de Évora com o contributo de todos os Parceiros;

Análise sistémica, compilação e democratização do conhecimento: Ação coordenada pela GreenUPorto com o envolvimento próximo do INESC-TEC e da FZ Agrogestão (na perspectiva do desenvolvimento e projecção para o sector da plataforma multifuncional) e de todos os parceiros na perspectiva de contributo de conhecimento técnico-científico bem como empírico com provas dadas no terreno;

Inovação de processos, metodologias e tecnologias: Ação coordenada pela Universidade de Évora; ESA-Santarém, FCUL, UE, UTAD/ APPITAD, IPCB e  Food4Sustainability responsáveis pela gestão das áreas de experimentação e teste em articulação com produtores membros do consórcio e INIAV; UE responsável pelo desenvolvimento de metodologias inovadoras de análise de solo; CoLAB Food4Sutainability responsável pelo teste e validação de metodologias de deteção remota para avaliação da evolução da qualidade e fertilidade do solo e resiliência das culturas a eventos extremos; GreenUPorto, COTHN e IPV responsáveis, com o contributo de todas as instituições de I&D, pela definição de uma metodologia comum baseada num conjunto de indicadores físico-químicos e biológicos que permitam uma avaliação sistemática da vulnerabilidade dos solos em diferentes regiões climáticas nacionais

Avaliação socio-económica e ambiental: Ação coordenada pelo COTHN com o apoio próximo da UE, UTAD e DRAP Alentejo e com o envolvimento de todos os parceiros.

Inovação Social e projeção: Ação coordenada pela UTAD com o envolvimento de todos os parceiros, nomeadamente os responsáveis por áreas de experimentação e teste de medidas inovadoras (com especial atenção para os produtores e empresas associadas ao consórcio) bem como responsáveis pela ação Análise sistémica, compilação e democratização do conhecimento e Avaliação socio-económica e ambiental.

Comunicação e disseminação: Ação coordenada pelo COTHN com o apoio próximo da APOSOLO e ANPROMIS e envolvimento de todos os parceiros.

 
Interlocutor: Gottlieb Basch   Email interlocutor: gb@uevora.pt   Email entidade: investigar@scc.uevora.pt