Bolsa de Iniciativas PRR

 

A3C Prunus - Ação para Adaptação às Alterações Climáticas das Prunóideas (ID: 144 )
Coordenador: DRAPC - Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-13 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beiras e Serra da Estrela
 
Identificação do problema ou oportunidade

A zona interior da Região Centro apresenta condições climáticas e edáficas que constituem uma mais-valia na produção de espécies frutícolas, nomeadamente para a produção de prunóideas, especificamente cerejeiras e pessegueiros, sendo a Beira Interior a principal região de produção de pêssego e cereja do País. Paralelamente a cultura da amendoeira tem crescido exponencialmente.

As condições edafoclimáticas conferem condições únicas às prunóideas aqui cultivadas, razão da IGP Cereja da Cova da Beira e da IGP Pêssego da Cova da Beira.

Em anos recentes, condições meteorológicas que não podem ser dissociadas das alterações climáticas vieram criar novos desafios aos produtores e por inerência à economia desta região, sendo de prever em cenários futuros:

  •  redução do número de horas de frio invernal, indispensável para a quebra de dormência das cerejeiras  e essencial para a obtenção de produções elevadas, regulares e de qualidade;
  • aumento de dias com maior humidade ou pluviosidade na primavera associada a temperaturas mais elevadas, o que potencia o surgimento de doenças, como por exemplo cancros bacterianos em cerejeira e pessegueiro, com consequências no aumento dos custos de produção, associados ainda a quebras e/ou redução do potencial produtivo;
  • aumento de fenómenos extremos tais como de picos de temperaturas elevadas, com consequências no aumento de frutos com escaldão e aumento de custos com aplicação de protetores e quebra de granizo;
  • aumento das temperaturas médias, o que estará associado a um aumento da temperatura média do solo e possível consequente redução da atividade radicular (dependente do porta-enxerto), provocando uma diminuição da atividade das plantas com consequências ao nível da redução da dimensão ou vigor das plantas e consequente redução da capacidade produtiva, ou seja número de frutos, mas também dos calibres de cada fruto.

A experimentação de novos clones ou cultivares tem sido efetuada de forma ad-hoc, através da colocação pelos produtores de algumas plantas no meio de pomares comerciais, não existindo uma avaliação técnica, analítica, estruturada e comparativa das mesmas. Muitas das vezes essas plantas de uma nova cultivar têm sido condicionadas pela localização especifica do pomar comercial onde foram inseridas e da sua fertirrega e tratamentos fitossanitários, não sendo por isso possível obter conclusões sobre a adaptabilidade ou não dessa cultivar à região (ex: uma cultivar tardia inserida num pomar de uma cultivar temporã, sujeita a práticas culturais ajustadas a um ciclo produtivo diferente em termos de fertirrega e manutenção do solo).

Assim, pretende-se dar corpo a uma experimentação alicerçada em corretas bases científicas sem perder o objetivo prático, tendo por base as associações de produtores da região e aproveitando a oportunidade criar conhecimento pela dinamização e investimentos nos polos de inovação, nomeadamente na Quinta dos Lamaçais da DRAPC. Assim pretende-se de forma concertada e organizada realizar a experimentação de novas cultivares com o objetivo de identificar a sua adaptação aos cenários e alterações climáticas que se perspetivam ajudando a preparar a produção frutícola da Beira Interior para fazer face aos stresses bióticos e abióticos causados por estes cenários. Este projeto será de primordial importância para a continuidade da atividade frutícola na região mantendo os postos de trabalhos diretos e indiretos que esta atividade suporta e cria e valorizando a região pela captação de investimento técnico e científico associado à atividade frutícola.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Pretende-se avaliar, através da experimentação, a adaptabilidade às características específicas da região da Beira Interior de um conjunto de novas cultivares e clones de pêssego e cerejas, que nos países de origem revelem características que os tornam mais adaptados às novas condições derivadas das alterações climáticas. Pretende-se ainda experimentar novas seleções excluídas por serem obtidas em regiões com condições edafoclimáticas diferentes das nacionais (ex. mais temporãs ou com florações em períodos em que o risco de ocorrência de geada nos países obtentores seja diferente), mas que se podem revelar interessantes para as condições locais e mesmos apresentarem-se como decisivas para a competitividade nacional.

A experimentação será efetuada no campo experimental da Quinta de Lamaçais da DRAPC (Quinta incluída na rede de Polos da Agenda da Terra Futura). Estes campos detêm condições específicas para esse efeito, localizados numa zona estratégia para a região, permitindo assim que haja todo o potencial produtivo necessário para que as cultivares a avaliar tenham as condições necessárias à expressão das suas características, e de se obter informação da adaptabilidade das cultivares com transposição da informação para a região.

Os campos terão uma coordenação técnica científica composta por elementos das diversas entidades do presente consórcio, de forma a garantir uma coerência e envolvimentos das principais entidades associadas ao desenvolvimento e valorização da produção de prunóideas. Considerada a globalidade da região será ainda equacionada a possibilidade de colocar em campos comerciais as cultivares que tenham melhor comportamento no campo experimental. Este grupo de coordenação técnica ficará encarregue de realizar um Plano de Operações Culturais de modo a garantir a expressão do potencial produtivo e que todas as plantas sejam sujeitas a cuidados semelhantes, garantindo-se assim condições de comparabilidade.

Será constituído um campo de ensaios para a cerejeira e um campo de ensaio para o pessegueiro, tendo como principal objetivo a avaliação de cultivares em termos de fenologia, necessidades de horas de frio e graus-dia de crescimento em paralelo com os aspetos de produtividade e qualidade dos frutos.

As plantas serão alvo de monitorização detalhada, recolhendo dados agronómicos e científicos, implementados por rede técnica a constituir pelo consórcio, garantindo uniformidade nos períodos de observação, nas técnicas, metodologias e nas variáveis analisadas, bem como nos procedimentos científicos que permitirão obter informação fisiológica detalhada que ajude a perceber as diferenças encontradas e a estruturar a fase final de expansão comercial.  Será avaliada a performance de cada cultivar não só no que respeita à capacidade produtiva e qualidade dos frutos, bem como à sua resiliência a stresses bióticos e abióticos, com relatórios periódicos sobre a qualidade, definição de períodos ótimos de colheita, configurando-se também como fundamental a avaliação da capacidade de conservação das diversas cultivares.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Parceiros:

  •  AAPIM
  • APPIZEZERE
  • COTHN-CC
  • DRAPC
  • IPCB-ESA
  • INIAV
  • PME’s:
    • Gardunhagro, Soc. Agr. Lda.
    • Gonçalo Filipe Rodrigues Batista
    • Quinta de Vale Prazeres, Lda.

Será criado um núcleo base de coordenação constituído pela COTHN-CC, AAPIM, APPIZEZERE, IPCB-ESA e DRAPC que efetuarão a coordenação e supervisão da execução das tarefas do projeto e será responsável pelo cumprimento das metas e dos prazos de cada uma das fases do projeto.

T1 – Planeamento, coordenação e controlo – todos;

T2 - Estabelecimento de parcerias com obtentores internacionais de novas cultivares e clones de cerejeira e pessegueiro – DRAPC, COTHN-CC, INIAV e PME’s;

T3 –Aquisição e instalação de estação meteorológica no polo de experimentação, com verificação de rede meteorológica de apoio e monitorização dos efeitos - AAPIM, APPIZEZERE e COTHN-CC;

T4 – Delineamento e implementação de cada campo de experimentação – INIAV, IPCB-ESA e DRAPC;

T6 – Caracterização edafoclimática dos campos – INIAV e IPCB-ESA;

T7 – Definição de plano de operações culturais, sua execução e controlo – AAPIM, APPIZEZERE, COTHN-CC, IPCB-ESA e DRAPC;

T8 – Definição e aplicação dos protocolos de avaliação das características das plantas, em termos de fenologia, crescimento (planta, tronco e frutos), ramificação e frutificação - IPCB-ESA, DRAPC, AAPIM, APPIZEZERE;

T9 – Obtenção de dados fisiológicos detalhados com base em metodologias científicas validadas e com utilização de tecnologia recente, nomeadamente: capacidade de fixação de CO2, eficiência do uso da radiação solar, eficiência do uso da água, técnica de NDVI, transpiração, comportamento em condições de temperatura limitantes com vista à otimização do uso dos fatores de produção – IPCB-ESA, AAPIM e APPIZEZERE;

T10 – Monitorização da maturação com determinação do momento ótimo de colheita das cultivares em estudo, fator determinante da qualidade e capacidade de conservação - COTHN-CC, IPCB-ESA, AAPIM e APIZEZERE;

T11 - Avaliação de parâmetros biométricos: massa/fruto, cor, dureza, acidez total, sólidos solúveis totais, índice de qualidade – IPCB-ESA;

 
Interlocutor: Vanda Cristina Azevedo da Costa Batista   Email interlocutor: vanda.batista@drapc.gov.pt   Email entidade: direcao@drapc.gov.pt