Bolsa de Iniciativas PRR

 

InovAppleAdapt: adaptação de novas variedades de maça para fazer face aos cenários de alteração climática (ID: 145 )
Coordenador: COTHN - Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-13 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
 
Identificação do problema ou oportunidade

O relevo, o tipo de solo, a humidade e a proximidade ao mar criam no Oeste um microclima que induz nas frutas aqui produzidas características distintivas. As maçãs possuem um sabor mais agridoce e uma cor mais intensa. A região do Oeste é assim reconhecida como uma região de boa fruta desde a instalação dos Monges de Cister, tendo-lhe sido atribuído a qualificação de IGP.

Existem 3155 explorações no Oeste que produzem maçãs, estimando-se que mais de 2000 se dediquem em exclusivo a esta cultura. A produção de maçã é uma atividade estruturante na região Oeste, incorporando de forma intensiva mão-de-obra e muitos inputs de PME’s locais.

Apesar de ter um microclima próprio transversal a todo o território, existem áreas com características diferenciadas:

- áreas de vale, mais próximas do mar, sendo esta área caracterizada por terrenos mais arenosos ou mais de aluvião;

- área mais de interior, caracterizada por colinas e solos mais franco-argilosos;

Em anos recentes, as alterações climáticas vieram criar novos desafios aos produtores e por inerência à economia desta região:

- redução do número de horas de frio invernal, indispensável para a quebra de dormência das macieiras e essencial para a obtenção de produções elevadas, regulares e de qualidade;

- aumento de dias com maior humidade ou pluviosidade na primavera associada a temperaturas mais elevadas, o que potencia o surgimento de stress bióticos, tais como  pedrado e fogo bacteriano, com consequências no aumento dos custos de produção, quebras e redução do potencial produtivo, por via do condicionamento crescente do uso e disponibilidade de fitofármacos;

- aumento de picos de elevadas temperaturas, com consequências no aumento de frutos com escaldão solar e aumento de custos com aplicação de protetores;

- aumento das temperaturas médias, o que provoca um aumento da temperatura do solo na linha e a consequente redução da atividade dos porta-enxertos, provocando uma diminuição da atividade das plantas com consequências ao nível da redução da dimensão ou vigor das plantas e consequente redução da capacidade produtiva, ou seja número de frutos, mas também dos calibres de cada fruto.

- aumento das doença de solo, que tem levado ao abandono de áreas de produção, e redução do potencial produtivo dos pomares em produção;

O M9 é o porta-enxerto mais correntemente utilizado, sendo caracterizado por apresentar um sistema radicular de dimensão reduzida e as raízes pastadeiras se encontrarem muito próximo da superfície do solo, sendo muito sensível ao aumento da temperatura do solo e à menor disponibilidade hídrica. 

Em vários países existem entidades que se dedicam a desenvolver novas variedades, clones de maçã e porta-enxertos, muitos deles com características que lhes permitem estarem mais bem adaptadas às alterações climáticas, mas que nunca foram testadas em Portugal. Esta experimentação é essencial para a transição varietal, que necessariamente irá ocorrer como resposta à alterações climáticas.

A experimentação de novos clones ou variedades tem sido efetuada de forma ad-hoc, através da colocação pelos produtores de algumas plantas no meio de pomares comerciais, não existindo uma avaliação técnica, analítica, estruturada e comparativa das mesmas. Muitas das vezes essas plantas de uma nova variedade têm sido condicionadas pela localização especifica do pomar comercial onde foram inseridas e da sua fertirrega e tratamentos fitossanitários, não sendo por isso possível obter conclusões sobre a adaptabilidade ou não dessa variedade à região (ex: uma variedade tardia inserida num pomar de uma variedade precoce, com um ciclo diferente de fertirrega).

A Maçã de Alcobaça está a desenvolver iniciativas que levem a um aprofundamento da clusterização da fruticultura da região Oeste, convergindo com os padrões de inovação e de estratégias colaborativas entre os diferentes intervenientes no cluster frutícola existentes noutras regiões de produção, como na região Trentino-Alto Adige/Südtirol, aumentando o perfil de especialização do sector.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Pretende-se experimentar a adaptabilidade às características específicas da região Oeste de um conjunto de novas variedades, clones e porta-enxertos, que nos países de origem revelam características que os tornam mais adaptados às novas condições derivadas das alterações climáticas.

 

A experimentação será efetuada de duas formas:

- em campos de experimentação com condições específicas para esse efeito, localizados em pontos estratégicos do Oeste, permitindo assim que cada variedade tenha as condições de se desenvolver conforme as suas características e de se obter informação da adaptabilidade da variedade em toda a região;

- integrados no âmbito de pomares comerciais que sócios de OP´s efetuem, e que em termos varietais sejam alinhados com a/as variedades a experimentar, permitindo assim alargar a diversidade de condições em que a variedades são testadas.

Os campos serão implementados pelo COTHN-CC para garantir uma uniformidade de condições de implantação. Dada a dispersão dos campos pelo Oeste, em zonas e solos com características diferenciadas, a sua manutenção (tratamentos fitossanitários, fertirrega, poda) será efetuada sob responsabilidade de cada uma das OP´s parceiras deste projeto, com base num Plano de Operações Culturais definido pelo consórcio técnico científico, de modo a que todas as plantas sejam sujeitas a cuidados semelhantes, garantindo-se assim condições de comparabilidade. As plantas serão alvo de ensaios detalhados a realizar anualmente, recolhendo dados agronómicos e científicos, implementados por rede técnica a constituir pelo consórcio, garantindo uniformidade nos períodos de observação, nas técnicas, metodologias e nas variáveis analisadas, bem como nos procedimentos científicos que permitirão obter informação fisiológica detalhada que ajude a perceber as diferenças encontradas e a estruturar a fase final de expansão comercial.  Serão efectuados  testes de qualidade , com relatórios periódicos sobre a qualidade, definição de períodos ótimos de colheita e capacidade de conservação das diversas variedades.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Parceiros: APMA,  COTHN-CC, INIAV, e OP´s (Frubaça, E, Timóteo, Cooperfrutas, OMelro)


 

Será criado um núcleo base de coordenação constituído pela APMA, INIAV e COTHN que efetuarão a coordenação e supervisão da execução das tarefas do projeto e será responsável pelo cumprimento das metas e dos prazos de cada uma das fases do projeto.

T1 – Planeamento, coordenação e controlo

T2 - Estabelecimento de parcerias com obtentores internacionais de novas variedades e clones – APMA/COTHN/INIAV

T3 – Definição da localização de campos de experimentação – APMA

T4 – Instalação e verificação de rede meteorológica de apoio e monitorização dos efeitos das AC – COTHN-CC

T5 – Delineamento e implementação de cada campo de experimentação – COTHN-CC, com apoio de operadores, APMA e INIAV

T6 – Caracterização edafoclimática de cada campo – OP´s

T7 – Definição de plano de operações culturais, sua execução e controlo – APMA, COTHN-CC e INIAV e os técnicos das Op´s

T8 – Definição e aplicação dos protocolos de avaliação das características da planta, em termos de fenologia, crescimento (planta, tronco e frutos), ramificação e frutificação- INIAV, Técnicos das OP´s, COTHN-CC e APMA;

T8 – Obtenção de dados fisiológicos detalhados a realizar no campo de IDE localizado no pólo de inovação de Alcobaça e calibração e validação de metodologias científicas a implementar na rede de campos de experimentação (capacidade de fixação de CO2, eficiência do uso da radiação solar, eficiência do uso da água, fluorescência da clorofila, transpiração, comportamento em condições de temperatura limitantes,…) - INIAV

T9 – Realização de testes para avaliação do momento ótimo de colheita da variedades em estudo; - INIAV, Técnicos das Op´s, APMA e COTHN-CC

T10 - Avaliação de parâmetros biométricos (massa/fruto, A/D), cor, dureza, acidez total, sólidos solúveis totais, Indice de qualidade – INIAV e Op´s.

T12 – Avaliação da capacidade/tempo de conservação e da manutenção das características dos frutos – INIAV e Op´s

T13 – Tratamento de dados - todos

T14 – Análise comparativa de dados entre as diferentes localizações - todos

T15 - Disseminação e elaboração de plano estratégico de crescimento do setor em resposta às AC – COTHN-CC e APMA

 
Interlocutor: Maria do Carmo Martins   Email interlocutor: carmo@cothn.pt   Email entidade: carmo@cothn.pt