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SoloC+ - Desenvolvimento de soluções para aumentar a resiliência dos solos agrícolas às alterações climáticas na Região Centro. (ID: 150 )
Coordenador: IPC/ESAC - Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior Agrária de Coimbra
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-15 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III:
Identificação do problema ou oportunidade
O Projeto SoloC+ identificou 5 problemas de
alguns dos sistemas agrícolas mais difundidos em Portugal, que diminuem a
fertilidade do solo e a sua capacidade produtiva, mormente num contexto de
alterações climáticas. SoloC+ apresenta um conjunto de soluções que aumentarão
a resiliência dos sistemas agrícolas, contribuindo para a manutenção dos níveis
produtivos, não apenas num contexto de alterações climáticas, mas também pós
pico do petróleo.
1. Os solos agrícolas apresentam um baixo teor
de Matéria Orgânica [MO] resultante da intensificação da agricultura, o que
diminui a capacidade de retenção de água e resulta numa quebra da
qualidade/fertilidade, em especial em solos de baixa produtividade. A redução de
MO resulta num aumento da lixiviação de nutrientes na estação húmida, fruto de
uma fertilização inadequada com fertilizantes sintéticos que provoca a poluição
das águas superficiais e dos lençóis freáticos, tornando muitas regiões
agrícolas em zonas vulneráveis, com restrições importantes à atividade
agrícola.
2. O fósforo, encontra-se em concentrações
elevadas nos solos agrícolas, mas a sua absorção pelas plantas é limitada,
contribuindo para o aparecimento de fenómenos de eutrofização.
3. O uso excessivo de pesticidas aumenta
substancialmente o perigo de contaminação dos aquíferos e dos ecossistemas
aquáticos, ao mesmo tempo que o seu impacto sobre as infestantes se reduz
progressivamente, devido à sua resistência crescente, o que diminui o
rendimento das culturas.
4. A utilização de técnicas de rega
inadequadas, como a rega por sulcos, prevalente em muitas áreas e para muitas
culturas, resulta numa eficiência reduzida e gasto excessivo, particularmente
sensível num contexto de alterações climáticas. A rega por sulcos impede a utilização
de técnicas de mobilização mínima do solo, como a sementeira direta, implicando
a destruição da estrutura superficial do solo e logo de num conjunto de funções
importantes como o conteúdo em MO, que tem implicações na capacidade de
retenção de água, a “água verde”.
5. A dificuldade em manter a fertilidade de
pastagens para a criação de gado em regime extensivo, exige a introdução de
novas soluções, como a introdução de leguminosas, ou a utilização de diferentes
tipos de resíduos orgânicos, para aumentar a resiliência de ecossistemas
agrícolas extremamente ricos.
O projeto SoloC+ apresenta soluções que
começaram a ser testadas no âmbito de três projetos financiados pelo H2020, com
o intuito de aumentar a fertilização orgânica e a rotação de culturas de forma a
preparar a agricultura e a manter os solos europeus produtivos e saudáveis para
os desafios que se colocarão de forma aguda a curto prazo.
Os resultados do projeto SoilCare mostram que a
utilização de espécies de leguminosas de outono e inverno, para sideração, com
o intuito de produzir grandes quantidades de biomassa durante o inverno,
permite mitigar a lixiviação de nutrientes durante o período húmido, sequestrar
grandes quantidades de carbono e nutrientes na forma orgânica, permitindo
reduzir a lixiviação de nutrientes durante o inverno, usar a MO como fonte de
nutrientes para a cultura principal, controlar as infestantes e fornecer o revestimento
permanente da superfície do solo.
O P é disponibilizado para as plantas através da
dissolução, mineralização e adsorção. As bactérias podem aumentar o processo de
dissolução, converter P orgânico em H2PO4- ou
HPO42 e libertar o
P adsorvido, tornando o fósforo disponível para as plantas. As bactérias podem
assim ser um player importante no
aumento da eficiência da fertilização fosfatada e na maximização da
produtividade das culturas.
O uso do Biochar tem-se revelado muito
promissor na fertilização dos solos. Estudos recentes sobre a aplicação de
biochar e de fertilizantes silicatados em arrozais resultou numa diminuição significativa
das emissões de metano, um dos principais e mais nefastos GEE. Os ensaios foram
efetuados no extremo oriente, não existindo ensaios da sua aplicação no
contexto Português, o que compromete a transferência do conhecimento para os
agricultores.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
As alterações climáticas em concomitância com a
esperada redução da disponibilidade de fatores de produção derivados de
petróleo, em resultado da sua rarefação e das restrições ao seu uso, colocam
constrangimentos severos aos sistemas agrícolas, cerceando a capacidade de
manter os níveis atuais das colheitas e a fertilidade/saúde dos solos. Na
sequência dos projetos Europeus iSQAPER, SoilCare, e FairWay, o projeto SoloC+
apresenta um conjunto de inovações nos sistemas agrícolas para os tornar mais
adaptados e resilientes para enfrentar os desafios futuros.
SoloC+ apresenta soluções técnicas e sistémicas
com o potencial de mitigar os impactos sentidos pelas explorações agrícolas, promovendo
a otimização do uso dos fatores de produção, reduzindo ineficiências, numa
perspetiva de economia circular, diminuindo as perdas por lixiviação, e otimizando
a absorção de nutrientes.
Objetivos:
1. Avaliação da eficácia dos sistemas agrícolas
quanto à sua fertilidade, eficiência de uso da água de rega, capacidade de
retenção de carbono, usando metodologias de avaliação de ciclo de vida (ACV) para
aferir a pegada de água e de carbono.
2. Identificação de boas práticas destinadas a
melhorar a resiliência dos sistemas agrícolas e pecuários extensivos às
alterações climáticas, nomeadamente o uso de biochar, de compostos orgânicos,
de fertilização com silicatos, utilização de agricultura de precisão,
implementação de rotações com leguminosas durante o período de outono/inverno.
3. Usar a capacidade de bactérias para
solubilizar fósforo indisponível nas frações de P orgânico, P adsorvido e P
precipitado de modo a torná-lo disponível às plantas.
4. Demonstração e avaliação das diferentes práticas
em ensaios de campo (Living Labs), onde se procederá à avaliação de um conjunto
de indicadores de performance que permitam a comparação entre diferentes
técnicas.
5. Estabelecimento de balanços de carbono e
determinação da pegada da água de diferentes técnicas de rega para várias
culturas e sistemas agrícolas.
6. Com base nos dados dos Living Labs, serão
usados vários canais para transferir a informação e capacitar agricultores e atores
chave com responsabilidades no sector agrícola, através da utilização das TICs,
de dias abertos e de cursos técnicos curtos, publicação em revistas científicas
internacionais com revisão pelos pares, na tentativa de rebater os argumentos
da Comissão Europeia na questão da emissão de metano pelos campos de arroz.
Tarefas:
1. Recolha de informação sobre os fluxos de
água e fertilizantes e o estado dos solos em termos de matéria orgânica e
nutrientes para os sistemas agrícolas mais representativos da Região Centro
(arroz, milho, pastagens, hortícolas), de forma a usar técnicas de ACV para
determinar a pegada de água e de carbono dos diferentes sistemas agrícolas.
2. Revisão de boas práticas de adaptação às
alterações climáticas e a um mundo pós pico do petróleo, de forma a manter a
produtividade e resiliência dos solos. As soluções derivam em parte do
envolvimento do consórcio nos projetos H2020 supracitados, mas também da
revisão dos resultados de outros projetos e da revisão da bibliografia.
3. Testar a capacidade das bactérias para
solubilizar fósforo indisponível nas frações de P orgânico, P adsorvido e P
precipitado de modo a torná-lo disponível às plantas, em ensaios com lisímetros.
4. Instalação de campos experimentais (Living
Labs) para investigação, demonstração e difusão de boas práticas. Os Living
Labs serão instalados em Polos de Inovação do Ministério da Agricultura e nas
explorações de jovens agricultores, e servirão de base para a demonstração e
transmissão do conhecimento. As soluções incluem:
- Aplicação de Biochar em campos de arroz (para
reduzir as emissões de metano), milho, pomares, pastagens e hortícolas
- Aplicação de compostos orgânicos em campos de
milho, pomares, vinhas, pastagens e hortícolas
- Utilização de rotações com leguminosas.
5. Um esforço particular será colocado na
transmissão de conhecimentos e na capacitação dos agricultores, através de dias
abertos, cursos curtos e a utilização das novas soluções de TIC.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
O projeto SoloC+ assenta num esforço
colaborativo que se reflete no modelo de governança, em que existem dois tipos
de órgãos de gestão, onde as principais decisões são tomadas e onde é feita a
avaliação do desempenho e evolução do projeto:
O plenário dos investigadores, que reunirá com
uma periodicidade semestral, que assumirá a forma de um pequeno evento
científico e de divulgação, em que os parceiros apresentarão as suas
atividades.
A Comissão Executiva, que reúne os responsáveis
das tarefas com o coordenador do projeto, numa base mensal, para preparar as
ações futuras, monitorizar o desempenho e preparar estratégias de recuperação
caso seja necessário.
1 - IPC/ESAC/CERNAS, assegurará a coordenação
do projeto SoloC+, e estará envolvido em todas as tarefas, será o principal
responsável pela recolha e tratamento da informação da tarefa 1, em conjunto
com a DRAP-C, as Associações de regantes e com os Jovens Agricultores
envolvidos no projeto. Neste contexto, o IPC será responsável pelos estudos
usando técnicas de Avaliação de Ciclo de Vida [ACV]. O IPC será ainda o
principal responsável pela tarefa 2, dado o seu envolvimento em três projetos
H2020 nesta área temática, a experiência adquirida e as publicações em que os
membros da equipa são autores ou co-autores. Nesta tarefa, colaborará com a Universidade
de Aveiro [UA] que procederá à análise das soluções na sua área específica. O IPC
apoiará a UA nos seus ensaios (tarefa 3) e a DRAP-C e os Jovens Agricultores na
implementação dos ensaios de campo (tarefa 4), providenciando as metodologias
de avaliação de desempenho, em especial no que respeita às soluções de redução das
emissões de metano pelos arrozais, que se tornará em breve numa área de
conflito com a Comissão Europeia. Por fim, apoiará o COTHN-CC e as Associações
de regantes no seu esforço de transferência do conhecimento para os
agricultores e demais atores chave com responsabilidades no sector.
A DRAP-C terá como principal atividade a
coordenação dos ensaios de campo, que irão decorrer nos Polos de Inovação de
Coimbra e de Viseu e nos campos dos Jovens Agricultores associados a esta
iniciativa. Colaborará na recolha de dados para os estudos de ACV. Apoiará o
COTHN-CC e as Associações de Regantes na transferência de conhecimento para os agricultores.
O COTHN-CC. coordenará a elaboração de um plano
de disseminação dos resultados juntos dos agricultores, com a criação de dias
abertos para divulgação, criação de focus group com os agricultores e técnicos
da produção e realização de publicações técnicas. Será responsável por alguns
dos ensaios de campo, em especial no domínio das hortícolas e dos pomares.
A Universidade de Aveiro [UA] colaborará com a
tarefa 2 de revisão de boas práticas de adaptação às alterações climáticas, em
especial na sua área de especialidade, e coordenará a tarefa 3, dos ensaios da
utilização de bactérias para solubilizar o fósforo, tarefa em que terá o apoio
logístico do IPC.
A Associação dos Beneficiários da Obra de
Fomento Hidroagrícola do Baixo Mondego [ABBAIXOMONDEGO], colaborará com a
DRAP-C e o IPC nos ensaios de campo, na área do arroz, que se tornará em breve
muito problemático e para o qual urge encontrar soluções, e colaborará na
transferência de conhecimento para os agricultores.
A -Associação de Regantes e Beneficiários de
Idanha a Nova [ARBI] colaborará com a DRAP-C e os jovens agricultores nos
ensaios de campo e com o COTHN-CC na tarefa de disseminação dos resultados.
NUTRIPRADO, empresa de renome na área das
pastagens, apoiará a instalação de ensaios de campo, na área das pastagens e da
cobertura vegetal, e colaborará na disseminação do conhecimento.
Os Jovens agricultores: Carolina da Silva Gama;
Luís Filipe Afonso Estevão; Macário Filipe Matias Alves; Mónica Isabel Vaz Pinto
dos Santos e Tiago Dinis Silva - AGRO-PECUÁRIA, LDA, serão responsáveis pela
implementação de ensaios de campo nas suas explorações e colaborarão com a
divulgação dos resultados do projeto, através da demonstração em dias abertos
focados nos seus pares.
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