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IGEPP – Instalação e Gestão Eficiente de Povoamentos de Pinus e de outras resinosas madeireiras (ID: 153 )
Coordenador: SerQ – Centro de Inovação e Competências da Floresta
Iniciativa emblemática: 4. Adaptação às alterações climáticas
Data de Aprovação: 2021-11-15 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Coimbra
Identificação do problema ou oportunidade
O Pinheiro
bravo apesar da sua histórica importância no território nacional, tem vindo a
perder representatividade e a ser substituído por outras espécies, nomeadamente
o eucalipto. Os incêndios florestais, o Nemátodo da Madeira do Pinheiro e a
perceção pelos proprietários da lentidão no crescimento da espécie e a menor
rentabilidade em comparação com o eucalipto, conduziram a uma massiva
transformação da área de pinhal em área de eucaliptal. Esta transformação foi,
entretanto, estancada através de restrições legais que, juntamente com a clara
perceção por parte da indústria da fileira de pinho da insuficiência da oferta
de madeira existente no nosso país, produz uma oportunidade de excelência para
a instalação de povoamentos do género Pinus.
A elasticidade
edafoclimática apresentada por algumas espécies do género pinus, nomeadamente a
sua aptidão para solos com baixos e muito baixos teores de matéria orgânica, a
possibilidade de conduções silvícolas produtoras de multi-produtos ao longo do
ciclo de vida (estacas, postes, rolaria) e de muitos subprodutos (casca,
vedações, etc) e a existência de um mercado identificado e estruturado,
apresentam-se como os principais motivos para a sua importância no país.
Tal como para qualquer outra espécie
florestal ou agrícola, o seu cultivo deve ser dirigido por práticas silvícolas
ajustadas aos diferentes ambientes e que promovam a sustentabilidade da
capacidade produtiva do solo e das plantações florestais.
Um dos problemas comuns que sobressai na
gestão dos pinhais, principalmente no minifúndio, é o uso indiscriminado de
técnicas de instalação e de gestão/manutenção florestal desajustadas e/ou
dispensáveis, que não atendem às diferenças entre ambientes e à sua
sustentabilidade.
Enquanto na agricultura há muito que se tem
evoluído para reduzir/otimizar as práticas de gestão/manutenção, no meio
florestal português tal não acontece, perpetuando-se um conjunto de hábitos e
tradições erráticas e desprovidas de qualquer fundamento técnico.
Se, por um lado,
parte do desajuste das práticas está associado à indisponibilidade de
mecanismos de apoio à tomada de decisão que permitam a adoção das técnicas
adequadas (disponibilização de conhecimento e ferramentas), por outro lado, existe
uma baixa aceitação para mudanças na gestão por parte do produtor/proprietário
florestal.
Neste sentido,
emerge a oportunidade de promover a melhoria da gestão florestal de minifúndio,
através da criação de uma ferramenta de suporte à decisão na instalação e
gestão/manutenção dos povoamentos, procurando também promover a
sustentabilidade dos recursos e das plantações florestais.
Uma ferramenta
acessível e prática, que melhor a alocação e adaptação do género Pinus aos
terrenos e melhorar o sucesso na plantação (menos mortalidade) – e a gestão de
povoamentos – reduzindo o risco de incêndios florestais e a libertação de CO2
para a atmosfera.
De salientar que a disponibilização de
uma ferramenta semelhante, mas de apoio à decisão para a instalação de
povoamentos de eucalipto foi já materializada através do Grupo Operacional –
Instalação Eficiente de Povoamentos de Eucalipto, que se encontra em fase de
conclusão. Perante os resultados obtidos e a crítica de todos os que já tiveram
acesso à versão demo, acreditamos que faz todo o sentido replicar o modelo
usado para a fileira do Pinus.
Note-se que através desta iniciativa
temos a oportunidade de cumprir os objetivos gerais da Agenda e Investigação nomeadamente
através do seu contributo para a:
·
Criação de melhores condições para o aumento do
rendimento dos produtores florestais, tornando a atividade florestal mais
rentável, atrativa e competitiva, e da;
·
Promoção de uma silvicultura mais resiliente,
que proteja o ambiente, assegure a sustentabilidade dos recursos água, solo e
biodiversidade e contribua para a transição climática, alicerçada numa “Rede de
Inovação” com uma cobertura territorial significativa, que permita estimular o
desenvolvimento de um ecossistema suportado em inovação resultante da
incorporação de conhecimento e tecnologia.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Esta iniciativa pretende desenvolver
uma ferramenta de suporte à tomada de decisão para a instalação e manutenção de
povoamentos de Pinus e outras resinosas madeireiras, baseada em técnicas
silvícolas sustentáveis, eficientes e adequadas aos diferentes ambientes
florestais. Esta ferramenta user friendly
basear-se-á em variáveis ambientais facilmente mensuráveis pelo proprietário
florestal e permitirá identificar as práticas silvícolas mais adequadas, com
potencial de aumento de produtividade, com minimização de impactes ambientais e
promovendo a utilização de menos recursos energéticos.
A ferramenta ainda possibilitará uma
análise económica de custos, tendo por base uma estimativa das expetativas de
produção florestal para o ambiente em causa.
Objetivos específicos desta
iniciativa:
1. Desenvolver e implementar uma ferramenta de
apoio à tomada de decisão para a eficiente manutenção dos povoamentos de pinheiro-bravo,
que promova:
a) Eficiência das operações realizadas ao longo
do ciclo de vida do povoamento -
Promoção de uma gestão assertiva que minimize o número de operações
desajustadas/desnecessárias associadas a consideráveis consumos de energia fóssil.
b) Aumento do teor de matéria orgânica e melhoria
da estrutura do solo – Melhoria da fertilidade do solo, fomentando o aumento da
capacidade de retenção de água, maior conservação do solo e sequestro de
carbono.
c) Eficiência no uso da água e promoção da sua
qualidade através de utilização racional de fatores de produção. A ferramenta
indicará as formas mais eficientes e menos impactantes para o ecossistema, bem
como pelas janelas temporais ideais para aplicação de adubos, pesticidas,
herbicidas, entre outros.
d) Otimização/maximização da produção florestal,
respeitando todos os critérios de sustentabilidade, nomeadamente o ambiental.
e) Gestão
económica eficiente da produção florestal em consonância com a manutenção da
biodiversidade local e com a conservação do solo e da água.
f)
Prevenção e minimização do risco de incêndio através da gestão de combustíveis – indicação
dos métodos mais eficazes e eficientes para cada realidade e timings mais
adequados para o controlo da vegetação espontânea (CVE).
2.
Potenciar a
aprendizagem coletiva sobre as práticas de gestão florestal, nomeadamente as de
manutenção, promovendo o cultivo mínimo, e a sustentabilidade das práticas
testadas no cultivo do pinheiro bravo.
3.
Identificar
constrangimentos e barreiras no acesso ao conhecimento e informação necessária
para a introdução de inovações no domínio da sustentabilidade dos processos de
manutenção e gestão dos povoamentos de pinheiro bravo, desenvolvendo soluções
para as ultrapassar
4.
Promover a
disseminação e demonstração dos resultados junto dos utilizadores do
conhecimento, nomeadamente organizações de produtores florestais, gestores e
proprietários privados e públicos.
5.
Promover a
cooperação técnica entre as entidades que atuam nos domínios da gestão
florestal e fomentar o reforço da capacidade para a recolha de informações
sobre o “estado da arte” e monitorização ao nível regional, dando o seu
contributo para uma visão global.
Método de abordagem
Mediante introdução de um conjunto de
informação relevante de caracterização da sua propriedade, a ferramenta
informática a disponibilizar permitirá ao proprietário aceder às melhores
práticas de manutenção de um povoamento, nomeadamente ao nível da prevenção e
minimização do risco de incêndio (CVE), da fertilização do povoamento, da monitorização
e controlo de pragas e doenças, de ações de manutenção e gestão, entre outras.
Principais fases do plano de ação:
F1 – Identificação das áreas temáticas de
atuação; F2 – Seleção das condições típicas para ensaios de demonstração e
angariação de terrenos padrão para a realização de ensaios e recolha de
informação; F3 – Delineamento dos ensaios a implementar; F4 – Instalação,
monitorização dos ensaios e recolha de informação/material de divulgação
(vídeos ilustrativos das operações); F5 – Desenvolvimento dos conteúdos e
implementação da ferramenta; F 6 – Divulgação de resultados
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Para desenvolver
e implementar a ferramenta de suporte à decisão florestal para a instalação e
manutenção de povoamentos florestais com Pinus ou outras espécies madeireiras,
são necessários os seguintes procedimentos:
·
Condução
de testes comparativos/demonstrativos de práticas de instalação e manutenção de
povoamentos;
·
Relação
entre as variáveis ambientais e as práticas de instalação e manutenção;
·
Geração
de uma ferramenta capaz de determinar a aptidão para a espécie e adequar as
práticas de instalação e manutenção/gestão às diferentes condições ambientais
florestais
·
Implementação
da ferramenta em larga escala.
Na condução de
ensaios, será adotado o delineamento experimental de ensaios de blocos
causalizados, com quatro repetições, e os tratamentos serão avaliados
estatisticamente através da comparação por testes de médias. Ainda relativo aos
ensaios, serão relacionadas as variáveis de plantas e de solo com as diferentes
técnicas de instalação e manutenção.
Para a materialização da ferramenta, será
gerada uma matriz de decisão com as técnicas adequadas em cada ambiente testado
e custos associados, e gerada uma aplicação de fácil utilização ao produtor.
Na fase final do projeto, serão adotadas
diferentes metodologias de divulgação, nomeadamente a:
·
realização
de workshops temáticos em vários municípios da região, que potenciem a
capacidade demonstrativa da iniciativa.
·
produção
de material multimédia (vídeo) com forte capacidade de disseminação que permita
a divulgação dos resultados pelo maior número possível de pessoas.
·
promoção
de visitas aos locais de ensaio, para observação in loco dos resultados
obtidos.
Todos os produtos
serão disponibilizados de forma gratuita em plataforma on-line.
Esta iniciativa, e o desenvolvimento de toda a informação
que apoiará o utilizador (proprietário florestal) na tomada de decisão engloba
várias áreas de atuação e diferentes responsáveis.
Assim:
·
Identificação
das áreas temáticas de atuação, dos modelos de gestão a preconizar para a
realidade nacional e as operações silvícolas a contemplar em cada modelo.
Entidades: SerQ, OFA, ESAC, RAIZ, ANEFA
·
Seleção
das condições típicas para ensaios de demonstração, angariação de terrenos
padrão para a realização de ensaios, recolha de informação e definição dos
ensaios de demonstração a implementar
Entidades: OFA; ESAC; RAIZ; ANEFA ; Leitão & Cavaleiro; J.J.M. Esperança; Lindo&Moreira dos
Santos; GreenClon; Leal&Soares SerQ
·
Instalação,
monitorização dos ensaios de demonstração e recolha de informação e de material
de divulgação (vídeos ilustrativos das operações).
Entidades: OFA; ESAC; RAIZ; ANEFA ; Leitão & Cavaleiro; J.J.M. Esperança; Lindo&Moreira dos
Santos; GreenClon; Leal&Soares SerQ
·
Desenvolvimento
dos conteúdos e implementação da ferramenta e divulgação de resultados
Entidades: OFA; ESAC; RAIZ; ANEFA ; Leitão &
Cavaleiro; J.J.M. Esperança;
Lindo&Moreira dos Santos; GreenClon; Leal&Soares, SerQ
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