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Biowine Tech - Eco-sustentabilidade em vinha biológica com recurso a tecnologias emergentes (ID: 158 )
Coordenador: Universidade Nova de Lisboa
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2021-12-23 Duração da iniciativa: 2026-03-31
NUTS II: Centro NUTS III: Médio Tejo
Identificação do problema ou oportunidade
No âmbito do Plano de Ação
Europeu para o Desenvolvimento da Agricultura Biológica, em 2020, em Portugal, a
superfície agrícola utilizada em agricultura biológica foi de 322 039 ha, com
uma área em conversão de 50.185 ha, envolvendo 6795 operadores e 5945
produtores (i.e., relativamente a 2019, um acréscimo de 8,9%, 50%, operadores e
308 novos agricultores). Esta tendência traduz uma grande apetência por parte
dos consumidores para consumir alimentos obtidos em modo produção biológica,
contudo ainda prevalece uma grande margem de progressão para a produção e
transformação de produtos biológicos, pelo que subsiste ainda um grande
potencial de inovação que poderá traduzir-se em ganhos de competitividade e, de
forma consequente, mais valias económicas.
No contexto, das tecnologias
emergentes de última geração, surge a oportunidade para a criação de sistemas
de monitorização, controlo e gestão inteligentes, utilizando tecnologias IoT
(Internet of Things), tais como redes LoRa Peer to Peer que combinadas com
comunicação via rede celular/satélite pode monitorizar grandes áreas em tempo
real, com custos acessíveis. Todos estes dados podem ser armazenados em
servidores especializados para Big Data, podendo ser facilmente visualizados e
analisados. Tendo acesso aos dados através de uma API, podem utilizar-se
sistemas de Inteligência Artificial combinados, como Machine Learning para
processamento dos dados agregados dos vários sensores, e Image Processing para classificação
automática da evolução das culturas. Todo este conhecimento poderá ser ainda
agregado numa ferramenta única, simples e low cost para analisar de forma
eficiente diferentes culturas, gerando alertas quando detetados desvios aos
parâmetros desejados e oferecer recomendações aos agricultores. Neste sentido,
ter a capacidade de ter acesso à informação que permite uma tomada de decisão
ágil torna a atividade agrícola mais eficiente, mais rentável e aliciante.
A Viticultura Biológica depende
de diversos fatores nomeadamente da textura do solo, pH, nível de matéria
orgânica e nutrientes, pluviosidade. Requerendo, portanto, uma interface
solo/planta rica e estável, com um bom nível de matéria orgânica e com um pH
adequado (6.5 a 7.5). Neste enquadramento propõe-se a criação de um instrumento
de gestão de precisão e agregadora para otimização deste tipo de cultura,
considerando o/a: Binómio stress hídrico da planta e sua corelação direta com
qualidade da Uva; Potencial de produtividade com aplicação cirúrgica de B e Mg;
Ph do solo em valores de pH adequado (6.5 a 7.5); Qualidade e diversidade da
microbiota do solo (essencial nos sistemas em produção biológico, por
determinar a biodiversidade a par da ciclagem de nutrientes em sistema
stady-state). Torna-se assim relevante introduzir de forma eco-sustentável, um
sistema sensorial para integração e interpretação de dados baseados em
Inteligência Artificial (IA), como algoritmos de aprendizagem automática capaz de
medir e controlar todos os fatores que podem fazer variar este ecossistema,
nomeadamente a “vitalidade do solo”, sem o recurso à tradicional análise de
solo que apresenta custos elevados e cuja informação leva tempo. Este sistema irá
potenciar, o aumento de produtividade e a fixação de carbono no solo, bem como
a preservação da biodiversidade do ecossistema, constituindo uma ferramenta de
fácil acesso com uma interface intuitiva e simples, facilitando a gestão agrícola,
otimizando a sua produção e gestão de recursos.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Propõe-se o
desenvolvimento de uma plataforma IoT (Internet of Things) de apoio à gestão
que com técnicas de computação inteligente que possa controlar e gerir todos os
fatores que otimizam a atividade vitícola biológica. O acesso eco-eficiente a
esta informação será uma grande mais-valia ao gestor na tomada de decisão,
podendo obter um produto final com qualidade, com minimização de impactos
ambientais da cultura e gestão de recursos simples e agregadora. Este sistema permitirá
agregar dados vindos de uma rede local LoRa Peer to Peer, podendo cobrir uma
área extensa a custo reduzido, e enviar dados de uma forma eficiente para um
servidor na Cloud preparado para Big Data, que serão processados por algoritmos
que serão criados, tendo por base o conhecimento agrícola da espécie.
Numa primeira
fase dimensiona-se o sistema de monitorização, selecionando-se exatamente a
gama e tipo de tecnologia, considerando-se que a gestão da rega será especialmente
sensível para minimização e gestão do stress hídrico e manutenção da atividade
microbiota (intimamente ligada à variação de: - micro e macronutriente - Al,
Ca+Mg, P, C/N, MO, SB, argila; pH; porosidade do solo; condutividade do solo e
humidade). Propõe-se assim um sistema heterógeno de monitorização das variáveis
indexadas ao desenvolvimento do ciclo vegetativo da cultura (Imagens multiespectrais
para cálculo de índices NDVI recolhidas por Drones; Dendrómetros; Sensores no
solo - pH, condutividade, Micro e Macronutrientes, temperatura e humidade no
solo a diferentes profundidades e ar do solo; Sensores água de rega e caudalímetros;
Dados meteorológicos (de estações locais ou próprias); Sensores ao nível do
solo e das copas das árvores. Todo este sistema será sempre validado por análises
laboratoriais até que se comprove que o sistema é robusto o suficiente para que
o operador confie nos dados recolhidos.
O sistema e
informação gerada será compilada de forma simples e clara numa interface
gráfica simples (user-friendly) para utilização num computador, tablet ou
telemóvel e com diversos níveis de utilizador. Serão criados níveis de
utilização básicos apenas com acesso a alguns dados e alertas e sistemas com
maior nível de acesso a informação para um utilizador mais técnico. O sistema
será parametrizado com intervalos de confiança para os vários valores a
monitorizar, gerando avisos (email, sms, plataforma web) sempre que se verifiquem
valores fora desses intervalos e detetando fontes de poluição difusa. Com o
aumento da base de dados armazenada, o sistema irá adquirir a capacidade para prever/antever
situações anteriormente registadas e fornecer recomendações recorrendo a técnicas de Inteligência
Artificial (i.e., Machine Learnig o com Image Processing), de acordo com a
dinâmica temporal da cultura. Todas as operações e correções ocorrerão em
paralelo com a monitorização do estado da cultura, com recurso a índices NDVI
obtidos através de imagens multiespectrais capturadas por Drones, combinado com
o próprio crescimento da planta através de dendrómetros.
Essencial será
ainda o controlo da qualidade do produto final para que seja correlacionado no
algoritmo com todos os dados recolhidos. Assim o sistema será sempre validado a
três níveis: análises laboratoriais que confirmem as medições pelo sistema de
monitorização; análise do solo para confirmação dos dados extrapolados para microbiota
do solo; controlo laboratorial dos requisitos de qualidade do produto final
para confirmação dos resultados esperados pela gestão de alta precisão do
sistema.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
O
Departamento de Ciências da Terra (DCT) será o elo de ligação entre os
produtores agrícolas e a componente tecnológica a desenvolver durante o
projeto. Será através do DCT que serão efetuadas todas as análises
laboratoriais a nível do solo (tipo e teor em macro e micro nutrientes, matéria
orgânica, pH, condutividade), água (pH, condutividade – TDS, oxigénio
dissolvido, potencial redox, catiões – Na, K,Ca, Mg e aniões – HCO3-
; SO4 2-; Cl ,
NO3-, PO4 2-) culturas( caracterização da cinética de
micro e macro nutrientes, quantificação de fotoassimilados com análise por
infravermelhos e florescência, estado hidro da cultura, colorimetria CIELAB e
índice de permeabilização tecidular para a aferição de stresses potenciais.
Será também responsável por trazer o seu know-how a nível da análise dos
resultados da monitorização (dos sensores à imagens aéreas e aos drones) e seus
impactes na qualidade da cultura e interpretação da sua evolução ao longo do
tempo. O DCT levará a cabo a recolha das imagens de drones e SIGs (Sistemas de
Informação Geográfica) que posteriormente serão analisadas no algoritmo de
análise desenvolvido. Será ainda responsável pela incorporação do hardware, e
respetiva comunicação com o servidor, a nível da monitorização sensorial dos
solos, água, características físicas da planta, ar ambiente, estações
meteorológicas, e imagens recolhidas no local. Com base em todos os dados
recolhidos será desenvolvido um algoritmo de suporte à decisão do agricultor
onde o DCT, através do seu know-how técnico, fornecerá toda a informação
interpretativa e de análise dos dados que se implementará a nível de
programação e posterior integração com a User Interface (UI) a desenvolver para
consulta pelo produtor. Será também responsável pela arquitetura de aquisição
de dados quer a nível da escolha da base de dados quer da plataforma de
Internet of Things (IoT).
Relativamente
aos parceiros Agrobio e Quinta do Montalto serão, à semelhança dos restantes
produtores a integrar no projeto, responsáveis por disponibilizar o espaço para
a análise laboratorial das culturas, solos e água e alguns casos a
implementação do sistema de monitorização sensorial e de imagens. Os produtores
serão também essenciais na definição dos requisitos para a o crescimento da
cultura mantendo ao mesmo tempo os critérios de qualidade do seu produto final.
Todos estes inputs serão essenciais para, juntamente com o contributo do
DCT, alimentar o algoritmo de análise e interpretação criando a devida robustez
ao instrumento de suporte à decisão do produtor.
O
Centro de Competências para a Agricultura Biológica e para o Modo de Produção
Biológico CCBIO será o principal elo de ligação entre todas as partes
envolvidas no projeto, desde o DCT aos produtores a incorporar no presente
projeto. Como centro de competências do setor terá também um papel fundamental
na definição estratégica dos objetivos e metodologias do projeto para ir de
encontro com as necessidades do setor assim como com a estratégia a nível nacional
e europeia para o setor agrícola.
Importa ainda
salientar a atividade fundamental do presente projeto a nível de promoção e
divulgação dos resultados entre todas as partes. O DCT, sendo um centro de
investigação universitário levará a cabo ações de divulgação científica através
da redação de papers, teses de mestrado e participação em conferências
científicas da área. Através de prestadoras de serviços da DCT, PMEs tecnológicas poderão apresentar os resultados do presente projeto em feiras e
conferências empresariais do sector tecnológico aplicado à agricultura de
precisão, bem como através dos seus parceiros BCSD Portugal e Sinestecnopolo
com fortes competências para a disseminação de resultados. Os parceiros
Agrobio, Quinta do Montalto e o CCBIO, levarão a cabo a divulgação dos
trabalhos e respetivos resultados do projeto junto dos principais players
do sector agrícola, de forma a aproximar os desenvolvimentos de investigação
tecnológico com a aplicação prática na agricultura, através da presença em
feiras e eventos do sector.
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