Bolsa de Iniciativas PRR

 

Produção de Material Vegetativo de Videira – Seleção Massal de Castas Minoritárias (ID: 170 )
Coordenador: VITICERT - Associação Nacional de Viveiristas Vitícolas Produtores de Material Certificado
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-02-03 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
 
Identificação do problema ou oportunidade

A temática Territórios Sustentáveis é abrangente, pois a sustentabilidade de um território é conseguida através de um conjunto de fatores. Os espaços rurais desempenham um papel fundamental na sustentabilidade dos territórios, pois destas áreas provêm recursos indispensáveis à manutenção da vida das populações. O êxodo rural e a concentração das populações nos centros urbanos, com especial foco nas faixas etárias ativas, é um tema preocupante. O que se observa na prática, são regiões interiores cada vez menos habitadas, com escassez de emprego e serviços. A atividade agrícola tem um papel fundamental na inversão desta tendência, pois gera circulação de bens e emprego que podem permitir a fixação de recursos humanos. A sustentabilidade social, económica, ambiental, entre outros, não é conseguida com um único plano de ação, mas sim com um conjunto de ações que vão promovendo e valorizando os espaços rurais.

A promoção dos recursos existentes é um processo que não pode ser esquecido. O vinho é um produto importante a nível mundial e um dos mais importantes a nível nacional. A sua produção gera emprego, em toda a fileira vitivinícola, desde a produção de material de propagação vegetativa até à comercialização das uvas e do vinho. Os vinhos portugueses são reconhecidos a nível internacional e têm um peso considerável nas exportações nacionais, promovendo o reconhecimento internacional e a entrada de recursos financeiros no país. Devido à tradição vitivinícola, Portugal possui um vasto número de castas autóctones portadoras de diversidade genética no que respeita ao seu potencial produtivo, agronómico e enológico. Estas castas são potencialmente geradoras de produtos diferenciadores e de qualidade, contribuindo para uma melhor adequação da oferta à evolução do mercado, assegurando a sustentabilidade das empresas. Não obstante, muitas destas castas autóctones têm sido preteridas, deixando de fazer parte das escolhas dos viticultores, caindo a pouco e pouco no esquecimento. Estas castas, apelidadas de minoritárias, consequência do seu quase desaparecimento, constituem a nossa história ancestral e a ausência de material de propagação vegetativa com identidade e pureza varietal e em boa condição sanitária constituí o principal entrave à sua reabilitação cultural.

Se nada for feito para contrariar esta realidade , Portugal corre o sério risco de perder um património genético único no mundo, numa área tão importante para a economia nacional e com especial importância para os territórios rurais.

Existe um potencial por descobrir nas castas mais ancestrais. Não só a nível comercial, mas também no que toca à sustentabilidade ambiental. Estas castas constituem um importante recurso genético, pois são castas bem adaptadas às sub-regiões onde foram plantadas ou de onde surgiram, tendo algumas até mostrado estar melhor adaptadas a anos mais quentes, o que poderá ser uma mais valia no âmbito da resiliência contra as alterações climáticas. Importa promover ações de conservação destes recursos genéticos que, tal como aponta um dos objetivos da Agenda de Inovação 2030 (Terra Futura) “uma agricultura mais resiliente, que proteja o ambiente, assegure a sustentabilidade dos recursos (…) biodiversidade e contribua para a transição climática, alicerçada numa “Rede de Inovação” com uma cobertura territorial significativa (…)”.

Este ponto leva-nos ao outro problema. Apesar de haver alguns trabalhos no sentido de recuperar e promover algumas destas castas, as empresas multiplicadoras de material vitícola têm dificuldade em encontrar material em quantidade e com qualidade suficiente para propagação. Não obstante serem procuradas por consumidores sensibilizados para a experimentação de produtos diferentes, a escassez de material de propagação vegetativa não tem permitido satisfazer esse segmento de mercado. Frequentemente este material vegetal está infetado com vírus e outras doenças interditas pela certificação da videira, o que proíbe, desde logo, a sua comercialização. Consequentemente, a tendência é para este património genético ir desaparecendo, a não ser que se façam trabalhos de conservação e melhoramento, como o que pretendemos com este projeto. As castas mais antigas são um mundo por redescobrir, mas para tal é necessário haver material em quantidade e qualidade por forma a garantir a sustentabilidade económica dos viticultores e, sobretudo, dar continuidade à excelência dos vinhos portugueses produzidos com castas autóctones.

Assim, a conservação, manutenção e valorização de recursos genéticos e a disponibilização desse material no mercado, que possibilitará a renovação das vinhas, com grande expressão nos territórios rurais, são os dois principais problemas a que esta colaboração procurará dar resposta, sendo este apoio indispensável para o sucesso do projeto.



 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

O objetivo principal desta iniciativa é garantir a existência e circulação no mercado viveirista vitícola de materiais de propagação vegetativa das castas minoritárias, permitindo a sua recuperação, conservação e multiplicação. A possibilidade de ter estes materiais em circulação permite potenciar o aumento das exportações de produtos diferenciados e ligados às diferentes regiões, aos produtos endógenos e ao mundo rural, reforçando a competitividade internacional das pequenas e médias empresas portuguesas, criando melhores condições para o aumento dos rendimentos dos produtores, gerando emprego na área vitivinícola e promovendo a atividade nos territórios rurais.

A primeira fase será de prospeção, com o objetivo de identificar parcelas com as castas pretendidas e recolha de material vegetativo.

A análise varietal será efetuada recorrendo à caraterização molecular das plantas, sendo necessário adquirir equipamento para instalar um laboratório de biologia molecular.

As plantas prospetadas serão testadas sanitariamente e, se cumprirem os critérios de multiplicação definidos por Lei, serão plantadas no Pólo Experimental da VITICERT, no Pó (Bombarral).

A análise sanitária incidirá nos grupos de doenças mais graves na multiplicação de materiais vegetativos de videira: os vírus, as doenças do lenho e os fitoplasmas.

No caso dos vírus, as plantas serão testadas para os vírus interditos pela lei de multiplicação de materiais vegetativos de videira, sendo necessário implementar técnicas de deteção por ELISA ou por PCR (neste último caso em articulação com o laboratório de biologia molecular anteriormente referido para a análise varietal).

Se forem diagnosticadas doenças do lenho ou fitoplasmas, os materiais para multiplicação vegetativa serão sujeitos ao tratamento por imersão em água quente.

Ainda assim, e caso seja de todo impossível garantir que os materiais para multiplicação reúnam as condições sanitárias exigidas, poder-se-á recorrer à cultura in vitro para obter plantas isentas de doenças virais.

O material que demonstre ter qualidade será multiplicado e distribuído aos operadores económicos para plantarem vinhas-mãe. Os técnicos da VITICERT acompanharão todo o trabalho dos seus associados, por forma a que o material aí produzido tenha uma garantia adicional de qualidade.

Pretende-se conservar este património, para o qual será necessária disponibilidade de mão-de-obra especializada e recursos financeiros.

A segunda fase será a caraterização agronómica e enológica das castas recolhidas.

Serão desenvolvidas ações de divulgação e sensibilização sobre as potencialidades destes materiais e a necessidade da sua conservação e multiplicação, consequência do seu importante valor histórico, ambiental e económico.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

As áreas de trabalho e responsabilidades de cada parceiro são as seguintes: 

  •  VITICERT- prospeção, avaliação sanitária, conservação e manutenção das plantas de partida, difusão dos materiais

  •  Vitinascimento Unipessoal Lda. – pré-multiplicação

  •  INIAV Pólo Dois Portos/Estação Vitivinícola Nacional – análise varietal, sanitária, caracterização enológica e agronómica

  •  COTHN-CC – ações de divulgação e sensibilização para a utilização destes materiais

 

 


 
Interlocutor: Ricardo Nuno Nobre de Andrade Tente   Email interlocutor: randrade@viticert.pt   Email entidade: geral@viticert.pt