Bolsa de Iniciativas PRR

 

Rede para promoção de práticas sustentáveis em sistemas agrícolas com impacto nos territórios - RedeSusTERRA (ID: 184 )
Coordenador: COTHN - Centro Operativo Tecnológico Hortofrutícola Nacional
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-08 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Oeste
 
Identificação do problema ou oportunidade

A sustentabilidade dos territórios é suportada por diversos fatores de caráter económico, social e ambiental. O pilar ambiental é um dos mais relevantes, pois o património natural, gerido de forma criteriosa, disciplinada e pragmática permite construir uma base sólida que garante as outras vertentes, social e económica. Desta forma, viabiliza-se a fixação de população humana e gera-se riqueza local/regional e nacional de forma próspera e duradoura. Ademais, é o suporte ambiental que oferece um inúmero conjunto de bens e serviços complementares e gratuitos, indispensáveis à existência da espécie humana (eg, qualidade do ar, da água, saúde do solo, saúde e qualidade de vida). Portanto, a vertente ambiental é crucial na viabilidade da agricultura, um dos setores primários decisivo nos mecanismos para contrariar fenómenos de despovoamento, processos de desertificação e agravamento dos efeitos atuais das alterações climáticas. Assim, identificamos como oportunidade, a possibilidade de restabelecer/restaurar um conjunto de valores naturais que suportam os serviços ambientais que a atividade agrícola, por um lado potencia e que, por outro, usufrui pela resiliência que estas promovem à parcela, protegendo a atividade, o rendimento e fomentando a coesão sócio-economia local/regional e nacional. Esta oportunidade vem responder a relevantes problemas atuais, na atividade agrícola, em especial os de caráter emergente, que decorrem da baixa resiliência das parcelas com histórico de produção suportada em elevado consumo energético e pela crescente ineficácia das soluções disponíveis. Simultaneamente, assiste-se a um aumento de soluções e técnicas, altamente especializadas, verifica-se a capacitação crescente dos operadores, mas também se comprova o aumento preocupante da necessidade de intervir para regular situações limite. Destacam-se as populações descontroladas de organismos que constituem pragas e  doenças provocadas por agentes patogénicos de difícil resolução. A identificação destes problemas é altamente oportuna num contexto urgente de alterar/construir modelos produtivos mais adaptados, com abordagens holísticas, baseados em soluções que residem no próprio sistema. As designadas “nature-based solutions” ou soluções de elevado valor natural, integram práticas agrícolas, amplamente testadas e validadas em grande número de condições ecológicas e sistemas agrícolas pelo mundo. Estas práticas são conferentes de resiliência, principalmente através do fomento da biodiversidade e dos serviços que esta presta. A proposta consiste em introduzir práticas e elementos de alteração dos sistemas culturais, com a preocupação de garantia de rendimento, numa perspetiva de longo prazo, sempre com um cenário adaptativo aos episódios emergentes. Está provado que os processos, com menores níveis de inputs energéticos, suportados nos serviços dos ecossistemas, promovem elevados níveis de biodiversidade. É com a manutenção dessa biodiversidade que se garante o aprovisionamento dos nutrientes, do cumprimento dos ciclos, que se fomentam as relações tróficas, se potencia a proteção das culturas e o incremento da produção em termos qualitativos e quantitativos.

Esta iniciativa tem como oportunidade principal estabelecer um conjunto de indicadores concretos, tendo por base uma rede de experimentação de campos agrícolas, que permitirão aumentar o conhecimento, de forma comprovada, das diferentes práticas que se pretendem implementar. Estes indicadores são essenciais para comunicar e promover a adoção das práticas por parte dos agricultores e, assim, contribuir para um sistema de produção mais sustentável, competitivo e indo ao encontro dos objetivos e das estratégias para a promoção da biodiversidade , nomeadamente, Farm to Fork.

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

Com esta iniciativa pretende-se promover o crescimento do setor agroalimentar, de forma sustentável e resiliente, baseado no conhecimento, tecnologia e inovação. Pretende-se disponibilizar respostas simples e adequadas aos vários desafios, nomeadamente, proteção das culturas contra inimigos emergentes que ocorrem nos sistemas de produção; redução de inputs de síntese e dos riscos associados pela implementação de práticas agrícolas que potenciem sistemas de produção mais sustentáveis e os serviços de ecossistemas, assegurando a sustentabilidade dos recursos água, solo e biodiversidade e contribuam para a transição climática. Além da utilização dos recursos endógenos do setor  agrícola que contribuirão para a valorização dos serviços de ecossistemas e de algumas atividades como a apicultura,, perspetiva-se aumentar a competitividade,  atratividade e resiliência económica do setor. Estão na agenda de prioridades, também, as preocupações sociais, designadamente, a atração de mais jovens para os territórios rurais e atividade agrícola e a participação de mulheres na agricultura promovendo a desejável melhoria de indicadores em relação à igualdade de género. A iniciativa que se submete está alinhada com os objetivos estratégicos e operacionais a implementar até 2030 (Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas).

Face ao exposto, propõe-se o seguinte plano:

A1 - Identificação de problemas (constrangimentos) para a adoção de práticas mais sustentáveis, incluindo inimigos emergentes;

A2 - Adoção de novas práticas que permitam resolver constrangimentos na ótica de sistemas de produção mais sustentáveis, incluindo a sustentabilidade económica;

A3 - Adoção de práticas no âmbito do uso eficiente da água numa perspectiva de proteção das culturas contra os efeitos da geada;

A4 – Adoção de técnicas de monitorização e meios de proteção biotécnicos (e.g. captura em massa; confusão sexual; armadilhas inteligentes; mapas de risco);

A5 – Adoção de meios de proteção química – aplicação localizada; aplicação com atrativos; efeitos secundários de pesticidas (toxicidade aguda e efeitos sub-letais);

A6 – Aplicação de práticas de conservação da estrutura do solo e do seu biota (e.g. enrelvamento, mobilização mínima, culturas de cobertura, inoculação de micorrizas arbusculares e/ou práticas que levem ao incremento destes e outros microorganismos do solo);

A7 - Valorização de infra-estruturas ecológicas e garantir a funcionalidade de toda a biodiversidade, cumprindo os respetivos Serviços no Ecossistema Agrícola (infra-estruturas verdes – e.g. enrelvamento, faixas multifuncionais, sebes; e não-verdes – e.g. muros, amontoados de pedra) em corredores ecológicos (contínuos ou descontínuos) para fomento de populações de artrópodes auxiliares, polinizadores, parasitóides e predadores. Inclui-se a seleção das espécies vegetais para melhoria das infra-estruturas verdes com base nas espécies botânicas autóctones mais adequadas (características edafo-climáticas e morfológicas - e.g., nectários, flor, período de floração e ecológicas - e.g. polinização e antagonistas de pragas e doenças, baixo risco de repositório de inimigos para as culturas);

A8- Promoção da presença de predadores vertebrados (eg, morcegos, ouriços, aves insectívoras, aves-de-rapina) para diminuir a população de alguns invertebrados praga  e de roedores;

A9 - Proposta de melhoria de itinerários técnicos para sistemas de produção sustentáveis para os sistemas de produção selecionados, definição de estimativa do risco/ regras de tomada de decisão para inimigos-chave;

A10 – Definição de indicadores de eficiência (monitorização e avaliação) e de indicadores económicos (custo-benefício das medidas mesmo ao nível do impacto “real” na qualidade do produto agrícola);

A11 - Capacitação.

Os resultados obtidos a partir desta iniciativa são transponíveis para agricultura familiar e pequena agricultura e contribuem para a coesão territorial.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Todos os parceiros interagem de forma colaborativa sob coordenação do COTHN-CC, sendo o delineamento das atividades de investigação/inovação da competência do ISA, ESAS, INIAV e CEF/UC. As PME parceiras (setor hortofrutícola nas regiões alvo: Beira Interior, Ribatejo, Oeste e Sudoeste alentejano) disponibilizam os campos e implementam as atividades de investigação/inovação, discutidas e propostas pelo consórcio. O coordenador dinamiza a discussão dos resultados com a participação de todos os membros e a FNOP assegura a divulgação alargada dos resultados.

Apresentam-se as atividades e os parceiros por linha de ação:

LA 6.1.

A1- Identificação de problemas (constrangimentos) para a adopção de práticas mais sustentáveis incluindo inimigos emergentes, e.g. casos de estudo: cenoura – vetores de Candidatus liberibacter; do milho e tomate - Spodoptera frugiperda e fruticultura - Halyomorpha halys.

Entidades envolvidas: ISA, ESAS, COTHN-CC, PME´s

A2 - Adoção de novas práticas que permitam resolver constrangimentos na ótica de sistemas de produção mais sustentáveis, incluindo a sustentabilidade económica.

Entidades envolvidas: ISA, ESAS, UC/CEF, PME´s

A3 - Uso eficiente da água numa perspetiva do combate à geada.

Entidades envolvidas: Westfalia, ESAS

 

LA 6.2.

A4 - Adoção de meios biotécnicos e implementação de mini refúgios de auxiliares no interior de unidade demonstrativa de maçã.

Entidades envolvidas: Polo de Alcobaça/INIAV, ISA, UC/CEF, COTHN-CC, PME´s

A5 - Adoção meios de proteção química compatíveis com a sustentabilidade dos territórios (e.g. aplicação localizada; aplicação com atrativos; efeitos secundários de pesticidas (toxicidade aguda e efeitos sub-letais).

Entidades envolvidas: ISA, ESAS, PME´s

A6 - Aplicação práticas de conservação da estrutura do solo e do seu biota. Aplicação de culturas de cobertura, inoculação de micorrizas arbusculares e/ou práticas que levem ao incremento de microorganismos do solo em culturas hortícolas e aplicação de práticas de conservação e melhoria da estrutura do solo na linha dos pomares.

Entidades envolvidas: Polo de Alcobaça/INIAV, ESAS, Fertiprado, PME´s

 

LA 6.3.

A7 - Valorização de infraestruturas ecológicas para promover a conectividade da paisagem e fomentar populações de artrópodes auxiliares, através do restauro de zonas não cultivadas pré-existentes e da implementação de infraestruturas com seleção de espécies de plantas autóctones adequadas e adaptadas às condições edafo-climáticas da região.

Entidades envolvidas: COTHN-CC, ISA, ESAS, UC/CEF, PME´s

A8 - Promover a intensificação do uso das áreas agrícolas pelos vertebrados predadores de pragas agrícolas através da colocação de estruturas de abrigo/refúgio, alimentação (e.g. bebedouros) e de pouso.

Entidades envolvidas: COTHN-CC, PME´s

LA 6.5.

A atividade A7, referida anteriormente, dá resposta a esta linha de ação.

A partir dos resultados obtidos nas atividades associadas às LA 6.1, 6.2, 6.3 e 6.5 serão realizadas as atividades A9, A10 e A11.

A9 – Elaboração de itinerários técnicos para sistemas de produção sustentáveis das principais culturas-alvo e definição de estimativa do risco/regras de tomada de decisão para inimigos-chave: pomóideas; amendoal, cerejeira, pequenos frutos; hortícolas protegidas, culturas horto-industriais, milho.

Entidades envolvidas: ISA, ESAS, UC/CEF, COTHN, PME´s

A10 - Definição de indicadores de eficiência (monitorização e avaliação) e económicos (custo-benefício das medidas mesmo ao nível do impacto “real” na qualidade do produto agrícola).

Entidades envolvidas: ISA, ESAS, UC/CEF, COTHN-CC

A11 - Ação de capacitação

Com o objetivo de levar a adoção das práticas estudadas será criado uma rede de campo pilotos numa lógica de Living Labs e Field Schools, nos quais serão realizadas atividades de demonstração e que serão a base da capacitação junto de técnicos e produtores. Será montado um laboratório no COTHN-CC, com o apoio da UC/CEF, que servirá de suporte às diferentes práticas nas explorações agrícolas.

Entidades envolvidas: COTHN-CC, UC/CEF, ESAS, ISA, FNOP

 
Interlocutor: Maria do Carmo Martins   Email interlocutor: carmo@cothn.pt   Email entidade: carmo@cothn.pt