Bolsa de Iniciativas PRR

 

PEGADA 4.0 – Sustentabilidade da Atividade Agrícola Suportada por Processos e Tecnologias Inteligentes (ID: 197 )
Coordenador: Universidade de Évora
Iniciativa emblemática: 8. Agricultura 4.0
Data de Aprovação: 2022-03-08 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Alentejo NUTS III:  
 
Identificação do problema ou oportunidade
Os desafios societários emergentes revelam que a produção de alimentos terá que aumentar em 70% até 2050 (FAO) para satisfazer uma população de cerca de 10 biliões de habitantes. Tal crescimento ao nível da produção alimentar produzirá inevitavelmente um conjunto de PEGADAS que convém considerar, nomeadamente as pegadas: i) climática (CO2); ii) hídrica; iii) de poluição difusa (nutrientes); iv) de biodiversidade; v) de paisagem; e vi) social. Recentes políticas da União Europeia (UE), “Green Deal”, “Farm to Fork” e Política Agrícola Comum (PAC), identificam claramente os desafios Europeus neste âmbito. Do ponto de vista da pegada climática, a Agricultura foi responsável por 10 % das emissões totais de gases com efeito de estufa (GEE) da UE em 2012. Entre 2001 e 2011, o resto do mundo viu as suas emissões globais na produção agrícola e pecuária aumentarem em 14 %, sendo esta tendência crescente face à maior procura mundial de alimentos e à alteração dos padrões de consumo alimentar resultantes do aumento dos rendimentos em alguns países. Se hoje mesmo resolvêssemos o problema da neutralidade climática e das emissões dos GEE não conseguiríamos, seguramente, resolver o problema da preservação da paisagem e da biodiversidade, dois dos fatores mais importantes na preservação de determinado tipo de Serviços do Ecossistema (SE) que também urge preservar e de que o planeta depende. Tendo em conta a importância fulcral da alimentação na vida humana e da necessidade crescente em produzir mais alimentos, continuará a ser muito difícil reduzir as PEGADAS da atividade agrícola e nesse sentido considera-se que existe aqui uma oportunidade para a proposta do projeto PEGADA 4.0. O desafio das novas tecnologias em agricultura, para além da sustentabilidade económica, terá que estar alicerçada à sustentabilidade climática, hídrica, ambiental e de biodiversidade como forma da produção alimentar crescente se tornar independente dos recursos naturais que urge preservar. Neste contexto, a consecução destes objetivos exige o estabelecimento de soluções inovadoras e sustentáveis apoiadas em novas tecnologias e assentes numa abordagem holística, na qual a promoção da digitalização associada às técnicas de agricultura de precisão têm um papel capital. Estes são os princípios que motivaram a constituição do presente consórcio PEGADA 4.0, onde as diferentes entidades que o constituem aportam competências nucleares ao sucesso da mesma e da agenda em questão.
 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Face aos desafios societários existentes e às políticas lançadas pela União Europeia, a iniciativa PEGADA 4.0 irá centrar-se fundamentalmente em duas dimensões: i) uma associada à política “Farm to Fork”, muito focada na otimização das pegadas hídrica e de poluição difusa; e ii) outra associada à política “Green Deal”, muito focada nas pegadas climática (CO2), de paisagem e de biodiversidade. Cada uma destas dimensões será depois analisada em distintas escalas: i) a escala do satélite cobrindo todas as explorações dos sócios com CAE agrícola que farão parte do consórcio (~10000 ha) e dentro dessas explorações as distintas parcelas em campanha; ii) a escala do drone (~1000 ha) cobrindo as explorações onde serão desenvolvidos trabalhos de pesquisa de maior detalhe como suporte ao trabalho experimental das distintas equipas; iii) a escala dos sensores cobrindo as zonas de gestão AGRO e ECO (~100 sensores = dados alfanuméricos, numéricos, imagem, áudio, vídeo) na realização de trabalhos mais ao nível das relações solo-água-planta e na contabilização de todos os indicadores associados aos aspetos da biodiversidade (avifauna, morcegos, insetos, diversidade florística, etc.); e iv) a escala dos algoritmos onde serão desenvolvidos instrumentos de apoio à decisão, bem como, técnicas de inteligência artificial (aprendizagem automática) que serão utilizadas na deteção automática de padrões associados a doenças, pragas e anomalias a partir do “big data” coligido por toda a infraestrutura de sensores utilizados no âmbito desta proposta. Do ponto de vista operacional, os satélites irão segmentar as explorações dos distintos sócios com CAE Agrícola do projeto em dois grandes ecossistemas: i) os ecossistemas mais ao nível da produção de alimentos (AGRO); e ii) os ecossistemas mais ao nível da produção de natureza (ECO). Dentro do ecossistema AGRO (produção de alimentos) e considerando a variabilidade encontrada serão selecionados locais onde serão desenvolvidas amostragens inteligentes (e.g., solo-água-plantas, pragas, doenças, insetos auxiliares, etc.) como forma de otimizar pesticidas, fertilizantes minerais e água considerando diferentes tecnologias de avaliação (sensores: condutividade elétrica do solo, sondas de humidade do solo, sondas NIR, armadilhas eletrónicas de insetos…) e distribuição (atuadores: tecnologias ISOBUS na comunicação entre tractores+Alfaia, guiamento automático, balizamento eletrónico, cortes de secções, etc.) de fatores de produção a uma taxa variável (VRT, VRI) e como forma de reduzir as pegadas hídrica, de poluição difusa e climática (CO2). Dentro do ecossistema ECO (produção de natureza) e considerando a variabilidade de habitats encontrada serão selecionados locais onde serão desenvolvidas amostragens inteligentes (e.g., florística, avifauna, morcegos, insetos, etc.) como forma de perceber como é que a tecnologia nos pode auxiliar a avaliar de forma rápida e barata este tipo de serviços, bem como, potenciar os mesmos no que toca à redução da erosão do solo, recarga de aquíferos, aumento do sequestro e stock de carbono e aumento da biodiversidade (e.g., florística, polinizadores, insetos auxiliares, etc.). Para este último fim serão utilizados diferentes tipos de tecnologias, nomeadamente, sensores eletrónicos onde o registo da imagem, do áudio e do vídeo ajudarão a contabilizar e a perceber como reduzir as pegadas de paisagem e de biodiversidade normalmente associadas à atividade agrícola.
 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

MED (UÉvora): Face à sua experiência e competência técnico-científica no âmbito da agricultura 4.0, alicerçada em vários projetos de investigação e mais de 100 artigos científicos publicados nesta área, será a instituição líder do consórcio com responsabilidades ao nível da coordenação do mesmo e participando de forma mais generalizada nas distintas pegadas em estudo no âmbito do projeto, de forma especial na pegada da paisagem.

ISA (ULisboa): Face à sua experiência e competência no âmbito da agricultura geral e da rega, alicerçada em vários projetos de investigação e publicações científicas nesta área será a instituição que liderará os aspetos que tenham que ver com a pegada hídrica, participando também de forma mais ativa nas pegadas de poluição difusa e pegada climática (CO2).

E. Sup. Ag. de Santarém: Face à sua experiência e competência no âmbito da agricultura de regadio (hortícolas e agroindustriais), alicerçada em vários projetos de investigação e publicações científicas, será a instituição que liderará a pegada de poluição difusa, participando também de forma mais ativa nas pegadas hídrica e climática (CO2).

E. Sup. Ag. de Beja: Face à sua experiência e competência no âmbito dos cereais de sequeiro e regadio, bem como na agricultura de conservação, alicerçada em vários projetos de investigação e publicações científicas, será a instituição que liderará a pegada climática (CO2) buscando soluções ao nível dos sistemas de agricultura, monitorização das culturas, uso eficiente dos recursos e fatores de produção e participando também de forma mais ativa nas pegadas hídrica e de poluição difusa.

CISUC+CEF (UCoimbra): Face à sua experiência e competência no âmbito dos algoritmos de aprendizagem automática e no uso destes algoritmos para o cálculo da riqueza especifica da biodiversidade, será a instituição que liderará a pegada de biodiversidade buscando soluções tecnológicas ao nível dos sensores locais e do processamento de sinal como forma de mapear e quantificar os indicadores de biodiversidade.

Agroinsider: PME Agrotech com selo de excelência europeu, selo Eureka no âmbito dos algoritmos de inteligência artificial e selo de idoneidade de investigação concedida pela ANI, será a instituição que integrará dentro da sua tecnologia atual (WebApp - smartAG.com), toda a tecnologia com valor social desenvolvida no âmbito do projeto, sendo por isso responsável pela pegada social. A socialização da tecnologia e dos processos digitais, bem como, o seu impacto nos distintos pilares societários são aspetos a considerar no âmbito deste projeto pela Agroinsider.

INIAV: Face à sua experiência em diversidade genética, alicerçada em vários projetos de investigação e publicações científicas, a instituição disponibilizará variedades distintas de cereais e leguminosas-grão para que possam ser avaliados em distintos de sistemas de agricultura, culturas de cobertura, agricultura regenerativa e participando também de forma mais ativa nas pegadas hídrica e de biodiversidade.

InovTechAgro: o InovTechAgro estará representado neste projeto pela sua Entidade Gestora, ANPROMIS. As ações previstas no âmbito desta candidatura incidirão na transferência do conhecimento junto dos agricultores nacionais, organizando ações de campo e os workshops que se julguem relevantes. Caberá também ao InovTechAgro articular com os restantes parceiros (ANPOC) a seleção dos agricultores que deverão integrar esta candidatura. 


Agro Vale Longo, Lda, António Colaço, António Palminha,  Mencoca Agricultura, Pereira Palha Agricultura, Lda e Quinta da Cholda SA , asseguram os trabalhos experimentais do projeto com as suas parcelas e atividades. 
  



 


 
Interlocutor: José Rafael Marques da Silva   Email interlocutor: jmsilva@uevora.pt   Email entidade: investigar@scc.uevora.pt