Bolsa de Iniciativas PRR

 

Nome da Iniciativa AGRIPAM.PT - Sistema integrado de apoio à decisão para uma agricultura sustentável baseada na valorização de plantas aromáticas, medicinais e condimentares portuguesas (ID: 198 )
Coordenador: Universidade de Coimbra
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Coimbra
 
Identificação do problema ou oportunidade

As plantas aromáticas e medicinais (PAM) ocupam no mapa de produção nacional um papel importante na diversificação e resiliência das áreas rurais. Trata-se de um recurso local, cuja exploração não implica níveis de tecnologia muito elevados, com grande capacidade adaptativa e várias oportunidades (de mercado e não só), muitas vezes desconhecidas dos produtores por falta de informação e conhecimento. Por essa razão, o projeto AgriPAM.PT enquadra-se perfeitamente nesta Iniciativa Emblemática.

Criar oportunidades pressupõe conhecimento de potencialidades e riscos, bem como demonstrações de como inovar. No caso particular do projeto AgriPAM.PT, estes dois vetores (conhecimento e inovação) vão ser desenvolvidos, com base no cruzamento do conhecimento (tradicional, técnico e científico), na partilha de informação online entre produtores e investigadores, na experimentação prática com vista à demonstração de resultados e tendo em vista diferentes aplicabilidades, entre as quais se destaca a dinamização produtiva, a resiliência empreendedora e a sustentabilidade territorial das PAM.  

Não existe neste momento nenhuma ferramenta de apoio à decisão para produtores de PAM. Nesse sentido, o AgriPAM.pt irá dar resposta a diversos problemas identificados no setor:  
- dispersão de informação (silos de informação em várias entidades) sobre o valor das plantas (patrimonial, genético, etc), associando-se o enorme risco de perda de conhecimento de práticas tradicionais com plantas (etnobotânica);
- há territórios alvos que são importantes desenvolver em termos de conhecimento científico dadas as suas características; 
- há falta de assistência técnica sistematizada e especializada aos agricultores;
- não existe um sistema de recomendação ao agricultor quanto ao uso das PAM;
- o conhecimento científico está pouco sistematizado, estruturado e integrado com o setor produtivo, o que não promove sinergias e dificulta o crescimento sócio-económico do sector das PAM; 
- há um grande desconhecimento por parte dos agricultores sobre o potencial das plantas endógenas (ambiental, económico, produtivo, etc.), e consequentemente da sua aplicação para a sustentabilidade dos territórios e  atratividade ao investimento;
- são utilizadas diferentes escalas nos estudos das PAM, é necessário uniformizar a escala de observação para uma melhor extrapolação e valorização na agricultura;

Há pois necessidade de recuperar a ancestral ligação com os seus espaços de ecossistema - conhecer, respeitar e valorizar essa riqueza e biodiversidade. É preciso dar a conhecer o património imaterial do conhecimento tradicional e botânico colocando-o ao serviço da comunidade para o bem-estar social, económico e turístico. Por outro, a sustentabilidade do sector requer a associação a redes de informação que promovam a sistematização de conhecimento, a partilha de boas práticas, a criação de mindset empreendedor e inovador. Também as recomendações validadas sobre as melhores oportunidades para capitalização de usos são fundamentais, quer estes estejam associados ao sistema produtivo, quer estes estejam associados ao sistema ecológico.

As relações de proximidade e de partilha a fomentar com os produtores através deste projeto, com a devida mentoria da equipa científica que dará suporte à plataforma a que estarão envolvidos, possibilitará a criação de um contexto favorável para o reforço do seu empreendedorismo e para a inovação nas espécies que já usam ou possam vir a usar.
 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver


Neste projeto será criado um sistema integrado de apoio à decisão dos agricultores que fomente uma agricultura mais sustentável e uma maior sustentabilidade do setor agrícola e dos territórios com base na valorização das plantas aromáticas e medicinais (PAM).
Também aposta em espécies vocacionadas para determinados territórios, com características específicas (ex: tolerância a stress hídrico, adaptação a solos inférteis, etc) e permitirá uma gestão eficiente de recursos naturais como a água e  solos, contribuindo para a manutenção da biodiversidade. O reconhecimento do potencial bioativo das espécies com validação científica é essencial para a valorização dos recursos endógenos, criando valor na cadeia e contribuindo para  uma maior sustentabilidade do setor agrícola.

Esta iniciativa divide-se em dois objetivos principais que se organizam em várias ações: 1. Avaliação de PAM em campos experimentais (localizados em zonas semi-áridas e áridas e de baixa densidade, para fomentar a sustentabilidade) e 2. Criação de uma plataforma digital (INTERACTIVE_PAM) integradora de informações sobre PAM portuguesas e condições edafoclimáticas, que servirá de ferramenta de decisão para o setor agrícola, essencialmente.
 
As espécies de PAM selecionadas serão cultivadas em campos de experimentação, no Norte, no Centro e no Alentejo. Será avaliada a sua adaptabilidade, bem como monitorizada a sua composição química e rendimento em óleo essencial. As finalidades destes testes in loco será avaliar as PAM como: barreira de incêndios; adjuvantes das culturas (biocidas, repelentes, enriquecimento dos solos, atração de polinizadores); matéria-prima para desenvolvimento de produtos (cosméticos, alimentares, farmacêuticos); infusões e condimentares.
 
Adicionalmente, serão desenvolvidos Jardins Produtivos que servirão de laboratórios vivos e como projeto piloto para a implementação de corredores ecológicos de PAM no país.
 
Outra componente  importante das PAM, e sobre a qual este projeto incidirá, é o seu contributo na produção do mel.  Apicultores parceiros deste consórcio irão ter culturas de PAM melíferas autóctones, que serão testadas para  avaliar o seu potencial como/na:  barreira de incêndios; criação de mel diferenciado; saúde das abelhas.
 
As populações de PAM com resultados mais promissores serão propagadas pelos parceiros de biotecnologia do consórcio, garantindo um fornecimento para futura exploração.
 
A visibilidade do projeto será assegurada pelo website e pela plataforma INTERACTVE_PAM. A plataforma, a desenvolver com tecnologia open source para aplicações web e mobile, funcionará como ferramenta colaborativa entre produtores e investigadores e dará suporte à decisão/recomendação sobre oportunidades de capitalização e inovação no sector das PAM. Para além da informação sobre as PAM, terá associada informação edafo-climática que permitirá avaliar o score de aplicabilidade e boas práticas dos usos das PAM em função dos resultados dos campos experimentais. Esta plataforma servirá como um canal de interação com os produtores para a rastreabilidade de oportunidades de negócios que sejam passíveis de análise ou mentoria por parte da equipa científica do projeto.
O AgriPAM.PT irá criar oportunidades em mercados de tipologia diversificada e acrescentar valor às PAM dos territórios de baixa densidade, tendo por base o conhecimento etnobotânico nesses territórios, salvaguardando desse modo o património natural e cultural, e propondo novas ou ancestrais aplicações.
 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Este consórcio é constituído por 19 parceiros:
 
Universidade de Coimbra 
Coordenação e Gestão de Projeto.
Será responsável também por: identificar as PAM a colocar entrada na plataforma INTERACTIVE_PAM; herborizar todas as espécies; disponibilizar as fotos dos exemplares secos e das plantas vivas; mapear as estruturas secretoras; colaborar na compilação de informação etnobotânica; compilar os dados de caracterização química das PAM; monitorizar a produção de metabolitos secundários através da caracterização dos óleos essenciais das PAM em experimentação.
 
MORE
Coordenação da atividade de levantamento etnobotânico.
Será responsável também por: compilação dos dados etnobotânicos disponíveis das espécies; colaboração nas estratégias de comunicação do projeto; colaboração na interface com os campos experimentais de PAM e com os apicultores.
 
INIAV
Coordenação da atividade de conservação dos recursos genéticos de PAM.
Será responsável também por: conservar os recursos genéticos de PAM – colheita e conservação (em frio, campo e in vitro) de material genético das espécies; colaborar na compilação de informação etnobotânica, informação sobre a conservação e valorização deste grupo de espécies - disponibilização dos dados com valor agronómico/etnobotânico/inovador disponíveis e com origem nacional de espécies de PAM; apoiar na elaboração de itinerários técnicos - elaboração de protocolos de boas práticas; colaborar na capacitação de produtores; participar nas ações de comunicação.
 
InovCluster
Coordenação da atividade de comunicação e disseminação.
Será responsável também por: organizar ações de benchmarking entre produtores e entidades (nacional e/ou internacional); criar casos de boas práticas ou casos de sucesso; criar boletins de tendências de consumo e de mercado ao nível das PAM (subsetoriais com periodicidade a definir).
 
ADCMoura
Coordenação da atividade de formação e capacitação dos produtores.
 Será responsável também pela interface com as empresas/produtores/campos experimentais/apicultores.
 
 Associação CBPBI
Coordenação da atividade de estabelecimento de culturas in vitro para futuro scale up por parte das empresas de biotecnologia (DEIFIL e Quality Plant).
 
ResponsAIble 
Responsável por: plano de sistematização da informação; elaboração da plataforma INTERACT_PAM; supervisão da compilação e upload dos dados na plataforma e assegurar a manutenção corretiva da plataforma na vigência do projeto.
 
Deifil e QualityPlant
Empresas de biotecnologia responsáveis pelo scale up de PAM selecionadas e previamente estabelecidas in vitro pelo CBPBI.
 
Tiago Relhas (TouchFlowers - MaisErvas); Joaquim Morgado (Ervital); Conceição Matos (Planalto Dourado Exploração Agrícola, Lda); Henrique Sanches Manso (Ervas da Zoé); Raquel Alves (Ervitas Catitas) e Vitor Menas (D’Alenguadiana)
Produtores responsáveis pelo desenvolvimento dos campos de experimentação de PAM
 
Graça Saraiva (Ervas Finas)
Responsável pelo desenvolvimento de Jardins Produtivos que irão servir de laboratórios vivos e projeto piloto para o desenvolvimento de corredores ecológicos de PAM no país.
 
Lousamel 
Responsável pela monitorização da saúde das abelhas provenientes de apiários de produtores envolvidos no projeto que irão avaliar a influência das PAM selecionadas.
 
Luís Correia (Apimonte) e Rui Ferreira (Mel do Rui)
Apicultores responsáveis pela avaliação de: PAM como barreira de incêndios; PAM autóctones para criação de mel diferenciado; PAM que melhoram a saúde das abelhas.
 
Interlocutor: Célia Cabral   Email interlocutor: celia.cabral@fmed.uc.pt   Email entidade: dapi@uc.pt