Bolsa de Iniciativas PRR

 

Sustentabilidade Territorial - Valorização pela Alimentação (ID: 199 )
Coordenador: Instituto Politécnico da Guarda
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-08 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Beiras e Serra da Estrela
 
Identificação do problema ou oportunidade

O problema identificado e ao qual o presente projeto pretende dar resposta é a existência, na região abrangida pela NUT III das Beiras e Serra da Estrela e Beira Baixa(território de incidência do projeto), de um agroecossistema muito debilitado, assente em pequena agricultura e agricultura familiar de baixos rendimentos, numa força de trabalho envelhecida e de baixas qualificações e em sistemas de produção tradicionais sem criação de valor acrescentado regional, que não garante a sustentabilidade ambiental, económica e social deste território, deixando-o particularmente sujeito aos efeitos nefastos resultantes das alterações climáticas. 

O setor agrícola regional é caraterizado por uma atratividade quase nula para novos investidores e/ou para trabalhadores altamente qualificados que possam aportar a inovação necessária para a competitividade e sustentabilidade das fileiras associadas aos setores agrícola e agroalimentar. Paralelamente a região de abrangência do projeto dispõe de entidades de I&I, tais como os estabelecimentos de ensino superior com atuação nas áreas das ciências agrárias, os centros tecnológicos especializados e os centros de competências reconhecidos, capazes de produzir e disseminar o conhecimento e as tecnologias necessários para estimular o aparecimento de uma agricultura mais inovadora, mais eficiente e mais sustentável.

Responder a este problema e ao desafio de juntar de forma eficaz os centros de conhecimento com as empresas em prol do desenvolvimento de um agroecossistema mais resiliente às alterações climáticas, assente numa agricultura competitiva e que simultaneamente preserve os recursos naturais, tem hoje uma oportunidade que urge aproveitar e que se baseia no reconhecimento, por parte da sociedade, das questões relacionadas com a garantia de segurança alimentar e nutricional, com a conservação da biodiversidade e dos recursos naturais e com os desafios associados .

A introdução da inovação agroalimentar nesta conjunção permitirá uma valorização territorial que pode ter impacto positivo no desenvolvimento da agricultura, pela introdução da inovação, no turismo, pela atração gastronómica associada, na sociedade, pela atratividade da qualidade de vida menos urbana. 

Por outro lado, o que comemos influencia o que e como produzimos, adquirimos, distribuímos e os alimentos que descartamos, bem como os impactos dos recursos naturais utilizados ao longo de todo o processo. Algumas dietas territoriais têm-se mostrado potencialmente capazes de reverter essas tendências de forma positiva, contribuindo para que se atinja um equilíbrio entre a saúde, nutrição e as diferentes dimensões da sustentabilidade, ou seja, ambiental, económica e cultural, de modo a destacar-se por ser nutritiva e sustentável. 

Tem o valor agregado de, enquanto dieta territorial, poder funcionar como uma alavanca para o desenvolvimento económico, contribuindo para a economia local, criação de empregos e inclusão de todos os segmentos da população, preservando a biodiversidade, revitalizando e introduzindo inovação nas práticas tradicionais de produção e contribuindo para a paz social.

A tendência mundial de reconhecimento da importância da alimentação saudável e da sua relação indissociável à preservação dos recursos naturais, será um catalisador decisivo para a valorização dos produtos locais produzidos de forma sustentável e, por arrastamento, um impulso decisivo para a inovação na agricultura das regiões de interior e nos seus produtos endógenos


 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

O Suster+ apresenta-se como uma nova abordagem ao problema da fragilidade do agroecossistema dos territórios do interior da NUT III Beiras e Serra da Estrela e Beira Baixa que, atuando de forma integrada com base nas tendências de mercado consumidor, vai criar um conjunto de instrumentos assentes em conhecimento e tecnologia para a inovação dos setores agrícola e agroalimentar ligados a produtos endógenos e tradicionais, os quais serão transferidos aos agentes económicos destes setores sobretudo através de ferramentas de economia digital.

O Suster+ tem o objetivo geral de fortalecer a competitividade das PMEs através da transferência de tecnologia e inovação para o uso eficiente dos recursos nos sistemas agrários, para a economia circular, sustentabilidade, descarbonização e preservação da biodiversidade e para a valorização e recuperação de produtos típicos e tradicionais com base nos recursos endógenos das regiões NUT III alvo, dentro das dietas territoriais. A seleção destes produtos terá por base a expressão económica que representam para a região e o seu potencial de mercado neste conceito de agricultura e agroindústria sustentáveis, alimentação saudável e dieta territorial.

Os impactos esperados do projeto traduzem-se em:

A. Desenvolver um território modelo assente na sustentabilidade ambiental e económica do agroecossistema 

B. Introduzir a inovação a partir das práticas agroalimentares de modo a garantir a preservação da biodiversidade e ambiente, melhorando a competitividade dos empreendedores agrícolas 

C. Valorizar um território por via dos seus recursos endógenos ligados ao agroalimentar, potenciando o turismo e a atratividade territorial nas suas diferentes vertentes

O Suster+ engloba as seguintes atividades (A):

A.1 – Criação de uma região modelo para a valorização sustentável dos produtos tradicionais e dietas territoriais 

1.1. Definição e caraterização da região modelo (agroecossistema local) com base na dieta territorial  

1.2. Criação de mecanismos de suporte de competitividade e de atratividade territorial através de:

a) Marketplace de inovação agroalimentar 

b) website 

c) Capacitação das PMEs para a inovação

A.2 – Biodiversidade Agroalimentar

2.1. Identificação e caraterização da Biodiversidade agroalimentar e dos alimentos tradicionais como fator de identidade da dieta territorial. 

2.2. Identificação e divulgação de boas práticas de produção sustentável de produtos alimentares integrados na dieta territorial sustentável.

2.3. Projeto piloto ou experimentais de agricultura sustentável para inovação no processo produtivos recorrendo/selecionando variedades características e mais bem-adaptadas ao território onde se enquadra o projeto.

A.3 – Valorização da Produção Agroalimentar

3.1. Análise e caracterização do mercado agroalimentar 

3.2. Melhorar as ligações entre as PME que produzem produtos alimentares tradicionais e o turismo, numa perspetiva Farm to fork

A.4 – Comunicação: Valorização dos produtos alimentares tradicionais nas dietas mediterrânicas sustentáveis – impulso à produção. 

4.1. Desenvolvimento de demonstrações do conceito território modelo de produtos tradicionais, territoriais e sustentáveis com tradição e com futuro 

4.2. Desenvolvimento de estratégias de comunicação de valorização territorial 

Os resultados esperados: 

Aumento da produção e das vendas (>=15%) no mercado dos produtos agroalimentares tradicionais. 

Os grupos-alvo são as PMEs das NUT alvo que operam no setor dos produtos alimentares tradicionais


 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

A conceção e realização do projeto Suster+ envolve 11 entidades, o Instituto Politécnico da Guarda (IPG), o Instituto Politécnico de Castelo Branco (IPG), o Centro de Competências da Apicultura e da Biodiversidade (CCAB), a Associação de Agricultores para Produção Integrada de Frutos de Montanha (AAPIM), 4 organizações que desenvolvem atividades de investigação, consultadoria e apoio técnico na área agroalimentar e centrada na valorização de recursos naturais. Acresce ainda que esta parceria está assente na colaboração anterior consolidada em diferentes projetos de investigação e inovação na área, e considerando a gestão e implementação do projeto (IPG) com o contributo de cada parceiro numa base de colaboração efetiva e produtiva.

A intervenção da parceria no desenvolvimento das atividades está distribuída de acordo com as suas competências e experiência de atuação, ainda que todos possam ter intervenção positiva no desenvolvimento das diferentes ações.

Assim, a atividade 1 será liderada pelo IPG, bem como a ação 1.1. com a colaboração do IPCB. A ação 1.2. liderada pela AAAPIM, permitirá em estreita colaboração com a empresa PortugueseLands, e o contributo de todos, concretizar os objetivos específicos da ação. A experiência acumulada na caraterização e dinamização de agroecossistemas locais, introduzindo valor e inovação nos recursos locais suporta a concretização dos objetivos propostos.

A atividade 2 terá como responsável o IPCB. O IPG será responsável pela ação 2.1., e colaborando ativamente nas ações 2.2. e 2.3. que serão da responsabilidade do IPCB e do CCAB/CATAA, respetivamente. De salientar a experiência na caracterização de diferentes produtos de origem local e natural, bem como na sua valorização integrando tecnologia e com base nas suas propriedades bioativas e enquanto promotores da biodiversidade e da saúde. Na ação 2.3. no desenvolvimento de projetos piloto ou experimentais participarão as diferentes empresas que os acolherão.

A atividade 3 será coordenada pela AAPIM considerando ainda a colaboração e responsabilidade do IPG na ação 3.1. bem como do IPCB, e na ação 3.2. da responsabilidade do IPCB, com a colaboração do IPG, assente na experiência colaborativa anterior de dinamização e capacitação de empresas do setor agroalimentar. Nesse sentido, a participação das diferentes empresas é crucial para esta ação.

A atividade 4 será coordenada pelo CCAB/CATAA, também responsável pela ação 4.1. com a colaboração próxima das empresas que integram a parceria de modo a realizar as demonstrações necessárias e assim contribuir para a disseminação das boas práticas para que possam ser efetivamente e naturalmente integradas na performance produtiva e económica das empresas. Para acolhimento e desenvolvimento das demonstrações previstas será, pois, necessária a participação das PMEs na ação. A ação 4.2. terá como responsável o IPCB, que com a contribuição de todos os parceiros desenvolverá a estratégia de comunicação de valorização do território.
 
Interlocutor: Luis Manuel Lopes Rodrigues da Silva   Email interlocutor: luissilva@ipg.pt   Email entidade: ipg@ipg.pt