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GO-MEPE - Manutenção Eficiente de Povoamentos de Eucalipto (ID: 200 )
Coordenador: RAIZ - Instituto de Investigação da Floresta e Papel
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Centro NUTS III:
Identificação do problema ou oportunidade
Cerca de 36 % do território continental
português é florestal (IFN6, 2019), sendo que mais de 800 mil hectares são
ocupados com eucalipto. Embora a carência de gestão que caracteriza cerca de
2/3 dessa área (CELPA), a floresta nacional de eucalipto é responsável pelo
suprimento de matéria-prima para um sector competitivo e de elevado valor
acrescentado. A desejável melhoria da produtividade dos povoamentos de
eucalipto requer, como ponto de partida, o conhecimento técnico-científico de
suporte às operações florestais que maximizem o aproveitamento das
potencialidades das áreas e assegurem a sustentabilidade do ecossistema.
A elasticidade
edafoclimática apresentada pelo eucalipto, o seu rápido crescimento, a
possibilidade de condução em talhadia e a existência de um mercado identificado
e estruturado, apresentam-se como os principais motivos para a sua preferência
pelos proprietários. A sua aprazibilidade é tão grande que se registou na última
década, um massivo movimento de instalação de eucaliptais em áreas até então ocupadas
com outras espécies ou usos. Este crescimento de área de eucalipto não foi, no
entanto, acompanhado por um incremento no conhecimento disponível e na
capacitação dos proprietários florestais, nomeadamente, os do minifúndio. Estes,
na generalidade, ou não gerem as áreas ou fazem-nos de forma ineficiente,
desprovida de qualquer fundamento técnico, baseada normalmente em hábitos trazidos
da agricultura, muitos deles também já desatualizados ou desajustados. Não
obstante, estes são detentores de área florestal relevante e importantes
fornecedores de matéria-prima para a produção de uma pasta e de papel certificado,
o que implica a adoção de melhores técnicas na instalação e na manutenção dos
povoamentos de acordo com as boas práticas florestais. Acresce que são peça-chave
na estratégia de minimização do risco de incêndio.
Tal como para qualquer outra espécie florestal ou
agrícola, o cultivo do eucalipto deve ser orientado por práticas silvícolas
ajustadas aos diferentes ambientes e que promovam a sustentabilidade da
capacidade produtiva da estação e das plantações florestais. Enquanto na
agricultura há muito que se tem evoluído para reduzir/otimizar as práticas de gestão/manutenção,
no meio florestal português tal não acontece, perpetuando-se um conjunto de
hábitos desprovidos de qualquer fundamento técnico. Se, por um lado, parte do
desajuste das práticas está associado à indisponibilidade de mecanismos de
apoio à tomada de decisão que permitam a adoção das técnicas adequadas
(disponibilização de conhecimento e ferramentas), por outro lado, está inerente
ao tipo de produtor florestal, com baixa aceitação a mudanças em práticas de gestão.
Neste sentido, surge a oportunidade de capacitar o sector com ferramentas de
apoio à decisão para uma gestão florestal de minifúndio expedita e sustentável
promovendo-se o aumento da oferta nacional de madeira de eucalipto e a
rentabilidade dos produtores. Outros benefícios estão relacionados com a
melhoria ambiental, uma vez que uma gestão florestal adequada e sustentável
contribui para a redução do risco de incêndio e para a melhoria e conservação
das restantes funções ecológicas do ecossistema, tais como a mitigação do
efeito de estufa (por sequestro de carbono), a proteção do solo contra
fenómenos erosivos, a manutenção da biodiversidade e a preservação dos recursos
hídricos. Uma ferramenta semelhante para apoio à decisão na instalação de povoamentos
de eucalipto foi já materializada através do Grupo Operacional – Instalação
Eficiente de Povoamentos de Eucalipto em colaboração com a plataforma
e-globulus. Os resultados obtidos nesse projeto são encorajadores para o
sucesso deste projeto que se estende para a temática da gestão/manutenção dos
povoamentos.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
A iniciativa GO-MEPE pretende incentivar a adoção das melhores práticas
de manutenção de povoamentos de eucalipto em Portugal, nomeadamente ao nível da
prevenção e minimização do risco de incêndio (controlo de matos), fertilização
racional, monitorização e controlo de pragas e doenças. Além de ações de
disseminação, uma das estratégias de divulgação de resultados dos ensaios a
instalar em campo passará pelo desenvolvimento de uma ferramenta ou
funcionalidade web de suporte à tomada de decisão para as operações de
manutenção de povoamentos, divulgando as técnicas silvícolas eficientes e
adequadas aos diferentes ambientes florestais que assegurem o desenvolvimento
sustentável e a preservação dos recursos naturais, particularmente da água e do
solo. Este instrumento será user friendly,
com indicações customizadas e apoiado num acervo de recursos multimédia das
diferentes operações resultante do presente projeto. Será, ainda,
disponibilizada uma análise económica de custos associada a cada opção
silvícola, e uma estimativa das expetativas de produção florestal para o
ambiente em causa com a adoção das boas práticas de gestão.
Esta iniciativa tende a cumprir claramente os objetivos gerais da Agenda
e Investigação e Inovação e Sustentabilidade da Agricultura, Alimentação e
agroindústria, através do seu contributo para a:
· - Criação de
melhores condições para o aumento do rendimento dos produtores florestais,
tornando a atividade florestal mais rentável, atrativa e competitiva;
· - Promoção de
uma silvicultura mais resiliente, que proteja o ambiente, assegure a
sustentabilidade dos recursos água, solo e biodiversidade e contribua para a
transição climática, alicerçada numa “Rede de Inovação” com uma cobertura
territorial significativa, que permita estimular o desenvolvimento de um
ecossistema suportado em inovação resultante da incorporação de conhecimento e
tecnologia.
São objetivos específicos desta iniciativa:
1. - Desenvolver e implementar uma ferramenta de
apoio à tomada de decisão para a eficiente manutenção dos povoamentos de
eucalipto, que promova:
a.
Eficiência
das operações realizadas ao longo do ciclo de vida do povoamento promovendo uma
gestão assertiva que minimize o número de operações;
b.
Redução da
utilização de produtos agroquímicos na gestão de povoamentos de eucalipto. A
indicação técnica contemplará as opções mais eficientes e menos impactantes
para o ecossistema, bem como pelas janelas temporais ideais para a sua
realização.
c.
Prevenção e
minimização do risco de incêndio através da gestão de combustíveis – indicação
dos métodos mais eficazes e eficientes para cada realidade e timings mais
adequados para o controlo da vegetação espontânea (matos).
d.
O uso
sustentável dos recursos naturais, nomeadamente potenciando a melhoria da
fertilidade do solo, fomentando o aumento da capacidade de retenção de água,
maior conservação do solo e promoção da retenção de carbono.
e.
Otimização/maximização
da produção florestal, respeitando todos os critérios de sustentabilidade,
nomeadamente o ambiental.
2. - Promover a
digitalização do setor florestal potenciando canais digitais de aprendizagem
coletiva sobre as práticas de gestão florestal, nomeadamente as de manutenção.
3. - Identificar
constrangimentos e barreiras no acesso ao conhecimento e informação necessária
para a introdução de inovações no domínio da sustentabilidade dos processos de
manutenção e gestão dos povoamentos de eucalipto, desenvolvendo soluções para
as ultrapassar.
4. - Promover a
disseminação e demonstração dos resultados junto dos utilizadores do
conhecimento, nomeadamente organizações de produtores florestais, gestores e
proprietários privados e públicos.
5. - Promover a
cooperação técnica entre as entidades que atuam nos domínios da gestão
florestal e fomentar o reforço da capacidade para a rápida recolha de
informações sobre o “estado da arte” e monitorização ao nível regional, dando o
seu contributo para uma visão global.
O presente projeto tenciona contribuir para a modernização do setor
florestal trazendo evidências de campo das melhores práticas de gestão dos
povoamentos de eucalipto para a fase de manutenção disponibilizando a
informação numa solução tecnológica e de base multimédia com capacidade de
disseminação e abrangência em termos de público-alvo. São principais fases ou atividades
a desenvolver:
1. Seleção das práticas silvícolas a considerar
2. Ensaios de campo:
2.1. Seleção de áreas para a instalação dos
ensaios – caracterização edafoclimática
2.2. Desenho experimental e instalação dos ensaios
2.3. Monitorização dos ensaios e recolha de
informação/material multimédia
3. Levantamento de requisitos, desenvolvimento e
implementação da solução tecnológica
4.
Produção e upload de conteúdos (e.g. textos,
grafismos, vídeos, custos associados, produção estimada, entre outros)
5. Ações de divulgação e de disseminação dos resultados
do projeto
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Com vista à avaliação e
demonstração das boas práticas de gestão na manutenção de um eucaliptal serão
conduzidos ensaios de campo considerando as principais operações silvícolas (e.g.
controlo de matos, controlo de pragas e doenças, adubação de manutenção, gestão
em talhadia). Para as diferentes operações serão de considerar diferentes
metodologias e/ou opções particularmente passíveis de serem aplicadas em áreas
de pequena dimensão e ajustadas às condições edafoclimáticas e topográficas
locais.
O delineamento
experimental dos ensaios considerará a instalação de blocos causalizados, com
quatro repetições, e os resultados de crescimento de plantas/fertilidade de
solo dos diferentes tratamentos serão avaliados estatisticamente através da
análise de variância.
Os ensaios serão acompanhados e monitorizados havendo recolha de
material audiovisual/multimédia para exemplificação das práticas e ulterior
disponibilização na ferramenta web. Para a materialização da ferramenta, será efetuado
o levantamento de requisitos, construída uma matriz de decisão com as técnicas
adequadas a cada contexto, serão produzidos conteúdos e será implementada a
solução tecnológica. Nesta solução, o proprietário poderá aceder, de uma forma
simples e prática, a uma indicação técnica customizada para a localização da
sua propriedade complementada por um acervo de conteúdos de apoio à tomada de
decisão (vídeos, estimativa de custos, produção estimada, entre outros).
Todos os conteúdos produzidos serão disponibilizados de forma gratuita
numa solução online. Esta ferramenta ou funcionalidade que se pretende
desenvolver tem potencialidade para criar sinergia ou ser integrada/alojada em
soluções tecnológicas existentes de âmbito florestal para Portugal, como a
plataforma e-globulus.
Este projeto contempla,
ainda, ações de divulgação e disseminação dos resultados e da ferramenta
desenvolvida, nomeadamente através da:
- - produção de material multimédia (vídeo) com
forte capacidade de disseminação que permita a divulgação dos resultados pelo
maior numero possível de pessoas.
- - realização de jornadas de campo com visitas
aos locais de ensaio para observação e discussão in loco dos resultados obtidos.
- - realização de workshops temáticos e/ou participação
noutros eventos relevantes (e.g. participação em feiras, congressos) para
divulgação e demonstração da iniciativa.
Esta iniciativa, e as atividades que lhe estão associadas, englobam
várias áreas de atuação.
Os parceiros do projeto
têm valências e experiências complementares reunindo competências que abarcam
as diferentes realidades do setor florestal (universidades e institutos que
desenvolvem I&D florestal, OPF, entidades florestais), capazes de assegurar
o sucesso do mesmo. O Centro Nacional de Competências InovTechAgro integra também,
na figura do IP Portalegre, o consórcio do projeto enquanto Centro dedicado à
Inovação Tecnológica do Setor Agroflorestal. Atendendo às suas valências, os
parceiros ficam, assim, associados às seguintes atividades:
- Atividade 1. Identificação das áreas
temáticas de atuação, dos modelos de gestão a preconizar para a realidade
nacional e as operações silvícolas a contemplar em cada modelo - OFA, RAIZ,
ESAC, ANEFA, Leitão&Cavaleiro, IP Portalegre
- Atividade 2. Ensaios de campo - OFA, RAIZ,
ESAC, ANEFA, Leitão&Cavaleiro, GreenClon, ForestFin, JJM Esperanças, IP
Portalegre
- Atividade 3. Levantamento de requisitos,
desenvolvimento e implementação da solução tecnológica - OFA, RAIZ, ESAC, IP
Portalegre
- Atividade 4. Produção e upload de conteúdos (e.g. textos, grafismos, vídeos, custos
associados, produção estimada, entre outros) - OFA, RAIZ, ESAC, ANEFA,
Leitão&Cavaleiro, GreenClon, ForestFin, JJM Esperanças, IP Portalegre
- Atividade 5. Ações de divulgação e de
disseminação dos resultados do projeto - OFA, RAIZ, ESAC, ANEFA,
Leitão&Cavaleiro, GreenClon, ForestFin, JJM Esperanças, IP Portalegre
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