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SAFE – Sustainable Animal Food Eco-systems (ID: 201 )
Coordenador: IPC/ESAC - Instituto Politécnico de Coimbra - Escola Superior Agrária de Coimbra
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Centro NUTS III:
Identificação do problema ou oportunidade
Apesar
do aumento do consumo de produtos avícolas ao longo das últimas décadas, as
projeções mundiais sugerem que a procura em 2050 duplique relativamente a 2010.
Os padrões de consumo e as preferências dos consumidores, seguirão diferentes
direções, em particular nos países desenvolvidos, incluindo cada vez mais
preocupações com o consumo de produtos nutricionalmente equilibrados,
promotores da saúde, bem como com o bem-estar dos animais e com as alterações
climáticas. A
inclusão da produção avícola em sistemas agrários, integrando ciclos de
nutrientes, para além de garantir a produção de proteína animal de boa
qualidade, está descrita como muito positiva, com benefícios na fertilidade e na
biodiversidade da macrofauna do solo, como recentemente demonstrado no projeto
GMóvel. Os sistemas agrários integradores da atividade pecuária, agrícola e
florestal desempenham um papel determinante, ao gerarem relações que criam
riqueza e fixam populações, respeitando ecossistemas e modelando a paisagem. Tendem
também a descontinuar a mancha florestal - uma mais-valia para a Região Centro
que nos últimos anos tem sido fustigada por fogos florestais. A intensificação dos sistemas de produção animal
tem levado a uma gradual concentração num reduzido número de raças, resultando numa
erosão substancial do património genético. A manutenção da diversidade genética
e o uso de raças e variedades locais é imperativo para uma agricultura
adaptável e resiliente. As alterações climáticas, a difusão de genes de
resistência antimicrobiana e a emergência de novas doenças, são desafios
globais com que nos deparamos. Diversificar as espécies exploradas e usar
recursos genéticos localmente adaptados, pela sua elevada rusticidade,
adaptabilidade e diversidade genética, constituem ferramentas que podem
contribuir para mitigar esses problemas. As raças autóctones portuguesas de galinhas
(Amarela, Branca, Pedrês Portuguesa e Preta Lusitânica) podem
contribuir para uma agricultura sustentável e encontram-se em perigo de
extinção, dada a preferência por híbridos altamente produtivos na avicultura
industrial. A sua integração em modelos produtivos economicamente viáveis
contribui para a defesa e conservação do património cultural e genético de
Portugal. O projeto SAFE –
Sustainable Animal Food Eco-systems visa estudar e desenvolver modelo(s)
sustentáveis de agricultura regenerativa integrando a produção de aves de
capoeira (galinhas, patos, perus e gansos) ao ar livre num sistema agro-silvo-pastoril.
A abordagem adotada irá contribuir para o desenvolvimento e valorização dos
serviços ecológicos da silvo-pastorícia (serviços de ecossistema) através do
reforço e da promoção da pequena agricultura e da agricultura familiar na
utilização, conservação e valorização dos recursos genéticos endógenos. Os
sistemas extensivos de produção animal em regime de ar livre, deparam-se com
desafios semelhantes aos dos sistemas intensivo em regime fechado, mas
particularmente mais complexos de ultrapassar face à maior dependência das
condições ambientais. Na avicultura extensiva em regime de ar livre é
necessário proporcionar diferentes estratos arbóreos e arbustivos de modo a assegurar
a saúde e bem-estar animal; garantir a satisfação das necessidades
nutricionais, nomeadamente do ponto de vista proteico, com fontes de proteína da
própria exploração, contribuindo para uma maior autossuficiência; escolher a
genética animal adequada para que beneficiem do espaço e dos alimentos
disponíveis nesses sistemas de produção; garantir que os produtos obtidos
apresentem características sensoriais e de qualidade adequadas aos requisitos
do consumidor e à atual legislação em vigor.
A
sustentabilidade destes sistemas produtivos passa pelo menor impacte ambiental
e pela sua rentabilidade económica, associada à valorização da produção de
alimentos diferenciados de elevado valor dinamizando circuitos curtos de
comercialização.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O projeto SAFE
está alinhado com a Estratégia Nacional de Inovação e a estratégia Europeia
para uma Bioeconomia Sustentável, materializada em iniciativas como o programa
Horizonte Europa, e com a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da ONU no
que concerne às orientações e compromissos dos Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável do Pacto Ecológico Europeu e da estratégia «Do prado ao prato». O
projeto está alinhado com a visão e estratégias da economia circular e integra
uma visão holística do desenvolvimento sustentável no setor agropecuário com
repercussões muito positivas para o ambiente, o território e a sua população. Tem por objetivos: - Promover os serviços de ecossistema, demonstrando
o papel da avicultura em sistemas agro-silvo-pastoris na conservação e melhoria da
fertilidade e da biodiversidade da macro e micro-fauna do solo; - Incentivar a preservação da biodiversidade, diversificando
e favorecendo o uso de recursos genéticos autóctones (raças autóctones portuguesas
de galinhas) no
espaço agro-silvo-pastoril; - Promover a
produção de produtos avícolas diferenciados de qualidade e elevado valor
acrescentado, seguros e produzidos de forma sustentável; - Promover a
produção interna de alimentos para as aves, reduzindo a dependências externa,
promovendo o ciclo de nutrientes e potenciando o crescimento das áreas
agrícolas na região, com mais-valias ambientais, sociais e económicas; - Capacitar
território para o uso sustentável dos seus recursos. - Realizar ações
de divulgação que levem à criação de pequenos negócios ou promovam o rendimento
dos produtores, tornando a atividade agro-silvo-pastoril rentável, sustentável,
atrativa e competitiva, nomeadamente para os jovens, incentivando à sua fixação
em territórios rurais. Para
concretização dos objetivos serão desenvolvidas o seguinte conjunto de atividades/tarefas: 1. Coordenação do
Projeto – coordenação
do projeto e articulação entre os parceiros e equipas de investigação, criando
sinergias e promovendo a participação ativa de todos os envolvidos; 2. Sistema
agro-silvo-pastoril – avaliação do impacto do modelo proposto: na promoção
dos serviços de ecossistema; na promoção do uso de recursos endógenos
(leguminosas, subprodutos hortofrutícolas e pastagens);
e na promoção da sustentabilidade e resiliência das atividades
agro-silvo-pastoris da Região Centro; 2.1. Avaliação
do impacto do modelo proposto no solo – propriedades físico-químicas e macro e
microfauna do solo; 2.2. Caracterização
dos recursos vegetais endógenos – produtividade, valor nutritivo, substâncias
bioativas de interesse; 3. Bem-estar animal – avaliação do impacto do
modelo proposto: na saúde e
bem-estar dos animais bem como no desempenho zootécnico e na qualidade das
carcaças; 3.1. Valorização
dos recursos vegetais endógenos pelas aves – desempenho
zootécnico e qualidade das carcaças; 3.2. Avaliação
do bem-estar e saúde das aves – indicadores de bem-estar e parâmetros bioquímicos
e hematológicos, histomorfologia e microbiologia do intestino; 4. Produtos avícolas
e sua comercialização – avaliação do
impacto do modelo proposto na qualidade dos produtos avícolas frescos e
transformados; dinamização de circuitos curtos agroalimentares
que valorizem a produção
diferenciada de alimentos de origem animal; 1.
2.
3.
4.
4.1. Avaliação
da qualidade dos produtos avícolas - qualidade e segurança alimentar dos
produtos frescos e transformados; 4.2. Avaliação
das potencialidades dos mercados locais para valorizar produtos avícolas
produzidos em sistemas sustentáveis – custos de produção, perfil de potenciais
consumidores, modelo de governança de circuitos curtos coletivos; 5. Divulgação e disseminação de resultados - Divulgação dos resultados junto de
agricultores, agroindústria, associações setoriais, técnicos superiores de
entidades com poder executivo e legislativo, comunidade científica e da sociedade
em geral.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
O projeto SAFE reúne um conjunto de entidades com uma
dinâmica complementar nas atividades do consórcio. Inclui um modelo de
governança duplo que inclui o Conselho Coordenador (CC) e as Equipas de
Investigação (EI) que funcionam de forma independente, mas concertada. O
CC reúne os responsáveis das EI e o coordenador do projeto para planear a
implementação das atividades/tarefas, monitorar a sua execução, identificar
possíveis dificuldades e constrangimentos e definir um conjunto de ações e
medidas de mitigação desses problemas. As
EI são responsáveis pela execução das ações nas suas respetivas áreas de
atuação e pela divulgação dos resultados alcançados. Cada EI tem um responsável
pela articulação da equipa e pela implementação das atividades/tarefas da linha
de ação a seu cargo. - Instituto
Politécnico de Coimbra - Escola Superior Agrária de Coimbra (IPC-ESAC) -
coordenação do projeto e articulação entre todos os parceiros, criando
sinergias e promovendo a participação ativa de todas as entidades. Irá intervir
diretamente na investigação através dos seus docentes que irão contribuir de
forma decisiva para os resultados do projeto. Terá um papel transversal em
todas as tarefas do projeto. Tarefas 1, 2.1, 2.2, 3.1, 3.2, 4.1, 4.2 e 5; -
Escola Superior de Biotecnologia – Universidade Católica Portuguesa (ESB-UCP) -
conhecimento e experiência na investigação na área alimentar
determinante para o projeto. Irá participar na avaliação da qualidade e segurança
alimentar dos produtos avícolas e na caracterização de compostos bioativos no
material vegetal e da microbiota intestinal das aves. Tarefas 2.2, 3.2 e 4.1; - Quinta
da Coitena, Lda - a produção de perus em modo de produção biológico integrada
num sistema agro-silvo-pastoril será implementada e estudada. Este parceiro é
estratégico para o projeto, tendo em consideração a sua integração numa região recentemente
afetada pelos fogos florestais e pelas suas potencialidades naturais. Tarefas 2.1,
3.1 e 5; - Elisabete
Margarida de Sousa Cortez Serra - detentora de Estatuto da Agricultura Familiar
e produtora das 4 raças de galinhas autóctones portuguesas (Amarela,
Branca, Pedrês Portuguesa e Preta Lusitânica), pelo que é um parceiro
estratégico, tendo em consideração o interesse do uso de recursos genéticos endógenos.
Tarefas 2.1, 3.1 e 5; - Quinta
do Parisol – Agricultura e Serviços SA - produtor que integra a produção de gansos
e patos em pomares de kiwis, como estratégia alternativa de controlo de
infestantes e de pragas. Tarefas 2.1, 3.1 e 5 - dificuldade na associação do parceiro à candidatura; - Fumeiro
Tradicional de Seia - desenvolvimento
de produtos transformados de carne de aves diversificando a oferta e
acrescentando valor aos produtos avícolas obtidos no modelo proposto pelo
projeto. Tarefa 4.1; -
Centro de Competências para a Agricultura Familiar e Agroecológica (CeCAFA) - espaço
de partilha de conhecimentos, de congregação de recursos e de competências
existentes nas entidades que o compõem; a sua participação reforça a
investigação, a difusão do conhecimento, a promoção da inovação e a
qualificação dos produtores. Tarefas 4.2 e 5; - Comunidade
Intermunicipal da Região de Coimbra (CIMRC) - espaço de congregação de recursos e competências
existentes nas várias entidades que a compõem pelo que é um parceiro
fundamental na transferência de conhecimento, promoção da inovação e na
qualificação de produtores, bem como na dinamização de circuitos curtos e na
promoção dos produtos avícolas. Tarefas 4.2 e 5; -
Associação dos Criadores de Bovinos de Raça Barrosã (AMIBA) - associação
de produtores que gere os Livros Genealógicos das 4 raças de galinhas autóctones
portuguesas pelo que é estratégico, considerando o interesse do projeto no uso
de recursos genéticos autóctones. Tarefas 3.1 e 5;
- Direção
Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC) - ensaios nos campos
experimentais do Bico da Barca, do Loreto, para aconselhamento das leguminosas pratenses
e para grão a introduzir e utilizar na alimentação de aves nos 3 produtores
parceiros. Participação na divulgação dos resultados. Tarefas 2.2 e 5.
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