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Pastagens Permanentes Biodiversas em áreas com características florestais (PPBACF) (ID: 202 )
Coordenador: SerQ – Centro de Inovação e Competências da Floresta
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Centro NUTS III: Região de Coimbra
Identificação do problema ou oportunidade
A atividade agrícola, nomeadamente na
vinha e nos pomares frutícolas tem vindo a manifestar um interesse no uso de
pastagens biodiversas/revestimentos nas entrelinhas destas culturas, um pouco
em substituição do enrelvamento natural, que por usa vez substituiu as
mobilizações generalizadas do solo. Estas pastagens/revestimentos ao combinarem
a fixação do azoto atmosférico nas raízes e as aplicações de azoto, permitem
melhorar a fertilidade do solo, para além de promovem a biodiversidade, aumentando
a população de insetos beneficiosos, tais como polinizadores e outros
depredadores naturais.
Na gestão
da cobertura vegetal (enrelvamento natural ou melhorado) destas culturas, são
usados meios mecânicos ou o pastoreio, com este último a apresentar como vantagens
a menor emissão de CO2, a menor compactação do solo, a redução da
erosão do solo e o fornecimento de matéria orgânica, que melhora a estrutura do
solo,
aumentando a retenção de água no solo.
Estas vantagens ligadas ao pastoreio
extensivo e ao uso de enrelvamento com pastagens melhoradas, que também são
extensíveis ao sistema agrosilvopastoril associado ao montado de sobro e azinho do
Alentejo e em algumas zonas da Beira Baixa, não parecem ser uma realidade em áreas
de características florestais (novas/recentes plantações florestais, ou povoamentos
em estádios de desenvolvimentos mais elevados) nas regiões de montanha e do
centro litoral.
A extensão da visão agrosilvopastoril dos
montados a outras regiões, permitindo o enrelvamento com pastagens biodiversas de
áreas com características florestais e em faixas de gestão de combustíveis poderá
alargar os seus benefícios e vantagens a outros solos, melhorando a sua fertilidade
e estrutura, evitando a erosão do solo e os seus efeitos negativos, permitindo
a redução do risco de incêndio rural,
aumentar a biodiversidade nas áreas envolventes, a preservação e valorização dos serviços do ecossistema e da
silvopatorícia (Linha de ação 6.3)
Ou seja, ao usar áreas de características
florestais e faixas de gestão de combustíveis para uso de pastagens e
enrelvamento biodiversos vamos contribuir para aumentar os modos de produção e
regimes mais sustentáveis (Linha de ação 6.1).
Esta associação vai contribuir para o
aumento dos rendimentos dos agricultores, dos jovens agricultores (Linha de
ação 6.4) e dos proprietários florestais, pelo aumento da produtividade, da
eventual redução de custos na gestão da vegetação e pela diversificação da
atividade económica principal, com efeitos que vão ser importantes na
manutenção de atividades relevantes como a pastorícia e na preservação dos
recursos animais (raças caprinas e ovinas) e vegetais (por exemplo, o
castanheiro) endógenos associados a esta atividade (linha de ação 6.5).
Paralelamente, será avaliada a
implementação da certificação de Serviços de Ecossistemas FSC® (norma
internacional, FSC-PRO-30-006), que serve de incentivo para que os serviços dos
ecossistemas sejam considerados como componente patrimonial e um ativo com
reconhecimento económico e social que possam vir a recompensar práticas
responsáveis de gestão florestal.
Este projeto vai contribuir para promover
a sustentabilidade da pastorícia extensiva em territórios onde é um fator
importante de desenvolvimento com a criação de um produto de excelência, vai
promover a biodiversidade e os serviços do ecossistema agroflorestal e vai
contribuir para inverter a vulnerabilidade de territórios ao risco de incêndio rural.
Vai
também contribui para os Objetivos da Agenda para Inovação 2030 “Terra Futura”,
porque, vai potenciar a atração de jovens para os territórios rurais e para a atividade
agrícola, vai criar condições
para aumentar o rendimento dos agricultores e vai permitir uma melhor proteção
ambiental, contribuindo
para assegurar a sustentabilidade dos recursos água, solo e biodiversidade, bem
como para a transição climática, aumentando o sequestro de carbono e diminuir
as emissões de CO2.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O projeto
vai desenvolver-se em 2 regiões da zona centro (região litoral e região de alta
montanha).
Em cada
uma vão selecionar-se distintas áreas florestais onde os pequenos ruminantes
regionais irão pastorear, após terem sido objeto de uma sementeira com sementes
biodiversas, previamente selecionadas tendo em conta as características
edafo-climáticas específicas de cada local.
Quanto
aos ruminantes, o projeto procurará privilegiar raças autóctones de caprinos e
de ovinos.
Com o
decorrer do projeto, procurar-se-á avaliar as características físicas e
químicas dos solos, os custos de instalação e manutenção, indicadores
ambientais (ex: sequestro de carbono), e o impacto deste sistema
agro-silvo-pastoril para a redução dos incêndios rurais.
As
pastagens deverão ser instaladas em áreas com características florestais, após
a primeira intervenção de limpeza do povoamento em faixas de largura ≥ 3m
(regeneração natural) e, ainda, com plantas com cerca de altura superior 1,80m.
Em plantações propõe-se a instalação da pastagem após a realização de operações
culturais, como desbastes ou seleção de varas, (ou em plantas com altura
superior a 1,80-2m).
As
pastagens também vão ser instaladas em faixas de gestão de combustíveis de
diferentes larguras, faixas que são usadas para minimizar a propagação do
incêndio e para proteção de infraestruturas.
O impacto
da ação dos ruminantes será avaliado (teor da matéria orgânica no solo /
sequestro do carbono; redução da biomassa associada ao desenvolvimento do mato
/ risco de incendio rural; o efeito do pisoteio na compactação do solo avaliado
pela densidade aparente; custos de manutenção das áreas selecionadas.
Esta nova
abordagem à relação pastoreio extensivo/áreas florestais na região centro
poderá abrir novos caminhos para o desenvolvimento agrícola e rural e potenciar
os sistemas agro-silvo-pastoris extensivos, mais proeminentes nas regiões
alentejanas e na Beira Baixa, e ainda pouco representativos noutras regiões do
país onde a pastorícia assume importância para o setor agrícola.
Objetivos
específicos
1.
Avaliar a instalação de um sistema
agro-silvo-pastoril extensivo em áreas com características florestais;
2.
Avaliar o contributo do uso das pastagens biodiversas
para a melhoria das condições ambientais de áreas com povoamentos florestais;
3.
Avaliar e monitorizar a Implementação da
certificação dos serviços dos ecossistemas através de um inventário, que dará
resposta aos indicadores de sequestro e/ou armazenamento de carbono, bem como à
promoção e/ou restauro da biodiversidade. Esta metodologia traz inovação pois
permitirá obter resultados sobre o contributo
do pastoreio na valorização dos serviços dos ecossistemas;
4.
Identificar constrangimentos, barreiras e
pontos positivos do pastoreio extensivo, com pastagens biodiversas em áreas com
características florestais, nomeadamente, para a redução dos riscos de incêndio rural;
5.
Promover a disseminação e demonstração dos resultados
junto dos utilizadores do conhecimento: organizações de produtores florestais,
gestores e proprietários privados e públicos.
6.
Promover a cooperação técnica entre entidades
que atuam nos domínios da gestão florestal sustentável e fomentar o reforço da
capacidade para a recolha de informações sobre o “estado da arte” e
monitorização ao nível regional, dando o seu contributo para uma visão global.
Principais fases do plano de ação:
F1
– Identificação das áreas temáticas de atuação;
F2
– Seleção das condições típicas para ensaios de demonstração e seleção de
terrenos-padrão para a realização de ensaios e recolha de informação;
F3
– Delineamento dos ensaios a implementar
F4
– Instalação, monitorização dos ensaios e recolha de informação/material de
divulgação;
F5
– Desenvolvimento dos conteúdos;
F 6 –
Divulgação de resultados
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Para desenvolver o projeto são necessários os seguintes
procedimentos:
·
Avaliação e identificação de 2 a 3 parcelas por Unidade homogénea
(Região Litoral vs Região Alta Montanha)
· - Caracterização das áreas de intervenção (por parcela de
intervenção haverá que incluir a área da pastagem a instalar e a área de
controlo)
· - Instalação das pastagens biodiversas, de acordo com os elementos
previamente identificados (caracterização das parcelas). Instalação de cercas
para controlo do pastoreio e posterior monitorização.
· - Identificação das variáveis em estudo, tais como, variáveis
ambientais (fixação de azoto, sequestro de CO2 nas diversas
componentes do povoamento florestal), características do solo (químicas e
físicas), redução do risco de incêndio, custos de manutenção, entre outras; Para
a monitorização dos ensaios será adotado o delineamento experimental de ensaios
de blocos causalizados, com 3 pontos de amostragem, com o objetivo de comparar
as áreas com pastagem biodiversas com as áreas de controlo para cada condição
testada. Os tratamentos serão avaliados estatisticamente para variáveis
paramétricas através da análise de variância e posteriormente por testes de
comparação múltipla de médias, para as variáveis não paramétricas será
realizado o teste Kruskal-Wallis. Será também realizada uma análise de
componentes principais (PCA) com o objetivo de melhor identificar a relação
entre as variáveis estudadas
· - Cumprimento dos procedimentos e requisitos de planeamento para a
adesão à Certificação da Gestão Florestal, e, com a implementação da Teoria da
Mudança, a obtenção dos Serviços dos Ecossistemas. Na fase final do projeto, serão adotadas diferentes metodologias
de divulgação, nomeadamente a:
·
realização de workshops temáticos em vários municípios da região,
que potenciem a capacidade demonstrativa da iniciativa.
·
promoção de visitas aos locais de ensaio, para observação in loco
dos resultados obtidos.
· mobilização para o apoio à manutenção ou aumentos dos serviços dos
ecossistemas das áreas em questão, como forma de reconhecimento do valor das
áreas.
· todos os produtos serão disponibilizados de forma gratuita em
plataformas on-line. O desenvolvimento deste projeto engloba várias áreas de atuação e
diferentes responsáveis, embora se procure privilegiar o envolvimento de todos
no maior número de ações. Assim: ·
Identificação das áreas temáticas de atuação, da seleção das
pastagens a instalar: Entidades:
SerQ, OFA, ESAC, Fertiprado ·
Seleção das condições típicas para ensaios de demonstração e
seleçãoo de terrenos padrão para a realização de ensaios, definição dos ensaios
de demonstração a implementar Entidades: SerQ, OFA; ESAC,
Fertiprado, 2BForest, Lindo&Moreira dos Santos, GreenClon ·
Instalação, monitorização dos ensaios de demonstração e recolha de
informação Entidades: SerQ,
OFA; ESAC; Fertiprado, 2BForest, GreenClon ·
Avaliação e monitorização da implementação da certificação da
gestão florestal e dos serviços dos ecossistemas: Entidades: SerQ, 2BForest, OFA ·
Desenvolvimento dos conteúdos e divulgação de resultados
Entidades:
SerQ, OFA, ESAC, Centro de Competências do Pastoreio Extensivo (representado pela Fertiprado no consórcio),
2BForest, GreenClon
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