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MultifunItechVine - Desenvolvimento e implementação de uma tecnologia de precisão Multifuncional Inteligente e amiga do ambiente para a prevenção, diagnóstico e controlo de doenças da vinha (ID: 204 )
Coordenador: UMinho - Universidade do Minho
Iniciativa emblemática: 8. Agricultura 4.0
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Norte NUTS III: Alto Minho
Identificação do problema ou oportunidade
A viticultura é o
setor agroalimentar mais relevante da EU [6], em termos de receitas económicas
e de criação de emprego. O vinho é o principal produto de exportação da UE no
setor alimentar [6] e Portugal é o 4º país da EU com maior área de produção
vinícola [6,7]. Todavia, a viticultura é simultaneamente o setor mais
dependente de agrotóxicos uma vez que a videira é altamente suscetível a
doenças fúngicas, como o míldio, o oídio ou as doenças do lenho, bem como a pragas,
algumas transmissoras de doenças cuja incidência se tem intensificado com as mudanças
climáticas [6]. Com efeito, as alterações climáticas têm comprometido
severamente a produtividade das plantas, conduzindo a perdas económicas
significativas, e os modelos atuais preveem que num futuro próximo os fenómenos
climatéricos extremos associados com as alterações climáticas, como ondas de
calor ou secas prolongadas, se intensifiquem. A resposta tradicional dos
agricultores, no sentido de manterem algum nível de produtividade e qualidade
dos produtos, tem sido o recurso a doses cada vez mais elevadas de
fertilizantes e corretores do solo, bem como de inseticidas, herbicidas e
outros agrotóxicos, que acentuam o ciclo vicioso dos problemas anteriormente
referidos. É urgente inverter esta
tendência através da implementação de estratégias que alterem o paradigma
de atuação, menos dependentes da utilização de agrotóxicos, tornando as
práticas agrícolas mais inteligentes, recorrendo a fundamentos até agora
inexplorados de Biologia de Plantas. Neste contexto, propomos o desenho de
tecnologias inovadoras que integrem a atuação automática e de precisão
com estratégias de sensorização, de inteligência artificial (IA) e de digitalização,
permitindo o diagnóstico atempado de eventuais distúrbios fisiológicos e o tratamento
de doenças, contribuindo para uma produção agrícola mais rentável
economicamente e mais sustentável ambientalmente. Apresentamos uma tecnologia
disruptiva que permitirá a entrada numa nova era da produção agrícola com
particular interesse em viticultura.
As
plantas, enquanto organismos sésseis, maximizaram ao longo de milénios as
interações com o meio ambiente físico e biológico, reconhecendo e respondendo a
estímulos externos, como radiação, temperatura, campos elétricos e até pragas e
doenças. Por outro lado, todos os organismos vivos, incluindo os animais, as
plantas e os microrganismos, são capazes de gerar e de manter potenciais
elétricos ao nível das membranas celulares que têm papéis fisiológicos
relevantes. No entanto, outros fenómenos elétricos podem ser gerados
internamente por mecanismos de piezoeletricidade [8], associados com as fibras
de colagénio (em animais) ou celulose (em plantas). Estes fenómenos elétricos
promovem trocas químicas e uma
cascata de eventos biológicos que condicionam a fisiologia e o crescimento das
plantas [9]. De igual forma, os microrganismos que interagem com as plantas,
como fungos e bactérias, são sensíveis a estímulos elétricos, que podem
potenciar o seu crescimento ou comprometer a sua viabilidade [10]. Consequentemente, os fenómenos elétricos em plantas,
gerados internamente ou exógenos, têm um papel fundamental na regulação do seu
crescimento e na resposta a fatores ambientais, tais como doenças e/ou pragas [11].
Mais ainda, a eletricidade, enquanto princípio de atuação externo, não
compromete negativamente a fisiologia da planta, não alterando, por exemplo, as
características organoléticas dos frutos ou a sua cor [10]. A presente proposta
assenta neste princípio de atuação elétrica sobre as videiras e sobre os
microrganismos associados a doenças da vinha, repelindo-os ou comprometendo a
sua viabilidade.
Refs.
[1] Gonçalves, I.M.R et
all, Materials Letters, 2019, 255, 126577
[2] Bins-Ely et all, Computer Methods in
Biomechanics and Biomedical Engineering, 2020, 23(14), pp. 1041–1051
[3] Bins-Ely, et all, Journal of
Periodontal Research, 2017, 52(3), pp. 479–484
[4] PCT/IB2018/058401, F. S. CORREIA PEREIRA
SILVA et all
[5] PCT/IB2018/058397,
F. S. CORREIA PEREIRA SILVA et all
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Pretende-se com o
presente projeto desenvolver atuadores inovadores, a serem instalados nas
vinhas, no interior do caule e na superfície das plantas, que promovam micro
campos e correntes elétricas, no sentido de prevenir e de tratar doenças da
vinha, como doenças fúngicas (míldio ou oídio, doenças do lenho) ou bacterianas
(flavescência dourada, Xylella fastidiosa), ou mesmo acelerar o seu
crescimento, substituindo os agentes químicos e assim reduzindo fortemente o
recurso a agrotóxicos, fungicidas e inseticidas. Pretende-se ainda
que estas abordagens de atuação de precisão
sejam complementadas com abordagens de sensorização
de precisão de parâmetros fisiológicos importantes, como a temperatura e o
potencial hídrico, bem como o estado fitossanitário da planta. A informação é
enviada por via digital (IoT)
e apoio robótico, quando
necessário, e integrada, de forma evolutiva por uma central de criação de conhecimento, nomeadamente de inteligência artificial.
Pretende-se que todos os procedimentos não violem os quadros de regulamentação
nacional e europeu. Estas abordagens
e tecnologias, altamente inovadoras nos conceitos e na sua aplicação, de
espetro alargado para pequenos e grandes produtores, de implementação em
qualquer declive de terreno, e de elevada precisão na sensorização, na atuação,
e na comunicação, ficarão acessíveis à generalidade dos agricultores, após
regulamentação, enquadramento legal, sensibilização e formação. São ainda
tecnologias amigas do ambiente pois permitem a redução do uso de agrotóxicos,
substituindo-os por estímulos elétricos, mas também recorrem a muito baixos
níveis de consumo de energia elétrica, de origem solar. De salientar que
a equipa deste projeto (CMEMS) analisou e testou estes conceitos de interações
entre os campos elétricos e microrganismos como bactérias, fungos, etc [1-3],
validando os conceitos de atuação preconizados no projeto tais como repulsão,
eliminação, estimulação, usando estímulos elétricos (potenciais e correntes).
Estas atuações permitem ações preventivas e/ou curativas sobre a vinha, quer no
interior (caule – doenças do lenho) quer sobre a superfície das plantas (míldio
e oídio, por ex.). A mesma equipa desenvolveu tecnologia aditiva 3D
multi-material para manufatura dos atuadores multi-funcionais, incorporando
materiais piezoelétricos, dos quais resultaram dois pedidos de patente
internacionais [4,5], estando outro pedido em fase de submissão. Estes
dispositivos e conceitos subjacentes serão usados/extrapolados para as plantas,
no âmbito do presente projeto. Por outro lado, o
centro Algoritmi (UM) tem vasta experiência no desenvolvimento de IA
(Inteligência Artificial), quer através de algoritmos e/ou de redes neuronais,
para aplicações diversas, semelhantes às do presente projeto, incluindo
transmissão de dados via wifi. Pretende-se com o
presente projeto desenvolver atuadores inovadores, a serem instalados nas
vinhas, no interior do caule e na superfície das plantas, que promovam micro
campos e correntes elétricas, no sentido de prevenir e de tratar doenças da
vinha, como doenças fúngicas (míldio ou oídio, doenças do lenho) ou bacterianas
(flavescência dourada, Xylella fastidiosa), ou mesmo acelerar o seu
crescimento, substituindo os agentes químicos e assim reduzindo fortemente o
recurso a agrotóxicos, fungicidas e inseticidas. Pretende-se ainda
que estas abordagens de atuação de precisão
sejam complementadas com abordagens de sensorização
de precisão de parâmetros fisiológicos importantes, como a temperatura e o
potencial hídrico, bem como o estado fitossanitário da planta. A informação é
enviada por via digital (IoT)
e apoio robótico, quando
necessário, e integrada, de forma evolutiva por uma central de criação de conhecimento, nomeadamente de inteligência artificial.
Pretende-se que todos os procedimentos não violem os quadros de regulamentação
nacional e europeu. Estas abordagens
e tecnologias, altamente inovadoras nos conceitos e na sua aplicação, de
espetro alargado para pequenos e grandes produtores, de implementação em
qualquer declive de terreno, e de elevada precisão na sensorização, na atuação,
e na comunicação, ficarão acessíveis à generalidade dos agricultores, após
regulamentação, enquadramento legal, sensibilização e formação. São ainda
tecnologias amigas do ambiente pois permitem a redução do uso de agrotóxicos,
substituindo-os por estímulos elétricos, mas também recorrem a muito baixos
níveis de consumo de energia elétrica, de origem solar. De salientar que
a equipa deste projeto (CMEMS) analisou e testou estes conceitos de interações
entre os campos elétricos e microrganismos como bactérias, fungos, etc [1-3],
validando os conceitos de atuação preconizados no projeto tais como repulsão,
eliminação, estimulação, usando estímulos elétricos (potenciais e correntes).
Estas atuações permitem ações preventivas e/ou curativas sobre a vinha, quer no
interior (caule – doenças do lenho) quer sobre a superfície das plantas (míldio
e oídio, por ex.). A mesma equipa desenvolveu tecnologia aditiva 3D
multi-material para manufatura dos atuadores multi-funcionais, incorporando
materiais piezoelétricos, dos quais resultaram dois pedidos de patente
internacionais [4,5], estando outro pedido em fase de submissão. Estes
dispositivos e conceitos subjacentes serão usados/extrapolados para as plantas,
no âmbito do presente projeto. Por outro lado, o
centro Algoritmi (UM) tem vasta experiência no desenvolvimento de IA
(Inteligência Artificial), quer através de algoritmos e/ou de redes neuronais,
para aplicações diversas, semelhantes às do presente projeto, incluindo
transmissão de dados via wifi. O presente
consórcio beneficiará da elevada multidisciplinaridade e transversalidade da
sua equipa, onde as competências biológicas específicas na vinha serão
asseguradas pelos grupos de investigação da UM, UTAD, FCUL e ISA, que detêm experiência
sólida em fisiologia e biologia molecular de videira e em fitossanidade, de
enorme relevância para se validarem as tecnologias propostas. Encontra-se
também asseguradas as competências relativas à validação no terreno das
tecnologias propostas (CVRTM, Sogenevinus Quintas e Alves de Sousa), de
transferência e gestão da propriedade industrial (TecMinho), de endogeneização,
customização de soluções e comercialização da tecnologia (Vibeiras-Mota-Engil),
assim como aspetos ligados à sensibilização e formação dos agricultores
(DRAPN), e enquadramento em quadros regulamentares legais e decisores políticos
(InovTechAgro – IPP/ESAE).
Importa
salientar o papel dos consultores e empresas internacionais, de dois dos três
mais importantes produtores europeus, Espanha e França (INRA, Château Couhins,
Instituto de Ciencias de la Vid y del Vino, e Université de Bordeaux), que
potenciarão o sucesso científico e tecnológico, mas também avaliarão o
potencial de exportação da tecnologia.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
A InovTechAgro
definirá a interação com
reguladores, decisores e conselheiros políticos;
A DRAPN fará a articulação com as
associações e empresários do setor nas ações de divulgação/formação/literacia
digital junto dos associados para endogeneização de tecnologias, incluindo as digitais.
A TecMinho fará o trabalho de gestão da propriedade
industrial, transferência de tecnologia e de direitos comerciais para a empresa
recetora.
A empresa
recetora da tecnologia (Vibeiras-Mota
Engil) produzirá e comercializará a tecnologia, customizando-a a diferentes
tipologias de dimensões e declives de campos de cultivo.
As entidades consultoras
(INRA (Fr), Château Couhins (Fr), Instituto
de Ciencias de la Vid y del Vino (ES), e Université de Bordeaux (Fr)) partilharão o seu conhecimento em
diversos países trazendo know-how e facilitando a eventual exportação de tecnologia
a nível global.
O projeto enquadra-se na Agenda e objetivos
estratégicos de investigação e inovação 2030, visando consolidar a ligação
entre o tecido empresarial e o sistema científico e tecnológico nacional, promovendo
uma agricultura com maior rendimento e mais atrativa, sobretudo para jovens de
ambos os sexos, mais resiliente, que proteja o ambiente e assegure a
sustentabilidade dos recursos água, solo e biodiversidade e contribua para a
transição climática.
O projeto permitirá enfrentar o desafio de
contribuir com soluções técnicas alinhadas com 2 objetivos operacionais da
Iniciativa Emblemática 8 – Agricultura 4.0, nomeadamente a promoção de (LA
8.3.) novas tecnologias que promovam o desenvolvimento da agricultura de
precisão, incluindo IoT e aplicações suportadas por IA, automação e exploração
(LA 8.4.) de potencialidades da deteção remota e de proximidade (sensores), com
recolha de dados sobre a atividade agrícola extensiva, regulamentação e
governança no uso dos dados; capacitação em agricultura de literacia digital e
inovação na transferência de conhecimento e tecnologia.
Refs.
[6] EIP-AGRI FOCUS
GROUP DISEASES AND PESTS IN VITICULTURE MARCH 2019–Final Report
https://ec.europa.eu/eip/agriculture/sites/default/files/eip-agri_fg_diseases_and_pests_in_viticulture_final_report_2019_en.pdf
[7] https://www.portugalfoods.org/downloads/2020/portugalfoods_-_estrategia-internacionalizacao-2019-2021.pdf
[8] Ryszard Wojnar, G.
Ciofani & A. Menciassi (Eds.): pp. 173–185. springerlink.com, 2012
[9] T. Taghian et
all, royalsocietypublishing.org J. R. Soc. Interface 12: 2015,01-53
[10]
Efrat Emanuel et all, 2020, 8, 1684; doi:10.3390/microorganisms8111684
[11]
H. W. Ellis et all, Science Progress, Vol. 65, No. 260 (Winter 1978), pp. 395-
407
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