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SUMO: Sustentabilidade do Montado (ID: 220 )
Coordenador: Universidade de Évora
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-12-31
NUTS II: Alentejo NUTS III:
Identificação do problema ou oportunidade
O Montado ocupa uma área
de cerca de 1 milhão de hectares em Portugal sendo considerada uma área
agrícola de alto valor natural (HNV, http://www.hnvlink.eu/), isto é, um local onde
as atividades agropecuárias podem ser compatibilizadas com níveis de
biodiversidade elevados. É para além disso, muito diverso produtivamente sendo
globalmente um sistema agro-silvo-pastoril onde a pecuária extensiva se
destaca. É sobretudo um bastião na defesa do abandono das zonas agrícolas
desfavorecidas. Atualmente o montado enfrenta ameaças que colocam em risco o
seu valor económico, social e ambiental, quer por práticas desajustadas face às
recentes alterações climáticas, quer pela falta de medidas que assegurem a
valorização dos serviços de ecossistema, em particular a conservação do solo,
que é o garante da produção primária e da longevidade do sistema.
No que respeita à
produção animal no Montado, verifica-se que esta apresenta, em geral, baixa
produtividade associada a: i) existência de doenças, ii) escassez de informação
sobre o potencial reprodutivo e produtivo das diferentes espécies e raças
animais (muitas delas autóctones); iii) baixo uso de técnicas que permitam
progresso genético mais rápido e efetivo; iv) deficiente gestão do solo e das
pastagens tendo em vista a otimização da produção animal e a menor necessidade
de uso de alimentos compostos fabricados (com matérias-primas importadas).
Ainda relativamente à produção animal verifica-se o uso de práticas (como as orquiectomias
de suínos) contrárias aos requisitos de bem-estar animal preconizados pela UE e
objetivados na estratégia “do prado ao prato” e o risco de perda de
variabilidade genética em raças ameaçadas de extinção.
No que respeita à
biodiversidade, as práticas agrícolas e pecuárias e outras decisões de gestão
das propriedades geralmente associadas à pressão para uma intensificação da
produção têm vindo a ameaçar o seu funcionamento como ecossistema sustentável,
nomeadamente pela perda de biodiversidade, degradação das linhas de água, entre
outras.
A pouca informação relativa
aos impactos económicos, ambientais e sociais quer nas situações de utilização prevalecentes,
quer quando se tomam medidas de gestão/maneio diferenciadas, dificulta a tomada
de decisão do produtor, sendo necessária a sua avaliação em situações concretas.
Para os problemas acima listados
existe hoje um conjunto de conhecimentos e ferramentas tecnológicas, que
permitem não só obviar parte deles, como avaliar do ponto de vista
técnico-científico, as possíveis soluções a implementar nas empresas agrícolas.
Em concreto, a utilização da genómica como instrumento auxiliar na avaliação
genética dos animais, tecnologias da reprodução animal assistida, instrumentos
de medição, controlo e análise de parâmetros relativos ao ambiente, aos animais,
à flora e vegetação, ao micobiota e ao solo, permitem hoje, de uma forma mais
rápida, exaustiva e fiável a aplicação e testagem de opções alternativas.
No projeto SUMO –
Sustentabilidade do Montado, propomo-nos, num consórcio diversificado englobando
entidades de investigação, de inovação e “stakeholders”, aplicar e validar soluções
que permitam promover a sustentabilidade da agricultura e da pecuária extensiva,
promover o uso sustentável do solo, da água e a biodiversidade, promovendo os
serviços de ecossistemas agrícolas e agroflorestais num Montado que urge
preservar e valorizar.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
O projeto SUMO –
“Sustentabilidade do Montado” assenta em quatro pilares temáticos (PT)
interligados que agregam, de forma coerente, as várias tarefas específicas.
No PT1 pretende-se
promover a adoção e a adaptação de técnicas e tecnologias ligadas à produção
animal com vista à proteção e valorização das espécies endógenas, à promoção do
bem-estar animal. Pretende-se: a) validação e aplicação de ferramentas
genómicas que permitam aumentar a resistência ao parasitismo gastrointestinal em
ovinos e a disseminação desse caracter através de inseminação artificial; b) adaptar
protocolos de imunocastração em suínos de raça Alentejana.
No PT2 procura-se compatibilizar
a produção animal e a produção vegetal sustentáveis com a preservação do
Montado e a sua valorização como prestador de serviços ecológicos, com foco
principal nos sistemas agro-silvo-pastoris. Propomo-nos: a) desenvolver e demonstrar
a utilização de ferramentas de zootecnia de precisão tendo em vista a
otimização e controlo do pastoreio por ovinos e bovinos e avaliar o impacto de
diferentes opções de gestão no desempenho dos animais, nas características do
solo e nas componentes arbórea, arbustiva e herbácea; b) promover a
biodiversidade do montado nas explorações agropecuárias para potenciar a sua
conservação e os serviços de ecossistemas, incluindo a sua monitorização
através de uma aplicação (app) que
permita avaliar indicadores agroambientais.
No PT3 contribuiremos
para a proteção e utilização de recursos genéticos endógenos produzidos no
Montado, incluindo a sua conservação in
situ e ex situ e a otimização da
sua produção e transferência para o tecido empresarial. As principais tarefas
envolvem: a) a implementação de técnicas de avaliação de machos reprodutores e
identificação e validação de marcadores de fertilidade em raças locais de
ruminantes, suínos e equinos; b) a implementação de protocolos de inseminação
artificial que permitam a disseminação de material genético, em especial em
espécies com elevada consanguinidade; c)
o desenvolvimento e aplicação de técnicas alternativas na criopreservação de
material genético em raças exploradas no Montado com especial relevo para as
raças em riscos de extinção e elevada consanguinidade; d) a conservação ex situ de germoplasma
de espécies vegetais silvestres e micológicas de interesse incluindo a promoção
da biodiversidade e restauro de “manchas” de vegetação, correspondentes a
habitats naturais nas matriz das explorações agropecuárias.
O PT4 abordará e estudará
na perspetiva económica, social e ambiental as explorações, com principal foco
na agricultura familiar e nos produtos do Montado, e avaliará as opções
técnicas/práticas resultantes das tarefas dos três primeiros pilares. Em
concreto avaliará: a) economicamente o impacto da utilização nas explorações de
esquemas de melhoramento genético, o uso de marcadores genéticos no aumento da
produção, o uso de técnicas auxiliares de reprodução como ferramentas do progresso
genético; b) economicamente o impacto da utilização nas explorações de práticas
de conservação do solo e da água, de pastoreio e da alteração da quantidade e
qualidade das pastagens; c) os impactos sociais e económicos da valorização do
Montado como um “todo” (diferentes produtos e serviços) e d) a integração e
viabilidade económica de explorações de diferentes escalas de unidades de
dimensão económica das áreas de predominância de Montado e de efeitos
potenciais de medidas alternativas de política pública.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
A Universidade de Évora (UÉ)
fará a Coordenação e Gestão de projeto, com o contributo de todos os parceiros.
Para além das ações mais particulares descritas de seguida, todos os parceiros,
nas áreas de intervenção de cada um, participarão nas ações de divulgação,
demonstração e transferência de conhecimento do projeto.
A Faculdade de Medicina
Veterinária da Universidade de Lisboa (FMV-UL) participará nas ações
relacionadas com a avaliação genética dos animais e validação e aplicação de
ferramentas genómicas como critério de seleção em interligação com as Associações
de Criadores das várias raças.
O Centro de
Experimentação do Baixo Alentejo (CEBA), pertencente à Rede de Inovação,
participará nas ações relacionadas com a avaliação de reprodutores e a inseminação
artificial.
A Associação nacional de
criadores de ovinos da Raça Merina (ANCORME): participará nas ações ligadas à
identificação de reprodutores com resistência ao parasitismo e sua
disseminação, nas tarefas sobre avaliação reprodutiva e marcadores de
fertilidade e também nas tarefas ligadas à gestão e impacto do pastoreio.
A Associação de criadores
de Porco Alentejano (ACPA) e a Associação Nacional dos criadores do Porco
Alentejano (ANCPA) participarão nas ações ligadas ao
porco Alentejano (imunocastração, inseminação artificial, marcadores de
fertilidade e prolificidade) seguindo os estudos e promovendo réplicas dos
mesmos junto dos seus associados.
A Associação de criadores
de bovinos da Raça Preta (ACBRP) e a Associação de Agricultores do Campo Branco
(AACB), gestora do Livro Genealógico da raça bovina Garvonesa participarão nas
ações ligadas às respetivas raças bovinas (avaliação reprodutiva, marcadores de
fertilidade, criopreservação de sémen e validação in vivo dos protocolos) seguindo os estudos e promovendo os seus
resultados junto dos seus associados.
A Direção Geral de
Alimentação e Veterinária (DGAV), gestora do Livro Genealógico do cavalo do
Sorraia participará nas ações ligadas a essa raça (avaliação reprodutiva, marcadores
de fertilidade, criopreservação de sémen e validação in vivo dos protocolos) seguindo os trabalhos e promovendo os seus
resultados junto dos criadores.
O Centro de Competências
do Pastoreio Extensivo (CCPE): acompanhará e divulgará os resultados dos
estudos relativos ao pastoreio (monitorização e impactos de diferentes
estratégias de gestão do pastoreio). Será representado na parceria pela
ANCORME.
O Centro de Competências
do Porco Alentejano e do Montado (CCPAM) acompanhará as ações do projeto
ligadas ao pastoreio e biodiversidade no Montado e aquelas que envolvem os
suínos de Raça Alentejana. Será representado na parceria pela ACPA.
A AIM-CIALA, SA (PME):
fornecerá de doses de sémen e acompanhará os ensaios de inseminação artificial
em porcas Alentejanas, fornecerá de dados da qualidade seminal e amostras
biológicas para os estudos de validação de marcadores de fertilidade.
A MYCOPLANET, Lda (PME) participará na produção de
plantas micorrizadas com trufas do deserto, fornecendo plantas e inóculo,
aclimatando as plantas e instalando-as posteriormente no terreno.
A ZEA – Sociedade
Agrícola Unipessoal, Lda (ZEA) e a Companhia das Lezírias, SA (CL) colaborarão
em diferentes estudos do projeto, que serão realizados em parte, nas suas
propriedades.
A Innogestiona Ambiental
(empresa espanhola de Engenharia Ambiental) colaborará com o projeto nas áreas
ligadas à promoção da biodiversidade e serviços de ecossistemas.
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