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SusTableGrape: Uva de mesa, um contributo para a sustentabilidade, aumento da diversidade genética e valorização da actividade agrícola. (ID: 227 )
Coordenador: Outro Chão - Agricultura Biológica Lda
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Alentejo NUTS III: Baixo Alentejo
Identificação do problema ou oportunidade
O
continente europeu é um dos maiores produtores de uva mesa do mundo e também possui
a tradição mais antiga na cultura e transformação de uvas, com países em maior
destaque como Itália, França e Espanha.
Em
Portugal a mais importante região produtora é o Alentejo (Instituto Nacional de
Estatística, INE, 2010), exportando a maior parte da sua produção para o
mercado anglo-saxónico, que prefere as uvas sem grainha. No entanto, a área de
cultura da uva de mesa em Portugal é muito menor que a área de cultura da uva
para produção de vinho. Actualmente existe um grande mercado interno que não é
bem explorado, o que faz com que o país tenha que importar de Espanha, África
do Sul e Chile, quando potencialmente poderia conseguir, durante uma grande
parte do ano, atender a esta procura com produção própria. A única variedade de
uva portuguesa é a D. Maria (obtida por cruzamento controlado das variedades
Muscat of Alexandria x Afus Ali), casta 100% nacional, criada e obtida nos anos
50 na antiga Estação Agronómica Nacional, em Oeiras, pelo Engenheiro Agrónomo Leão
Ferreira de Almeida. No entanto, a sua produção vem decrescendo ano após ano
como resultado do desinteresse e abandono por parte dos viticultores, que têm
privilegiado a produção de uvas apirenes (sem grainha), crocantes, de polpa
rija, para satisfazer a preferência do mercado. Pese embora esta tendência, a
D. Maria, sendo uma uva muito doce, com cacho solto e com bagos grandes, é
apreciada pelos portugueses. É uma variedade de eleição dos portugueses, que a
consomem sempre que está disponível. Trata-se de uma produção diminuta mas que
tem tudo para não o ser, se for uma das variedades a utilizar como progenitora,
para obtenção de novas variedades Portuguesas.
O
sector de uva de mesa tem crescido em Portugal, com uma produção, em 2017, de
22136 toneladas em 2178 hectares (Gabinete de Planeamento e Políticas), sobretudo
pela adaptação ao perfil do consumidor, para o qual a uva sem grainha parece
ser uma das características mais importantes. Outras características com
potencial são a utilização de variedades autóctones e preocupações ambientais
como o cuidado com uma embalagem sustentável.
A
escassez de variedades de uva de mesa com origem portuguesa trás uma
oportunidade de desenvolvimento e de inovação, não só pela possibilidade de
valorização dos recursos endógenos e aumento da biodiversidade mas também pela
possibilidade de desenvolver variedades melhor adaptadas às condições
edafoclimáticas portuguesas. Assim, a empresa Outro Chão tem o maior interesse
em estabelecer uma ponte com o INIAV – Polo de Inovação de Dois Portos (Estação
Vitivinícola Nacional), que possui conhecimento e uma vasta colecção de
variedades de uva mesa nacionais e internacionais, visando a criação de novas
variedades de uva de mesa portuguesas adaptadas aos padrões de consumo atuais.
Breve resumo da iniciativa a desenvolver
Aumentar a produção, melhorar a qualidade e
assegurar a sustentabilidade são as intenções de qualquer produtor de uva de
mesa, pois tem que se procurar ajustar a oferta diversificada dos produtos à
inovação disponível no mercado internacional.
As novas tendências no setor da uva de mesa
encontram-se associadas ao crescimento da procura, fomentada essencialmente
pelo consumo da uva em fresco em consequência da valorização da
alimentação saudável e da dieta mediterrânica, em que a fruta tem um papel
central por ser comprovadamente rica em compostos bioativos, com efeitos
benéficos para a saúde humana. Desta forma,
tem aumentado o interesse dos viticultores em produzir uvas provenientes de variedades
típicas de cada país, de forma a criar nichos de mercado, produzidos em
sistemas próprios de produção, normalmente associados a variedades resilientes
do ponto de vista qualitativo, agronómico e ambiental, salvaguardando a
rentabilidade do produtor e acrescentando valor à Cadeia de Valor.
Em Portugal, esta cultura é típica do Ribatejo,
Alenquer, Palmela, Alentejo e Algarve (Observatório dos Mercados Agrícolas e
das Importações Agroalimentares – OMAIIA, 2006), regiões que possuem microclimas
que antecipam a maturação entre 15 a 30 dias. A cultura da uva de mesa, possibilita uma
oportunidade de negócio para estas regiões. Uma pequena parte da produção, que serve
para consumo nacional, provem de
explorações nelas localizadas, e é uma imagem de marca destes territórios. É,
assim, relevante a preocupação do produtor, Outro Chão, em aumentar a produção,
valorizar e diversificar este património agrícola em ampla expansão.
Assim, neste projeto, pretende-se diversificar e valorizar o setor da
uva de mesa, pois já representa uma oportunidade de negócio com uma produção acima
das 20 mil toneladas, em linha com a produção média dos últimos cinco anos
(INE, 2021), criando serviços diferenciados e acrescentando valor à economia local
e nacional. Pretende-se aumentar a
diversidade de variedades de uva de mesa portuguesas com perfil qualitativo
vocacionado para o futuro, contrariando o atual sistema de produção baseado em variedades
de uva de mesa estrangeiras.
Para o
efeito, será estabelecido um programa de melhoramento sexuado, utilizando o
conhecimento existente no Pólo de Inovação de Dois Portos - INIAV, e a
diversidade de variedades nacionais e estrangeiras que integram a Coleção
Ampelográfica Nacional, para garantir a realização de cruzamentos artificiais
controlados, tendo como objetivos: impulsionar a sustentabilidade económica do
mercado da uva de mesa, designadamente da empresa Outro Chão; obter novas
variedades e selecionar de acordo com os parâmetros definidos pelo consumidor, recorrendo
a ferramentas já disponíveis, nomeadamente marcadores morfológicos e moleculares.
A criação de variedades autóctones de uva de
mesa, permitirá implementar um sistema de produção diversificado ao nível da
oferta, qualidade, e escalonamento nas épocas de maturação, com repercussões no
aumento da rentabilidade económica, contribuindo para o aumento do consumo e
até apetência para a produção. Este avanço no sistema produtivo irá seguramente
criar oportunidades de negócio para a produção, atraindo jovens e empresários
para este setor; bem como promoverá o emprego e o desenvolvimento local da
economia alavancada também pela visitação desses territórios produtores.
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro
Lider da parceria_ Empresa Outro
Chão - Agricultura Biológica, Lda nº RRN
2650
Definição de características, definidas pelos consumidores, e a
reproduzir nas novas variedades da geração F1.
Colaboração na seleção dos progenitores (prova de bagos das variedades da
Coleção Ampelográfica Nacional).
INIAV Instituto Nacional de
Investigação Agrária e Veterinária, I. P. nº RRN 425
Polo de Inovação de Dois Portos –
Unidade de Investigação em Viticultura e Enologia.
Quinta da Almoinha 2565-191 Dois Portos - Torres Vedras
Colaboração na escolha de progenitores com base nas características
requeridas pelo setor produtivo (consumidor nacional e internacional);
Realização de cruzamentos controlados.
Germinação de grainhas e crescimento de plantas para obtenção de novas
variedades de uva de mesa.
Varrimento
com marcadores moleculares de seleção de características (uva sem grainha,
cacho solto, bago crocante etc).
Seleção de acordo com as características previamente definidas pela empresa
Outro chão, ACOS e PMEs (Vale da Rosa e Prazer dos Aromas Unipessoal).
ACOS - Associação de
Agricultores do Sul
Apoio técnico, Divulgação e Demonstração
Manuel Soares – msoares@acos.pt
PMEs
Vale da Rosa – Sociedade Agricola LTD,
Herdade vale da
Rosa, Apartado 111, 7900-909, Ferreira do Alentejo (Portugal). NIPC.
número 508 273 080
João Silva
(Diretor de Produção) – joao.silva@valedarosa.com
Desempenho produtivo – contributo para seleção de características a reproduzir,
disponibilização de variedades para emasculação e para recolha de pólen, vasta
experiencia em produzir uva de mesa.
Prazer dos Aromas Unipessoal, Lda.
Herdade Vale do Hospital
Apartado 5
7595-111 Torrão
Hugo Piteira - hfp@pagrapes.com
NIF: 513336079
Actividades de produção e exploração agrícolas, designadamente de uvas de
mesa e para vinho.
COTHN - CC | Centro Operativo
e Tecnológico Hortofrutícola Nacional – centro de competências
Carmo Martins (Secretária Geral); email: carmo@cothn.pt, nº RRN: 357
Realização de ações de divulgação e sensibilização para a necessidade e a
importância de utilização de variedades vocacionadas para o futuro.
Parceiro InternacionalInstituto de Ciencias de la
Vid y del Vino (ICVV) Spain Javier Ibañez javier.ibanez@icvv.es
Apoio Cientifico na escolha e análise de marcadores de seleção das
características qualitativas nas novas proles (Geração F1).
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