Bolsa de Iniciativas PRR

 

AgroECOzone - Aplicação de técnicas sustentáveis de Agroecologia e Ozonização na cadeia Hortícola (ID: 233 )
Coordenador: Associação Colab4Food– Laboratório Colaborativo Para a Inovação da Indústria Agroalimentar
Iniciativa emblemática: 6. Territórios sustentáveis
Data de Aprovação: 2022-03-07 Duração da iniciativa: 2025-09-30
NUTS II: Norte NUTS III: Área Metropolitana do Porto
 
Identificação do problema ou oportunidade

No contexto do novo “Green Deal” da UE, os países membros devem contribuir para o cumprimento de diversos objetivos, como a redução em 50% do uso de pesticidas de síntese até 2030; ou promoção da biodiversidade e serviços dos ecossistemas. Este contributo para uma produção agroalimentar mais saudável e amiga do ambiente, está alinhado com a estratégia “farm to fork” e cumpre os objetivos definidos pala Agenda de Inovação para a Agricultura 20/30.  As atividades agrícolas e agroindustriais fazem parte integrante dos sistemas rurais, com relevância na modelação da paisagem, no desenvolvimento económico, social e ambiental dos territórios. Dada a importância do setor hortícola a nível nacional, em torno de culturas como a alface e o tomate (produzidas intensivamente em estufa e que cumprem apertados requisitos de processamento pós-colheita) importa promover projetos de cooperação multidisciplinares que permitam potenciar conhecimento e empreendedorismo em toda a cadeia de valor no setor hortícola que garanta o aumento do potencial produtivo e da rentabilidade, aliado a uma produção eco-eficiente e sustentável. O valor económico e a representatividade dos produtos hortícolas motivam um investimento na modernização das práticas de produção que responda às exigências dos consumidores. Do mesmo modo, potenciar sistemas agrícolas e alimentares sustentáveis, assentes em práticas agroecológicas, aliadas à tecnologia mais atual de processamento pré e pós-colheita, asseguram territórios mais apelativos que serão reforçados através da atração de novos talentos.

A intensificação da agricultura e a homogeneidade da paisagem agrícola, nomeadamente na horticultura, conduzem a um declínio da biodiversidade e a uma difícil gestão dos resíduos. Aqui, associado às alterações climáticas, há severos riscos de aumento da diversidade e incidência de pragas agrícolas (e.g., pragas exóticas de difícil gestão). O aumento da temperatura influencia diretamente o aumento da atividade dos insetos e microrganismos patogénicos (taxa de desenvolvimento e interações tróficas). Este pode ser controlado pela promoção da biodiversidade de insetos auxiliares através da implementação e/ou conservação das infraestruturas ecológicas (IEs) adjacentes à cultura. As IEs são indispensáveis à manutenção das teias tróficas, pois garantem fontes alternativas de alimento (como pólen e néctar) e abrigo. Assim, reabilitar áreas agrícolas pela gestão da diversidade aumenta a capacidade de resistir à insurgência de altos níveis populacionais de pragas, em alternativa ao uso de pesticidas. A promoção, junto às estufas, de zonas de tampão de habitats naturais e da biodiversidade funcional inerente podem mitigar a perda de insetos auxiliares, contribuir para o equilíbrio dos ecossistemas agrícolas e permitir a gestão mais sustentável da exploração agrícola, sem recurso a fatores de produção poluentes.

A redução do uso efetivo de pesticidas de síntese em campo tem um papel preponderante no caminho para uma produção sustentável, mas atenção deve também ser dada às práticas de processamento pós-colheita, onde os processos podem beneficiar de inovações tecnológicas que garantam a qualidade e conservação dos produtos hortícolas com menores impactos ambientais, e maior rentabilidade pela redução de perdas. Assim, através da tecnologia de ozono, é possível eliminar até 99% de microrganismos, pesticidas e patógenos e garantir um processo de desinfeção igualmente limpo, seguro e não poluente. 

 
Breve resumo da iniciativa a desenvolver

O projeto AgroECOzone explora dois eixos inovadores na construção de uma estratégia de redução do uso de inputs químicos no pré e pós-colheita:

(i)       Aplicação de práticas da agroecologia, por observatórios e modelos de análise da biodiversidade funcional, IEs, e da avaliação do potencial da biodiversidade funcional (fauna e flora) no controlo das pragas das hortícolas, nomeadamente pragas exóticas de difícil gestão como é o caso da Tuta Absoluta (tomate), a Drosophila suzukii (mirtilo e framboesa) ou a Liriomyza huidobrensis (alface). Criação de um manual de implementação de IEs, e coberto vegetal à volta da estufa para promover a Luta Biológica de Conservação.

(ii)      Aplicação de novas tecnologias de processamento pós colheita para a redução do uso de produtos químicos em hortícolas e materiais de contacto aplicando o conceito “farm to fork”. Avaliação da eficácia das novas metodologias de ozonização na redução de resíduos químicos nas hortícolas, nomeadamente em tomate, alface e mirtilo de produção em estufa. Avaliação da perceção do consumidor das hortaliças produzidas com as práticas agroecológicas mais sustentáveis.

Este projeto pretende desenvolver procedimentos que virão a contribuir para melhorar o desempenho do setor da horticultura, ao nível económico (melhor e maior rendimento, melhor gestão da paisagem e potencial turístico), social (melhores alimentos e menores riscos para a saúde humana) e ambiental (menores riscos para o ambiente, melhor gestão da biodiversidade). O interesse do AgroECOzone traduz-se em investigação aplicada de caráter inovador (conducente à redução do uso de inputs químicos e conservação da biodiversidade), criação de conhecimento científico (modelos ecológicos e de gestão da paisagem) e contributo para a dinamização dos territórios através da transferência de conhecimento e ferramentas e validação.

A nível de estrutura o projeto AgroECOzone divide-se nas seguintes tarefas principais:

1     1. Avaliação da situação atual e recolha de informação sobre uso de pesticidas e tempo de conservação de produtos alimentares;

2.     2. Desenvolvimento de metodologias de agroecologia e de ozonização para aplicação em PMEs/associações de produtores;

3.      3. Estudos piloto da aplicação das metodologias desenvolvidas nomeadamente:

a.      Métodos de Agroecologia complementados com tecnologia de ozono em estufas (alface e tomate);

b.      Aplicação de água ozonizada nos processos de lavagem de pós-colheita (sem uso de cloro);

c.      Aplicação de ozono em camaras de armazenamento de mirtilo (produto de elevado valor económico);

4.      4. Avaliação do impacto da aplicação de metodologias de agroecologia/ozonização;

5.      5. Ensaios com de aceitabilidade do consumidor;

6.      6. Disseminação alargada de resultados e boas práticas para adoção de metodologias de agroecologia/ozonização junto de produtores de hortícolas.

O contributo deste projeto é relevante para o cumprimento dos objetivos da Iniciativa Emblemática 6, em particular pela capacidade de aumentar a resiliência e rentabilidade dos sistemas produtivos e contribuir para o acesso a alimentos de produção local com baixa carga de resíduos químicos e produzidos de forma mais sustentável, melhorando as condições de vida das populações. O AgroECOzone apresenta uma perspetiva inovadora e integrada que pretende a redução efetiva dos químicos em toda a cadeia produtiva, através da promoção dos serviços de ecossistema e da Luta Biológica de Conservação (LBC) e da inovação em tecnologias de processamento pós-colheita.

 
Áreas de Trabalho e responsabilidades de cada parceiro

Colab4Food, Laboratório colaborativo para a Inovação da Indústria Agroalimentar, tem como principal objetivo de promover a competitividade e sustentabilidade da indústria agro-alimentar, implementando um conceito colaborativo na inovação alimentar.

  •  Coordenação do projeto; Aplicação e avaliação de tecnologias pós-colheita para a redução do uso de produtos químicos em hortícolas e materiais de contacto aplicando o conceito “farm to fork”. Conceção do plano de intervenção, recolha e tratamento de dados. Avaliação da perceção do consumidor das hortaliças produzidas com as práticas agroecológicas. 

 GreenUPorto, Centro de Investigação em Produção Agroalimentar Sustentável da UP desenvolve investigação aplicada à produção hortícola e cadeia de valor, com base na sustentabilidade ambiental. Possui laboratórios equipados, campos abertos e estufas de apoio à investigação inovadora.

  •  Aplicação de novas metodologias para promoção dos serviços de ecossistema através da Luta Biológica de Conservação (LBC). Conceção do plano de intervenção, recolha e tratamento de dados. Avaliação da eficácia das novas metodologias na redução do uso de pesticidas.

COTHN-CC, Centro Operativo e Tecnológico do Setor Hortícola Nacional- Centro de Competências, promove o desenvolvimento da fileira hortofrutícola através da investigação aplicada, melhoria do nível de conhecimentos no sector, aprofundamento da cooperação e das parcerias nas áreas da tecnologia e da organização.

  •  Preparação e divulgação de manuais de boas práticas para a promoção da biodiversidade e LBC no contexto da produção de hortícolas em estufa. Divulgação e transferência de conhecimento das novas práticas de produção e processamento, e aferição do seu potencial de adoção pelos benificiários. 

DRAPN, Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte, juntamente com o seu Polo de Inovação de Vairão, tem por missão participar na formulação e execução de políticas nas áreas de segurança alimentar, da sanidade animal e vegetal, da conservação da natureza e das florestas, no quadro de eficiência da gestão local de recursos.

  •  Implementação e manutenção de uma estrutura piloto pera aplicação de novas práticas agroecológicas aplicadas à LBC e Produção Integrada.

PAM, Produção e Distribuição Hortícola do Litoral Lda. A PAM é uma Associação de Produtores e PME que permite aos produtores uma maior disponibilidade para o empreendedorismo e inovação tecnológica das suas produções e entrepostos de processamento agroindustrial.  

  •   Aplicação e validação das novas tecnologias de processamento pós-colheita, apoio na recolha de dados e disponibilização de locais e materiais de estudo.

Frescura Sublime, PME dedicada à produção de hortícolas em estufa em Vila Nova de Famalicão, sendo a sua principal atividade a produção de alface e tomate; Campilegumes, PME dedicada à produção de hortícolas em Vila do Conde, sendo a sua principal atividade a produção de alface em estufa e ar livre; Quinta dos Sirfídeos, PME dedicada à produção de mirtilo e framboesa em estufa, em Vila Nova de Famalicão; Quinta Vila Caiz, PME e Jovem Agricultor dedicada à produção de hortícolas em modo de produção biológico, em regime da Agricultura Familiar no Marco de Canaveses.

  •  Aplicação e validação das novas práticas de LBC nas três culturas, apoio na recolha de dados e disponibilização de locais e materiais de estudo.
  •  Aplicação de técnicas de ozonização da água de lavagem e rega, no campo, para redução da contaminação microbiana, nomeadamente na zona de corte da alface.
 
Interlocutor: Miguel Teixeira   Email interlocutor: miguel.teixeira@colab4food.com   Email entidade: geral@colab4food.com